RAZÃO PARA VIVER - CAPÍTULO 04:

CAPITULO 04

 

CENA 01. MANSÃO RANGEL/QUARTO DE ARTUR/TARDE

Aurora entra no quarto e logo trata de sentar ao lado de Artur, que está deitado na cama.

 

Aurora- Poxa amor, não entendi o motivo de ter se irritado.

Artur- Cara, você e meu avô trataram a Luiza como se ela fosse um lixo.

 

Aurora tenta acariciar Artur, mas ele levanta.

 

Aurora- Eu não acredito que você vai brigar comigo por causa de uma pessoa que acabou de conhecer.

 

Aurora se levanta.

 

Artur- A questão aqui é a falta de respeito e empatia.

Aurora- Tá , eu admito que posso ter pego um pouco pesado, mas eu fiquei com ciúme.

Artur- Isso não é motivo de humilhar ninguém.

 

Novamente, Aurora tenta acaricia-o, mas ele se desvencilha.

 

Artur- Por favor, me deixa sozinho.

Aurora- (surpresa) Artur!?

 

Artur a olha sério. Aurora o olha por uns instantes e em seguida sai.

Aurora sai do quarto.

 

CENA 02. MANSÃO RANGEL/INT/TARDE.

Aurora, com os olhos marejados, desce as escadas. Ao chegar no último degrau ela para e se senta.

 

Aurora- (p/si) Eu tô tão cansada.

 

Aurora leva a mão ao rosto e chora.

Cesar passa, vê a cena e decide se aproximar.

 

Cesar- Está tudo bem senhorita?

 

Rapidamente Aurora seca as lágrimas.

 

Aurora- Está tudo bem. Por que não estaria?

Cesar- Vi que a senhora estava chorando. Brigou com o senhor Artur de novo?

Aurora- (irritada) Escuta aqui seu atrevido. Por acaso você é pago para tomar conta da vida dos patrões?

Cesar- Me perdoa, não quis ser invasivo. A questão é que...

 

Aurora se levanta.

 

Aurora- (interrompendo) A questão é que eu não estou disposta a dar satisfação da minha vida a um empregado de quinta.

 

Quando vai descer o último degrau, Aurora acaba se desequilibrando, Cesar tenta segurar, mas acaba caindo no chão. Aurora vai por cima de Cesar.

Com os rostos bem próximos e os lábios quase se tocando, Cesar e Aurora ficam estáticos, se olhando.

Aurora cai em si e se levanta.

 

Aurora- Como você se atreve?

Cesar- Me perdoa, eu só quis ajudar.

 

Aurora pega a sua bolsa e sai irritada.

 

Cesar- (sorrindo) O que tem de linda, tem de braba.

 

Cesar suspira.

 

CENA 03.ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA/INT./TARDE.

Domini e Alcides conversam na sala.

 

Alcides- Como eu te disse , presto serviços a família Rangel a quase 10 anos. Se não me engano, o meu primeiro cliente foi o doutor Giácomo.

Domini- Esse homem é tão misterioso.

Alcides- Eu procuro nem tentar me inteirar a respeito da vida pessoal. Zelo muito pelo meu dinheiro. Na família Rangel tenho os meus melhores clientes.

 

A secretária bate na porta. Após a deixa ela entra.

 

Secretária- Senhor Domini, tem uma moça querendo falar com o senhor.

 

Mal a secretária termina de falar , Renata entra.

 

Renata- (sorrindo) Oi cunhado.

 

Domini e Alcides se levantam.

Renata da um beijo no rosto dele como forma de cumprimento.

 

Renata- Estava passando aqui perto e aproveitando vim te convidar para almoçar comigo.

 

Domini olha para Alcides.

 

Alcides: (p/Domini) Vai, tá tudo tranquilo por aqui.

Domini: (p/Renata) Bem, então vamos.

 

Renata sorri.

 

CENA 04. MANSÃO STEPHEN/SALA DE ESTAR/TARDE.

Soraya, sentada , vê quando Aurora chega desnorteada.

 

Soraya- Aurora?!

 

Aurora se aproxima e senta ao lado da mãe.

 

Aurora- Nossos planos estão indo por água a baixo.

Soraya- O que foi, não conseguiu voltar as boas com Artur?

Aurora- Sinceramente, cada dia que passa, tenho a certeza de que nada será como antes.

 

Soraya pega o copo , que estava em cima da mesa, e toma um gole do suco.

 

Soraya- Pois trate de arrumar as coisas. Faça tudo voltar a ser como antes.

Aurora- Eu já cheguei no meu limite. Não sei se consigo ir adiante com essa história.

Soraya- Nem se atreva a tentar estragar meus planos.

 

Aurora olha incrédula.

 

Aurora- Como você pode ser assim?

 

Soraya a olha fixamente.

 

Aurora- Como você tem estômago pra fazer isso com sua própria filha?

Soraya- Não me venha com falso moralismo. Você é igual ou pior que eu

Aurora- Não sou e nunca serei como você. Se fosse por vontade própria, eu jamais abriria as pernas em troca de fortuna , igual você fez, feito uma prostituta.

 

Com raiva, Soraya joga o suco no rosto de Aurora.

 

Soraya- (com raiva) Meça suas palavras pra falar comigo sua fedelha.

 

Com raiva, Aurora a encara.

 

CENA 05. RESTAURANTE/INT./TARDE.

Renata, sentada e sorrindo, observa o restaurante.

 

Domini- Que foi?

Renata- (sorrindo) Nada, só estou feliz.

Domini- Tá né!

 

Domini pega o cardápio, sorrindo.

Renata toma um gole do vinho.

 

Renata- Estava conversando com sua secretária e ela me contou que está pra se aposentar.

Domini- Sim, ela já está no tempo de encerrar as atividades no escritório.

Renata- Será que eu poderia me candidatar ao cargo?

Domini- (estranha) Você?

Renata- Porque, não me acha apta?

Domini- Não foi isso que eu quis dizer, perdão. É que não me passou pela cabeça.

Renata- Sabe, me sinto mal em morar com vocês e não ter uma renda para ajudar.

Domini- Sabe que sua irmã e eu não ligamos para isso.

Renata- Mas eu me importo. Quero ajudar!

 

Domini respira fundo.

 

Domini- Bem , se isso te faz melhor, amanhã você pode vir para o escritório que a secretária vai começar a te ensinar.

Renata- (sorrindo) Você quer dizer que...

Domini- Sim, você será a minha nova secretária.

 

Renata explode de felicidade.

 

Renata- Obrigado cunhado, eu juro que não vai se arrepender.

 

Domini levanta a taça, fazendo menção a um brinde. Renata faz o mesmo.

 

CENA 06. APARTAMENTO MARCELA/INT/TARDE

Clara chega em casa e ao ver Marcela a abraça.

 

Clara- Oi mãe.

Marcela- Tudo bem minha filha. Como foi a escola hoje?

Clara- Chegou um professor de Português novo.

Marcela- É? E como ele é?

Clara- Bem, aparentemente ele é mais legal que o antigo.

 

Clara coloca a mochila em cima do sofá.

 

Clara- Nossa, eu tô varada de fome.

Marcela- Nada disso mocinha. Primeiro você vai guardar a mochila no seu quarto e lavar as mãos.

Clara- Aí mãe , rapidinho.

Marcela- Rapidinho nada!

 

Clara, a contragosto, pega a mochila e leva para o quarto.

 

CENA 07. TAKES DA CIDADE DO RJ

São mostradas as paisagens da cidade.

 

CENA 08.MANSÃO RANGEL/QUARTO DE ARTUR/NOITE.

Giácomo entra e Artur que estava deitado se levanta.

 

Artur- Vô, vem , sente-se.

 

Artur puxa a cadeira da escrivaninha para Giácomo sentar.

 

Artur- Achei que o senhor tivesse ido para a recepção da Soraya.

Giácomo- Imaginei o mesmo a seu respeito, mas passei e vi a luz acesa.

Artur- Não tô muito afim de festa.

Giácomo- Você sabe que pra Aurora é muito importante sua presença.

Artur- Eu sei, mas logo mais eu vou mandar mensagem pra ela.

 

Artur se levanta e pega o celular.

 

Giácomo- Bem já que toquei no nome da menina Aurora.

 

Artur o olha.

 

Giácomo- Meu filho, não acha que está deixando muito a desejar com Aurora?

Artur- Ai vô, para o senhor eu não posso esconder. Estou totalmente convencido de que nunca vou conseguir sentir pela Aurora algo além de carinho.

Giácomo- Mas vocês estão noivos.

Artur- Sim, eu sei e por isso tomei a decisão de terminar com ela.

Giácomo- Como assim terminar?

Artur- Eu não posso levar essa história adiante.

Giácomo- Você já falou com a Aurora?

Artur- Ainda não. Estou buscando uma maneira.

Giácomo- Ela vai sofrer muito. Você sabe , né?

Artur- Ela sofreria mais se eu a condenasse a viver ao meu lado sem amor.

 

Giácomo o olha fixamente.

 

Giácomo- Essa sua decisão tem a ver com a tal Luiza?

Artur- Não viaja, vô.

Giácomo- Eu tô vendo nos seus olhos que está mentindo.

 

Artur respira fundo.

 

Artur- (sorrindo) Tá bom. Eu assumo, não  consigo tirar a Luiza da cabeça.

 

Giácomo se levanta altivo.

 

Giácomo- Não se atreva a se envolver com essa esculhambada.

Artur- Que isso vô?

Giácomo- (grita) Eu não vou admitir que você largue a Aurora pra ficar com essazinha.

 

Artur olha sem nada dizer.

 

Giácomo- Eu proíbo você de pensar em se envolver com essa garota.

Artur- (olhos marejados) Me proíbe? Eu tô cansado de pensar com a cabeça dos outros.

Giácomo- (interrompendo) Escuta aqui ...

Artur- (chorando) Escuta aqui o senhor. Chega! Chegou a hora de eu mesmo tomar as rédeas da minha vida. Eu vou fazer o que o meu coração mandar.

 

Giacomo o olha com raiva.

 

CENA 09. SALÃO DE FESTAS/INT/NOITE

Música ambiente, pessoas com roupas elegantes a todo momento posando para foto.

Ao lado de Christian Dubois, Soraya, aparece sorridente.

 

CENA 10. PENSÃO DE LOLA/COZINHA/NOITE.

Luiza e Lola conversam.

 

Lola- Nieda saiu daqui radiante

Luiza- Tenho um pouco de receio pela Nieda. Se essa gente foi capaz de armar pra ela ser presa, eles são capaz de tudo.

Lola- Tenho medo, mas a Nieda sabe o que faz.

 

Luiza se senta, preocupada.

 

Lola- (sorridente) Mas que ela estava lindíssima, isso ela tava.

Luiza- Verdade?

Lola- Tinha um vestido de gala que não usava a tempos, fiz uns ajustes e dei pra ela usar. Saiu daqui toda prosa, precisava ter visto.

Luiza- Queria ter visto a cena.

 

Luiza e Lola sorriem.

 

CENA 11. SALÃO DE FESTAS/INT/NOITE.

Em slow motion, Nieda caminha dentre os convidados. A cam foca no olhar misterioso dela. Ela sobe no palco e pega o microfone. Todos no local param e a olham.

Ao vê-la, Soraya fica incrédula.

 

Soraya- (p/si) Mas... mas isso não pode ser possível.

 

No palco, Nieda olha fixamente para Soraya.

 

Nieda- (microfone) Boa noite, Soraya Stephen. Você não sabe o quanto esperei por esse momento.

 

Aurora olha para Soraya sem entender.

 

Nieda- (microfone) Durante anos esperei pra olhar dentro dos teus olhos e dizer: A hora do acerto de contas chegou. (T) Vagabunda!

 

Soraya, com os olhos marejados, encara Nieda.

 

A imagem congela no rosto de Soraya.

 

FADE TO BLACK: