CAPÍTULO 23 (Últimas Semanas):
Cena 01 – Casarão
Emília Bertolini – Sanatório [Interna/Tarde]
(Um dos enfermeiros
se prepara para aplicar a medicação em Malu quando Ingrid os interrompe).
MARIA EDUARDA (INGRID): Com licença, será
que eu posso falar com a minha mãe antes de você aplicar a medicação nela?
ENFERMEIRO: Claro, nós vamos
aguardar do lado e fora, daqui a pouco voltamos.
(Os enfermeiros
saem e deixam Ingrid e Malu sozinhas).
MALU: Eduarda, o que está
acontecendo? Me tira daqui, eu não posso ficar aqui, presa desse jeito como se
fosse louca, nós precisamos encontrar a sua irmã...
MARIA EDUARDA (INGRID): (Cai na risada).
MALU: Porque você está
rindo? O que está havendo?
MARIA EDUARDA (INGRID): Como você é idiota,
não conseguiu perceber nada. Realmente, eu fiz o plano perfeito. Eu não sou a
Maria Eduarda, eu sou a Ingrid. Eu matei a Maria Eduarda e assumi o lugar dela!
MALU: (Olha para Ingrid
incrédula).
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu juro que até
tentei uma boa filha, mas isso tudo aconteceu por sua culpa. Essa sua obsessão
pela Eduarda que era Isabela... Tudo era Isabela, Isabela e Isabela. Essa
história me cansa, antes ela ficasse desaparecida, mas resolveu aparecer, deu
nisso? Pensa que eu não sabia que você pretendia colocar aquela hipponga
retirante e mal vestida na cadeira da presidência? O que você pretendia? Me
humilhar? Porque você sabia que era eu quem deveria ocupar aquela cadeira por
direito...
MALU: Você está louca, se
tornou uma assassina... Você matou a sua irmã? Você matou a sua irmã? (Grita).
Era você quem deveria estar aqui, amarrada numa camisa de forças ou na cadeia.
A sua ambição e ressentimento te cegaram, eu vou te denunciar para a polícia,
eu não vou passar a mão na sua cabeça, eu quero justiça. Você não pode me
deixar aqui!
MARIA EDUARDA (INGRID): (Dá gargalhadas)
Pobre idiota, você não percebeu que não tenha nada que eu não possa fazer? Eu
me livrei da sua filha querida e vou te deixar apodrecer nesse manicômio. Se você
não enlouqueceu antes, provavelmente agora fique doida de verdade. Eu vou ficar
a sua empresa... Porque como sabe, já reconheceu a minha irmãzinha como filha.
A estranha da Pérola só pensa em tirar fotos, o Antônio vai acabar num poste de
saúde atendendo pobre com barriga d'´água... E o Alfredo... Ah o Alfredo, ele
descobriu os meus planos e quis dar com a língua nos dentes e o que eu fiz?
Tirei ele do meu caminho também. Eu venci e vou sair dessa história livre!
MALU: Você está
completamente louca. Socorro! Socorro! (Grita).
MARIA EDUARDA (INGRID): Ah, você quer
gritar? Vamos ver quem grita mais alto? Enfermeiros, Enfermeiros! (Grita ainda
mais alto e muda a expressão como se fosse chorar).
ENFERMEIRO: Chamou?
MARIA EDUARDA (INGRID): (Finge chorar) Minha
mãe está tendo uma crise... Vocês precisam ajuda-la!
MALU: Eu não estou tendo
crise nenhuma, vocês precisam me escutar. Ela não é quem diz ser, ela é uma
farsa, uma assassina. Sua impostora! Assassina! (Esbraveja tentando se soltar
da camisa de força enquanto se debate na cama).
ENFERMEIRA: Vamos aplicar um
calmante!
MALU: Não, espera... O
que vão fazer? Eu não preciso de remédio, não, não...
(O enfermeiro
aplica um tranquilizante em Malu que adormece em seguida observando Ingrid
encará-la com uma expressão de satisfação. Em seguida, ela sai do quarto
andando em câmera lenta. Coloca um óculos de sol e anda pelo corredor como se
não tivesse feito nada naquele lugar).
Música da cena:
Louca – Alice Caymmi
IDOSA: Mocinha, mocinha!
(Chama por Ingrid).
MARIA EDUARDA (INGRID): Conseguiu o que eu
pedi?
IDOSA: Primeiro o meu
dinheiro... (Estende a mão).
MARIA EDUARDA (INGRID): Velha interesseira!
(Abre a bolsa, retira um envelope da bolsa e entrega a idosa). Aqui está, cadê
o que pedi?
IDOSA: Aqui está! (Entrega
o bilhete escrito por Malu).
MARIA EDUARDA (INGRID): (Pega o bilhete e
lê) Ficou excelente. Obrigado!
Cena 02 – Hospital
de Atibaia [Interna/Noite]
(Maria Eduarda
acorda e percebe que Caíque não saiu do seu lado durante todo o dia).
MARIA EDUARDA (ISABELA): Ei, acorda... (Fala
com Caíque está adormecido e sentado na cadeira).
CAÍQUE: Oi, oi! (Acorda
atordoado).
MARIA EDUARDA (ISABELA): Você precisa ir
para casa, dormir numa cama, comer e descansar. Eu já estou bem, pode ir!
CAÍQUE: Não senhora, eu
disse que iria ficar aqui e vou cumprir.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Você é muito
teimoso. Porque está fazendo isso por mim?
CAÍQUE: Não sei Isabela,
digamos que eu simpatizei por você.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu estou falando
sério, vai para casa. Eu estou bem!
CAÍQUE: Está bem, eu vou
tomar um banho e comer alguma coisa e já volto. Eu não demoro!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Mas Caíque...
CAÍQUE: Nem adianta falar,
eu vou num pé e volto no outro! (Caíque interrompe Maria Eduarda).
Cena 03 – Paradise
Models [Interna/Manhã]
(O dia amanhece e
imagens de São Paulo são apresentadas até chegar à fachada da agência).
RENÉ: Que história é essa
de reunião do conselho e eu não fui convocado? (René dispara ao encontrar com
Renata na porta da sala de reunião).
RENATA: Não sei, estou tão
desavisada quanto você.
RENÉ: Eu vou entrar!
(René abre a porta da sala de reuniões e entra).
(Ingrid cumprimenta
os membros da reunião com aperto de mãos).
RENÉ: Vejo que cheguei
atrasado, devem ter esquecido de me comunicar...
MARIA EDUARDA (INGRID): A reunião está
encerrada!
RENÉ: E a que se deve
essa reunião?
MARIA EDUARDA (INGRID): Minha mãe precisou
fazer uma viagem e eu acabo de ser nomeada a presidente interina na ausência
dela.
RENÉ: Presidente?
(Surpreende-se).
Cena 04 – Mansão
Germai [Interna/Manhã]
(Pérola está
tomando café da manhã quando recebe uma notícia).
PÉROLA: Viajou? Mas como
assim ela viajou? Sem avisar nada a ninguém, com o meu pai no hospital? Essa
história está muito mal contada.
BETÂNIA: Ela deixou esse
bilhete aqui em cima do travesseiro, deve ter sido muito urgente, quando eu fui
acorda-la, ela já não estava mais no quarto.
PÉROLA: Deixa-me ver esse
bilhete! (Pérola pega o bilhete e lê).
BETÂNIA: Viu? É a letra
dela, eu conheço. Ela sempre deixava anotado o que queria eu eu comprasse na
feira, o que preparar para o jantar...
PÉROLA: É a letra dela sim,
mas algo não bate, tem caroço nesse angú.
BETÂNIA: O que quer dizer
com isso, menina?
PÉROLA: Nada, só pensei
alto! (Tenta disfarçar).
Cena 05 – Paradise
Models (Recepção) [Interna/Manhã]
(René caminha em
direção a sala da presidência).
SIMONE: Não pode entrar,
Senhor René... A Dona Maria Eduarda disse que precisa avaliar uns documentos e
que não quer ser incomodada por ninguém, a não ser o noivo.
RENÉ: Ah é? Eu vou entrar
assim mesmo e correr esse risco, tenho algo de muito importante para falar.
SIMONE: Senhor... (Simone
tenta intervir, mas René entra assim mesmo).
(Na sala de Malu)
MARIA EDUARDA (INGRID): Não posso falar com
você agora René, eu estou ocupada... (Ingrid lê alguns documentos e nem dar
atenção a René).
RENÉ: Não? O que eu tenho
para te dizer é rápido, não vai durar muito... (René se aproxima da cadeira
onde Ingrid está sentada).
MARIA EDUARDA (INGRID): Está bem, o que
você tem de tão importante para me falar...
RENÉ: O que eu tenho de
importante para te falar? Isso daqui! (René dá um tapa na cara de Ingrid que a
derruba da cadeira).
Cena 06 – Hospital
de Atibaia [Interna/Manhã]
MÉDICO: Você está liberada
Isabela! Acabo de assinar a sua alta. Pode ir para casa!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Casa? Eu nem sei se
posso voltar.
CAÍQUE: Você vai ficar na
minha casa, eu já disse.
MÉDICO: Vou deixar vocês a
sós, com licença! (O médico sai da sala e cruza com Paula, que entra no quarto
de Maria Eduarda muito bem vestida).
PAULA: Eu sabia que você
estaria aqui.
CAÍQUE: Nossa, você está
tão bonita, para onde vai?
PAULA: Você é mesmo um
cabeça de vento! Esqueceu que dia é hoje?
CAÍQUE: (Se espanta) O
almoço de boas-vindas!
PAULA: O almoço de boas-vindas!
Se não corrermos, a gente vai chegar super atrasado. Vamos?
CAÍQUE: (Se apressa) Vamos!
(Quando olha para trás, percebe que Maria Eduarda continua na cama). O que foi?
Vamos?
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não posso ir com
vocês, não quero incomodar. Podem ir, eu me viro!
CAÍQUE: Já disse que você é
minha convidada e que eu não abro mão disso. Vamos!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Você tem
compromisso, está se atrasando por minha culpa e ainda quer me levar?
CAÍQUE: Claro, não só quero
como vou.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não tenho nem
roupas para isso...
CAÍQUE: Não seja por isso,
compramos no caminho, vamos! (Estende a mão para Maria Eduarda).
MARIA EDUARDA (ISABELA): (Estende a mão de
volta para Caíque).
Cena 07 – Paradise
Models (Sala de Malu) [Interna/Manhã]
(Tirando o cabelo
do rosto, Ingrid se levanta).
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu posso saber que
diabos deu em você? Ficou maluco? Como se atreve a entrar na minha sala e me
agredir? Eu vou te jogar no olho da rua.
RENÉ: (Agarra Ingrid pelo
colarinho) Você acha mesmo que eu vou cair nesse seu jogo? Eu não sei o que
você fez com ela para que isso aqui esteja acontecendo, mas eu sei muito bem
que você é a Ingrid.
MARIA EDUARDA (INGRID): (Consegue se livrar
de René) Eu não sei o que você está falando. Eu sou Maria Eduarda, a Ingrid
fugiu depois do desfalque financeiro na agência!
RENÉ: (Empurra Ingrid
contra a parede e a pressiona) Eu sei que você é a Ingrid, confessa de uma vez
e me diga o que você fez com a sua mãe. Ela jamais viajaria sem me comunicar,
eu sou o vice-presidente dessa empresa, não comentou nem com a vadia da Renata.
Você acha que eu sou um imbecil? Quando você ia, eu já estava voltando. O que
você fez com a sua mãe?
MARIA EDUARDA (INGRID): Não sei do que você
está falando, eu já disse!
RENÉ: Ou você fala de uma
vez, ou eu vou te matar! (Joga Ingrid sobre a mesa).
MARIA EDUARDA (INGRID): Ela foi para o
inferno, junto com a maldita filha dela! (Deixa a máscara cair). Pronto, era
isso que você queria?
RENÉ: (Enforca Ingrid) Me
fala o que você fez com a Malu sua vagabunda! Anda, fala!
MARIA EDUARDA (INGRID): Nunca! (Responde
quase sem voz e completamente vermelha pelo estrangulamento).
RENÉ: Se você não vai me
dizer por bem, eu descubro por mal! (René lança Ingrid ao chão novamente e vai
atrás de sua bolsa).
MARIA EDUARDA (INGRID): O que vai fazer?
RENÉ: Revistar a sua
bolsa, alguma pista aqui deve ter...
MARIA EDUARDA (INGRID): Não, você não vai
fazer isso!
RENÉ: (Revira a bolsa de
Ingrid até achar um cartão) Casa Emilia Bertolini. Isso aqui é um sanatório? O
que isso está fazendo na sua bolsa? Você não fez o que estou pensando, fez?
MARIA EDUARDA (INGRID): Se o que você está
pensando é que internei a minha mãe, a resposta é sim. Minha mãe teve um surto
e precisou ser internada num sanatório, com laudo psiquiátrico e tudo...
RENÉ: (Sai da sala de
Malu correndo com o cartão na mão).
Cena 08 – Casa
Emília Bertolini [Interna/Manhã]
(Pouco a pouco Malu
volta a reagir após o efeito dos tranquilizantes, ainda na camisa de força e
amarrada na cama, ela percebe a presença de alguém no quarto, mas sua visão
está embaçada).
MALU: Quem está aí? Quem
é você?
RENÉ: (Se aproxima) Meu
amor, sou eu... Até que enfim te encontrei, olha o que fizeram com você!
MALU: René, que bom que
veio... Eu preciso sair daqui, me ajude a sair... Me tira daqui!
RENÉ: Claro, eu vou tirar
você, mas com uma condição.
MALU: Condição? Que condição?
RENÉ: Que você fique
comigo!
MALU: Ficar com você?
RENÉ: Sim, eu te amo já
faz muito tempo e quero ficar com você. Vamos fugir para bem longe e esquecer
de tudo isso!
MALU: René, eu sou uma
mulher casada. Jamais olharia para você!
RENÉ: Quem disse que eu
ligo para isso? Me dê uma chance, eu farei você me amar.
MALU: Isso nunca, eu não
tenho interesse em você René e jamais teria!
RENÉ: (Irritado) Porque
não olharia para mim? Quer dizer que eu sou pouca coisa para você? Eu posso ser
o homem ideal para você e vou te provar! (René tenta beijar Malu a força).
Cena 09 – Casarão
dos Sant’Anna (Atibaia) [Interna/Manhã]
(Caíque, Paula e
Maria Eduarda se aproximam da porta de entrada do casarão. O local está bem
movimentado entre funcionários e convidados para o almoço de boas-vindas que
ocorrerá no local).
CAÍQUE: O vestido ficou
ótimo em você, não é Paula?
PAULA: (Enciumada) Sim,
parece que foi feito sob medida para você.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Nossa, quanta
gente! Não acho que deva entrar.
CAÍQUE: Ora, deixe de
bobagem Isabela, você é a minha convidada de honra.
(Nesse momento,
Claud o mordomo sai do interior da casa para recebê-los).
CLAUD: Menino, onde você
estava? Seus pais já chegaram de viagem e os convidados também.
PAULA: Eu avisei que iríamos
nos atrasar.
CAÍQUE: E faz tempo que
eles chegaram?
CLAUD: Quase uma hora!
CAÍQUE: Nossa... Vamos
entrar!
(Caíque, Paula e
Maria Eduarda entram no salão principal do salão. Um homem está sentado ao
piano tocando uma leve melodia, enquanto garçons transitam pelo local com
bandejas com canapés e bebidas. Nesse momento, Sílvia se aproxima).
SÍLVIA: Meu filho, que saudade!
CAÍQUE: Mãe!
(Sílvia e Caíque se
abraçam).
CAÍQUE: Como foi de viagem?
SÍLVIA: Foi ótima, você
deveria ter ido. Paula minha querida, como vai?
PAULA: Vou muito bem,
obrigada!
SÍLVIA: Que ótimo. E essa
moça, eu não conheço...
CAÍQUE: É a Isabela, uma
amiga minha. Depois eu te explico melhor! Mãe e o papai, ainda não
o vi?
(As portas do
escritório se abrem).
CAÍQUE: Isabela, esse é o
meu pai, Igor Sant’anna!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Muito prazer,
senhor! (Estende a mão para Igor).
IGOR: (Encara Maria
Eduarda).
MARIA EDUARDA (ISABELA): (Abaixa a mão
constrangida).
IGOR: Bela recepção,
Carlos Henrique!
CAÍQUE: Não fiz por mal
pai, depois eu te explico tudo.
IGOR: Eu acredito que
seja uma explicação bem convincente para não receber os seus pais após dois
meses de ausência.
MARIA EDUARDA
(ISABELA): Eu
acho que foi minha culpa, eu posso explicar tudo...
CAÍQUE: Deixa, eu falo com
ele depois.
IGOR: Deixa-a falar, se
ela tem a explicação, eu quero saber agora...
(No escritório do
casarão).
IGOR: Você trouxe uma
estranha, completa desconhecida para dentro da nossa casa?
SÍLVIA: Meu filho, seu pai
têm razão. Pelo o que entendi, você não tem nenhuma informação do passado dessa
moça. E se ela for uma foragida da polícia, uma bandida, uma assassina? Não
devemos continuar com ela aqui.
CAÍQUE: Ela não é nada
disso, mãe.
IGOR: Ah não? E como você
pode ter tanta certeza disso? Você não a conhece há mais que duas semanas. Não
colocaria a mão no fogo por ela. Eu a quero fora da minha casa, agora!
CAÍQUE: Ela não vai embora,
a casa também é minha e eu trago aqui quem eu quiser.
IGOR: Olha como fala
comigo garoto, eu sou o seu pai e essa casa é minha, que eu ainda não morri.
Fica quem eu quero e eu não desejo que uma estranha esteja embaixo do nosso
teto!
CAÍQUE: Se ela sair, eu
também vou embora. Decidam!
SÍLVIA: Caíque! Você seria
capaz de sair de casa por conta de uma mulher que mal conhecem?
CAÍQUE: Experimentem e
descobrirão! (Caíque deixa o escritório).
Cena 10 – Casa
Emília Bertolini [Interna/Manhã]
(René se afasta de
Malu após gritar fortemente)
RENÉ: Olha o que você
fez... (Com a boca ensanguentada). Você me mordeu!
MALU: Nunca a mais volte
a me tocar, ouviu? Nem mesmo louca, numa camisa de força e amarrada numa cama
eu ficaria com você. Nunca! (Grita).
(O enfermeiro entra
no quarto após ouvir os gritos de Malu).
ENFERMEIRO: Ela está tendo um
surto, não é?
RENÉ: Não sei, acho que
sim.
ENFERMEIRO: Vou fazer outra
aplicação da medicação que o psiquiatra receitou.
MALU: Não, eu não quero
tomar remédio nenhum, eu não preciso de medicamentos. Eu não sou louca, eu não
sou louca! Fala para ele, fala! (Grita com René, que permanece em silêncio
observando o enfermeiro preparar a medicação). Eu não quero esse remédio,
afaste-se de mim, afaste-se! (Continua se debatendo na cama aos gritos tentando
se soltar).
ENFERMEIRO: (Aplica uma injeção
em Malu).
MALU: (Sua visão volta a
embaçar e ela adormece em seguida).
Cena 11 –
Casarão dos Sant’Anna (Atibaia) [Interna/Manhã]
(Maria Eduarda e
Paula conversam enquanto observam os convidados da festa de recepção de Igor e
Sílvia).
PAULA: Sim, ele era
padeiro na juventude. Se esforçou, estudou, persistiu e hoje é dono de uma rede
de panificações pelo país, uma verdadeira franquia que deu certo.
MARIA EDUARDA
(ISABELA): Eu
acho que ele não gostou de mim, está me olhando muita frieza, me olha de uma
forma... Que até me assusta!
PAULA: Ele é um homem bom,
deve ser impressão sua!
MARIA EDUARDA
(ISABELA): Ele
está me olhando de um jeito...
(Igor observa Paula
se afastar para ir até o banheiro e se aproxima de Maria Eduarda e fala
baixinho)
IGOR: O que é que você
pretende? Nós não te conhecemos, não sabemos nada sobre o seu passado e você
fica aí, com esse seu olhar desconfiado. A mim você não me engana, eu não nasci
ontem. Você está escondendo algo! (Conclui).
Cena 12 – Paradise
Models [Interna/Tarde]
Música da cena:
Louca – Alice Caymmi
(Ingrid está
sozinha na sala da presidência quando começa a recordar da cena em que se
livrou de Maria Eduarda e gira na cadeira em tom de comemoração quando ouve
batidas na porta).
MARIA EDUARDA
(INGRID): E
agora? Quem quer me aborrecer? Entra!
SIMONE: (Abre a porta da
sala) Desculpe, a senhora tem visita.
MARIA EDUARDA
(INGRID): Visita?
Que visita?
SIMONE: Seu noivo, o
Miguel!
MARIA EDUARDA
(INGRID): (Fala
consigo mesma em pensamento) Essa não era para agora...
SIMONE: Posso mandá-lo
entrar?
MARIA EDUARDA
(INGRID): Pode
sim, pode pedir para ele entrar.
SIMONE: Está bem, só um
instante.
(Após alguns
segundos, Miguel entra na sala da presidência).
MIGUEL: Nossa, que sala
imensa. Quando você iria me contar que foi nomeada a presidência?
MARIA EDUARDA
(INGRID): Eu
ia falar, aconteceu tudo muito rápido.
MIGUEL: (Aproxima-se de
Ingrid para beijá-la, mas novamente ela disfarça e se levanta, para que ele não
o faça).
MARIA EDUARDA
(INGRID): E
então, a que devo a honra da sua visita?
MIGUEL: Precisamos acertar
alguns detalhes do nosso casamento. Já havíamos conversado sobre uma data, só
que estava pensando no que aconteceu com o meu tio, que é seu padrasto, talvez você
queira adiar.
MARIA EDUARDA
(INGRID): Adiar?
Por conta do Alfredo? Do que adianta fazer isso? Ele está em estado vegetativo,
isso não vai mudar.
MIGUEL: Nossa, eu nunca te
vi falando com tanta frieza.
MARIA EDUARDA
(INGRID): Não
é frieza amor, apenas estou sendo objetiva. (Senta no colo de Miguel). Qual
havia sido a data que havíamos pensado?
MIGUEL: Para daqui há dois
meses.
MARIA EDUARDA
(INGRID): Eu
acho que consigo acertar tudo para daqui dois meses, podemos confirmar a data.
Vamos nos casar logo, logo!
Cena 13 – Motel
[Interna/Tarde]
Música da cena:
Inspiração – Liah Soares
(Pérola sai do
banheiro do motel após tomar um banho e vai para a frente do espelho pentear o
cabelo. Refletido no espelho, pode-se notar que existe uma pessoa deitada na
cama, enrolada em um lençol).
PÉROLA: Você precisa
entender, não estou com cabeça de passar tanto tempo fora de casa e
principalmente depois de tudo o que aconteceu. Meu pai nessa situação e minha
mãe nessa viagem misteriosa. Aliás, eu ainda não consegui entender essa viagem,
não faz o menor sentido. Minha mãe nunca deixaria o meu pai sozinho nesse
momento. Já mandei mensagens, já liguei e sem sucesso, ela não me responde.
(A pessoa faz um
gesto de como se questionasse porque Pérola pensa dessa forma).
PÉROLA: Eu não sei o que
está acontecendo, mas eu vou descobrir, pode apostar que irei.
Cena 14 – Casarão
Sant’Anna (Atibaia) [Interna/Tarde]
(Caíque percebe a
saia justa entre Maria Eduarda e o pai, e para intervir, resolve se aproximar).
CAÍQUE: Eu estou
atrapalhando alguma coisa?
IGOR: Não, eu só estava
deixando as coisas esclarecidas com a Isabela. Agora vou cumprimentar alguns
convidados, com licença!
MARIA EDUARDA
(ISABELA): Eu
disse que não fizemos bem em vir para cá, não quero te causar problemas...
CAÍQUE: Eu quero que você
esqueça qualquer coisa que o meu pai tenha dito, eu também sou dono dessa casa
e você é minha convidada.
MARIA EDUARDA
(ISABELA): Mas
Caíque...
CAÍQUE: Sem “mas, mas”.
Vamos dar uma volta para você conhecer melhor a propriedade, é muito bonita.
Vem! (Caíque puxa a mão de Maria Eduarda e arrasta pela casa).
(De longe, Igor os observa)
IGOR: Tem alguma coisa
nessa moça que me intriga, mas o que? (Questiona a si mesmo).
(A imagem foca em Igor observando Isabela, a
cena congela e o capítulo encerra com o som de uma câmera fotografando).
Obrigado pelo seu comentário!