Capítulo 50
(Última Semana)
Cena 01 – Delegacia
[Interna/Manhã]
(Eufórico com a nova prova, Ulisses
cobrou prontamente que algo fosse feito).
ULISSES: (Devolve o celular ao dono) É ela, delegado. É ela, eu tenho certeza
que é, não resta dúvida. O que você pretende fazer agora com essa evidência?
DELEGADO: Vou mandar lavrar e autenticar o depoimento, em seguida irei solicitar
um mandado de prisão! (Diz ao orientar o escrivão a terminar a digitação).
INVESTIGADOR GARCIA: Agora sim, meu caro. Agora sim essa mulher vai parar na cadeia! (Diz ao
tocar o ombro de Ulisses).
ULISSES: Essa desgraçada não pode mais continuar impune! (Conclui).
Cena 02 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Manhã]
Música da cena:
Because You Loved Me – Cláudia Rezende
(Imagens externas apresentam as ruas
do bairro do Bixiga. Em seguida surge a fachada da casa de Marina e Antônio. Em
seu quarto, Cristina fazia uma ligação).
CRISTINA: Alô, Vilma? Que bom que você atendeu, como estão as coisas por aí?
(Pergunta ao ouvir a voz da governanta do outro lado da linha).
VILMA: Na mesma, Senhorita Cristina. O seu Rodrigo tem andado muito deprimido,
porque a Dona Bárbara tem sido bem restritiva com relação as visitas, ela está
sempre dando um jeito de impedir ele de ver os meninos. A Cissa sente muito, já
o Caio ainda está muito resistente em ver o pai dele com outra mulher. (Comenta).
CRISTINA: Mas ela pode fazer isso? São filhos dele! Eu juro que não entendo
porque essa mulher se encarrega tanto em fazer tanto mal ao Rodrigo, porque ela
o odeia tanto?
VILMA: Eu também não entendo, mas ela nunca foi presente. Confesso que não
entendi o porquê dela querer tanto a guarda dos netos.
CRISTINA: Vilma e ele? Como ele está? (Pergunta sem jeito).
Música da cena: In
The Silence – Leroy Sanchez
VILMA: Como eu disse, deprimido. Ele pensa muito na senhorita, mas todas as
vezes que ele tentou entrar em contato, a senhorita rejeitou.
CRISTINA: Eu sei, Vilma... Eu estou fazendo isso para o bem dele, por mais que me
doa ficar longe dele, eu preciso me manter afastada, assim ele pode recuperar
os filhos dele. (Responde ao olhar para a própria barriga e ficar melancólica).
Cena 03 – Parque do
Ibirapuera [Externa/Manhã]
Música da cena:
Resposta - Skank
(Após o passeio para o banho de sol,
Théo acabou dormindo e foi nesse momento que Letícia resolveu se sentar em um
banco ao lado de Murilo Neto).
LETÍCIA: Eu adoro esse lugar, é impressionante como o dia fica mais bonito.
MURILO NETO: Bom, está entregue ao seu destino. Agora eu preciso ir para a ONG, que
estamos desenvolvendo alguns projetos bem bacanas de reflorestamento em São
Paulo.
LETÍCIA: Ah, eu te admiro tanto por isso, sabe? Você sempre lutou pelos seus
ideais e não teve medo em quebrar a dinastia da família e seguir o seu próprio
destino. Não é qualquer um que teria a mesma coragem!
MURILO NETO: Eu não sabia que você pensava isso sobre mim... (Responde sem jeito ao
olhar para Letícia).
LETÍCIA: Acredito que há muita coisa que você não sabe sobre mim ultimamente...
(Responde também olhando nos olhos de Murilo Neto).
MURILO NETO: (Beija Letícia, que corresponde).
(Nesse momento, o
semáforo na avenida ao lado fica vermelho e os carros aguardam os pedestres
atravessarem. Entre os veículos, estava o de André).
ANDRÉ: (Olha para o lado e reconhece Letícia no banco do parque) Olha só,
colocando as garrinhas de fora e ainda queria bancar a santa, mas eu vou te dar
uma lição. Na rua, com o meu filho, se comportando como uma vagabunda!
(O sinal fica verde
novamente e os carros logo atrás começam a buzinar).
ANDRÉ: (Arranca com o carro em alta velocidade).
Cena 04 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Manhã]
(Após a visita de Cristóvão, Antônio
logo procurou Cristina. Ele estava completamente alterado após a descoberta com
o vídeo da câmera de segurança).
ANTÔNIO: Cristina... Cristina! (Invade o quarto aos gritos).
CRISTINA: O que foi, pai? Aconteceu alguma coisa? Porque o senhor está tão
nervoso?
ANTÔNIO: Veja isso! (Diz ao mostrar o celular a Cristina). – Essas são as
imagens do dia em que a minha oficina pegou fogo...
CRISTINA: Eu estou vendo, pai. Só não estou entendendo nada!
ANTÔNIO: Você vai entender... (Responde aguardando o momento exato do vídeo). –
Pronto, aí está... Reconhece essa pessoa de capuz?
CRISTINA: (Surpreende-se) É a Amanda... O senhor acha que foi ela?
ANTÔNIO: Tudo bate, agora faz sentido... Aquele incêndio que começou do nada,
ela só queria me prender para que eu recorresse ao dinheiro da sua avó e
ficássemos presos a isso. A imagem não prova nada, mas gera um indicio grande.
O que ela estava fazendo lá nas redondezas, justamente no momento do incêndio?
(Questiona).
CRISTINA: Claro, o senhor tem toda razão. Eu vou ligar para o Ulisses agora
mesmo, ele com certeza vai saber como usar essa nova evidência. Eu acho que
finalmente vamos conseguir colocar a Amanda na cadeia, papai. Graças a você!
(Conclui ao pegar o celular para ligar para Ulisses).
Cena 05 – Indústrias
Assumpção [Interna/Tarde]
Música da cena:
Bandida - Cleo
(Imagens aéreas percorrem a cidade de
São Paulo. As ruas seguem movimentadas com o fluxo intenso de veículos. Pessoas
caminham de um lado para o outro pelas avenidas. Transitamos por alguns pontos
turísticos da cidade e em seguida surge a fachada da fábrica).
AMANDA: O que você quer agora, estrupício? (Fala se referindo a nova secretária
que havia sido contratada no lugar de Jacqueline).
SECRETÁRIA: Desculpe incomodar senhora, é que lhe trouxeram um documento e disseram
que era importante. (Responde segurando o envelope).
AMANDA: E você está esperando o quê para me entregar? (Questiona com desdém).
SECRETÁRIA: Claro... (Responde ao entregar o envelope).
AMANDA: (Segura o envelope e percebe que a secretária não vai sair da sua sala)
Que foi querida, está me achando muito bonita, não está? Eu até entendo, loira,
com esses olhos e esse corpinho que eu tenho, eu sou de parar o trânsito. Quer
um autografo?
SECRETÁRIA: Não, senhora! (Responde sem jeito).
AMANDA: Então desaparece da minha frente, xô! (Grita).
SECRETÁRIA: (Sai rapidamente, esbarrando nos móveis).
AMANDA: Vamos ver o que tem aqui dentro! (Pensa em voz alta enquanto abre o
envelope). – Não pode ser... Não, essa velha maldita não pode fazer isso! (Fala
enquanto lê o documento). – Velha maldita, maldito vegetal! Eu não acredito que
essa infeliz revogou a procuração. Se ela fez isso, ela deve ter mudado o
testamento. Eu deveria ter matado ela quando tive a oportunidade. Agora eu
preciso dar um jeito de levantar uma boa grana e desaparecer, antes que alguém
me pegue. Inferno! (Amassa o documento e o arremessa longe).
Cena 06 – Delegacia
[Interna/Tarde]
Música da cena:
Tudo De Novo – Negra Li
(Imagens externas apresentam os
grandes edifícios da capital paulista e em seguida surge a fachada da
delegacia. Devido os últimos acontecimentos, Ulisses estava passando
praticamente o dia inteiro lá, foi então que ele se surpreendeu com uma
visita).
ULISSES: Jacqueline! O que você está fazendo aqui?
JACQUELINE: Eu soube pela sua secretária que você estava aqui e resolvi te
procurar. Eu tenho sofrido demais nos últimos meses e nada me tira da cabeça
que o Vavo não morreu naturalmente, ele foi assassinado.
ULISSES: Eu sei! Pra ser sincero eu também nunca engoli aquele ataque cardíaco
fulminante e super conveniente, mas precisamos agir com cautela com a Amanda.
(Olha para os lados e se certifica de que ninguém está ouvindo a conversa). –
Eu não deveria estar te contando isso, mas eu sei o quanto é importante que
seja feito justiça, por isso e somente por isso eu vou te contar. Eu consegui
uma evidência quentíssima para colocar finalmente a Amanda na cadeia e por
coincidência, surgiu outra. O pai da Cristina está trazendo daqui a pouco, ou
seja, um mandado de prisão será confeccionado nas próximas horas, no mais
tardar amanhã de manhã.
JACQUELINE: Ulisses, essa notícia é maravilhosa... Finalmente a justiça será feita
com aquela assassina!
ULISSES: Eu me comprometi com você e o Vavo, vou honrar minha promessa e vou colocar
a Amanda na cadeia. Agora é uma questão de horas! (Conclui).
Cena 07 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Tarde]
Música da cena:
Because You Loved Me – Cláudia Rezende
(Com a transição de cenas, surge a
fachada da casa de Marina e Antônio. Sozinhas em casa, Marina, Letícia e
Cristina aguardavam por notícias de Antônio).
LETÍCIA: Gente, que babado! Então eu acho que agora a bandida da Amanda não tem
escapatória, ela vai parar na cadeia.
CRISTINA: Assim eu espero, assim eu espero!
MARINA: A única coisa que eu me preocupo é com o pai de vocês, não gosto dele
metido nessas coisas, o Antônio é muito esquentado, tenho medo dele procurar
aquela assassina.
CRISTINA: Mãe, fique tranquila! O papai sabe o quanto isso é importante e não vai
fazer nenhuma besteira, fique calma.
MARINA: Ai, meu Deus! Tá difícil ficar calma aqui, viu? (Levanta-se). – Eu vou
para a minha cozinha, vou preparar o jantar, que assim eu me distraio enquanto
não temos notícias.
CRISTINA: Ótima ideia, eu vou com a senhora para garantir a segurança do bairro.
(Fala rindo).
MARINA: Engraçadinha, vamos lá!
LETÍCIA: E eu vou dar um banho no meu filho, que hoje está muito abafado.
(Responde ao se levantar da poltrona na sala de estar).
(Marina e Cristina
vão para cozinha, enquanto Letícia caminha em direção ao corredor, alguém toca
a campainha).
LETÍCIA: Ai, quem será agora? (Retorna para a sala, vai até a porta e se
aterroriza ao se deparar com André). – André? O que você está fazendo aqui?
ANDRÉ: Eu vim ver o meu filho... (Diz ao tentar entrar).
LETÍCIA: Claro que não! Você não vai ver o seu filho, você nunca se importou com
ele, nunca quis visita-lo, não deu um tostão sequer para ajudar na criação, se
não fosse os meus pais, eu nem sei o que teria acontecido. Você não pode
entrar, saia daqui agora mesmo! (Diz ao tentar fechar a porta na cara de
André).
ANDRÉ: (Empurra a porta com violência, assustando Letícia) Nossa, como você
está valente, não é? Quem te deu essa valentia toda? Foi aquele verme que você
esteja beijando em praça pública como uma qualquer? Com o meu filho de
testemunha?
LETÍCIA: Eu já disse pra ir embora! (Grita).
ANDRÉ: Gritando comigo? Eu vou te ensinar boas maneiras, sua cachorra! (Dá um
tapa na cara de Letícia, que cai no chão).
LETÍCIA: (Leva a mão até a boca e percebe que está sangrando).
Cena 08 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Tarde]
(André encarava Letícia caída no
chão, que tentou se afastar rastejando para trás).
LETÍCIA: Você me bateu de novo? Olha o que você fez seu desgraçado! (Fala
nervosa).
ANDRÉ: Você pensa o que? Que vai ficar por aí se esfregando com outro e
levando o meu filho de testemunha? Sua perdida!
LETÍCIA: (Levanta-se rapidamente e tenta correr, porém André a puxa pelo cabelo)
Me larga! (Grita).
ANDRÉ: Aonde você pensa que vai? (Dá outro tapa na cara de Letícia que cai no
sofá. Nesse momento ele vai pra cima dela para enforca-la).
(Ao ouvir os
gritos, Marina e Cristina vão até a sala saber o que está acontecendo).
MARINA: O que está acontecendo? Que gritos... André? Solta a minha filha seu
desgraçado! (Fala ao vê-lo em cima de Letícia).
LETÍCIA: Saiam daqui, peguem o meu filho e fujam! (Grita tentando se
desvencilhar de André).
CRISTINA: Saia de cima dela, seu miserável, desgraçado, covarde! (Grita ao partir
para cima de André em meio a socos e sopapos).
ANDRÉ: Você pensa que eu tenho medo de você? Você é igualzinha a sua irmã...
(Diz ao empurrar Cristina, fazendo com que ela também caia).
CRISTINA: (Bate a cabeça em uma estante de madeiras).
LETÍCIA: Não faça nada com a minha irmã, André... Ela está grávida, por favor
não a machuque! (diz aos prantos).
MARINA: Você não vai entrar na minha casa e agredir as minhas filhas, seu
miserável... Eu quero ver se você tem coragem! (Marina avança em cima de
André).
CRISTINA: (Com uma forte dor na cabeça, Cristina rasteja até a cozinha).
MARINA: Saia da minha casa, canalha! (Grita agredindo André).
ANDRÉ: Eu não vou sair daqui sem o meu filho! (Acerta um tapa na cara de
Marina e a empurra pra longe).
LETÍCIA: Seu desgraçado, não encosta na minha mãe... (Grita tentando tirar André
de cima de si mesma).
(Nesse momento,
Cristina retorna para a sala segurando uma faca).
CRISTINA: (Corta o braço de André).
ANDRÉ: Ai, olha o que você fez sua desgraçada! (Grita ao se afastar de Letícia
com o braço ensanguentado).
CRISTINA: Você não é tão corajoso para bater em mulher? Então vem, vem pra cima
de mim seu desgraçado que eu te mato. Vem! (Grita com a faca na mão).
LETÍCIA: Cristina, tenha cuidado! (Diz nervosa).
CRISTINA: Que foi, André? Ficou com medo, foi? Mãe, pegue o telefone, chame a polícia.
Vamos colocar esse agressor de merda na cadeia, vamos ver como ele se comporta
misturado com um monte como ele na delegacia.
MARINA: (Tira o telefone do gancho e liga para a polícia).
ANDRÉ: Você faz mesmo jus ao que a Amanda sempre falou de você, uma vez
delinquente, sempre delinquente, não é Cristina? O presidio não sai de você,
sua maloqueira!
CRISTINA: Ótimo que você pensa assim, vamos ver o que a polícia pensa a respeito
também. Dessa vez você não escapa, assim como a sua comparsa também não.
MARINA: (Coloca o telefone de volta a base) A polícia já está a caminho!
ANDRÉ: (Sorri de forma sarcástica) Eu vou embora, mas eu volto. Eu volto!
(Ameaça e em seguida vai embora apressado).
LETÍCIA: (Completamente machucada, começa a chorar copiosamente, caída no chão
da sala).
MARINA: (Vai até a filha, senta-se no chão ao lado dela e a abraça).
CRISTINA: (Se agacha e olha para a irmã) Letícia, eu sei que isso é muito
difícil, mas nós precisamos fazer o que é certo. O André não pode te agredir
fisicamente e psicologicamente como ele tem feito nos últimos anos, ele não tem
esse direito. Nós precisamos denunciá-lo!
MARINA: A sua irmã tem razão, Letícia. Chega de fingir que ninguém sabe, todos
nós já percebemos que esse homem te torturou e foi por isso que você saiu daquela
casa, foi somente por você ter saído de lá, que nós respeitamos o seu silêncio,
mas agora não dá mais, principalmente depois do que ele fez aqui, agora. Ele
poderia ter te matado!
LETÍCIA: (Em meio ao choro, não responde nada, porém balança a cabeça
consentindo que concorda com Cristina).
CRISTINA: Você não está sozinha, você tem a sua família! (Abraça a mãe e a irmã
ao mesmo tempo).
Cena 09 – Hospital
Paulo Toledo [Interna/Tarde]
Música da cena: Sem
Ar – Gabi Luthai
(A fachada do hospital surgiu
movimentada pelo fluxo de pessoas. Em seguida dentro de um consultório, Tiago
fazia uma ultrassonografia).
MÉDICO: Aqui estão as mãozinhas... (Diz enquanto examina o bebê através do
monitor).
TIAGO: As mãozinhas? (Repete emocionado).
DANIEL: Sim, as mãozinhas e são perfeitas... (Diz ao lado de Tiago).
TIAGO: E já dá pra saber se é menino ou menina, doutor?
MÉDICO: (Examina um pouco mais após o questionamento e chega a uma conclusão)
Dá sim, aqui está... Será um garotão!
DANIEL: Um menino, nós teremos um menino! (Comemora).
Cena 10 – Delegacia
da Mulher [Interna/Noite]
(A recepção da delegacia da mulher estava
movimentada, quando Letícia adentrou sendo amparada por Cristina e Marina).
POLICIAL: Boa noite, como posso ajuda-las? (Questiona na recepção).
LETÍCIA: (Ergue a cabeça) Eu vim denunciar um agressor! (Fala com a voz
embargada. Ao olhar ao redor, Letícia percebe que várias mulheres na mesma
situação, aguardam sentadas).
CRISTINA: (Ao perceber que a irmã está nervosa, tenta acalmá-la) Coragem, minha
irmã. Coragem!
MARINA: Nós vamos ficar com você todo o tempo, Letícia.
(Momentos depois,
Cristina, Letícia e Marina surgem na sala da delegada oficializando a
denúncia).
DELEGACIA: Bem, nós iremos fazer o registro da sua denúncia. Eu sei o quanto isso
tudo é muito difícil e doloroso, mas saiba que isso não te faz uma mulher frágil,
pelo contrário, te faz uma mulher muito corajosa. Eu preciso que você me conte
tudo o que vêm acontecendo, ok? (Diz ao orientar Letícia e tentar fazer com que
ela se sinta acolhida).
LETÍCIA: (Olha para Cristina e Marina, em seguida toma coragem e inicia o
depoimento) É... Hoje eu fui agredida pelo meu marido. Nós já estamos separados
há algum tempo e não foi a primeira vez que ele faz isso. (Começa a narrar os
acontecimentos de sua relação com André).
(Após ouvir todo o
relato de Letícia, a delegada orienta Letícia).
DELEGADA: Letícia, agora com a sua denúncia documentada, nós iremos expedir uma
ordem de prisão contra o seu marido e uma ordem de restrição para que ele não
se aproxime da senhora, da sua família ou do seu filho. Aproveito para reforçar
que também temos atendimento psicológico no departamento ao lado e a senhora
pode buscar o auxílio necessário. Aqui todas temos voz, você não está sozinha e
esse homem não vai ficar impune, pode ficar tranquila. (Conclui).
Cena 11 – Apartamento
de André [Interna/Noite]
(A polícia rondava o prédio onde
André morava com um mandado de prisão por agressão. De longe, André observava
de seu carro).
ANDRÉ: Eu não posso ir até lá, a cretina da Letícia deve ter me denunciado. Eu
não vou para a cadeia, preciso dar um jeito de sumir daqui, mas como e pra
onde? (Questiona a si mesmo). – É, acho que chegou a hora de usar a gravação,
Amandinha... O mundo é realmente dos espertos! (Responde a si mesmo
sorridente).
Cena 12 – Delegacia
[Interna/Noite]
(Após anexar as evidências ao
processo, Antônio assinava alguns documentos na delegacia acompanhado por
Ulisses).
ANTÔNIO: E então, o que devo fazer agora? (Responde ao sair da sala do delegado
acompanhado pelo advogado).
ULISSES: Agora você aguarda até amanhã. De amanhã não passa! A Amanda será presa
amanhã. (Conclui).
Cena 13 – Mansão
Assumpção [Interna/Noite]
(Ao chegar em casa furiosa pela
revogação da procuração, Amanda largou o carro no pátio da casa de qualquer
jeito e adentrou furiosa. Ao subir a escada, ela não deu ouvido a empregada que
queria lhe avisar sobre uma visita e em seguida ela chegou ao segundo pavimento
da casa. Ao abrir a porta do quarto, Amanda se deparou com uma surpresa).
AMANDA: O que você está fazendo aqui? Quem te deu permissão para entrar e ficar
no meu quarto, infeliz? (Pergunta furiosa ao ver André deitado em sua cama).
ANDRÉ: Eu me meti em uma enrascada e preciso da sua ajuda para escapar. (Responde).
AMANDA: Problema é seu! O que te faz pensar que eu vou te ajudar? Eu tenho mais
com o que me preocupar. Fora daqui! (Responde com desdém).
ANDRÉ: Eu não vou sair daqui, pelo menos não sem uma boa quantia de dinheiro.
Primeiro eu quero passar a noite aqui para despistar a polícia e amanhã quero o
máximo de dinheiro vivo que você me conseguir. Vou alugar um jatinho para
fugir.
AMANDA: Jatinho? (Dá uma gargalhada). – Eu posso saber porque eu faria isso? Eu
quero salvar a minha pele, você que se dane!
ANDRÉ: Amanda, você me prometeu. Nós fizemos um acordo!
AMANDA: E você acreditou? Tolinho! Agora eu estou cansada, vai embora... (Diz
ao abrir a porta do quarto para que André saia do quarto).
ANDRÉ: (Sorri ironicamente) Como eu pensei que você faria isso, eu te trouxe
um presente. Ouve isso! (André solta a gravação de Amanda em seu celular, onde
ela confessa ter matado Vavo). – E então, quem vai salvar a pele de quem agora?
(Debocha).
Cena 14 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Manhã]
Música da cena: Não
Sai Da Minha Cabeça – Flávio Ferrari
(O dia amanhece ensolarado e logo
surgem as ruas do bairro do Bixiga movimentadas. Em seguida surge a fachada da
casa de Marina e Antônio. No quarto, Murilo Neto consolava Letícia após os
últimos acontecimentos).
MURILO NETO: (Faz cafuné em Letícia, que está deitada com a cabeça em seu colo) Eu
não me conformo com o que esse miserável te fez, eu nem sei o que seria capaz
de fazer se eu ficasse frente a frente com ele. Eu acho que seria capaz de mata-lo.
LETÍCIA: Se você fizesse isso, você estragaria a sua vida e eu não me perdoaria
nunca. Felizmente o André será preso e não vai fazer isso com mulher nenhuma, nunca
mais. (Responde).
MURILO NETO: Você ontem estava falando sobre como me admirava, hoje eu posso te
dizer o mesmo. Como você amadureceu e é corajosa, você fez o certo e serviu
como exemplo para outras mulheres. Você é incrível, sabia?
LETÍCIA: (Senta-se e olha para Murilo Neto) Eu quero fazer alguma coisa para
ajudar mulheres a não passarem pelo o que eu passei, eu quero ajudar outras
vítimas. Deixa só eu encaixar as coisas na minha cabeça, que eu vou dar um rumo
na minha vida.
MURILO NETO: Eu acho isso ótimo, pode ter certeza que eu vou ficar ao seu lado e do
Theozinho. (Sorri e beija Letícia).
Cena 15 – Mansão Assumpção
[Interna/Manhã]
(Sorrateiramente, Amanda desce a
escada sem fazer barulho e vai até o bar da sala. Ela coloca uma maleta em cima
da bancada e em seguida coloca duas taças ao lado. Primeiro ela serve uma das
taças com um pouco de vinho branco e guarda a garrafa. Em seguida, ela esconde
a garrafa e pega uma outra com a bebida na mesma tonalidade e joga o restante
do veneno que ainda tinha consigo e que tinha matado Vavo).
ANDRÉ: Ah, você está aí! (Diz ao descer a escada).
AMANDA: Sim, como a partir de agora cada um vai seguir seu rumo, acho que deveríamos
encerrar a nossa parceria da melhor forma e com um brinde. (Serve a bebida na
frente dele, para que ele não desconfie).
ANDRÉ: Onde é que está o meu dinheiro? (Questiona).
AMANDA: Nessa maleta! E a gravação? (Pergunta encarando André).
ANDRÉ: (Abre a maleta preta de couro e percebe que ela está repleta de notas
em dinheiro vivo) Excelente! Como você foi uma boa menina, eu vou cumprir a
minha parte e vou excluir a gravação na sua frente. Fica olhando! (Apaga a
gravação na frente de Amanda). – Viu? Eu cumpro as minhas promessas!
AMANDA: Ótimo, eu espero que você tenha muita sorte, pois em breve eu também
irei desaparecer antes que alguém queira se meter comigo. (Responde ao entregar
a taça a André). – Um brinde a nossa parceria! (Diz ao erguer a outra taça).
ANDRÉ: (Segura a taça sorridente e não desconfia do que Amanda aprontara) Um
brinde, minha cara! (Diz ao brindar e beber um grande gole da bebida). – Bem,
agora que brindamos, eu tenho que passar no escritório para pegar alguns
documentos e desaparecer. Agora é cada um por si, boa sorte! (Diz ao pegar a
maleta e ir embora em seguida)
AMANDA: (Acena para André enquanto o observa caminhar até a porta e sair) Boa
sorte mesmo, porque você vai precisar no inferno. (Começa a rir e em seguida
bebe todo o vinho em sua taça de uma só vez. Em seguida ela pega a garrafa que
havia escondido e se serve novamente).
Cena 16 – Escola
Ribeiro Alves [Externa/Manhã]
Música da cena: Seu
Lugar – Lucas Mennezes
(Imagens externas apresentam a cidade
de São Paulo. Em seguida, surge um ônibus que para em um ponto, quando as
portas se abrem, Cristina desce e caminha pela rua).
CRISTINA: (Atravessa a rua e sobe na calçada. Ao subir na calçada, ela percebe
que chegou na hora do intervalo no colégio e se aproxima das grades para
observar os alunos, até avistar Caio) Caio, Caio! (Grita).
CAIO: (Para de conversar com os amigos ao ouvir alguém chamar e se vira,
percebendo que se trata de Cristina).
CRISTINA: Vem cá, eu preciso falar com você! (Grita escondendo a barriga com o
casaco e a bolsa, para que o menino não note sua barriga).
Cena 17 – Castro
& Rios – Advogados Associados [Interna/Tarde]
Música da cena: Não
Sai da Minha Cabeça – Flávio Ferrari, Gabriel Nandes
(Imagens aéreas percorrem toda a
cidade de São Paulo. As ruas seguem movimentadas, quando surge a fachada do
escritório de Ulisses e André. Com a amizade cada dia mais estremecida, Ulisses
havia decidido que iria romper a sociedade com André e por isso havia passado
no escritório para recolher os seus pertences).
SECRETÁRIA: É realmente uma pena que o senhor decidiu ir embora. Fará muita falta,
de verdade! (Disse enquanto observava Ulisses esvaziar as gavetas).
ULISSES: É realmente triste pensar que eu construí toda a minha carreira até
então aqui, nesse escritório. Entretanto, vão-se os anéis, mas ficam os dedos.
Eu vou me restabelecer em carreira solo e quem sabe, se você estiver
interessada, eu posso te buscar. Afinal, não encontramos uma secretária
competente como você em todo lugar.
SECRETÁRIA: Eu bem que vou, Ulisses. O André não trata ninguém bem, imagina agora
como sócio majoritário... Isso aqui vai ser um inferno!
(De repente,
ouve-se um barulho de coisas caindo).
ULISSES: Que barulho é esse? (Estranha).
SECRETÁRIA: Eu também ouvi, será que é ladrão?
ULISSES: Eu acho que não, esse bairro é muito seguro. De qualquer forma, eu vou
ver o que é. (Responde ao sair do escritório).
(Ulisses vai até a
recepção, enquanto a secretária o segue. Ao chegar no local, ele se depara com
André se escorando pelas paredes).
ULISSES: André? O que deu em você?
ANDRÉ: (Vira-se para Ulisses com a pele pálida, a respiração ofegante e
transpirando muito) Me ajuda, eu estou morrendo... A desgraçada, a vagabunda me
envenenou... A Amanda me envenenou! (Dispara).
ULISSES: (Surpreende-se).
CONTINUA!
Obrigado pelo seu comentário!