A Luz nas Trevas - Segundo Episódio
GANCHO ANTERIOR
"Rodrigo havia roubado moedas de ouro e colocado na mochila de Bento, mas Bento descobriu tudo e agora os dois estão frente a frente."
Cena 01 Rua/ Dia
Os dois jovens estão frente a frente. Rodrigo está trêmulo e Bento sério e com firmeza.
BENTO - Por que você fez aquilo?
RODRIGO - Mas eu fiz o quê?
BENTO - Você sabe muito bem, Rodrigo.
Há um tempo em silêncio.
BENTO - Qual a sua intenção? Independente de sua intenção, eu te perdou.
RODRIGO (enfurecido) - Eu já cansei dessa chatisse de você fingir ser esse santinho toda hora, aposto que você deve querer se vingar de mim logo logo.
BENTO (chocado) - Não...
RODRIGO - Por sua culpa, a Marina não quer ficar comigo! Por sua culpa!
BENTO - Minha culpa? Mas eu não fiz e nem falei nada.
RODRIGO - Era tão bom se aquele idiota do José tivesse achado essas moedas em sua mochila e você ter sido envergonhado em frente a todas aquelas pessoas.
BENTO - Mas eu estou do lado da verdade e por mais que demorasse que ela de chegar em minha vida, no dia em que ela aparecesse, você seria tão envergonhado cem vezes a mais que eu, já que todos me veriam como a vítima e você sendo o ladrão, além da cadeia que você poderia pegar. Você culpa as pessoas alheias de seus problemas, causados por você mesmo. Mas eu te perdou e mesmo que você fizesse isso novamente, eu te perdoaria. Agora preciso ir, não posso demorar a entregar o que não é meu.
Bento sai andando, Rodrigo se enfurece e começa a se debater contra uma árvore que está atrás dele.
Corta para/
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Cena 02 Mercadinho/ Interior/ Dia
Bento e José estão sentados em uma mesa e José conta as moedas.
JOSÉ - Estão todas aqui. Oh, Bento, muito obrigado por me entregar essas moedas, porque esse dinheiro já é para pagar os impostos do rei.
BENTO - Não precisa me agradecer.
JOSÉ - Que estranho isso de alguém ter colocado esse dinheiro em sua mochila, hein? Deviam querendo te incriminar.
BENTO - Olha, seu José, a melhor maneira de lidarmos com caso assim é não julgar e nem pensar nada de errado.
JOSÉ - Você tem razão.
BENTO - Agora preciso ir, tenho uma coleção de pedras para limpar.
Enquanto Bento saia, José foi guardar as moedas. No momento, Rodrigo entra no local.
JOSÉ - Oh Rodrigo, nem te conto sobre o caso das moedas...
RODRIGO - Não acredite em nada em que aquele ladrão te contou.
JOSÉ - Mas ele...
RODRIGO - Eu juro que não roubei nada... eu juro! Que ódio que tenho daquele safado! Ai se eu pudesse...
José começa a desconfiar que foi Rodrigo que pegou as moedas.
JOSÉ - Eu sei... agora vai embora, não tenho tempo pra escutar suas reclamações não.
RODRIGO - Mas...
JOSÉ - Vá logo, garoto.
Rodrigo sai do mercadinho e José fica olhando para ele sair.
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É visto a pequena capela da cidade: simples mas acolhedora. A igreja é baixa e tem apenas uma torre. No alto da torre tem uma cruz e alguns ninhos de pássaros. Em frente a igreja tem uma grande praça, cheia de plantas e flores.
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Cena 03 Igreja/ Interior/ Dia
Bento está na igreja rezando em frente a uma imagem de Jesus Cristo. Um monge aproxima, o jovem percebe e da uma olhada.
BENTO - Boa tarde.
Vergílio - Boa tarde, meu bom rapaz. Paz e bem, que o nosso Jesus Cristo te abençoe.
BENTO (da um sorriso) - Muito obrigado e que ele também te abençoe.
VERGÍLIO - Meu rapaz, eu sinto em meu coração que você é uma das pessoas que pode transformar a santa igreja.
BENTO (surpreso) - Eu? Mas sou apenas um simples jovem do interior...
VERGÍLIO - Meu rapaz... meu nome é Vergílio e eu vejo que você pode fazer isso. Você é simples e o reino do nosso Senhor Jesus Cristo precisa disso... - aponta para a imagem de Jesus na cruz - ... veja bem: Jesus nasceu, viveu e morreu na simplicidade. Ele saiu de uma família pobre e não da família mais rica de Israel. Eu sei que seu nome é Bento e Nosso Senhor quer você no exército dele.
BENTO (surpreso) - Meu Deus... o quê? Como você sabe meu nome? Como assim você pensa isso de mim?
VIRGÍLIO - Oh rapaz... sou apenas um simples monge que conhece os corações... eu sei que você está em dúvida em seguir uma vida religiosa, uma vida regrada e fiel a Deus. O que de fato você quer saber?
BENTO - Muitas coisas...
VIRGÍLIO - Irei tirar todas suas dúvidas, pode perguntar o que quiser.
Os dois continuam a conversar, a imagem vão se afastando.
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Cena 04 Praça da cidade/ Dia
João e Marina estão sentados no banco da praça. João se levanta, vai até um grande eucalipto, respira fundo e vai até Marina.
JOÃO - Marina... preciso muito falar com você...
MARINA (estranhando) - Diz, por favor... estou a todos ouvidos.
JOÃO - Desde que conheci você que sinto algo por você... é algo inexplicável... é amor... eu sei que você não está mais com o Rodrigo e agora tenho esperanças para ter você ao meu lado até o último dia de minhas vidas...
MARINA - Olha, João... eu sempre gostei de você... sempre te achei incrível como pessoa mas eu não gosto de você como... um amor de namoro ou coisa séria. Gosto de você como amigo e só isso.
JOÃO (entristece) - Te entendo... mil perdões por estar aqui te aborrecendo com palavras que você não queria ouvir...
MARINA (Se levanta e se aproxima de João) - Ei, não precisa se desculpar... você é um cara muito bonito e sei que vai encontrar alguém que te ame da mesma intensidade que você ama... - Ela da um beijo na testa dele -... vamos continuar sendo amigos, ok?
JOÃO (ri) - Vamos então.
Os dois se abraçam. De longe, é focado em Rodrigo observando tudo.
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É mostrado o horizonte entardecendo com pássaros e o vento batendo nas árvores, até escurecer e a Lua reinar nos céus.
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Cena 05 Casa de Rafael/ Interior/ Noite
Os três amigos estão jantando.
RAFAEL (rindo) - Ainda estou chocado que a Marina não te quis.
JOÃO - Ela só quer minha amizade, e entre uma frase e outra... eu pego ela (risos).
BENTO (rindo) - Que safados. Mas mudando de assunto, eu tenho uma notícia para falar com vocês. É algo muito importante em minha vida...
JOÃO/RAFAEL (surpresos) - O quê?
BENTO - Eu vou ser tipo um eremita.
João e Rafael ficam chocados com a revelação, a imagem congela no rosto de Bento.
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