Capítulo 20:
Cena 01 – Loja de
Noivas [Interna/Tarde]
(Nair atende um
grupo de amigas que acabara de entrar na loja. Uma das mulheres iria se casar
em pouco tempo e as amigas estavam lá para ajudá-la a escolher o vestido).
NAIR: Podem ficar à vontade, temos
diversas opções de vestidos. Aqui temos alguns mais simples, mas lá dentro
temos um mostruário mais exclusivo. Vou chamar uma vendedora para te atender,
só um instante...
(Nair anda pela loja até que encontra
com Marcela que está arrumando um vestido numa arara).
NAIR: Marcela, preciso que atenda
aquele grupo de moças ali enquanto eu providencio uma bebida para elas.
MARCELA: Está bem Dona Nair, eu atendo
sim.
NAIR: Não demoro, eu já volto. (Nair
entra nas dependências da loja para levar uma bebida para as clientes).
MARCELA: Boa tarde, eu posso ajudar? (Fala
ao se aproximar do grupo de mulheres).
VIVIAN: Ora, ora! (Vivian é uma das
amigas da noiva). Você aqui... Você não é aquela conhecida do Antônio?
MARCELA: Conhecida? Não, nós...
VIVIAN: Conhecida, porque que eu saiba
desde que eu e o Antônio terminamos, ele não teve nenhum envolvimento com
ninguém, principalmente com alguém assim...
MARCELA: Mas como “alguém assim”? O que
você quer dizer com isso? Eu não estou entendendo.
VIVIAN: Você me pareceu mais inteligente
no nosso primeiro encontro. Eu quero dizer do seu nível, o nosso é diferente,
da alta sociedade paulistana, famílias tradicionais... Entende? (Vivian tenta
deixar Marcela constrangida diante as amigas).
MARCELA: Você sabe que me dizendo essas coisas,
me veio algo na cabeça? Acho que já sei porque ele terminou com você. O Antônio
não liga para esses detalhes de classes, de quem tem dinheiro ou deixa de ter,
você namorou com ele durante anos, enquanto eu o conheço há meses e já conheço
bem melhor que você, ele merecia coisa melhor...
VIVIAN: Você?
MARCELA: E porque não? Ele é homem,
livre... Eu sou uma mulher, também sou livre. Posso ser muita coisa para ele.
VIVIAN: Ora, você não é ninguém!
MARCELA: E você? Quem é? Acha que é melhor
do que eu em que? Você não vai conseguir me humilhar, eu sou uma mulher
honesta, que estou trabalhando para ter uma vida digna, enquanto você está aí,
tentando divertir esse grupo de amigas vazias humilhando alguém.
VIVIAN: Você pensa que está falando com
alguém da sua laia? Eu sou Vivian Silva Prado, filha de
Heitor Silva Prado, um dos maiores
empresários de toda São Paulo.
MARCELA: Vivian, isso não quer dizer
absolutamente nada.
(Nair aparece com um balde de gelo com
champanhe e algumas taças).
NAIR: Alguém vai querer um pouco de
espumante enquanto escolhem os vestidos?
VIVIAN: Não, na verdade já estamos de
saída. Não gostamos de nada nessa loja!
(Vivian e as amigas vão embora).
NAIR: Aconteceu alguma coisa? Eu não
entendi nada.
MARCELA: Ah Dona Nair, não é nada. Coisa
de gente rica! (Marcela volta a arrumar os vestidos nos cabides e nas araras).
Cena 02 – Mansão
Germai (Cozinha) [Interna/Tarde]
(Betânia cantarola
enquanto se prepara para sair quando Pérola entra na cozinha).
PÉROLA: Cantora Betânia? (Abre a
geladeira e serve um pouco de suco de laranja).
BETÂNIA: Quem canta, seus males espanta.
PÉROLA: Vai sair?
BETÂNIA: Sim, eu vou ao supermercado. E
você? Vai sair para fotografar?
PÉROLA: Vou sim. Vai sair com o
motorista?
BETÂNIA: Sim, na hora de voltar ele me
ajuda com as compras e isso é uma mão na roda!
PÉROLA: Então eu vou com vocês, quero uma
carona...
(Pérola e Betânia saem juntas e
acompanhadas do motorista).
Cena 03 –
Apartamento de Maria Eduarda [Interna/Tarde]
(Marcela e Miguel
estão sentados no sofá enquanto conversam com Maria Eduarda).
MIGUEL: Roubo? Mas do jeito que você está
falando, isso tá se tornando um rombo financeiro muito grande.
MARCELA: E sinceramente? Eu não ficaria
surpresa se a sua irmã estivesse envolvida nisso! Ah, desculpe em dizer isso,
sei que você gosta dela...
MARIA EDUARDA: Calma, eu não vou discutir. Na
verdade, eu estou bem chateada com a minha irmã, ela forjou aquela foto para me
envenenar contra o Miguel.
MIGUEL: Eu jamais olharia para outra
mulher que não seja você.
MARCELA: Eu não estou acreditando,
finalmente você está abrindo os olhos... Sua irmã gêmea é uma cobra!
MARIA EDUARDA: E você não gosta mesmo dela, não
é?
MARCELA: Nenhum pouco!
Cena 04 – Paradise
Models [Interna/Noite]
(René está prestes
a ir embora quando ele percebe que Malu e Renata caminham pelo corredor)
RENATA: Os auditores já te deram um
posicionamento?
MALU: Já sim, em dois dias vamos
descobrir quem está desviando dinheiro e para onde ele está sendo direcionado.
Eu vou descobrir quem está me roubando!
RENATA: E depois, o que pretende fazer?
MALU: O mais correto, eu vou denunciar
a polícia!
RENATA: Quem será que está fazendo isso?
(Renata aperta o botão do elevador).
MALU: Não quero estar certa sobre as
minhas suspeitas, eu não quero...
(A porta do elevador se abre, as duas
entram e vão embora. René sai da sala desesperado com o que acabara de ouvir e
liga para Ingrid).
Cena 05 – Mansão
Germai (Quarto de Ingrid) [Intena/Noite]
(Ingrid sai do
banheiro vestida num roupão branco quando ouve o celular tocar).
INGRID: Que foi? Que desespero é esse?
(Fala ao atender o celular)
(No andar térreo da mansão, Alfredo
entra em casa e constata que não tem ninguém ali).
ALFREDO: (Fala consigo em pensamento) Eu
preciso descansar, mais tarde quando a Malu chegar, contarei toda a verdade
para ela.
(No quarto).
INGRID: Auditoria? O que você quer dizer?
Ela descobriu? René, eu preciso de mais dinheiro. Eu não me importo, eu quero
mais dinheiro. Ela só está fazendo isso por conta da desgraçada daquela filha
dela, aquela maldita difícil de morrer. Já tentamos duas vezes e ela não morre,
mas eu tenho um plano. Preciso que transfira mais dinheiro para a minha conta,
não, minha mãe não vai falir por conta de míseros dólares. Ou você faz isso, ou
você verá do que sou capaz... (Encerra a ligação na cara de René e joga o
celular na cama. Ao observar o espelho de seu quarto, Ingrid percebe que a
porta estava entreaberta e que Alfredo está parado, observando-a). Alfredo, eu
não sabia que estava aí... Faz tempo que chegou?
ALFREDO: Não, acabei de chegar. Apenas
tive tempo suficiente de ouvir a sua ligação, principalmente na parte em que
dizia que está desviando dinheiro da agência da sua mãe e que pretende matar a
sua irmã.
INGRID: Eu posso explicar, é tudo um mal
entendido...
ALFREDO: Você acha que eu sou idiota,
Ingrid? Eu ouvi perfeitamente o que você disse. O René é seu cúmplice em toda
essa sujeira? Meu Deus, que decepção será para a sua mãe quando ela descobrir
que está sendo roubada pela própria filha. Ela só te quis bem, só te deu
amor...
INGRID: Não, eu não estou roubando.
Estava investindo o dinheiro no exterior, com os novos investidores essa
quantia iria dobrar, eu ia contar para a minha mãe, queria fazer uma
surpresa...
ALFREDO: Ah é? Então você vai comigo até a
agência e agora mesmo, vamos contar essa surpresa a sua mãe...
INGRID: Espera, eu não posso fazer
isso...
ALFREDO: Isso não é um convite Ingrid, é
uma ordem.
INGRID: Você não é meu pai, você não pode
me obrigar a nada.
ALFREDO: Não? Isso é o que vamos ver...
(Alfredo segura Ingrid pelo braço e a arrasta para fora do quarto).
(Alfredo arrasta Ingrid pelo corredor
da mansão enquanto discutem até chegar ao mezanino).
INGRID: Quer saber mesmo? Roubei, roubei
mesmo. Se depender de mim, eu vou ficar com tudo! A minha mãe não tem uma visão
para os negócios como eu tenho. Tudo sempre foi a Isabela, tudo que ela fazia
era sempre pela Isabela... Eu odeio a Isabela, quero vê-la morta e não vou
sossegar enquanto não conseguir e se a minha mãe ama tanto a filhinha dela, que
morram as duas e vão para o inferno, eu vou ficar com tudo. Com tudo ouviu bem?
Com tudo!
ALFREDO: (Acerta um tapa na cara de Ingrid).
INGRID: Seu desgraçado, como se atreveu a
me bater? Como se atreveu a levantar a mão para mim?
ALFREDO: (A visão de Alfredo começa a
embaçar e ele começa a sentir fortes dores na cabeça) Minha cabeça, como dói...
Parece que vai explodir! Chama uma ambulância, eu preciso de um médico...
INGRID: (Olha para Alfredo com ódio).
ALFREDO: Chama uma ambulância, quando eu
chegar no hospital eu vou contar tudo para sua mãe, toda essa história sórdida!
(Fala com as duas mãos na cabeça).
INGRID: A única coisa que você vai fazer
é ir para o inferno com passagem só de ida! (Ingrid empurra Alfredo do
mezanino).
(Ouve-se um forte barulho quando o
corpo de Alfredo se choca ao chão. Ingrid se aproxima do corrimão e observa o
padrasto caído no chão, inconsciente e numa poça de sangue).
INGRID: Agora
você não vai contar nada a ninguém! Não era para ter acabado assim, mas você
quiser ser uma pedra no meu sapato. Tinha que te calar, espero que você vá
direto para o inferno, acho que lá você pode fazer fofocas! (Fala debruçada
sobre Alfredo).
(Ingrid ouve um barulho de carro se
aproximando, levanta-se rapidamente e sobe a escada correndo, indo até seu
quarto).
INGRID: O que vou fazer agora? (Fala
consigo mesmo. Depois disso corre para o banheiro e se tranca).
(Sala de Estar).
BETÂNIA: (Abre a porta cantarolando com
algumas sacolas na mão) Você é luz, é raio, estrela e luar... (Betânia encontra
o corpo de Alfredo caído no meio da sala, larga as sacolas e grita) Seu
Alfredo, Seu Alfredo... Não pode ser, meu Deus!
MALU: (Entra em casa) O que houve? Ouvi
gritos lá de... (Malu vê Alfredo caído no chão e muito sangue em volta).
Alfredo? Alfredo! (Grita, em seguida se joga sobre ele). O que aconteceu? Fala,
o que aconteceu com o meu marido?
BETÂNIA: (Chora e começa a gaguejar) Eu...
não se-se-sei... Cheguei agora pouco e ele já estava aí...
ANTÔNIO: Pai? (Antônio choca-se com a cena
ao entrar em casa).
MALU: O seu pai está morto, ele morreu!
(Malu surta e começa a gritar).
(Ingrid surge novamente de roupão,
dessa vez com o cabelo molhado para fingir que estava no banho no momento do
acidente).
INGRID: O que houve? Eu estava no banho
quando ouvi gritos... Meu Deus, Alfredo, Alfredo! (Se aproxima). Ele está
morto?
ANTÔNIO: Não, ele não está morto. Ele está
vivo, tem pulso. Betânia, chame uma ambulância agora, urgente... Vai! (Antônio
começa a examinar o pai cuidadosamente).
INGRID: (Faz um semblante de susto após
descobrir que Alfredo continua vivo).
MALU: Graças a Deus! Obrigada senhor,
obrigada!
BETÂNIA: A ambulância já está a caminho!
(Fala com o telefone na mão).
Cena 06 –
Apartamento de Maria Eduarda [Intena/Noite]
(Maria Eduarda ouve
o telefone tocar e corre para atende-lo).
MARIA EDUARDA: Pronto! Oi mãe... Calma, o que
aconteceu?
(Miguel e Marcela a observam).
MARIA EDUARDA: Acidente? Como assim? Como ele
está? Em que hospital? Eu descubro onde é, fica calma... Eu estou indo para lá
agora mesmo! (desliga o telefone).
MARCELA: O que aconteceu, Eduarda?
MARIA EDUARDA: O Alfredo, marido da minha mãe...
MIGUEL: O meu tio? O que houve com ele?
MARIA EDUARDA: Você precisa ser forte! (Respira
por alguns segundos e continua). O Alfredo sofreu um acidente e está a caminho
do hospital em estado grave. Precisamos ir para lá!
MIGUEL: Meu Deus, precisamos ir para lá
agora mesmo.
MARIA EDUARDA: (Pega a bolsa em cima do sofá)
Vamos!
MARCELA: (Levanta-se rapidamente) Eu vou
com você, o Antônio deve estar precisando de mim...
MARIA EDUARDA: Então vamos!
(Os três saem rapidamente de casa e
partem para o hospital).
Cena 07 – Hospital
Paulo Toledo [Intena/Noite]
(Antônio, Malu,
médicos e enfermeiros correm empurrando a maca com Alfredo pelos corredores do
hospital).
MÉDICO: A partir daqui, vocês não podem
entrar! (O médico proíbe a passagem).
ANTÔNIO: Eu sou médico desse hospital, eu
vou entrar...
MÉDICO: Não, você não vai. Nesse momento
você não é médico, é filho do paciente! Seu pai está nas mãos dos melhores
médicos desse hospital, nesse momento a sua família precisa muito de você.
(Antônio e Malu caminham de volta para
a recepção do hospital completamente desolados, encontrando com Pérola que
acabara de chegar).
PÉROLA: Cadê ele? O que aconteceu com o
meu pai? Fala!
ANTÔNIO: Ele está sendo examinado por uma
equipe médica. Não sabemos se ele vai sobreviver, é grave...
PÉROLA: Não! (Chora).
(Malu abraça os filhos).
ALGUNS INSTANTES DEPOIS...
MARIA EDUARDA: Estão ali! (Aponta na direção
onde Malu, Antônio e Pérola estão para que Miguel e Marcela vejam).
MALU: Filha! (Malu abraça Maria Eduarda
aos prantos).
MIGUEL: Cadê o meu tio? O que aconteceu
com ele?
ANTÔNIO: Não se sabe ainda, se foi um
acidente, se ele passou mal... Só encontramos ele caído no meio da sala de
estar.
MARCELA: Eu estou aqui, com você! (Marcela
abraça Antônio na tentativa de confortá-lo).
(O médico responsável sai da sala de
exames).
MALU: E então doutor, como meu marido está?
MÉDICO: (Faz uma expressão séria).
ANTÔNIO: Pode ser franco,
doutor!
MÉDICO: Bom, após
realizarmos uma bateria de exames e confirmar também no prontuário recente do
paciente, descobrimos que ele tinha um aneurisma. Ainda não se sabe se com a
pancada, mas ele se rompeu. Precisamos operá-lo imediatamente ou suas chances
de sobrevivência serão mínimas.
MALU: Meu Deus! (Malu
chora e é consolada pelas filhas).
MÉDICO: Eu preciso de uma
autorização, alguém da família poderia assinar?
ANTÔNIO: Sim, eu posso.
Também gostaria de dar uma olhada nos exames.
MÉDICO: Claro, venha
comigo!
(Antônio e o médico
saem e entram numa sala. Nesse momento, Ingrid chega, agora com os cabelos
secos e trajando uma roupa mais apresentável).
INGRID: Mãe, como o Alfredo
está? (Pergunta ao se aproximar).
MALU: Mal, ele vai ser
operado agora. Ele tinha um aneurisma e segundo os médicos, é provável que com
o acidente, ele tenha se rompido.
INGRID: Ele vai sobreviver,
eu tenho fé!
MIGUEL: Eu só não entendi
ainda como ele foi cair, meu tio é tão cuidadoso...
MARIA EDUARDA: Vai ver que ele
passou mal e caiu lá de cima...
PÉROLA: Você estava em casa
e não ouviu nada Ingrid? Como pode?
INGRID: Eu estava no banho,
lavando o cabelo... Não tinha como ouvir!
PÉROLA: (Pérola olha para a
irmã desconfiada).
INGRID: Eu vou ficar com você, mãe! (Ingrid
senta ao lado de Malu e segura sua mão).
(Após várias horas
de espera, o dia amanhece e a família Germai permanece aguardando na sala de
espera do hospital).
MÉDICO: (Surge retirando a
máscara do rosto e a touca da cabeça) A cirurgia acabou, tivemos algumas
complicações. O doutor Alfredo segue internado na terapia intensiva em coma, os
próximos dias para ele serão decisivos.
MALU: E já se sabe se ele
ficou com alguma sequela?
ANTÔNIO: Ainda é muito para
prevê, mãe. Nesse momento o mais importante era conter a hemorragia cerebral.
MARIA EDUARDA: Ele vai sair dessa!
INGRID: (Fala consigo mesma
em pensamento) Desgraçado, preciso dar um jeito de terminar com isso tudo!
PÉROLA: E quando poderemos
vê-lo?
MÉDICO: Nesse momento as
visitas estão proibidas. Assim que tiver mais notícias, eu volto. Com licença!
(Se retira).
Cena 08 – Flat de
René [Interna/Manhã]
(Ingrid e René
conversam sobre os acontecimentos da noite anterior).
RENÉ: Você tentou matar o
seu padrasto?
INGRID: Ou era isso, ou a cadeia.
Ele iria nos denunciar!
RENÉ: Nos denunciar? Eu
acho que o mais correto seria te denunciar.
INGRID: Você é tão culpado
quanto eu, assim como está desviando dinheiro para mim, também está fazendo o
mesmo consigo próprio. Fora suas outras falcatruas! Não se faça de inocente...
RENÉ: (Segura o rosto de
Ingrid e aperta) Você é muito burra mesmo, não é? Você achou mesmo que eu iria
me incriminar? Já ouviu falar em laranja? Paraísos fiscais? Pois é, nada está
em meu nome. Usei outras pessoas para transferir essa pequena verba. Já você,
foi tão burra... Tudo está em seu nome, contas que você é a titular no
exterior. É Ingrid com essa do Alfredo e a auditoria com a sua mãe... O cerco
está se fechando, você vai acabar presa, sem dinheiro e sem família.
INGRID: Miserável! (Ingrid
tenta avançar em René, mas é jogada violentamente de volta ao sofá).
RENÉ: O mundo é dos
espertos, Ingrid. Vence o melhor! Nesse jogo, eu sempre venço e você sempre
perde. Se eu fosse você começaria a planejar minha fuga, porque nos próximos
dias o resultado da auditoria deve sair e os laudos comprovarão o desfalque,
fora que eu tenho documentos que te incriminam, eu não vou me sujar por sua
causa. Vou ficar com a sua empresa e ainda vou levar a sua mãe de quebra!
INGRID: (Levanta-se do sofá
e se arruma para ir embora) Veremos René, veremos! (Vai embora).
Cena 09 –
Apartamento de Maria Eduarda [Interna/Manhã]
(Maria Eduarda e
Marcela chegam em casa após passar a noite no hospital).
MARIA EDUARDA: Finalmente em casa!
Só quero um banho quente e deitar na minha cama agora.
MARCELA: Eu também. Estava
pensando enquanto voltávamos para casa, que acidente mais estranho do seu
padrasto, não acha?
MARIA EDUARDA: É como eu disse,
ele deve ter passado mal e caiu.
MARCELA: Ou...
MARIA EDUARDA: (Interrompe
Marcela) Ou o que?
MARCELA: Ou ele pode ter
sido empurrado. Ele e sua irmã estavam a sós, lembra?
MARIA EDUARDA: Lembro, mas que
motivos ela teria para matar o Alfredo?
MARCELA: Isso, só eles dois
podem dizer!
Cena 10 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Tarde]
(Ingrid anda pelo o
hospital sorrateiramente, aguardando o momento ideal para entrar na UTI e matar
Alfredo. Porém seu plano logo falha, pois Malu e os médicos estão por perto).
MÉDICO: Como ele é diretor
do hospital, resolvemos autorizar sua entrada na UTI, a senhora pode ficar o
tempo que julgar necessário.
MALU: Que notícia boa,
quero ficar todo o tempo com o meu marido. (Malu tira o celular da bolsa que
está tocando). Só um instante doutor... Alô? Oi Renata. Sim, eu estou no
hospital, os médicos me deixaram ficar junto dele na UTI. O que? Os auditores?
Já tem um laudo. Ótimo, peça que eles aguardem só mais um pouco, eu vou
procurá-los em breve, não perdi o interesse em descobrir quem está por trás
desse desfalque. Tudo bem, até logo... Um beijo! (Malu desliga a ligação).
(Maria Eduarda
chega no hospital e se aproxima da mãe, de longe, Ingrid permanece observando).
MALU: Filha, que bom que
veio!
MARIA EDUARDA: Oi mãe, tem alguma
novidade do estado de saúde do Alfredo?
MALU: Ele permanece em
coma, fui autorizada a ficar com ele na UTI, quero passar todo o tempo com ele.
MARIA EDUARDA: Que bom. Eu vim
falar com a senhora sobre outra coisa... É sobre o desfile de lançamento da
minha coleção, vai acontecer amanhã a noite...
MALU: É verdade, eu já
tinha esquecido, que cabeça a minha!
MARIA EDUARDA: Eu acho melhor
cancelar, não tenho mais clima depois de tudo que aconteceu.
MALU: Não, eu não
permito. O Alfredo é o meu marido, eu que tenho obrigação de estar aqui por
conta da saúde dele. Esse é o seu sonho, não vou permitir que você adie mais, o
desfile vai acontecer e será um sucesso.
MARIA EDUARDA: Mas mãe...
MALU: Sem mas, o desfile
vai acontecer e essa é a minha decisão!
(Ingrid se afasta e
começa a relembrar sua última conversa com René).
Flashback
RENÉ: Nos denunciar? Eu
acho que o mais correto seria te denunciar.
INGRID: Você é tão culpado
quanto eu, assim como está desviando dinheiro para mim, também está fazendo o
mesmo consigo próprio. Fora suas outras falcatruas! Não se faça de inocente...
RENÉ: (Segura o rosto de
Ingrid e aperta) Você é muito burra mesmo, não é? Você achou mesmo que eu iria
me incriminar? Já ouviu falar em laranja? Paraísos fiscais? Pois é, nada está
em meu nome. Usei outras pessoas para transferir essa pequena verba. Já você,
foi tão burra... Tudo está em seu nome, contas que você é a titular no
exterior. É Ingrid com essa do Alfredo e a auditoria com a sua mãe... O cerco
está se fechando, você vai acabar presa, sem dinheiro e sem família.
INGRID: Miserável! (Ingrid
tenta avançar em René, mas é jogada violentamente de volta ao sofá).
RENÉ: O mundo é dos
espertos, Ingrid. Vence o melhor! Nesse jogo, eu sempre venço e você sempre
perde. Se eu fosse você começaria a planejar minha fuga, porque nos próximos
dias o resultado da auditoria deve sair e os laudos comprovarão o desfalque,
fora que eu tenho documentos que te incriminam, eu não vou me sujar por sua
causa. Vou ficar com a sua empresa e ainda vou levar a sua mãe de quebra!
Fim do Flashback
Cena 11 – Salão de
Beleza [Interna/Manhã]
Música da cena:
Hoje Lembrei Do Teu Amor – Tiago Iorc
(Anoitece e
amanhece, imagens de São Paulo são apresentadas, até chegar a faixada de um
salão de beleza).
INGRID: (Antes de entrar no
salão, ela retira o celular da bolsa e faz uma ligação) Garibaldi? Preciso de
você mais tarde, presta atenção no que eu vou te falar, dessa vez eu não aceito
falhas. Eu vou te explicar...
(No interior do
salão, Ingrid é recebida por uma cabeleireira).
CABELEIREIRA: (Orienta onde
Ingrid deve sentar) E então, o que vamos fazer hoje?
INGRID: Eu quero uma
mudança radical, preciso ficar muito diferente...
CABELEIREIRA: Tem alguma ideia de
como deseja?
INGRID: Tenho sim, vou te
explicar...
Cena 12 – Casa
Petra [Interna/Noite]
Música da cena:
Agora Só Falta Você – Sky, Anne Jezini
(O desfile de
lançamento da coleção de Maria Eduarda começa e torna-se um verdadeiro
desastre, pois Ingrid havia diminuído as medidas nas anotações de Maria
Eduarda, então conforme as modelos andavam, as roupas rasgavam de tão
apertadas).
MARCELA: Meu Deus, a Gigi
ficou nua... (Marcela fica perplexa ao ver que o vestido que Gigi usava
enquanto desfilava rasgou e ela ficou nua na frente de todo mundo).
MERCEDES: Mas que desastre,
santo Cristo!
MARIA EDUARDA: Mas que caos é
esse?
RENATA: O que houve com as
suas criações? Será que foi o tecido que usou?
MARIA EDUARDA: Eu não sei... Vou
até o camarim verificar o que aconteceu. (Maria Eduarda sai do local do
desfile).
(Gigi corre pela passarela
seminua de volta para o camarim).
MARIA EDUARDA: Que desastre, meu
Deus. Que desastre! (Maria Eduarda fala consigo mesma e entra em um dos
camarins vazios).
(Maria Eduarda está
completamente desapontada consigo mesma, pois não consegue entender o que eu
errado em seu desfile e seus modelos, quando é surpreendida).
INGRID: Boa noite! (Ingrid
surge do banheiro do camarim).
MARIA EDUARDA: Mas o que significa
isso? O que você está fazendo aqui e vestida assim? Essa roupa, esse cabelo...
(Maria Eduarda se impressiona, pois Ingrid adotara um estilo de cabelo igual ao
que ela costumava usar e trajava roupas estilo as que usava).
INGRID: Não gostou da
surpresa? Fiz especialmente para você.
MARIA EDUARDA: Que loucura é essa,
Ingrid? Bem que me falaram que você tinha algum problema.
INGRID: Realmente, eu tenho
um problema... Você!
MARIA EDUARDA: Que? Do que você
está falando?
INGRID: Sabe, eu nunca
gostei da ideia de ter uma irmã gêmea, ainda mais desaparecida. Nossa mãe viveu
a vida toda em função de você e me deixou de lado... Tudo era para a Isabela,
as atenções, os pensamentos, as promessas. Isabela, Isabela, Isabela... Sempre
você! Por sua culpa eu fui rejeitada, você chegou e de mansinho quis tirar tudo
de mim, o dinheiro... Só que eu me antecipei e fiz algumas retiradas.
MARIA EDUARDA: Então era você que
estava dando aquele esfalque na agência? Que culpa eu tenho disso? Eu não
escolhi esse destino, Ingrid. Você tem ressentimento, inveja, é má... Não me
culpe por isso, nem a nossa mãe. Isso vem de você!
INGRID: (Sorri) Como estava
dizendo, eu não gosto da ideia de ter uma irmã gêmea, principalmente nessa era
fake... Eu nasci para ser única, inigualável...
MARIA EDUARDA: Já chega Ingrid! Eu
quero que você vá embora.
INGRID: Ingrid? A Ingrid
não existe mais. Ela fugiu e ninguém sabe para onde ela foi. Sabe, ela acabaria
sendo presa pelo o que aconteceu e Ingrid Germai jamais iria para a cadeia!
MARIA EDUARDA: Você está
completamente louca, se você não sai, quem vai sair daqui sou eu...
INGRID: Não, você não vai.
Segura ela! (Ordena).
GARIBALDI: (Aparece e segura
Maria Eduarda).
MARIA EDUARDA: (Maria Eduarda
tenta se desvencilhar e acaba ficando frente a frente com Garibaldi) Esses
olhos... Eu conheço esses olhos! (Maria Eduarda se recorda da noite do
assalto).
INGRID: (Se aproxima por
trás de Maria Eduarda e coloca um lenço umedecido de clorofórmio no rosto de
Maria Eduarda que desmaia).
(A imagem foca em Maria Eduarda desmaiada nos braços de Garibaldi, a cena congela e o capítulo encerra com o som de uma câmera fotografando).
Obrigado pelo seu comentário!