Capítulo 08
Cena 01 - Mansão
Assumpção [Interna/Manhã]
(Amanda convence Marion a trabalhar
na empresa).
MARION: Eu acho que não ouvi bem. O que foi que você disse?
AMANDA: Eu quero trabalhar na sua empresa. Não precisa ser um cargo executivo,
eu posso ser sua assistente.
MARION: Amália, deixe-nos a sós! (Ordena com seriedade).
AMÁLIA: Sim senhora, com licença. (Sai da sala de estar apressada).
MARION: Que loucura é essa? Você mal chegou e já quer mostrar as suas asinhas?
AMANDA: Não é isso, vovó. Eu não quero ficar aqui, parada como se fosse uma
dondoca. Eu quero ser útil e porque não na sua empresa? Eu entendo de
contabilidade, computação. Posso ser sua secretária ou até mesmo assistente
pessoal.
MARION: (Olha Amanda de cima a baixo e depois sorri ironicamente) Secretária ou
assistente pessoal? Você acha mesmo que tem capacidade para ter um cargo assim
na empresa que eu demorei anos para construir e consolidar? Quer dizer que você
entende de contabilidade e computação? Sabe Deus em que buraco você aprendeu!
AMANDA: Não precisa me ofender, vovó. Eu só quero ser útil, não quero ser um
peso morto para a senhora.
MARION: Eu já disse para você não se referir a mim, assim.
AMANDA: Está bem, Tia Marion! (Fala como se estivesse triste).
MARION: (Revira os olhos) Está bem! Eu vou ver algum cargo para você lá na
empresa, mas não pense que eu vou te pagar uma fortuna.
AMANDA: Ai, muito obrigada! (Abraça Marion, fingindo empolgação).
MARION: (Afasta Amanda) Mas antes vamos passar no shopping, precisamos comprar
algumas roupas para você. Não quero que pensem que eu estou levando uma
empregada doméstica como minha parente a empresa. Vamos! (Diz ao caminhar em
direção a porta).
AMANDA: (Sorri e caminha apressada atrás de Marion).
Cena 02 – Indústrias
Assumpção [Interna/Manhã]
Música da cena:
Tudo de Novo – Negra Li
(Imagens aéreas
percorrem a cidade de São Paulo, mostrando o grande fluxo de carros nas
avenidas. Pontos turísticos da cidade são apresentados e em seguida surge a
fachada das indústrias da família Assumpção. No interior da empresa, Cristina
limpava um dos extensos corredores com muito zelo).
CRISTINA: (Varre, limpa o lixo e depois passa o pano).
TIAGO: (A observa de longe e depois resolve se aproximar) E então Cris, está
gostando do trabalho?
CRISTINA: Estou sim! Aqui é imenso e já andei me informando, eles dão
oportunidade de crescimento pessoal. Eu vou me esforçar muito para conseguir me
superar. Tudo isso eu devo a você!
TIAGO: Ah, eu fiz de coração. Apesar de nos conhecermos pouco, tenho certeza
de que você faria o mesmo. Então estamos quites!
CRISTINA: Agora você não me contou uma coisa... Como fez para conseguir a vaga,
se a moça da entrevista me pediu antecedentes criminais?
TIAGO: (Olha para os lados, certificando-se que ninguém está ouvindo e em
seguida se aproxima de Cristina) Eu falsifiquei um atestado de antecedentes
criminais.
CRISTINA: (Arregala os olhos) Você fez o que?
TIAGO: Calma, não precisa ficar assustada. Já deu tudo certo, não tem porque
se preocupar. É só você não comentar com ninguém e isso morre aqui. Agora volte
ao trabalho, que daqui a pouco a bruxa aparece. (Pisca o olho para Cristina e
sai correndo).
Cena 03 – Shopping
Center [Interna/Manhã]
Música da cena:
Bandida - Cleo
(Marion toma
champanhe enquanto conversa com algumas consultoras de moda. Enquanto isso,
Amanda entra e sai do provador, mostrando vários looks propostos pelas
consultoras).
AMANDA: E então, como estou? (Diz olhando para Marion, através do espelho).
MARION: Digamos que está menos pior. Há certas coisas que nem roupas de grife e
um bom banho de loja são capazes de mudar, minha querida.
AMANDA: (Tenta esconder sua raiva com as insinuações de Marion).
MARION: (Coloca a taça de champanhe em uma bandeja) Pode embrulhar tudo, vamos
levar todas as roupas recomendadas.
CONSULTORA: Sim senhora! (Diz ajudando Amanda a se trocar).
Cena 04 – Castro
& Rios, Advogados Associados [Interna/Manhã]
(André estava em
seu escritório analisando documentos, quando ouviu uma movimentação estranha na
recepção).
ANDRÉ: Ué, que barulheira toda é essa? (Levanta-se e vai até a recepção).
SECRETÁRIA: Senhor, estamos com problemas...
ANDRÉ: Problemas? Que tipo de problemas?
SECRETÁRIA: Tem um homem maluco lá fora, ele não para de gritar que quer falar com
o senhor.
ANDRÉ: E quem é esse homem? (Estranha).
SECRETÁRIA: Eu não sei, senhor. Nunca o vi antes! (Responde assustada).
ANDRÉ: Eu vou ver o que esse maluco quer. Qualquer coisa, chame a polícia.
(André caminhou por
um corredor e desceu a escada que dava acesso ao estacionamento do seu
escritório. Ao chegar ao lado externo, ele se deparou com Antônio, pai de
Leticia).
ANDRÉ: Eu soube que o senhor estava me procurando. Só não me lembro de onde eu
o conheço! (Diz para Antônio que está parado, de costas).
ANTÔNIO: Felizmente, eu não tive o desprazer de ter te visto antes... Até agora!
(Vira-se e encara André).
ANDRÉ: Desculpe, continuo sem entender o que está acontecendo aqui. O senhor
não é meu cliente, não é meu amigo, sequer conhecido. O que veio fazer aqui?
ANTÔNIO: Eu me chamo Antônio. Sou o pai da Letícia, a moça que você engravidou e
agora quer se livrar, como se não tivesse nenhuma responsabilidade. Eu vim até
aqui te mostrar que ela tem família, ela tem um pai que zele por ela.
ANDRÉ: Ah, agora eu entendi tudo. Bom, eu acredito que não precisa de tanto
escândalo para um caso sem importância. O que houve entre nós já acabou, eu
nunca quis ter filho e ela sabia disso, ela poderia muito bem ter evitado tudo
isso.
ANTÔNIO: Acabou? Só que acabou resultando numa criança, se ela fez, você ajudou.
Honre suas calças e assuma suas responsabilidades agora, se não quer casar, ao
menos reconheça a criança.
(Ulisses se
aproxima com seu carro e observa André na companhia de Antônio).
ANDRÉ: Reconhecer a criança? O senhor não ouviu o que eu disse? Eu nunca quis
ter filho, a sua filha que provocou isso. Além disso, quem me garante que esse
filho é mesmo meu? Vai que ela andou se deitando por aí com outro cara e agora
quer me empurrar essa criança? Ela que se vire!
ANTÔNIO: Canalha! (Acerta um soco no rosto de André, que cai no chão).
(Nesse momento,
Ulisses corre e se coloca entre os dois).
ANDRÉ: (Toca os lábios e percebe que está sangrando).
ULISSES: O que está acontecendo aqui? Quem é esse homem, André?
ANTÔNIO: Eu não admito que um canalha como você fale assim da minha filha. Ela é
moça direita, de família. Não é uma vagabunda, uma qualquer!
ANDRÉ: (Levanta-se do chão com ajuda de Ulisses) Não é nada, esse senhor já
estava de saída. O senhor já veio até aqui, já disse o que queria. Agora pode
se retirar!
ANTÔNIO: O recado está dado, não me faça voltar aqui ou eu acabo com você,
entendeu?
ANDRÉ: O senhor está me ameaçando? (Diz limpando o sangue do canto da boca).
ANTÔNIO: Entenda como quiser! Como eu disse, o recado está dado. Bom dia! (Vai
embora).
ULISSES: O que foi isso? Quem é esse homem e porque ele te bateu? Não minta, eu
vi tudo do meu carro...
ANDRÉ: (Ignora Ulisses, corre até o carro e sai em disparada cantando pneus).
ULISSES: E agora, o que esse doido vai fazer? (Questiona-se a si mesmo).
Cena 05 –
Indústrias Assumpção [Interna/Manhã]
(Marion e Amanda
descem do carro e entram na empresa. Enquanto caminham pelos corredores, não
reparam em Cristina, que está entretida esfregando o chão da recepção
principal).
MARION: Jacqueline, essa é a minha sobrinha Amanda, filha de uma prima
distante. A partir de hoje ela vai trabalhar aqui. (Diz ao entrar na sala da
presidência).
JACQUELINE: (Observa Amanda como se estivesse a analisando) Ah, é? Imagino que ela
deva ocupar algum cargo executivo na diretoria...
MARION: Pois imaginou completamente errado, desde quando eu dou benefícios a
alguém só por ser parente? Com ela não será diferente, ela será sua assistente.
Peça que coloquem uma mesa em frente a sua e ensine tudo a ela.
JACQUELINE: Assistente? (Repete incrédula).
MARION: É, não ouviu? A Amanda será sua assistente a partir de agora,
providencie tudo e não me incomode. Podem se retirar! (Diz gesticulando para
que as duas deixem sua sala).
AMANDA: Claro, tia! Com licença... (Sai da sala de Marion, fingindo não se
importar com o que acabara de ouvir).
(Alguns instantes
depois, Amanda entra no banheiro feminino).
AMANDA: (Se encara no espelho) Velha maldita! O que mais posso fazer para
agradá-la? Já estou me cansando de fingir ser boazinha. Pensa que eu não sei,
ela quer me humilhar me dando essa reles colocação, mas ela não perde por
esperar. Primeiro eu vou conquistar a confiança dela e depois vou depená-la.
Ah, Cristininha... Eu vou te agradecer eternamente pelo presente que me deu,
amiga! (Sorri enquanto retoca o batom).
Cena 06 – ONG
Amigos da Terra [Interna/Manhã]
Música da cena:
Resposta - Skank
(A ONG Amigos da Terra
era composta por vários ativistas ambientais e Letícia trabalhava como
recepcionista do local).
LETÍCIA: Amigos da Terra, bom dia! Sim, claro. Irei transferir, só um minuto!
(Diz ao atender o telefone).
(Transtornado,
André invade o local).
LETÍCIA: André, o que você está fazendo aqui? O seu rosto está machucado, o que
aconteceu? (Questiona ao perceber o hematoma se formando no rosto do advogado).
ANDRÉ: Vai fingir que não sabe o que aconteceu? Não banque a santa pra cima de
mim, você sabe muito bem da visitinha do papaizinho pródigo. (Dispara).
LETÍCIA: Foi o meu pai que te bateu? Eu não sabia que ele iria encontrar você...
André, eu te amo. Jamais faria algo para te prejudicar!
ANDRÉ: (Se aproxima do balcão onde Letícia está e a encara com um olhar ameaçador)
Agora o seu pai já deu o showzinho dele, você conseguiu o que queria. Eu vou
assumir essa criança, mas não conte muito comigo. Você não terá nada além
disso, entendeu? (Sai e deixa Letícia sozinha).
LETÍCIA: (Atordoada, observa André ir embora).
Cena 07 – PUC-SP,
Universidade [Interna/Tarde]
Música da cena:
Oceana – OUTROEU, Melim
(Com o entardecer,
Cristina encerra mais um dia de trabalho, mas antes de ir para casa e ela
resolve mudar o rumo. Ao caminhar pelas ruas, ela para diante a entrada de uma
universidade e resolve entrar em seguida).
CRISTINA: Boa tarde, eu gostaria de obter informações sobre bolsa de estudos.
RECEPCIONISTA: Boa tarde! É claro, pode deixar que eu vou te explicar tudo. (Diz ao
pegar alguns folhetos em cima da mesa).
(A recepcionista
começa a apresentar os planos de bolsa de estudo para Cristina, que ouve
atentamente).
Cena 08 –
Indústrias Assumpção [Interna/Tarde]
(Marion discutia
com Jacqueline os preparativos de um jantar beneficente para conseguir mais
investidores, enquanto Amanda as observava).
JACQUELINE: E se nós conseguíssemos alguns influenciadores como embaixadores nas
redes sociais?
MARION: Não deixa de ser uma boa ideia e pode funcionar. Faça uma lista com os
dez maiores influenciadores do país, consulte pacotes e cachês. Agora
precisamos providenciar os convites e endereçá-los.
AMANDA: Eu posso cuidar dessa parte... Claro, se a senhora permitir! (Diz sem
jeito).
JACQUELINE: Esse é o meu papel! (Rebate em tom de reprovação).
MARION: (Encara Amanda por alguns segundos) Você acha que seria capaz?
AMANDA: Claro, só preciso de uma chance!
MARION: Está bem, lhe darei essa oportunidade. Desde já eu lhe aviso que nada
pode dar errado ou você está fora, fui clara?
AMANDA: A senhora não vai se arrepender, tia! (Olha para Jacqueline e sorri com
desdém).
JACQUELINE: (Encara Amanda, nada satisfeita com a decisão de Marion).
Cena 09 – Motel
[Interna/Tarde]
(Quando Vavo saiu
do banho, enrolado apenas em uma toalha, Stella já estava se vestindo após uma
tórrida tarde de paixão).
VAVO: Ué, você já vai?
STELLA: Já, agora com uma nova hóspede em casa, tenho que bancar a ótima
anfitriã e passar tanto tempo fora, pode gerar motivos para desconfiança.
Entendeu? (Diz enquanto retoca o batom e arruma o cabelo).
VAVO: Nova hóspede, quem é? Você não me falou nada antes...
STELLA: É, menino. Você acredita que a minha sogra arrumou uma sobrinha
postiça, filha de uma prima distante do nada? Pior, ela não tem classe, se vê
que é muito pobre. Daria tudo pra saber o que está acontecendo, porque
claramente a minha sogra não está falando a verdade.
VAVO: (Deduz que a nova hóspede só pode ser Amanda) Sobrinha postiça? Que
história mais interessante. Continua contando! (Senta-se na cama e ouve Stella
falar).
Cena 10 – Castro
& Rios, Advogados Associados [Interna/Tarde]
Música da cena:
Suit & Tie - JAMZ
(Imagens externas
mostram a cidade de São Paulo e suas grandes avenidas. Pessoas percorrem a
estação de metrô, enquanto os vagões viajam a cidade de um lado para o outro.
No interior do escritório, Amanda conversava com a recepcionista quando se
surpreendeu com a presença de alguém familiar).
AMANDA: Ulisses? (Diz ao ver o advogado sair de uma das salas).
ULISSES: Amanda, o que está fazendo aqui?
AMANDA: Eu vim entregar uns convites para um evento da empresa da minha
família, não esperava te reencontrar aqui, que coincidência... Bem, eu vim
entregar um convite ao Doutor Castro e outro para o Doutor Rios.
ULISSES: Então essa é mais uma das coincidências que você citou, pois um desses convites
é pra mim. Eu sou o Doutor Castro, Ulisses de Castro.
AMANDA: (Entrega o convite e permanece olhando nos olhos de Ulisses) Estava
escrito que nós dois teríamos que nos reencontrarmos e eu espero muito que você
vá ao jantar.
Cena 11 – Donna Sô
(Café Bar) [Interna/Noite]
Música da cena: A
Vizinha Ao Lado - Casuarina
(O bar estava
começando a lotar com o inicio da noite. Os músicos começavam a montar os
instrumentos para o show daquela noite. No balcão, Marina conversava com
Cristina e Sofia).
SOFIA: É Marina, eu estou dizendo. Essa menina leva jeito, é super inteligente
e vai chegar muito longe ainda...
CRISTINA: Vocês falando desse jeito, eu vou ficar sem graça.
MARINA: Com tantos atributos, vou acabar de roubando pra mim.
SOFIA: Ah, não! Essa eu vi primeiro, essa menina já é como se fosse uma filha
pra mim, uma moça de ouro como poucas.
MARINA: Sua filha? Ela é muito novinha.
SOFIA: Ué, você está me chamando de velha? Temos praticamente a mesma idade.
MARINA: (Sorri) Não é isso, que idade você tem Cristina?
CRISTINA: Vinte e seis anos.
MARINA: Disse vinte e seis? A mesma idade que a...
CRISTINA: Quem? Sua filha?
SOFIA: (Fica sem jeito com o comentário, pois ela sabe da perda de Marina)
Bom, a conversa está ótima, mas Cristina será que você pode me ajudar aqui?
MARINA: É, eu tenho que ir agora. Boa noite! (Vai embora atordoada).
CRISTINA: (Observa Marina ir embora, sem entender o que a deixou assim).
Cena 12 – Mansão
Assumpção [Interna/Noite]
(Amanda e Stella
conversavam na sala de estar, enquanto Stella lhe mostrava algumas
recordações).
STELLA: E esse é o Murilo em seu aniversário de dois anos, ele estava tão feliz
nesse dia. (Diz mostrando uma das fotografias do álbum).
AMANDA: Ah, que lindo! O Murilo Neto era uma criança muito linda. (Responde
olhando para a foto).
STELLA: É, ele e a avó sempre foram muito ligados. (Stella vira a página do
álbum e sente um arrepio ao avistar uma certa fotografia).
AMANDA: E esses dois, quem são? Parece uma fotografia antiga.
STELLA: É o meu marido e a irmã dele, ela se chama Marina.
AMANDA: Marina? E onde ela está, porque nunca falam dela?
STELLA: É uma história muito delicada. Há muitos anos a Marina rompeu com a
família. Ela se envolveu com um operário da empresa da Marion, que foi contra e
tentou separá-los, mas a Marina foi firme e saiu de casa, na época foi um
escândalo. Como era mesmo o nome dele... Antônio, isso mesmo, Antônio. Era
bonito, mas muito pobre.
AMANDA: (Fala consigo em pensamento) Que família, hein amiga? Mãe completamente
doida em largar tudo isso aqui e um pai pobretão. Agora preciso saber como usar
isso para alcançar os meus objetivos.
CONTINUA!
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