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Destinos Ligados (Reprise) - Capítulo 23

 


CAPÍTULO 23 (Últimas Semanas):


Cena 01 – Casarão Emília Bertolini – Sanatório [Interna/Tarde]

(Um dos enfermeiros se prepara para aplicar a medicação em Malu quando Ingrid os interrompe).

 

MARIA EDUARDA (INGRID): Com licença, será que eu posso falar com a minha mãe antes de você aplicar a medicação nela?

ENFERMEIRO: Claro, nós vamos aguardar do lado e fora, daqui a pouco voltamos.

 

(Os enfermeiros saem e deixam Ingrid e Malu sozinhas).

 

MALU: Eduarda, o que está acontecendo? Me tira daqui, eu não posso ficar aqui, presa desse jeito como se fosse louca, nós precisamos encontrar a sua irmã...

MARIA EDUARDA (INGRID): (Cai na risada).

MALU: Porque você está rindo? O que está havendo?

MARIA EDUARDA (INGRID): Como você é idiota, não conseguiu perceber nada. Realmente, eu fiz o plano perfeito. Eu não sou a Maria Eduarda, eu sou a Ingrid. Eu matei a Maria Eduarda e assumi o lugar dela!

MALU: (Olha para Ingrid incrédula).

MARIA EDUARDA (INGRID): Eu juro que até tentei uma boa filha, mas isso tudo aconteceu por sua culpa. Essa sua obsessão pela Eduarda que era Isabela... Tudo era Isabela, Isabela e Isabela. Essa história me cansa, antes ela ficasse desaparecida, mas resolveu aparecer, deu nisso? Pensa que eu não sabia que você pretendia colocar aquela hipponga retirante e mal vestida na cadeira da presidência? O que você pretendia? Me humilhar? Porque você sabia que era eu quem deveria ocupar aquela cadeira por direito...

MALU: Você está louca, se tornou uma assassina... Você matou a sua irmã? Você matou a sua irmã? (Grita). Era você quem deveria estar aqui, amarrada numa camisa de forças ou na cadeia. A sua ambição e ressentimento te cegaram, eu vou te denunciar para a polícia, eu não vou passar a mão na sua cabeça, eu quero justiça. Você não pode me deixar aqui!

MARIA EDUARDA (INGRID): (Dá gargalhadas) Pobre idiota, você não percebeu que não tenha nada que eu não possa fazer? Eu me livrei da sua filha querida e vou te deixar apodrecer nesse manicômio. Se você não enlouqueceu antes, provavelmente agora fique doida de verdade. Eu vou ficar a sua empresa... Porque como sabe, já reconheceu a minha irmãzinha como filha. A estranha da Pérola só pensa em tirar fotos, o Antônio vai acabar num poste de saúde atendendo pobre com barriga d'´água... E o Alfredo... Ah o Alfredo, ele descobriu os meus planos e quis dar com a língua nos dentes e o que eu fiz? Tirei ele do meu caminho também. Eu venci e vou sair dessa história livre!

MALU: Você está completamente louca. Socorro! Socorro! (Grita).

MARIA EDUARDA (INGRID): Ah, você quer gritar? Vamos ver quem grita mais alto? Enfermeiros, Enfermeiros! (Grita ainda mais alto e muda a expressão como se fosse chorar).

ENFERMEIRO: Chamou?

MARIA EDUARDA (INGRID): (Finge chorar) Minha mãe está tendo uma crise... Vocês precisam ajuda-la!

MALU: Eu não estou tendo crise nenhuma, vocês precisam me escutar. Ela não é quem diz ser, ela é uma farsa, uma assassina. Sua impostora! Assassina! (Esbraveja tentando se soltar da camisa de força enquanto se debate na cama).

ENFERMEIRA: Vamos aplicar um calmante!

MALU: Não, espera... O que vão fazer? Eu não preciso de remédio, não, não...

 

(O enfermeiro aplica um tranquilizante em Malu que adormece em seguida observando Ingrid encará-la com uma expressão de satisfação. Em seguida, ela sai do quarto andando em câmera lenta. Coloca um óculos de sol e anda pelo corredor como se não tivesse feito nada naquele lugar).

Música da cena: Louca – Alice Caymmi

 

IDOSA: Mocinha, mocinha! (Chama por Ingrid).

MARIA EDUARDA (INGRID): Conseguiu o que eu pedi?

IDOSA: Primeiro o meu dinheiro... (Estende a mão).

MARIA EDUARDA (INGRID): Velha interesseira! (Abre a bolsa, retira um envelope da bolsa e entrega a idosa). Aqui está, cadê o que pedi?

IDOSA: Aqui está! (Entrega o bilhete escrito por Malu).

MARIA EDUARDA (INGRID): (Pega o bilhete e lê) Ficou excelente. Obrigado!

 

Cena 02 – Hospital de Atibaia [Interna/Noite]

(Maria Eduarda acorda e percebe que Caíque não saiu do seu lado durante todo o dia).

 

MARIA EDUARDA (ISABELA): Ei, acorda... (Fala com Caíque está adormecido e sentado na cadeira).

CAÍQUE: Oi, oi! (Acorda atordoado).

MARIA EDUARDA (ISABELA): Você precisa ir para casa, dormir numa cama, comer e descansar. Eu já estou bem, pode ir!

CAÍQUE: Não senhora, eu disse que iria ficar aqui e vou cumprir.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Você é muito teimoso. Porque está fazendo isso por mim?

CAÍQUE: Não sei Isabela, digamos que eu simpatizei por você.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu estou falando sério, vai para casa. Eu estou bem!

CAÍQUE: Está bem, eu vou tomar um banho e comer alguma coisa e já volto. Eu não demoro!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Mas Caíque...

CAÍQUE: Nem adianta falar, eu vou num pé e volto no outro! (Caíque interrompe Maria Eduarda).

 

Cena 03 – Paradise Models [Interna/Manhã]

(O dia amanhece e imagens de São Paulo são apresentadas até chegar à fachada da agência).

 

RENÉ: Que história é essa de reunião do conselho e eu não fui convocado? (René dispara ao encontrar com Renata na porta da sala de reunião).

RENATA: Não sei, estou tão desavisada quanto você.

RENÉ: Eu vou entrar! (René abre a porta da sala de reuniões e entra).

 

(Ingrid cumprimenta os membros da reunião com aperto de mãos).

 

RENÉ: Vejo que cheguei atrasado, devem ter esquecido de me comunicar...

MARIA EDUARDA (INGRID): A reunião está encerrada!

RENÉ: E a que se deve essa reunião?

MARIA EDUARDA (INGRID): Minha mãe precisou fazer uma viagem e eu acabo de ser nomeada a presidente interina na ausência dela.

RENÉ: Presidente? (Surpreende-se).

 

 

Cena 04 – Mansão Germai [Interna/Manhã]

(Pérola está tomando café da manhã quando recebe uma notícia).

 

PÉROLA: Viajou? Mas como assim ela viajou? Sem avisar nada a ninguém, com o meu pai no hospital? Essa história está muito mal contada.

BETÂNIA: Ela deixou esse bilhete aqui em cima do travesseiro, deve ter sido muito urgente, quando eu fui acorda-la, ela já não estava mais no quarto.

PÉROLA: Deixa-me ver esse bilhete! (Pérola pega o bilhete e lê).

BETÂNIA: Viu? É a letra dela, eu conheço. Ela sempre deixava anotado o que queria eu eu comprasse na feira, o que preparar para o jantar...

PÉROLA: É a letra dela sim, mas algo não bate, tem caroço nesse angú.

BETÂNIA: O que quer dizer com isso, menina?

PÉROLA: Nada, só pensei alto! (Tenta disfarçar).

 

Cena 05 – Paradise Models (Recepção) [Interna/Manhã]

(René caminha em direção a sala da presidência).

 

SIMONE: Não pode entrar, Senhor René... A Dona Maria Eduarda disse que precisa avaliar uns documentos e que não quer ser incomodada por ninguém, a não ser o noivo.

RENÉ: Ah é? Eu vou entrar assim mesmo e correr esse risco, tenho algo de muito importante para falar.

SIMONE: Senhor... (Simone tenta intervir, mas René entra assim mesmo).

 

(Na sala de Malu)

 

MARIA EDUARDA (INGRID): Não posso falar com você agora René, eu estou ocupada... (Ingrid lê alguns documentos e nem dar atenção a René).

RENÉ: Não? O que eu tenho para te dizer é rápido, não vai durar muito... (René se aproxima da cadeira onde Ingrid está sentada).

MARIA EDUARDA (INGRID): Está bem, o que você tem de tão importante para me falar...

RENÉ: O que eu tenho de importante para te falar? Isso daqui! (René dá um tapa na cara de Ingrid que a derruba da cadeira).

 

Cena 06 – Hospital de Atibaia [Interna/Manhã]

 

MÉDICO: Você está liberada Isabela! Acabo de assinar a sua alta. Pode ir para casa!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Casa? Eu nem sei se posso voltar.

CAÍQUE: Você vai ficar na minha casa, eu já disse.

MÉDICO: Vou deixar vocês a sós, com licença! (O médico sai da sala e cruza com Paula, que entra no quarto de Maria Eduarda muito bem vestida).

PAULA: Eu sabia que você estaria aqui.

CAÍQUE: Nossa, você está tão bonita, para onde vai?

PAULA: Você é mesmo um cabeça de vento! Esqueceu que dia é hoje?

CAÍQUE: (Se espanta) O almoço de boas-vindas!

PAULA: O almoço de boas-vindas! Se não corrermos, a gente vai chegar super atrasado. Vamos?

CAÍQUE: (Se apressa) Vamos! (Quando olha para trás, percebe que Maria Eduarda continua na cama). O que foi? Vamos?

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não posso ir com vocês, não quero incomodar. Podem ir, eu me viro!

CAÍQUE: Já disse que você é minha convidada e que eu não abro mão disso. Vamos!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Você tem compromisso, está se atrasando por minha culpa e ainda quer me levar?

CAÍQUE: Claro, não só quero como vou.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não tenho nem roupas para isso...

CAÍQUE: Não seja por isso, compramos no caminho, vamos! (Estende a mão para Maria Eduarda).

MARIA EDUARDA (ISABELA): (Estende a mão de volta para Caíque).



Cena 07 – Paradise Models (Sala de Malu) [Interna/Manhã]

(Tirando o cabelo do rosto, Ingrid se levanta).

 

MARIA EDUARDA (INGRID): Eu posso saber que diabos deu em você? Ficou maluco? Como se atreve a entrar na minha sala e me agredir? Eu vou te jogar no olho da rua.

RENÉ: (Agarra Ingrid pelo colarinho) Você acha mesmo que eu vou cair nesse seu jogo? Eu não sei o que você fez com ela para que isso aqui esteja acontecendo, mas eu sei muito bem que você é a Ingrid.

MARIA EDUARDA (INGRID): (Consegue se livrar de René) Eu não sei o que você está falando. Eu sou Maria Eduarda, a Ingrid fugiu depois do desfalque financeiro na agência!

RENÉ: (Empurra Ingrid contra a parede e a pressiona) Eu sei que você é a Ingrid, confessa de uma vez e me diga o que você fez com a sua mãe. Ela jamais viajaria sem me comunicar, eu sou o vice-presidente dessa empresa, não comentou nem com a vadia da Renata. Você acha que eu sou um imbecil? Quando você ia, eu já estava voltando. O que você fez com a sua mãe?

MARIA EDUARDA (INGRID): Não sei do que você está falando, eu já disse!

RENÉ: Ou você fala de uma vez, ou eu vou te matar! (Joga Ingrid sobre a mesa).

MARIA EDUARDA (INGRID): Ela foi para o inferno, junto com a maldita filha dela! (Deixa a máscara cair). Pronto, era isso que você queria?

RENÉ: (Enforca Ingrid) Me fala o que você fez com a Malu sua vagabunda! Anda, fala!

MARIA EDUARDA (INGRID): Nunca! (Responde quase sem voz e completamente vermelha pelo estrangulamento).

RENÉ: Se você não vai me dizer por bem, eu descubro por mal! (René lança Ingrid ao chão novamente e vai atrás de sua bolsa).

MARIA EDUARDA (INGRID): O que vai fazer?

RENÉ: Revistar a sua bolsa, alguma pista aqui deve ter...

MARIA EDUARDA (INGRID): Não, você não vai fazer isso!

RENÉ: (Revira a bolsa de Ingrid até achar um cartão) Casa Emilia Bertolini. Isso aqui é um sanatório? O que isso está fazendo na sua bolsa? Você não fez o que estou pensando, fez?

MARIA EDUARDA (INGRID): Se o que você está pensando é que internei a minha mãe, a resposta é sim. Minha mãe teve um surto e precisou ser internada num sanatório, com laudo psiquiátrico e tudo...

RENÉ: (Sai da sala de Malu correndo com o cartão na mão).

 

Cena 08 – Casa Emília Bertolini  [Interna/Manhã]

(Pouco a pouco Malu volta a reagir após o efeito dos tranquilizantes, ainda na camisa de força e amarrada na cama, ela percebe a presença de alguém no quarto, mas sua visão está embaçada).

 

MALU: Quem está aí? Quem é você?

RENÉ: (Se aproxima) Meu amor, sou eu... Até que enfim te encontrei, olha o que fizeram com você!

MALU: René, que bom que veio... Eu preciso sair daqui, me ajude a sair... Me tira daqui!

RENÉ: Claro, eu vou tirar você, mas com uma condição.

MALU: Condição? Que condição?

RENÉ: Que você fique comigo!

MALU: Ficar com você?

RENÉ: Sim, eu te amo já faz muito tempo e quero ficar com você. Vamos fugir para bem longe e esquecer de tudo isso!

MALU: René, eu sou uma mulher casada. Jamais olharia para você!

RENÉ: Quem disse que eu ligo para isso? Me dê uma chance, eu farei você me amar.

MALU: Isso nunca, eu não tenho interesse em você René e jamais teria!

RENÉ: (Irritado) Porque não olharia para mim? Quer dizer que eu sou pouca coisa para você? Eu posso ser o homem ideal para você e vou te provar! (René tenta beijar Malu a força).

 

Cena 09 – Casarão dos Sant’Anna (Atibaia)  [Interna/Manhã]

(Caíque, Paula e Maria Eduarda se aproximam da porta de entrada do casarão. O local está bem movimentado entre funcionários e convidados para o almoço de boas-vindas que ocorrerá no local).

 

CAÍQUE: O vestido ficou ótimo em você, não é Paula?

PAULA: (Enciumada) Sim, parece que foi feito sob medida para você.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Nossa, quanta gente! Não acho que deva entrar.

CAÍQUE: Ora, deixe de bobagem Isabela, você é a minha convidada de honra.

 

(Nesse momento, Claud o mordomo sai do interior da casa para recebê-los).

CLAUD: Menino, onde você estava? Seus pais já chegaram de viagem e os convidados também.

PAULA: Eu avisei que iríamos nos atrasar.

CAÍQUE: E faz tempo que eles chegaram?

CLAUD: Quase uma hora!

CAÍQUE: Nossa... Vamos entrar!

(Caíque, Paula e Maria Eduarda entram no salão principal do salão. Um homem está sentado ao piano tocando uma leve melodia, enquanto garçons transitam pelo local com bandejas com canapés e bebidas. Nesse momento, Sílvia se aproxima).

 

SÍLVIA: Meu filho, que saudade!

CAÍQUE: Mãe!

(Sílvia e Caíque se abraçam).

CAÍQUE: Como foi de viagem?

SÍLVIA: Foi ótima, você deveria ter ido. Paula minha querida, como vai?

PAULA: Vou muito bem, obrigada!

SÍLVIA: Que ótimo. E essa moça, eu não conheço...

CAÍQUE: É a Isabela, uma amiga minha. Depois eu te explico melhor! Mãe e o papai, ainda não o vi?

(As portas do escritório se abrem).

CAÍQUE: Isabela, esse é o meu pai, Igor Sant’anna!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Muito prazer, senhor! (Estende a mão para Igor).

IGOR: (Encara Maria Eduarda).

MARIA EDUARDA (ISABELA): (Abaixa a mão constrangida).

IGOR: Bela recepção, Carlos Henrique!

CAÍQUE: Não fiz por mal pai, depois eu te explico tudo.

IGOR: Eu acredito que seja uma explicação bem convincente para não receber os seus pais após dois meses de ausência.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu acho que foi minha culpa, eu posso explicar tudo...

CAÍQUE: Deixa, eu falo com ele depois.

IGOR: Deixa-a falar, se ela tem a explicação, eu quero saber agora...

 

(No escritório do casarão).

 

IGOR: Você trouxe uma estranha, completa desconhecida para dentro da nossa casa?

SÍLVIA: Meu filho, seu pai têm razão. Pelo o que entendi, você não tem nenhuma informação do passado dessa moça. E se ela for uma foragida da polícia, uma bandida, uma assassina? Não devemos continuar com ela aqui.

CAÍQUE: Ela não é nada disso, mãe.

IGOR: Ah não? E como você pode ter tanta certeza disso? Você não a conhece há mais que duas semanas. Não colocaria a mão no fogo por ela. Eu a quero fora da minha casa, agora!

CAÍQUE: Ela não vai embora, a casa também é minha e eu trago aqui quem eu quiser.

IGOR: Olha como fala comigo garoto, eu sou o seu pai e essa casa é minha, que eu ainda não morri. Fica quem eu quero e eu não desejo que uma estranha esteja embaixo do nosso teto!

CAÍQUE: Se ela sair, eu também vou embora. Decidam!

SÍLVIA: Caíque! Você seria capaz de sair de casa por conta de uma mulher que mal conhecem?

CAÍQUE: Experimentem e descobrirão! (Caíque deixa o escritório).

 

Cena 10 – Casa Emília Bertolini  [Interna/Manhã]

(René se afasta de Malu após gritar fortemente)

 

 

RENÉ: Olha o que você fez... (Com a boca ensanguentada). Você me mordeu!

MALU: Nunca a mais volte a me tocar, ouviu? Nem mesmo louca, numa camisa de força e amarrada numa cama eu ficaria com você. Nunca! (Grita).

 

(O enfermeiro entra no quarto após ouvir os gritos de Malu).

 

ENFERMEIRO: Ela está tendo um surto, não é?

RENÉ: Não sei, acho que sim.

ENFERMEIRO: Vou fazer outra aplicação da medicação que o psiquiatra receitou.

MALU: Não, eu não quero tomar remédio nenhum, eu não preciso de medicamentos. Eu não sou louca, eu não sou louca! Fala para ele, fala! (Grita com René, que permanece em silêncio observando o enfermeiro preparar a medicação). Eu não quero esse remédio, afaste-se de mim, afaste-se! (Continua se debatendo na cama aos gritos tentando se soltar).

ENFERMEIRO: (Aplica uma injeção em Malu).

MALU: (Sua visão volta a embaçar e ela adormece em seguida).


Cena 11 – Casarão dos Sant’Anna (Atibaia) [Interna/Manhã]

(Maria Eduarda e Paula conversam enquanto observam os convidados da festa de recepção de Igor e Sílvia).

 

PAULA: Sim, ele era padeiro na juventude. Se esforçou, estudou, persistiu e hoje é dono de uma rede de panificações pelo país, uma verdadeira franquia que deu certo.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu acho que ele não gostou de mim, está me olhando muita frieza, me olha de uma forma... Que até me assusta!

PAULA: Ele é um homem bom, deve ser impressão sua!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Ele está me olhando de um jeito...

 

(Igor observa Paula se afastar para ir até o banheiro e se aproxima de Maria Eduarda e fala baixinho)

 

IGOR: O que é que você pretende? Nós não te conhecemos, não sabemos nada sobre o seu passado e você fica aí, com esse seu olhar desconfiado. A mim você não me engana, eu não nasci ontem. Você está escondendo algo! (Conclui).

 

Cena 12 – Paradise Models [Interna/Tarde]

Música da cena: Louca – Alice Caymmi

(Ingrid está sozinha na sala da presidência quando começa a recordar da cena em que se livrou de Maria Eduarda e gira na cadeira em tom de comemoração quando ouve batidas na porta).

 

MARIA EDUARDA (INGRID): E agora? Quem quer me aborrecer? Entra!

SIMONE: (Abre a porta da sala) Desculpe, a senhora tem visita.

MARIA EDUARDA (INGRID): Visita? Que visita?

SIMONE: Seu noivo, o Miguel!

MARIA EDUARDA (INGRID): (Fala consigo mesma em pensamento) Essa não era para agora...

SIMONE: Posso mandá-lo entrar?

MARIA EDUARDA (INGRID): Pode sim, pode pedir para ele entrar.

SIMONE: Está bem, só um instante.

 

(Após alguns segundos, Miguel entra na sala da presidência).

 

MIGUEL: Nossa, que sala imensa. Quando você iria me contar que foi nomeada a presidência?

MARIA EDUARDA (INGRID): Eu ia falar, aconteceu tudo muito rápido.

MIGUEL: (Aproxima-se de Ingrid para beijá-la, mas novamente ela disfarça e se levanta, para que ele não o faça).

MARIA EDUARDA (INGRID): E então, a que devo a honra da sua visita?

MIGUEL: Precisamos acertar alguns detalhes do nosso casamento. Já havíamos conversado sobre uma data, só que estava pensando no que aconteceu com o meu tio, que é seu padrasto, talvez você queira adiar.

MARIA EDUARDA (INGRID): Adiar? Por conta do Alfredo? Do que adianta fazer isso? Ele está em estado vegetativo, isso não vai mudar.

MIGUEL: Nossa, eu nunca te vi falando com tanta frieza.

MARIA EDUARDA (INGRID): Não é frieza amor, apenas estou sendo objetiva. (Senta no colo de Miguel). Qual havia sido a data que havíamos pensado?

MIGUEL: Para daqui há dois meses.

MARIA EDUARDA (INGRID): Eu acho que consigo acertar tudo para daqui dois meses, podemos confirmar a data. Vamos nos casar logo, logo!

 

Cena 13 – Motel [Interna/Tarde]

Música da cena: Inspiração – Liah Soares

(Pérola sai do banheiro do motel após tomar um banho e vai para a frente do espelho pentear o cabelo. Refletido no espelho, pode-se notar que existe uma pessoa deitada na cama, enrolada em um lençol).

 

PÉROLA: Você precisa entender, não estou com cabeça de passar tanto tempo fora de casa e principalmente depois de tudo o que aconteceu. Meu pai nessa situação e minha mãe nessa viagem misteriosa. Aliás, eu ainda não consegui entender essa viagem, não faz o menor sentido. Minha mãe nunca deixaria o meu pai sozinho nesse momento. Já mandei mensagens, já liguei e sem sucesso, ela não me responde.

 

(A pessoa faz um gesto de como se questionasse porque Pérola pensa dessa forma).

 

PÉROLA: Eu não sei o que está acontecendo, mas eu vou descobrir, pode apostar que irei.

 

Cena 14 – Casarão Sant’Anna (Atibaia) [Interna/Tarde]

(Caíque percebe a saia justa entre Maria Eduarda e o pai, e para intervir, resolve se aproximar).

 

CAÍQUE: Eu estou atrapalhando alguma coisa?

IGOR: Não, eu só estava deixando as coisas esclarecidas com a Isabela. Agora vou cumprimentar alguns convidados, com licença!

MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu disse que não fizemos bem em vir para cá, não quero te causar problemas...

CAÍQUE: Eu quero que você esqueça qualquer coisa que o meu pai tenha dito, eu também sou dono dessa casa e você é minha convidada.

MARIA EDUARDA (ISABELA): Mas Caíque...

CAÍQUE: Sem “mas, mas”. Vamos dar uma volta para você conhecer melhor a propriedade, é muito bonita. Vem! (Caíque puxa a mão de Maria Eduarda e arrasta pela casa).

(De longe, Igor os observa)

IGOR: Tem alguma coisa nessa moça que me intriga, mas o que? (Questiona a si mesmo).

 

(A imagem foca em Igor observando Isabela, a cena congela e o capítulo encerra com o som de uma câmera fotografando).



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