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Na Boca Do Povo - Capítulo 52 (Último Capítulo)

 

 

Capítulo 52 (Último Capítulo)

Cena 01 – Galpão Abandonado [Interna/Noite]

(Luiza Helena se levantou e de pé encarou Evandro com uma arma apontada para ela e Betinha).

 

BETINHA: Você precisa sair daqui agora mesmo! É perigoso, ele encharcou o galpão inteiro com gasolina, ele quer incendiar tudo.

LUIZA HELENA: (Levanta as mãos) Calma, Evandro! Sou eu, Luiza Helena... Você não vai fazer nada com a gente, vai?

EVANDRO: Com você não, já com ela e o pai... Eles não combinam com a família que eu planejei pra gente.

LUIZA HELENA: Então só tem um jeito de acabar com tudo isso, vamos trocar. Você solta a minha filha e eu fico aqui com você.

BETINHA: Não, não fala isso. Você ficou louca? Você não pode ficar, está grávida...

EVANDRO: (Começa a demonstrar sinais claros de desequilíbrio enquanto gesticula e sacode a arma) Grávida... Grávida de um filho que era pra ser meu e não daquele pintor cretino.

LUIZA HELENA: Isso tudo é coisa de burocracia, pai é quem cria, quem dá amor e com quem a gente quer ficar. (Tenta fazer o jogo de Evandro).

EVANDRO: Eu, né? É comigo que você quer ficar. Eu sei que você me ama, eu também amo você. Somos feitos um para o outro, é comigo que sua vida vai decolar.

LUIZA HELENA: Exatamente! É com você que eu quero ficar, por isso você precisa deixar a Betinha em paz e seguir apenas comigo, entendeu? Nossa família não precisa dela, só eu, você e o neném.

EVANDRO: (Evandro estende a mão com a arma para tocar na barriga de Luiza Helena).

LUIZA HELENA: (Assustada, Luiza Helena anda alguns passos para trás, evitando que Evandro a toque).

 

Cena 02 – Teatro São Paulo [Interna/Noite]

(Todos os convidados já estavam posicionados em seus assentos. O teatro estava lotado para a grande volta aos palcos de Amara Ferraz).

 

EDU: (Surge no palco antes da abertura das cortinas e fala com o público utilizando um microfone) Senhoras e senhores! Hoje é um marco de uma nova era no cenário da música brasileira. A espera chegou ao fim, sejam bem-vindos à nova era. Recebam com todo amor e carinho, a nossa grande estrela da música popular brasileira... Amara Ferraz! (deixa o palco).

(As cortinas do palco se abrem sob uma forte chuva de aplausos. Um refletor se acende no centro do palco e Amara se aproxima, a banda então começa a tocar a introdução da música).

Música cantada por Amara Ferraz: Pagu – Rita Lee

LOLA/AMARA: (Começa a cantar) Mexo, remexo na inquisição

Só quem já morreu na fogueira

Sabe o que é ser carvão

Eu sou pau pra toda obra

Deus dá asas a minha cobra

Hum hum hum hum

Minha força não é bruta (adoro essa frase)

Não sou freira, nem sou...

Porque nem toda feiticeira é corcunda

Nem toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem...

(Da plateia, todos os moradores da Mooca assistem eufóricos).

FRANCESCA: (Chora emocionada).

ZECA: (Nota as lágrimas de Francesca) Ué, porque você está chorando minha carcamana? Você está triste?

FRANCESCA: Non é de tristeza, é de alegria. A Lola, ou melhor, a Amara é uma grande donna. Io estou muito contento! (Responde secando as lágrimas).

LOLA/AMARA: (Continua cantando enquanto caminha pelo palco e dança ao som da música livremente) Nem toda feiticeira é corcunda

Nem toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem

Ratatá ratatá ratatá

Taratá taratá...

PIRULITO: (Assiste Lola/Amara cantar com os olhos brilhando).

ANDREINA: Tá orgulhoso da sua mamma, pirulito?

GIOCONDA: Como non estaria? A Lola está bellissima! (Explica aos dois).

ENRICO: Maravilhosa! (Grita e em seguida assovia bem alto).

LOLA/AMARA: Porque nem toda feiticeira é corcunda

Nem toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem

Nem toda feiticeira é corcunda

Nem toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem!

 

Cena 03 – Ruas de São Paulo [Externa/Noite]

(Eriberto dirigia a viatura, no veículo também estavam Raquel, Durant e Rafael).

 

DURANT: Não tem como ir mais rápido? (Questiona sentado no banco traseiro).

DELEGADA RAQUEL: Calma, Durant. De acordo com o GPS, já estamos bem próximos a última localização registrada pelo celular da Luiza Helena.

DURANT: É impossível ficar calmo, eu já disse. Nós precisamos ser mais ágeis, cada segundo pode ser definitivo.

RAFAEL: Eu não vejo a hora desse cara voltar para a cadeia. Aliás, eu acho que nem mais a cadeia seria o suficiente para aquele desgraçado.

INSPETOR ERIBERTO: Estamos quase lá gente, eu estou indo o mais rápido que posso.

 

Cena 04 – Galpão Abandonado [Interna/Noite]

(Com a negativa de Luiza Helena, Evandro logo caiu em si e percebeu que ela estava jogando com ele).

 

EVANDRO: Você não quer que eu te toque?

LUIZA HELENA: Não, não é isso... Eu apenas fiquei nervosa, você está com uma arma na mão. Eu fico com medo! (Responde).

EVANDRO: Não senhora! Você não vai me enganar de novo, eu não vou cair nesse seu joguinho e muito menos vou soltar Betinha. O final dessa história está se aproximando e ele será surpreendente. (Evandro tira uma caixa de fósforos do bolso).

LUIZA HELENA: (Se assusta com o que Evandro pode fazer com fósforo pelo fato do galpão está encharcado de gasolina) O que você vai fazer, espera...

BETINHA: Foge daqui, Luiza Helena... O Evandro está louco, ele quer nos matar! (Diz gritando).

EVANDRO: O que você acha de brincarmos com fogo? (Pergunta rindo ao acender um palito).

(Com as sirenes desligada, Eriberto estaciona a viatura próximo ao galpão).

DELEGADA RAQUEL: (Desce do carro) Eriberto, verifique onde os reforços estão. Antes de invadirmos, precisamos cercar toda a área, o Evandro Britto não pode fugir novamente. Vocês, fiquem aqui perto do carro, é muito perigoso e provavelmente o Evandro está armado. (Diz orientando a todos).

INSPETOR ERIBERTO: Pode deixar, eu vou ligar para os outros policiais e descobrir a posição deles. (Responde tirando o celular do bolso).

DURANT: (Aproveita-se do momento em que Raquel e Eriberto se distraem para correr em direção ao galpão).

DELEGADA RAQUEL: Mas o que ele pensa que está fazendo? Durant, volta aqui. Você vai estragar tudo!

RAFAEL: (Pensa em seguir o tio, porém é impedido).

INSPETOR ERIBERTO: Nem pense em fazer o mesmo, se não eu te algemo. (Diz olhando para Rafael).

(Durant entra correndo no galpão e encontra Luiza Helena e Betinha na mira de Evandro).

EVANDRO: Perfeito... Perfeito! A família toda reunida para o grande final dessa história.

DURANT: (Olha para o chão e percebe que seus sapatos estão molhados).

LUIZA HELENA: O galpão está cheio de gasolina, ele quer incendiar isso aqui com todos nós dentro.

BETINHA: Pai, você precisa chamar a polícia... É nossa única chance de sair daqui!

EVANDRO: E quem foi que disse que você vai sair daqui viva? (Nesse momento, Evandro acende um fósforo e joga no chão, iniciando um incêndio).

LUIZA HELENA: Não... (Grita, mas é tarde demais e as chamas começam a percorrer o galpão).

EVANDRO: Eu vou te matar e depois acabar com a raça dessa vira-lata que te chama de pai. (Diz apontando a arma para Durant).

DURANT: Você não vai matar ninguém, seu desgraçado. O único fim que está próximo é o seu, eu vou te mandar para a cadeia! (Durant avança em cima de Evandro e os dois começam a brigar pela arma).

(Alguns tiros disparam, um atinge uma janela e outro o teto. Do lado de fora, Raquel, Eriberto e Rafael ouvem tudo).

RAFAEL: Meu Deus, isso é tiro... Eu vou lá, eu preciso entrar... Betinha! (Grita).

DELEGADA RAQUEL: Não senhor! Evandro Britto é um bandido muito perigoso e já deu para perceber que ele está realmente armado, deixe que nós iremos fazer o nosso trabalho. Segurem ele e não soltem! (Diz aos policiais para que contenham Rafael).

(Raquel e Eriberto correm na direção dos fundos do galpão. No interior do local, Durant continuava brigando com Evandro pelo poder da arma).

LUIZA HELENA: (Corre de volta para onde Betinha está e começa a desamarrar seu outro braço) Precisamos sair daqui, minha filha. Esse homem está completamente louco, precisamos fugir antes que seja tarde demais...

BETINHA: (Força o braço, até que consegue se soltar das cordas. Em seguida desamarra os pés e fica de pé ao lado de Luiza Helena).

LUIZA HELENA: Sai daqui, Betinha... Sai daqui agora, vai lá pra fora! (Grita).

BETINHA: Não, eu não vou deixar esse bandido matar o meu pai, eu vou ajudá-lo... Pai! (Grita).

DURANT: (Olha para a filha ao ouvir o grito e se distrai).

EVANDRO: (Empurra Durant para longe, que cai no chão em seguida. Logo após, ele aponta a arma na direção de Betinha e mira na jovem) Diga adeus a esse mundo, fedelha!

LUIZA HELENA: (Observa Evandro e percebe que ele vai atirar em Betinha).

EVANDRO: (Atira).

LUIZA HELENA: Betinha! (Grita e se joga na frente da filha, sendo atingida no peito com um tiro a queima roupa).

BETINHA: Mãe! (Grita ao ouvir o tiro).

DURANT: (Olha para Luiza Helena ferido completamente aterrorizado).

EVANDRO: (Fica nervoso) Não, não... A bala não era pra você! Porque você tinha que entrar na frente?

LUIZA HELENA: (Anda para trás e ao tocar no ferimento, percebe que está perdendo sangue, em seguida começa a desfalecer).

BETINHA: (Segura a mãe) Não, não, não... Não fecha os olhos, mãe... Fica comigo, você precisa ficar comigo, vai ficar tudo bem... Nós vamos te ajudar e te levar para um hospital. Eu preciso de você, mãe... Por favor! (Diz se agachando junto com Luiza Helena).

LUIZA HELENA: (Olha para Betinha, porém não consegue falar).

 

Cena 05 – Casa de Glória [Interna/Noite]

(Sozinha em casa, Glória se preparava para dormir enquanto assistia TV, quando um plantão de notícias anunciou os últimos acontecimentos).

 

RÉPORTER: A polícia está no encalço do executivo foragido Evandro Britto. Segundo informações das nossas fontes, o empresário sequestrou a esposa e a própria enteada. A delegada responsável pelo caso está nesse momento tentando negociar a liberação das vítimas no cativeiro. Voltaremos em breve com mais informações durante a nossa programação!

GLÓRIA: (Senta-se na cama) Meu Deus, o Evandro está completamente louco... O Demétrio tinha razão, ele é mesmo um psicopata. (Diz a si mesma em voz alta).

 

Cena 06 – Galpão Abandonado [Interna/Noite]

(Durant correu por entre as chamas ao perceber que Luiza Helena havia sido atingida).

 

DURANT: (Se aproxima de Luiza Helena e a beija) Vai ficar tudo bem, eu vou te levar para um hospital, eu te prometo.

LUIZA HELENA: (Com muita dificuldade, balbucia) Salva o nosso filho... (Perde os sentidos).

BETINHA: Não, não, não... Mãe, mãe! (Se desespera).

EVANDRO: (Olha para Luiza Helena e fica fora de si ao achar que a matou).

(Raquel e Eriberto entram por trás de Evandro e conseguem desarmá-lo).

DELEGADA RAQUEL: (Segura a arma de Evandro) Precisamos sair daqui, o fogo está se espalhando muito rápido!

INSPETOR ERIBERTO: (Algema Evandro) Perdeu, Evandro. Dessa vez você não vai fugir de novo.

DURANT: (Coloca Luiza Helena no colo e a carrega com cuidado pelo galpão em chamas).

BETINHA: (Segue o pai).

(Rafael estava do lado de fora acompanhado de alguns policiais. A essa altura, o local já estava cercado pela polícia, havia veículos de imprensa, corpo de bombeiros e uma ambulância no local).

RAFAEL: Eles estão saindo! (Diz ao avistar Raquel e Eriberto conduzirem Evandro algemado e em seguida Durant carregando Luiza Helena, acompanhado de Betinha).

(A equipe de paramédicos rapidamente se aproximou com uma maca, onde Durant deitou Luiza Helena. Rafael correu ao encontro de Betinha para ampará-la, a jovem tossia muito após ter inalado bastante fumaça. Evandro observava tudo dentro do camburão, até que o veículo se afastou).

 

Cena 07 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Noite]

(O olhar de Luiza Helena observava as luzes do corredor do hospital, enquanto a equipe médica corria com a maca pelo local. Ela usava uma máscara de oxigênio e não conseguia compreender com exatidão o que estava acontecendo ao seu redor).

 

DURANT: Ela vai ficar bem, não vai? Eles tem alguma chance? (Questionou a equipe médica).

DR. MONTEIRO: Depois, Durant... Depois eu falo com você! (Disse ao entrar com uma maca dentro de uma sala, deixando Durant para trás).

(Desnorteado, Durant caminha pelo hospital até chegar à sala de espera na recepção. Lá também estão Betinha, Rafael, Maria Rita, Marcelo Fernanda e Ângelo).

BETINHA: Eu não quero perder a minha mãe, Rafael. Ela não pode ir embora sem saber que eu a perdoei! (Diz enquanto chora).

MARIA RITA: (Se aproxima dela e a abraça) Ela não vai morrer, meu bem. Tenha fé, a sua mãe precisa disso. Ela e o seu irmão que está para nascer.

MARCELO: Alguma notícia, Durant? Os médicos disseram alguma coisa?

DURANT: Eles levaram a Luiza Helena para a sala de exames e não me disseram nada, eu não sei de nada.

FERNANDA: (Volta para a recepção correndo) O Doutor Monteiro está vindo!

(Logo o médico é cercado pela família).

DURANT: E então Doutor, como eles estão?

DR. MONTEIRO: Ela está apresentando um caso grave de hemorragia, precisamos operá-la imediatamente. (Explica).

DURANT: E o meu filho?

DR. MONTEIRO: Enquanto o projetil é removido, a obstetrícia fará uma cesariana. A Luiza Helena está apresentando um quadro de sofrimento fetal, precisamos retirar o bebê o quanto antes. A situação dos dois é muito delicada e diante os fatos, talvez tenhamos que optar entre a vida de mãe e filho.

BETINHA: Não, meu Deus, não... (Diz chocada).

DURANT: Doutor, não vou escolher entre a vida da mulher da minha vida e o meu filho. Você tem que salvar os dois, os dois entendeu?

(No interior da sala de cirurgia, Luiza Helena estava sendo operada para a extração da bala enquanto era submetida também a uma cesariana de emergência. Podíamos notar que ela estava conectada a diversos monitores respiratórios e cardíacos).

ANESTESISTA: Vocês precisam ir mais rápido, a pressão dela está muito baixa. (Diz observando o monitor hipertensivo).

DR. MONTEIRO: Como está indo aí, doutora? (Questionou a obstetra, enquanto ele procurava o foco da hemorragia).

OBSTETRA: Mais algumas camadas e eu chego ao útero para a retirada do bebê.

(Nesse momento os batimentos cardíacos de Luiza Helena ecoam através do monitor e indicam uma parada).

 

 

Cena 08 – Jardim Celeste / Plano Astral [Externa/Manhã]

(Luiza Helena despertou de um sono profundo em um banco de um grande jardim. Ela usava um vestido branco e estranhava o fato de como havia chegado ali, pois ela não se lembrava).

 

LUIZA HELENA: (Senta-se) Que lugar é esse? Onde é que eu estou? (Se pergunta).

DEMÉTRIO: Tem certeza que você não sabe? (Questiona logo atrás do banco onde Luiza Helena estava).

LUIZA HELENA: (Surpreende-se) Demétrio? Meu Deus, que saudade de você! (Corre até ele e o abraça).

DEMÉTRIO: Eu também estava com muitas saudades, mas confesso que não gostei de te ver aqui.

LUIZA HELENA: (Se dá conta do que Demétrio quis dizer) Eu morri? Eu estou morta?

DEMÉTRIO: (Conduz Luiza Helena de volta até o mesmo banco onde ela estava e os dois se sentam) Venha, sente-se aqui. Não fique nervosa, é perfeitamente natural que você ainda esteja confusa, sem atinar em nada, mas tudo vai se esclarecer. Talvez Deus tenha atendido ao meu maior desejo, pois eu sempre quis voltar a te ver.

LUIZA HELENA: Eu também, mas não imaginava que fosse acontecer dessa forma... Sem conseguir resolver as coisas, eu não tive tempo...

DEMÉTRIO: E quem foi que disse que você ainda não tem tempo? As portas ainda não se fecharam para você. A sua bondade, o seu carinho e afeto ainda precisa continuar sendo espalhado entre os seus. O seu amor, a sua filha e por esse filho que você está gerando. Todos eles precisam de você incondicionalmente.

LUIZA HELENA: (Sente-se confusa) É estranho! Ao mesmo tempo que eu quero voltar, eu sinto uma paz tão grande estando aqui.

DEMÉTRIO: Aqui é realmente um lugar de paz, onde não existe dor e muito menos guerra. Aqui é sempre dia, não há trevas e nem lugar para ódios e ressentimentos. O seu lugar não é aqui, Luiza Helena. Foi muito bom te ver, mas você precisa retornar...

LUIZA HELENA: Retornar? Mas eu não sei como eu posso retornar.

DEMÉTRIO: Encontre o caminho de volta. Encontre antes que seja tarde demais, basta você seguir o caminho da luz. Siga o caminho da luz e não olhe para trás!

LUIZA HELENA: (Abraça Demétrio em sinal de despedida e em seguida caminha em direção a luz).

(Enquanto caminha, Luiza Helena ouve vozes de pessoas importantes de seu passado. Seu pai, sua mãe, Durant, Betinha e em seguida ouve o choro de uma criança).

LUIZA HELENA: (Não consegue achar o caminho de volta e se desespera) Demétrio, cadê você? Eu não estou te vendo... Eu não consigo voltar. Demétrio! (Grita enquanto sua voz ecoa em meio a neblina).

 

Cena 09 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Noite]

(Depois de muito insistir, Durant havia conseguido autorização para entrar na sala de operação e ficar ao lado de Luiza Helena para ver o filho nascer).

 

DURANT: (Se aproxima de Luiza Helena e segura sua mão) Eu estou com você, meu amor.

(Nesse momento, o coração de Luiza Helena volta a bater).

LUIZA HELENA: (Abre os olhos).

DR. MONTEIRO: Consegui estabilizar a paciente, suturando a incisão agora...

OBSTETRA: Estamos quase lá e foi... Pronto, aqui está o meninão de vocês! (Diz ao retirar o bebê e mostrá-los aos pais, após cortar o cordão umbilical).

DURANT: (Observa o bebê chorar e fica emocionado) Meu filho!

OBSTETRA: Agora ele será examinado pela equipe de pediatria e muito provavelmente será encaminhado para uma incubadora, que é de praxe. Eu já estou finalizando aqui.

DURANT: (Beija a testa de Luiza Helena) Vai ficar tudo bem, eu não vou sair do seu lado.

 

Cena 10 – Teatro São Paulo [Interna/Noite]

(Após finalizar o show, Amara recebeu alguns de seus amigos em seu camarim).

 

LOLA/AMARA: Sequestradas? (Questionou sentando-se em uma cadeira, com Pirulito em seu colo).

ZECA: Pois é, as notícias começaram a correr soltas durante o show, mas não podíamos transparecer para que você não ficasse nervosa.

FRANCESCA: Vero! Non sabe o quanto foi difficile...

ENRICO: É, mas felizmente tudo acabou bem, o Evandro foi preso e... Eu acabei de falar com o Rafael por mensagens e soube que a Luiza Helena já está fora de perigo e deu à luz, é um menino! (Diz sorridente).

FRANCESCA: Grazie Dio e a mi San Gennaro! (Diz com as mãos para o alto, em sinal de agradecimento).

EDU: (Entra no camarim eufórico) Foi um estrondo, um verdadeiro sucesso. Vocês ouviram como a plateia aplaudia? Quase arrancaram o teto do Teatro São Paulo, o público foi ao delírio. A imprensa está aí fora, todos querem 1 minuto com Amara Ferraz.

LOLA/AMARA: Ai, ainda bem que deu tudo certo. Por alguns momentos cheguei a duvidar que fosse dar certo!

GIOCONDA: Como non ia? Com essa voz e esses olhos, você pode fazer o que quiser, bellissima. (Diz elogiando Amara).

EDU: E então, você vai receber a imprensa? (Questiona).

LOLA/AMARA: Vou, mas não agora. Dessa vez vai ser diferente, eu honrarei todos os meus compromissos, mas a minha família estará sempre em primeiro lugar. Avise que em breve irei receber a todos, mas que agora eu estou em um momento íntimo, cercada pelas melhores pessoas do mundo.

EDU: (Sorri com o posicionamento de Amara e admira cada vez mais como mulher e profissional) Pode deixar, eu dou um jeito neles.

ANDREINA: Gente, tem champanhe aqui. Vamos brindar?

LOLA/AMARA: Excelente ideia!

EDU: (Abre a garrafa de champanhe e serve as taças).

(Em seguida todos brindam ao sucesso da noite).

 

Cena 11 – Delegacia [Interna/Noite]

Música da cena: Um Pôr Do Sol Na Praia – Silva e Ludmilla

(Imagens externas mostram a cidade de São Paulo, em seguida surge a fachada da delegacia. No interior do local, Evandro volta para a cela diante Raquel).

 

DELEGADA RAQUEL: O preso ficará sob vigilância total, durante 24 horas por dia até a transferência dele. Vocês dois ficarão aqui na porta, atentos a cada detalhe, até pela respiração dele se for preciso. Qualquer acontecimento, por menor que seja, eu quero ser comunicada imediatamente, entendeu? (Orienta os dois policiais que ficarão de guarda na porta da cela de Evandro).

POLICIAL: Sim senhora, pode ficar tranquila.

DELEGADA RAQUEL: Eu vou para a minha sala, boa noite! (Despede-se e vai embora).

(Sozinho na cela, Evandro caminha de um lado para o outro nervoso).

EVANDRO: Eu não posso ficar aqui, eu não posso ser preso. Eu tenho que sair daqui, me tirem daqui... (Grita segurando as grades).

 

Cena 12 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Manhã]

Música da cena: Rock Roll And Lullaby – Alexandre Poli

(O dia amanhece ensolarado na capital paulista, algumas imagens externas mostram as principais avenidas de São Paulo, logo após surge a fachada do hospital).

 

LUIZA HELENA: (Acorda após horas dormindo sob o efeito da anestesia e se depara com Betinha em seu quarto).

BETINHA: (Levanta-se da poltrona onde estava sentada e se aproxima de Luiza Helena) Graças a Deus você acordou! Sente-se bem? Tá doendo alguma coisa?

LUIZA HELENA: Me sinto um pouco zonza ainda! Onde está o Durant? O bebê está bem?

BETINHA: Felizmente o bebê está ótimo, saudável e o papai está com ele. Na verdade, ele foi conversar com a pediatra sobre ele.

LUIZA HELENA: (Sorri) Eu tive um sonho tão bonito. Eu sonhei que você me chamava de mãe!

BETINHA: (Se emociona e acaricia o cabelo de Luiza Helena) Não foi sonho, mãe. Eu realmente te chamei assim. As últimas horas foram muito angustiantes, eu só pensava que iria te perder sem que você soubesse que já tinha te perdoado. Eu tive muito medo. Também acho que preciso te pedir perdão, eu fui muito dura e insensível com você. Será que você consegue me perdoar?

LUIZA HELENA: Não precisa mais temer e nem pensar mais nessas coisas, minha filha. Eu prometo que não vou morrer e que vou te ajudar a passar uma borracha em cima de tudo isso! Me ajuda a sentar, estou ficando incomodada nessa posição...

BETINHA: Ajudo sim, mas com cuidado. (Diz enquanto ajuda cuidadosamente Luiza Helena a se sentar na cama).

(A porta do quarto se abre e Durant entra no quarto segurando o filho no colo).

DURANT: (Fala em um tom de voz sereno) Olha só quem eu trouxe para conhecer a mamãe. A pediatra liberou esse meninão, disse que ele vai se recuperar bem.

LUIZA HELENA: Me dá ele? Eu quero segurar o meu filho!

DURANT: (Entrega o bebê a Luiza Helena).

LUIZA HELENA: (Olha para o filho emocionada).

BETINHA: (Observa os dois) Agora precisamos escolher o nome desse menino, ele não pode continuar sem nome, mãe.

LUIZA HELENA: E quem foi que disse que o seu irmão não tem nome? Eu já escolhi faz tempo, só queria fazer surpresa.

DURANT: Escolheu? Então qual é o nome? (Pergunta curioso).

BETINHA: Ih... Conhecendo o gosto dela, até já tenho alguns palpites em mente. Justin Timberlake, Erasmo Carlos, Fábio Junior, Luan Santana, Ed Sheeran... Provavelmente será nome de cantor, assim como eu. (Diz brincando).

LUIZA HELENA: Muito engraçada, mas quero informar que você está errada. O nome do bebê é uma homenagem a tudo que somos e vivemos. Ele vai se chamar Roberto Durant. Roberto como a irmã e Durant como o pai. (Explica).

BETINHA: (Sorri emocionada e sem conseguir evitar, uma lágrima escorre de seus olhos).

DURANT: Não poderia ser melhor. (Beija Luiza Helena, em seguida a testa do bebê e estende a mão para Betinha).

 

Cena 13 – Umbu-Cajá, Restaurante Nordestino [Interna/Manhã]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(Imagens aéreas mostram os grandes edifícios da cidade. Em seguida surge a fachada do restaurante de Zeca. Pelo tardar da hora, Zeca estranhou a demora do filho em descer para ajudar no restaurante e resolveu procurá-lo).

 

ZECA: Filho, aconteceu alguma coisa? Você não desceu e... O que você está fazendo? (Questiona ao entrar no quarto de Ítalo e ele estar arrumando suas malas).

ÍTALO: Isso que você está vendo, painho. Arrumando as minhas coisas, eu vou voltar para Paraíba.

ZECA: Como voltar para a Paraíba? Assim, do nada? O que está acontecendo?

ÍTALO: Nada, painho. Não é nada com você, eu apenas me cansei. Cansei de sofrer e esperar por algo que não vai acontecer. Ficar aqui é o mesmo que ficar remoendo as coisas e isso não está me fazendo bem, pelo contrário, isso está acabando comigo.

ZECA: Você está falando do Enrico? (Questiona ao se aproximar do filho).

ÍTALO: Não me leva a mal, mas eu prefiro não falar mais sobre isso. (Muda de assunto e continua colocando as roupas dentro da mala).

 

Cena 14 – Casa 1 [Interna/Manhã]

Música da cena: Sampa – Caetano Veloso

(Imagens externas mostram a cidade de São Paulo e suas grandes avenidas movimentadas. Em seguida, surge a fachada da Casa 1. Enrico estava finalizando seu workshop de moda para uma nova turma de alunos, quando foi surpreendido com a presença de sua mãe acompanhada de Thiago).

 

ENRICO: Bem gente, foi muito bom o nosso encontro. Executem bem as peças e em nosso próximo Workshop nós iremos dar prosseguimento, até lá. (Despede-se dos alunos).

(Aos poucos os alunos deixam a sala e Enrico vai ao encontro de Francesca e Thiago).

ENRICO: Mamma, o que você está fazendo aqui? Aconteceu algum problema?

FRANCESCA: Bambino, io vim até aqui te alertar. Você precisa fazer alguma coisa antes que seja tarde demais!

ENRICO: Tarde demais? Eu não estou entendendo, do que a senhora está falando?

FRANCESCA: O Ítalo está in questo momento indo embora de São Paulo, ele vai voltar para a Paraíba, ele non aguenta mais sofrer de amor.

ENRICO: (Olha para Thiago sem jeito e tenta fingir que não se importa) Se ele vai embora, é porque ele quer. Infelizmente eu não posso fazer nada, mamma. O Ítalo é adulto, tem o direito de ir e vir.

FRANCESCA: Mas que porqueria você está dizendo? Ficou louco? Io pensei que você iria sair correndo para a rodoviária, impedir que ele fizesse essa loucura.

PROFESSOR THIAGO: Se vocês quiserem, eu posso levá-los até o terminal rodoviário.

FRANCESCA: Io acho uma buona ideia, vamos bambino?

ENRICO: (Fica pensativo, mas resolve não ir) Muito obrigado pela gentileza, Thiago. Mamma, por ser se importado e vindo até aqui, mas infelizmente eu não vou atrás de ninguém.

 

Cena 15 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Manhã]

Música da cena: Best Part – Daniel Caesar, H.E.R.

(Fernanda estava sentada na sala de reunião anotando algumas pautas em seu computador quando Ângelo abriu a porta, ela estava tão distraída que não havia notado).

 

ÂNGELO: (Aparece por trás de Fernanda e lhe entrega a próxima revista impressa para que ela cheque) Atrapalho?

FERNANDA: (Beija Ângelo e segura a revista) Você nunca atrapalha, meu bem. Estava aqui checando algumas pautas para a edição da semana que vem. (Responde colocando a revista em cima da mesa).

ÂNGELO: E por falar em edição, eu trouxe esse exemplar fresquinho para você. Estará em todas as bancas e sites na próxima segunda. Não vai conferir?

FERNANDA: Depois eu olho! Acredito que não tenha problema, eu conferi tudo antes da impressão com a gráfica.

ÂNGELO: Ah, não... Eu faço questão, soube que teve uma alteração de última hora e pode ser caso de cancelar a edição dessa semana.

FERNANDA: Como alteração e não passou por mim? Isso é inadmissível, todas as alterações tem que passar por mim antes. (Pega a revista e começa a folhear).

ÂNGELO: (Observa Fernanda manusear a revista, checando página por página).

(Nesse momento focamos na revista, conforme Fernanda passa cada página, ela se aproxima do meio da revista. No momento em que ela chega na metade da revista, ela encontra um anel de brilhantes colado na página e o retira).

FERNANDA: (Segura o anel com a revista em seu colo) E esse anel? Não me diga que...

ÂNGELO: (Interrompe Fernanda) Fernanda Martins de Andrade Britto, você quer casar com esse humilde e apaixonado advogado?

FERNANDA: (Se emociona e fica com os olhos marejados).

(Em seguida, Fernanda se levanta da cadeira e encara Ângelo).

ÂNGELO: E então? Não me diga que você não quer...

FERNANDA: Não... Você está completamente enganado, a minha resposta é sim! (Responde com um sorriso no rosto).

ÂNGELO: Graças a Deus, finalmente... (Levanta Fernanda no colo e a beija).

FERNANDA: Sim, sim, sim... Eu quero ser a Senhora Martins de Vasconcelos. Sim, sim, sim... Mil vezes sim!

(Em comemoração, Ângelo e Fernanda se beijam, enquanto ele a gira em seu colo).

 

Cena 16 – Terminal Rodoviário Tietê [Interna/Tarde]

Música da cena: Não Esqueço – Niara e Pabllo Vittar

(Ítalo estava sentado em um banco na rodoviária acompanhado de Zeca, enquanto esperava o horário de partida de seu ônibus).

 

RECEPCIONISTA: Atenção aos passageiros rumo a cidade de Santa Rita – Paraíba, embarque em 10 minutos pela plataforma 57. Queiram por gentileza se dirigirem aos pontos de embarque. (Anuncia pelo microfone).

ZECA: É o seu ônibus, filho. Tem certeza de que quer mesmo fazer isso?

ÍTALO: Tenho sim, painho. (Pega a mala que estava na cadeira ao lado e levanta-se, em seguida dá alguns passos e olha para trás) Adeus São Paulo, foi tudo muito bom enquanto deu. Até algum dia! (Volta a caminhar na direção da plataforma de embarque).

(Enquanto caminhava entre as pessoas, Ítalo foi surpreendido ao ouvir uma voz familiar gritar o seu nome).

ENRICO: Ítalo, espera... A gente precisa conversar!

ÍTALO: (Olha para trás com o semblante de tristeza ao ver Enrico) Conversar? Sobre o que? Você já disse tudo o que tinha para falar em todos esses últimos meses, eu não sei se o meu coração aguenta mais sofrer tanto assim, Enrico.

ENRICO: Eu sei que você errou, mas eu...

ÍTALO: Não me perdoa e eu já sei disso. Eu entendi e aprendi a respeitar a sua decisão em não querer mais me ter em sua vida.

ENRICO: Não, não é isso... Eu vim até aqui pedir que você não vá embora!

ÍTALO: E porque você não quer que eu vá embora, Enrico? (Questiona olhando para Enrico como se estivesse esperando uma resposta que mudasse a sua vida).

ENRICO: (Permanece em silêncio com os olhos entristecidos e lacrimejantes).

ÍTALO: Está vendo, é disso que eu estou falando. Eu não quero ficar aqui para sermos apenas bons amigos, eu não conseguiria suportar te ver com outro e perceber que eu te perdi por minha culpa. Eu quero que você seja muito feliz com o Thiago ou quem quer que seja. Adeus Enrico! (Dá as costas e começa a caminhar).

ENRICO: (Chora ao perceber que vai perder Ítalo de vez e encontra coragem para fazer o que mais queria fazer, lutar pelo o que queria) Eu não quero que você vá embora porque eu te amo e nunca deixei de te amar. (Grita).

ÍTALO: (Olha para trás novamente e se surpreende ao ver Enrico de pé) Você está em pé... Pode andar?

ENRICO: Eu andei por sua causa, por sua causa! (Diz emocionando enquanto permanece de pé tentando se equilibrar).

ÍTALO: (Chora de alegria ao ver Enrico de pé e deixa a mala cair no chão).

(Ítalo corre na direção de Enrico por entre as pessoas e ao se aproximar, os dois se beijam apaixonadamente. As pessoas impressionadas com a cena de afeto, começam a aplaudir).

ZECA: Graças a Deus! (Diz emocionado).

ENRICO: Não vá embora, por favor...

ÍTALO: Eu não vou mais, o meu lugar é aqui. Do seu lado!

(Os dois se beijam novamente).

 

Cena 17 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(Imagens externas apresentam a cidade de São Paulo e toda a sua agitação. O dia amanhece e anoitece rapidamente repetidas vezes simbolizando uma passagem de tempo).

 

TEMPOS DEPOIS...

 

Cena 18 – Penitenciária [Interna/Manhã]

(Os portões da penitenciária se abrem e um carro da polícia se aproxima da entrada. Pelos corredores internos, podemos notar a entrada de Evandro acompanhado por três policiais. Em uma sala, ele deixa todos os seus pertences que são recolhidos. Em seguida, ele preenche sua ficha criminal com as digitais marcadas de tinta e tira fotos segurando uma placa de identificação em todos os ângulos).

 

CARCEREIRO: (Abre a porta da cela) É aqui que você vai ficar, bacana!

EVANDRO: (Vestido com um uniforme laranja e segurando travesseiro e cobertas, Evandro observou o lugar enojado) Aqui? Mas aqui é muito sujo e tem outras camas. Eu vou ter que dividir a cela com outros presos? Não é possível, eu quero ver o diretor, tenho que ficar em uma cela especial.

CARCEREIRO: Cela especial? (Começa a rir). Onde é que você pensa que está? Em um hotel cinco estrelas? Aqui você é tão assassino e bandido como os outros, aproveite as companhias. (Empurra Evandro para o interior da cela e tranca a porta).

(Evandro caminhou pela cela e olhou para as camas pensando onde poderia dormir, ele sabia que haviam mais pessoas dentro da cela, só não conseguia identificar quem era).

ZÓIO: Essa daí não, aliás... Nenhuma das duas! Tá pensando o que? Mal chegou e já quer dormir na cama? (Diz em tom ameaçador).

EVANDRO: Olha cara, eu não quero confusão. Eu estou cansado, só quero me deitar e dormir. Já que você está com a cama de cima, não tem problema, eu fico com a debaixo e problema resolvido.

ZÓIO: E quem foi que disse que a cama debaixo está desocupada? (Debocha).

EVANDRO: Que foi, vai me dizer que você dorme no beliche inteiro? Me poupe! Se você dorme na cama de cima, quem é que dorme na cama debaixo? (Questiona).

CARUSO: Sou eu! (Disse ao se aproximar, saindo da penumbra).

Música da cena: Instrumental de Suspense

EVANDRO: (Surpreende-se ao ver Caruso vivo).

CARUSO: Sou eu que durmo na cama debaixo. Agora eu sou o novo Manda-Chuva dessa quebrada. Não imagina como é bom reencontrar velhos amigos. (Notamos que Caruso está com a cabeça raspada e olheiras).

 

Cena 19 – Tribunal de Justiça de São Paulo [Interna/Manhã]

(O julgamento de Thierry já havia iniciado e várias testemunhas haviam sido ouvidas. Após um breve recesso com o júri, o juiz estava prestes a aplicar o veredito).

 

MEIRINHO: O juiz responsável pelo caso irá anunciar o veredito. Que o réu fique de pé! (Orienta).

THIERRY: (Levanta-se e fica de pé ao lado do defensor público).

(De um lado do fórum, Glória, Fernanda, Ângelo e Judith assistiam ao julgamento. Enquanto isso, do outro lado da sala estavam Enrico, Paula, Francesca, Ítalo, Thiago, Lola/Amara, Gioconda e Zeca).

JUIZ: Após ouvirmos todos os relatos e diante todas as evidências anexadas no auto desse processo, o júri foi unanime em sua decisão. O réu Thierry Martins de Andrade Britto é considerado culpado. Com embasamento no crime de homofobia, com agressão, tentativa de homicídio doloso com intenção de matar por motivo torpe. Condeno o réu há 8 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado. Que fique claro que a sociedade está mudando e não será mais tolerado esse tipo de violência. Que o réu aproveite o tempo que terá de detenção para refletir sobre os seus atos e melhorar como indivíduo. A sessão está encerrada, podem levá-lo.

(Glória chora ao observar Thierry ser conduzido pela polícia, enquanto é consolada por Fernanda e Judith. Do outro lado, podamos notar as comemorações).

ENRICO: Finalmente, a justiça está feita... Mas a luta pelo respeito e dignidade de ser quem somos continua. (conclui).

 

Cena 20 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Tarde]

Música da cena: Dona de Mim - Iza

(A tarde chega e com a transição de cenas, surge a fachada da mansão. Luiza Helena estava reunida com Ângelo quando Glória chegou acompanhada por Fernanda).

LUIZA HELENA: Glória, seja bem-vinda. Que bom que você chegou!

GLÓRIA: Eu nunca imaginei que você me convidaria para voltar a pisar aqui. Essa casa me traz tantas lembranças do passado, parece que ainda posso ver os meus pais no jardim. Enfim, eu não vim aqui para me lamuriar, principalmente depois de ter assistido o meu filho ser condenado hoje pela manhã. Porque você me chamou?

FERNANDA: Calma, mamãe. Vamos sentar aqui no sofá! (Diz conduzindo a mãe para que as duas se sentem).

LUIZA HELENA: Vamos deixar o Ângelo falar, ele vai esclarecer melhor.

ÂNGELO: Bem Glória, eu não farei muito rodeio. O assunto que nos traz até aqui corresponde ao testamento de seu irmão.

GLÓRIA: Testamento? Mas o testamento já foi lido, todos sabemos que a única beneficiária digamos assim, é a Luiza Helena e eu até já me resignei. Não estou entendendo.

ÂNGELO: Você vai entender! (Responde ligando a TV e dando play ao vídeo).

(Através da TV, notamos que quem está no vídeo é Demétrio).

DEMÉTRIO: Oi Glória, como vai? Se você chegou até aqui e está assistindo a esse vídeo, boas notícias! Você mudou e agora sim voltou a ser gente. Sempre me perguntei onde foi que aquela menininha que me admirava e dizia que se inspirava em mim se perdeu. Tinha tantos planos para você, mas infelizmente não foi possível concretizar. Eu espero que você entenda que tudo o que eu fiz foi por você, eu precisava te resgatar de você mesma. Agora, sem mais delongas vamos ao que interessa. A sua parte da herança estava guardada e será disponibilizada agora, já que você entendeu o real significado da vida e do trabalho. Deixo para você uma quantia de 25 milhões de reais. A revista continuará sob administração de Luiza Helena e Fernanda. Utilize para ser feliz e fazer o bem sempre. Eu te amo minha irmã. (Conclui).

ÂNGELO: (Desliga a TV) Pronto! Acho que o seu irmão foi bem claro, você tem alguma dúvida?

GLÓRIA: (Fica estática olhando para a TV).

FERNANDA: Mamãe? O Ângelo está falando com você, porque não responde?

LUIZA HELENA: (Observa a expressão de Glória e estranha) A cara dela está estranha. Será que ela está passando mal?

GLÓRIA: Rica... Eu estou rica? (Glória começa a gritar histérica e em seguida desmaia).

LUIZA HELENA: Ela voltou! (Diz aos risos).

FERNANDA: (Abana a mãe que está caída no chão).

 

Cena 21 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Tarde]

(Marcelo e Zeca tomavam cerveja em uma das mesas externas do restaurante enquanto aguardavam Maria Rita e Francesca).

 

MARCELO: Aí vem elas! (Diz ao avistar as duas).

ZECA: Finalmente, vocês demoraram demais. Estão cheias de segredinhos, o que aconteceu?

(Maria Rita e Francesca se olham desconfiadas).

MARCELO: Que foi, porque vocês estão agindo assim?

ZECA: Tô gostando disso não. Porque vocês não desembucham de uma vez?

MARIA RITA: (Olha para Francesca) E aí, será que a gente conta?

FRANCESCA: Acho que sim, porque non? (Responde também olhando para Zeca).

ZECA: Eu já estou em tempo de ter um troço com tanta agonia... Porque vocês nos reuniram aqui?

(Francesca e Maria Rita então revelam ao mesmo tempo).

FRANCESCA: Nós estamos grávidas!

MARIA RITA: Nós estamos grávidas!

(Zeca e Marcelo se olham e começam a comemorar aos gritos como se estivessem diante a uma final da libertadores).

 

Cena 22 – Apartamento de Judith [Interna/Noite]

Música da cena: Gloriosa – Glória Groove

(Judith sentou no sofá completamente surpresa com Glória).

 

JUDITH: Demissão?

GLÓRIA: Sim, exatamente o que você ouviu, ou será que além de estrupício você também é surda? Agora eu sou uma mulher rica, não preciso mais ser uma diarista.

JUDITH: Ih, já vi que a velha Glória está de volta. (Diz em tom de lamentação).

GLÓRIA: Velha? Velha não, querida. Nova! A era gloriosa está chegando, bebê. (Comemora).

 

Cena 23 – Ruas de São Paulo [Externa/Noite]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(As ruas do centro de São Paulo estavam bem movimentadas. Isabelle Tsunami andava de um lado para o outro acompanhada de outras garotas de programas tentando faturar um pouco mais).

 

ISABELLE: Tá muito fraco o movimento hoje!

MULHER: É verdade, colega. Desse jeito não vamos descolar grana nenhuma e você já sabe como a nova dona do pedaço fica, né?

ISABELLE: Sei sim, eu nunca pensei que diria isso, mas... Eu sinto falta do Caruso. Apesar de tudo o que ele fez e dele ser um canalha, ninguém é pior que a...

TAMARA: (Interrompe a conversa) Pior que quem, garota?

ISABELLE: Ninguém, Tamara... Ninguém! (Disfarça).

TAMARA: Dona Tamara, pra você é Dona Tamara. Quem foi que te deu essa liberdade? Eu sou a nova dona do pedaço e não gosto de corpo mole, vamos faturar que camarão que dorme, a onda leva. Que foi, tá usando colete, piriguete? Tiro dói, hein? (Diz mostrando um revólver 38 dentro da bolsa).

ISABELLE: Não precisa se irritar, nós já vamos... (Diz se afastando).

(Isabelle e a outra garota de programa logo começam a se aproximar dos veículos na esquina, enquanto Tamara as observa).

TAMARA: Agora sim! Assim é que eu gosto, que se esforcem para bancar meus luxos. O mundo é dos espertos, ou melhor... Da esperta aqui! (Começa a rir sozinha).

 

Cena 24 – Penitenciária [Interna/Noite]

(Imagens noturnas sobrevoam a cidade de São Paulo. Em seguida surge a fachada da penitenciária sendo monitorada por policiais. No interior do presidio, os carcereiros apagavam as luzes em sinal de que a hora de dormir havia chegado).

 

CARCEREIRO: Deitando, deitando... É hora de dormir! (Disse enquanto caminhava pelos corredores entre as celas).

EVANDRO: (Deita-se em um colchonete no chão).

CARUSO: Bons sonhos Evandro, tenha uma boa noite... Ou não! (Sorri maliciosamente).

EVANDRO: Você está rindo de que, Caruso? (Pergunta irritado).

CARUSO: Nada, querido. Nada! (Deita-se em sua cama).

(As luzes se apagam).

ZÓIO: (Abre os olhos e tira uma navalha da fronha do travesseiro. Em seguida, desce da cama sorrateiramente).

(Notamos o brilho da lâmina através da meia luz, é então que Zóio se aproxima de Evandro).

EVANDRO: (Abre os olhos e se assusta ao perceber que Zóio está tão perto dele) O que você está fazendo aqui? O que é que você quer?

ZÓIO: Hora de cantar carneirinhos, bacana! (Esfaqueia Evandro várias vezes).

(Após Zóio se levantar, notamos Evandro ensanguentado e com olhos vidrados).

ZÓIO: (Cobre o corpo de Evandro morto para que ninguém desconfie que ele acabara de ser assassinado e em seguida volta para sua cama enquanto Caruso sorri).

 

Cena 25 – Sobrado de Lola/Amara [Interna/Manhã]

Música da cena: Um Pôr Do Sol Na Praia – Silva e Ludmilla

Meses depois...

(Amara entrou em casa carregando consigo um envelope e aparentando estar feliz).

 

AMARA: Cheguei, venham aqui! (Grita).

(Edu e Pirulito descem a escada e se aproxima. O menino logo vai ao encontro dela e a abraça).

EDU: E então, deu tudo certo? (Questiona).

AMARA: Deu sim! Vem cá, meu filho. Eu quero te mostrar uma coisa... (Diz ao se agachar).

PIRULITO: (Se aproxima de Amara e senta-se ao seu lado).

AMARA: Sabe o que eu tenho aqui dentro desse envelope? É a melhor notícia que eu recebi em toda a minha vida. Aqui está a sua guarda definitiva e a sua nova certidão de nascimento. Você agora é meu filho e ninguém pode mudar isso, além disso você deixa de se chamar Pirulito e passa a ser João Demétrio Ferraz. Gosta do seu nome?

PIRULITO: (Repete) João Demétrio? Gosto sim, é muito bonito mãe. Obrigado! (Responde para logo em seguida abraçar Amara).

AMARA: (Abraça o filho e em seguida estende o braço para que Edu se junte a eles).

(Os três então se abraçam fortemente em comemoração).

 

Cena 26 – Casa de Durant [Interna/Manhã]

Música da cena: Rock Roll And Lullaby – Alexandre Poli

(Luiza Helena se preparava no antigo quarto de Maria Rita para o casamento quando Betinha entrou segurando o irmão).

 

BETINHA: Olha só quem eu trouxe para ajudar a mamãe a se vestir para o casamento! Diz oi pra mamãe, diz Robertinho...

LUIZA HELENA: Você veio ajudar a mamãe, veio meu príncipe? (Beija o menino).

BETINHA: E então, está feliz?

LUIZA HELENA: Imensamente! As vezes penso que estou sonhando. Muito obrigada por estar comigo, minha filha.

BETINHA: Eu não poderia estar em outro lugar que não fosse esse, mãe. (Responde sorrindo).

LUIZA HELENA: (Abraça os dois filhos).

 

Cena 27 – Gloriosas Diaristas [Interna/Manhã]

Música da cena: Gloriosa – Glória Groove

(Várias mulheres humildes estavam reunidas em um auditório quando Glória subiu ao palco para falar com elas).

 

GLÓRIA: Sejam todas bem-vindas a Gloriosas Diaristas. Aqui começa uma nova era na vida de vocês. A partir de agora vocês serão mais que diaristas nessa agência, vocês serão verdadeiras rainhas do lar. Através do nosso projeto, vocês expandirão seus conhecimentos, aprenderão um pouco mais sobre tecnologia, novos idiomas, além de técnicas de boas práticas e economia doméstica. Sem dúvidas, vocês serão as profissionais mais bem requisitadas do mercado. Eu e a minha sócia nos encarregaremos disso, podem apostar!

(Glória é aplaudida de pé e ovacionada pelas diaristas).

GLÓRIA: (Acena para que Judith se aproxime e também receba os aplausos, revelando então ser a sua sócia no novo empreendimento).

JUDITH: (Vai ao encontro de Glória e as duas se abraçam).

 

Cena 28 – Catedral da Sé [Externa/Manhã]

(Os convidados estavam começando a chegar até a catedral. Betinha já estava na porta da igreja acompanhada de Rafael).

 

BETINHA: Eu nem acredito que conseguimos chegar até aqui, sabia? Meu pai um grande pintor, minha mãe uma empresária nata... (Diz enquanto caminha pela igreja ao lado dele).

RAFAEL: E você logo mais será uma grande designer de modas! Eu acredito que as coisas acontecem quando tem de acontecer e sou grato por isso. Você foi a melhor coisa que me aconteceu.

BETINHA: E você na minha! (Responde e beija Rafael em seguida).

FRANCESCA: Mexeu, nostra bambina mexeu de novo. (Responde ao sentir a filha mexer na barriga).

ZECA: Nossa cabritinha mexeu, foi? (Responde colocando a mão na barriga de Francesca).

FRANCESCA: Io já disse pra você non chamar a minha filha de cabrita, seu bode velho. A minha filha será uma principessa! (Esbraveja).

ZECA: E você acha que filha de bode velho com carcamana sai o que? Uma cabrita principessa. (Responde beijando Francesca).

MARIA RITA: (Se abana com um leque enquanto ri dos dois ao lado de Zeca, Ítalo e Enrico) Essa guerra nunca vai acabar!

ENRICO: Eu tenho certeza que não...

ÍTALO: A sua avó está tão calada, não acha? (Questiona a Enrico).

MARCELO: Eu também percebi. (Comenta).

GIOCONDA: Pouca vergonha... Olha lá, como essa maledetta se comporta na casa de Dío, isso é um pecado. (Diz ao observar Andreina se beijando com o açougueiro do bairro, Seu Felício).

FERNANDA: Aí vem a noiva! (Diz a Ângelo).

(Todos olham para trás e ficam de pé quando a marcha nupcial começa a tocar).

Música da cena: O Ar Que Eu Respiro – Dienis

LUIZA HELENA: (Caminha vestida de noiva rumo ao altar sozinha e ao se aproximar de Durant, é beijada na testa).

PADRE: Queridos amigos e filhos de Deus, estamos aqui hoje para celebrar a união de Luiza Helena e Jean Michel Durant. Hoje não é apenas um casamento perante a presença de todos vocês na casa de Deus. Hoje mais do que nunca é a prova de que quem espera sempre alcança e que o amor sempre vence no final quando ele é puro e verdadeiro. (Diz enquanto celebra o casamento).

(O padre abençoa as alianças com água benta. Durant coloca a aliança no dedo de Luiza e beija sua mão. Em seguida, Luiza Helena coloca a aliança na mão de Durant e sorri para ele).

PADRE: O que Deus uniu, o homem não pode separar. Eu vos declaro marido e mulher. Durant, pode beijar a noite.

DURANT: (Sorri para Luiza Helena) Até que realmente a morte dos separe.

LUIZA HELENA: Até que a morte realmente nos separe. (Responde feliz e em seguida é beijada por Durant).

(Os convidados aplaudem os noivos pelo casamento. Luiza Helena e Durant caminham entre os convidados após o casamento e se direcionam até o lado de fora da igreja. Na área externa da catedral, uma chuva de pétalas de rosas cai em cima dos noivos e convidados. Fotógrafos registram os melhores momentos).

BETINHA: Eu estou tão feliz em vê-los felizes assim. (Comenta com Rafael).

RAFAEL: Não esqueça, logo, logo seremos nós dois.

BETINHA: Não seja palhaço. Vamos com calma! (Sorri).

DURANT: Moço, você poderia tirar uma foto da nossa família?

FOTÓGRAFO: Claro, façam uma pose e fiquem bem juntinhos. (Orienta).

(Durant, Luiza Helena, Betinha e o irmão se juntam. Em seguida Rafael, Maria Rita, Marcelo e os vizinhos se aproximam).

LUIZA HELENA: Assim está bom? Está enquadrando todo mundo? (Pergunta enquanto se arruma segurando o filho caçula).

FOTÓGRAFO: (Se impressiona com a quantidade de pessoas reunidas para a fotografia) Nossa, que família enorme. Vamos lá, digam “x”... (Diz com a câmera posicionada para fotografar).

O fotografo tira uma foto de todos reunidos. A imagem congela e vira uma capa de revista.

 

FIM


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