CAPÍTULO 11
Uma novela de Crisley
Personagens deste capítulo (ordem de aparição):
Chris
Danilo
Carminha
André
Sara
Maria
Bruno
Eli
Caio
CENA 1: SALA DE LÍDERES/ INT./ MANHÃ
(Continuação do capítulo anterior)
Chris e Danilo estão ali na sala. Carminha entra na sala.
CHRIS — Diretora, cadê o Caio?
CARMINHA — Como “cadê o Caio”? Vocês trabalham juntos e você não sabe onde tá ele?
CHRIS — Eu não sei. Vim aqui procurar e ele não tá aqui.
CARMINHA — Ele não veio pra escola.
CHRIS — Por quê?
CARMINHA — Ele tá em casa, né.
CHRIS — Sim, mas por quê?
CARMINHA — Porque ele tá passando mal. (falando para Danilo) Agora, anda, Danilo, vai ajudar o André. Tá na hora. Vamos.
DANILO — (para Chris) Até depois! (para Carminha) Calma, diretora! Euem!
Carminha e Danilo saem dali. Chris fica triste. Chris apanha o celular e olha a localização. Ele começa a ver as ruas que vai entrar.
CHRIS — (falando sozinho) Eu vou na casa do Caio hoje. E eu vou cuidar dele.
Sai da sala sorridente.
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CENA 2: DIRETORIA/ INT./ MANHÃ
Carminha assina uns papeis. Chris entra na sala de uma vez só.
CARMINHA — Ei, ei, ei. Não leu lá fora?
CHRIS — O quê?
CARMINHA — Tem que dar uma batida na porta e, só depois entrar.
CHRIS — Desculpa.
CARMINHA — Tá desculpado. Da próxima vez, bate antes de entrar.
CHRIS — Uhum. Eu posso sair mais cedo hoje?
CARMINHA — Mas é claro que não.
CHRIS — Por favor! Eu queria muito falar sobre as coisas da escola com o Caio. Como ele tá doente, eu iria na casa dele, sabe?
CARMINHA — Bom, se é assim... Depois do almoço você sai.
CHRIS — Valeu!
CARMINHA — “Valeu” não. “Obrigado”.
CHRIS — Obrigado. Fui!
Chris sai dali sorridente.
CARMINHA — “Fui”... De onde esse povo tira isso, meu Deus do céu?
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CENA 3: BIBLIOTECA/ INT./ MANHÃ
Sozinhos na biblioteca, Danilo ajuda André. André larga a caneta.
DANILO — Que foi?
ANDRÉ — Isso não vai te prejudicar?
DANILO — O quê? Te ajudar?
ANDRÉ — É. Você sempre tá me ajudando e fica menos tempo na sala.
DANILO — Pode mais te prejudicar do que eu. Vou ganhar nota por isso.
ANDRÉ — Ah...
DANILO — Até lá, a gente alcança o pessoal. Mas tem que fazer tudo rápido. Eu espero que cê aprenda rapidinho isso aí.
ANDRÉ — Eu tô aprendendo.
DANILO — Tem que aprender mesmo, até porque o professor é um saco.
ANDRÉ — Eu não achei o professor tão chato assim. Ele só não tem muita paciência, eu acho.
DANILO — É novo aqui, por isso. Espera só até ele ficar mais emburrado.
ANDRÉ — Eu acho que seria muito melhor se você me ensinasse fora do horário de aula?
DANILO — Tá maluco? Bora! Bora continuar.
Eles continuam com as atividades. André tira da mochila uma garrafa com suco.
DANILO — Eu também quero.
ANDRÉ — Toma primeiro.
DANILO — Toma você primeiro.
ANDRÉ — Toma você primeiro, porque você tá me ajudando muito.
DANILO — Ok.
Danilo pega a garrafa e bebe um pouco. Ele dá a garrafa para André, que bebe também. André deixa a garrafa aberta na mesa e, ao pegar a caneta, ele derruba a garrafa em Danilo.
DANILO — (grita) André!
ANDRÉ — Desculpa.
DANILO — (levantando-se) Olha meu uniforme! Será que vai manchar?
ANDRÉ — Tem que passar água.
DANILO — (tira a camisa) Eu vou no banheiro passar uma água nessa camisa, então.
André fica olhando para o corpo de Danilo. Danilo sai da biblioteca.
ANDRÉ — (para si mesmo) Ele já é bonito e ainda tem o corpo muito bonito... Ele é perfeito! (sorri feito bobo)
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CENA 4: BANHEIRO MASCULINO/ INT./ MANHÃ
Chris está lavando as mãos. Danilo entra no banheiro e começa a molhar e esfregar a camisa.
CHRIS — Que deu aí?
DANILO — Suco.
CHRIS — Cê também, hein.
DANILO — Não fui eu.
CHRIS — Foi quem, então?
DANILO — O André derrubou sem querer.
CHRIS — E aí cê ficou pelado pela escola?
DANILO — Pelado? Que exagero!
CHRIS — Não precisa lavar o uniforme todo, não. Só uma parte. Quer ver? (pega a camisa de Danilo e começa a esfregar só em um lugar) Viu?
DANILO — Vi. (coloca a camisa)
CHRIS — Depois me manda uma foto do teu caderno?
DANILO — Por quê? Vai ficar andando pela escola de novo?
CHRIS — Não. Eu vou ir ver o Caio.
DANILO — Hum... Tá de namorico com ele, tá, é, lindão?
CHRIS — Claro que não, seu otário! Ele tá doente, esqueceu?
DANILO — E cê vai visitar ele pra quê?
CHRIS — Cê sabe o porquê e se faz de burro. A gente trabalha junto.
DANILO — Uhum. Quero ver até onde isso vai dar.
CHRIS — Vou te quebrar, hein.
DANILO — Ouviu?
CHRIS — Não. O que foi?
DANILO — O André me chamou. Tchau! (sai do banheiro)
CHRIS — Mas eu... não ouvi nada.
Chris sai do banheiro.
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CENA 5: CORREDORES/ INT./ MANHÃ
Sara e Maria estão encostadas na parede conversando.
SARA — (olha o celular e o guarda em seguida) O Caio nem pra mandar uma mensagem.
MARIA — Não te respondeu?
SARA — Nada. Não falou nem um bom dia pra mim. A mensagem tá chegando, mas ele nem lê.
MARIA — Que estranho. Vai ver aconteceu alguma coisa, né?
SARA — Já tem uns dias que ele tá estranho comigo.
MARIA — Eu acho que ele só tá de cabeça cheia. Aqui na escola ele tem muita responsabilidade. Deve ser isso. Não se preocupa.
SARA — É... Pode ser.
Chris chega ali.
CHRIS — Ei, meninas.
MARIA — Ei, Chris! Como você tá hoje?
CHRIS — Bem. (para Sara) Cê viu se o Caio tá muito mal?
SARA — Como assim?
CHRIS — Como assim o quê? Eu quero saber se ele tá muito mal ou se ele tá só mal. Se ele tiver só mal, é melhor, mas agora se ele tiver muito mal, aí o negócio é feio.
SARA — Do que cê tá falando?
CHRIS — Ué? Cê não sabe? O Caio não te disse?
SARA — Não. O que houve?
CHRIS — Ele tá doente.
SARA — (assustada) O quê!?
CHRIS — É... Eu vou indo.
Chris sai dali. Sara abraça Maria.
SARA — Maria...
MARIA — Tá tudo bem. Ele vai ficar bem. O Chris deve ter exagerado também.
SARA — Você não percebeu nada?
MARIA — Mas como eu iria perceber alguma coisa?
SARA — O que eu quero dizer é que o Caio contou que tá doente pro Chris e não contou pra mim.
Maria olha para baixo, sem jeito.
MARIA — (abraçando Sara novamente) Tá tudo bem...
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CENA 6: SALA B/ INT./ MANHÃ
Bruno entra na sala. Poucos alunos estão ali copiando atividade. Bruno se senta ao lado de Eli.
BRUNO — Pensei que cê tinha até saído daqui.
ELI — Tem coisa pra eu fazer ainda.
BRUNO — Tanta coisa que até disse pro Danilo que eu gosto de uma pessoa.
ELI — (olhando bem devagar para Bruno) Desculpa... Foi sem querer.
BRUNO — Será mesmo? Ou você tá querendo que eu diga de quem eu gosto?
ELI — Isso eu tô mesmo. Mas eu não contei por querer. Eu juro.
BRUNO — Não precisa jurar.
ELI — Ok. Desculpa mesmo.
BRUNO — Ok, ok. (sem graça) Eli, cê sabe que eu gosto de alguém, então poderia me dizer uma coisa?
ELI — Euem... Que foi?
BRUNO — O que eu posso dar de presente pra essa pessoa que eu gosto?
ELI — (rindo) Como assim, cara!? Cê tá pedindo conselho pra mim?
BRUNO — Não precisa espalhar isso também. Eu quero dar de presente uma coisa muito legal pra essa pessoa. Mas eu não sei o que dar.
ELI — Você já pelo menos chegou nessa pessoa e disse que gosta dela?
BRUNO — Não. Eu quero dar uns presentes primeiro. Mas o primeiro presente que vai abrir caminho. Tem ideia do que eu posso dar?
ELI — Hum... Eu tenho um amigo, que tem um amigo, que tem um amigo, que tem um amigo...//
BRUNO — Tá, tá, já entendi. Tem uma pessoa.
ELI — É. Tem uma pessoa que, pra alegrar a menina que ele gostava, deu uma caixinha de biscoito de chocolate.
BRUNO — Nunca vi ninguém dando biscoito de presente, ainda mais pra quem a pessoa gosta.
ELI — Mas deu certo. A menina ficou boba. Ela gostou muito do presente.
BRUNO — E depois? O que aconteceu?
ELI — Ela comeu os biscoitos.
BRUNO — Não, sua besta! Depois disso, dela ter recebido esse presente, ela ganhou mais alguma coisa desse cara?
ELI — Hum... Ele deu um canivete pra ela.
BRUNO — (arregala os olhos) Um canivete!?
ELI — É. Ela gostava muito desse tipo de arma. Aí ele deu um canivete pra ela.
BRUNO — Eu não vou dar um canivete pra el...// pra essa pessoa.
ELI — Eu daria tudo pra saber quem é...
BRUNO — Sua mesada toda e eu conto.
ELI — Minha mesada? Hum... Minha mesada é 5 reais.
BRUNO — Eu sei quanto é sua mesada e é pelo menos mais uns 3 zeros depois desse número aí.
ELI — Ah...
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CENA 7: CASA DE CAIO/ EXT./ FIM DE TARDE
Chris para com a bicicleta em frente à casa de Caio. Ele toca o interfone. Ele olha para uma microcâmera. O portão abre e ele entra.
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CENA 8: CASA DE CAIO/ QUARTO/ INT./ FIM DE TARDE
Caio está deitado e todo coberto. Ele escuta batidas à porta.
CAIO — Pode entrar.
Chris entra no quarto e Caio se senta na cama, sorrindo.
CAIO — Chris!
CHRIS — Eu mesmo.
CAIO — Você veio!
CHRIS — Vim.
CAIO — Eu tô feliz por cê ter vindo.
Chris fica todo sem graça. Caio sorri.
FIM DO CAPÍTULO
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