Saudações, queridos leitores!
Sejam bem-vindos a mais um programa Primeira Impressão! Como vocês estão?!
Bem melhores que eu,
certamente, que tenho nada menos do que 7 programas para fazer com críticas
duplas nos próximos meses. Mas vejamos tudo isto pelo lado bom e sigamos
plenos.
A crítica de hoje é sobre Novos
Tempos, escrita por Felipe Vieira e exibida na Ranable Webs. Confiram a
sinopse:
“3 meninas que vieram de
lugares diferentes e de famílias diferentes. Mariana mora com sua mãe Márcia,
que é dona de uma empresa de projetos arquitetônicos que, apesar de ser rica,
tem humildade com o próximo. Paula mora com sua mãe Fernanda e começa a
estudar em um colégio fora de sua cidade. E Fabiana mora com sua mãe Maria
que é uma mãe boa e sempre preocupada com sua filha. E no Colégio elas
vão se tornar grandes amigas pelo resto da vida.”
O que é que, há milênios e
milênios atrás, unia até tarde da noite homens e mulheres, anciães e mancebos
em volta das fogueiras próximas às orlas das florestas? Claro, o interesse
pelas histórias contadas pelo parente ou vizinho de tribo. E é esse mesmo
interesse que, nos tempos de hoje, faz os assinantes abrirem um serviço de
streaming, leva famílias e amigos até as salas de cinema, esses a fim de se
encantarem com um universo de aventuras, romances, ação, cujas consequências e
perigos não podem atingi-los, restando ao espectador apenas o conforto da
segurança enquanto se deslumbra, se encanta, se prende. Há exceções e outros
fatores sim, mas, em suma, é a história o elemento que funcionará
como o gancho entre obra e público. O que acontece, então, se uma obra
simplesmente não apresenta nenhuma história?
Infelizmente esse é o caso dessa estreia, de
forma que fica até difícil para mim discorrer sobre a mesma. Vejam, não estou
dizendo que a história é ruim, ou desinteressante, ou clichê, ou qualquer outra
coisa do tipo. Eu nem poderia fazê-lo porque, como disse, não há história
alguma a ser analisada – ao menos nesse capítulo de estreia. Tudo o que
vemos não passa de uma introdução, um prólogo que em qualquer novela ou série
filmada corresponderia aos primeiros 10 minutos. O que temos aqui é apenas e
tão-somente apenas uma apresentação de cada uma das 3 – suponho eu –
protagonistas.
Uma é Fabiana, ansiosa por
conhecer pessoas novas. Outra é Mariana, que quer amizades sem fazer distinção
de classe social, raça ou qualquer outra coisa. E a última garota do trio é
Paula, moradora de Niterói que vai para o colégio, no Rio de Janeiro, de
ônibus. E é na entrada desse colégio que as 3 se esbarram, se estranham
brevemente e seguem seus caminhos para a aula; e é isso. Sem indicação de
interesse de amizade ou interesse amoroso, sem alusão de algum conflito maior,
sem introdução de qualquer elemento que indique algum objetivo que possa vir a
construir uma jornada na vida de qualquer das 3 protagonistas. Mancebos autores
(principalmente), como o seu público se interessará em voltar para o próximo
capítulo se ele não teve história, conflito ou mistério algum para atraí-lo?
E mesmo do pouco que temos
das garotas algumas coisas soam artificiais, como a mãe de Mariana dizendo a
ela que espera que a filha conheça amigos de sua classe social. Não nego que há
mães elitizadas e preconceituosas que querem sim isso para seus filhos, mas
nesse caso a frase se mostra expositiva e forçada, sem naturalidade.
Outro ponto que preciso apontar é também o fato de que a narração não se decide
se narrará no presente (tenta, desliga, acorda) ou no passado (foram, bateu,
acordou), assim como em outros momentos ela se mostra apressada, resumindo
diversos “eventos” em apenas uma frase.
Apesar disso é nítido uma boa
intenção por parte do autor. E é pena que os amadorismos – e não interpretem
essa palavra como algo pejorativo, mas como uma característica natural aos
iniciantes e que precisa ser trabalhada com experiência, conhecimento buscado e
prática – praticamente ofuscam essa intenção. Uma evidência da mesma é a
localização temporal da “história”. No início o texto utiliza o termo “na
época”, dando a entender que não estamos falando de 2021. E ao final,
completando essa rima, o texto indica que as garotas estão utilizando
entretenimentos um tanto anacrônicos. Ou qual é a porcentagem de adolescentes
que, hoje em dia nas escolas, ouve músicas usando CD em um discman? Ou que lê
uma revista física de moda. Há coerência, e isso é mérito do autor.
Ao final da estreia não domina um sabor bom ou um sabor ruim no paladar artístico-literário do leitor, se sobressai na verdade a sensação como que de um garfo cheio que veio na direção da boca, mas que antes que pudesse completar o movimento perdeu a maior parte da comida, tocando na língua apenas alguns grãos do alimento: insuficiência, falta de completude. Não podemos avaliar por esse capítulo o quanto o autor entrega em termos de história, trama ou desenvolvimento de personagens, o que é uma pena. Mas a quem quiser descobrir, que siga viagem pelos próximos capítulos, todos disponíveis.
Novela: Novos Tempos
Autor: Felipe Vieira
Capítulos: 51
Emissora: Ranable Webs
Clique aqui para ler o 1° capítulo
Agora quem leu me diga: o
que achou dessa webnovela? Concorda ou não com a minha crítica? Diga tudo nos
comentários, hein!
Agora vamos ver o que disse um
dos autores da obra criticada no programa anterior. Vejamos:
Entendo perfeitamente o problema
da leitura “viciada” quando se está nos bastidores de uma obra, querido
Anderson. Isso realmente acontece, e às vezes, para que o autor identifique
esses problemas, é necessário um olhar de fora, um que não esteja “viciado” por
conta do processo de criação; tem toda a razão. E sim, de fato começaram no
rumo certo! Parabéns a vocês pelos méritos e, mais do que tudo, por fazerem.
E sou eu quem agradeço, querido.
Bem, e antes de
finalizarmos, gostaria de agradecer à equipe da Rajax pelo reconhecimento dado ao
nosso programa através do prêmio Rajax Hits de Crítico do Ano 2020. Agradeço
também ao Felipe Lima, meu fiel ajudante e braço direito, e sem o qual esse
programa não seria o que é. Tivemos concorrentes pesos-pesados nessa disputa, e
com certeza todos são merecedores de reconhecimento. E isso só reafirma a nós do
lado de cá que estamos no caminho certo ao tentar ajudar um pouco que seja os autores
do Mundo Virtual e ao mesmo tempo aguçar o senso crítico dos leitores, tudo a
fim de que tenhamos as melhores obras possíveis daqui para o mundo.
Simplesmente obrigado!
Bom, e se alguém tiver
perdido o programa anterior, basta clicar aqui para lê-lo. E se quiserem
alguma obra criticada no programa, basta pedir na seção de comentários, tudo
bem?
Por hoje isso é tudo,
queridos. Um grande abraço, se cuidem, fiquem bem, permaneçam seguros e até o
próximo domingo!

Obrigado pelo seu comentário!