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Maré Alta - Estreia

 





MARÉ ALTA 

CAPÍTULO 1 [GRANDE ESTRÉIA]


Criada e escrita por: Luan Maciel 

Produção Executiva: Ranable Webs



PORTO DA AREIA, CEARÁ.


CENA 01. PORTO DA AREIA. VISTA GERAL. EXT. AMANHECER 

A tela está escura. Aos poucos a imagem vai clareando com o nascer do sol. Em plano aberto a câmera mostra vários pescadores jogando suas redes ao mar. Corte rápido para um barco que está atracado no porto. Logo depois vários homens vão retirando várias redes repletas de peixes. 

TRILHA SONORA: https://youtu.be/dJMLhGNdZMk?si=LkYas0Zk6vcg4DWX 

A trilha sonora está no comando da cena. Várias pessoas que estão no mar ou na praia olham para o céu e veem um helicóptero que passa sobrevoando de uma forma muito rápida.

CORTA RÁPIDO/


PORTO DA AREIA, 1999.


CENA 02. CASEBRE. EXTERIOR. NOITE

Em plano aberto vemos que o fogo está consumindo um pequeno casebre. Do lado de fora está um menino de uns 10 anos de idade que grita desesperadamente enquanto o casebre vai sendo destruído pelo fogo que é incontrolável. O pequeno garoto cai de joelhos no chão vendo a terrível tragédia que acaba de acontecer. A câmera vai se afastando mostrando a destruição total do casebre enquanto o fogo vai consumindo tudo que encontra pela frente. A câmera agora fica em uma mulher que está parada atrás do garoto. Ela toca em seus ombros e lhe estende as mãos. O garoto segura bem firme as mãos da mulher e depois de alguns instantes eles vão embora enquanto a câmera gira e continua focando na destruição provocada pelo fogo.

FUNDE PARA/


RIO DE JANEIRO, HORAS ANTES.


CENA 03. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. MANHà

Um homem está deitado sobre a cama do hotel e ele parece estar bastante agitado. Tempo. Depois de alguns segundos o homem acorda em total desespero demonstrando que a cena anterior não passou de um sonho ou um pesadelo. O homem em questão se trata de CASSIANO (Rômulo Estrela) que está visivelmente abalado com o sonho que ele teve. Ele fica sentado na beira da cama e vira o seu rosto, e ele percebe que FÁTIMA (Eliane Giardini) o está observando sentada em um poltrona ao lado de sua cama. Cassiano a encara.


Cassiano — Há quanto tempo você está aí?

Fátima — Você teve aquele sonho de novo, Cassiano? Não adianta mentir para mim. (P) Você precisa esquecer isso.

Cassiano — (sério) Esquecer? Isso jamais vai acontecer. Eu perdi tudo que eu tinha naquele incêndio. A minha mãe morreu por culpa da ganância do Gregório Assunção. Ele precisa pagar.

Fátima  — E o que você está pensando em fazer, Cassiano? O Gregório Assunção é intocável. Você não pode fazer absolutamente nada . 


Cassiano se levanta. Ele fica na frente de Fátima.


Cassiano — Eu devo deixar para lá a morte da minha mãe? Já se passaram 25 anos, mas eu não consigo esquecer. Essa é uma dor que nunca vai cicatrizar.

Fátima — (lamentando) Isso é tudo culpa minha. Eu nunca fui capaz de fazer você esquecer isso. Eu falhei com você.

Cassiano — Eu sei que você vai ser contra, Fátima. Mas eu tenho que voltar para Porto da Areia. O Gregório Assunção merece ser preso pelo o que ele fez.

Fátima — Isso não é justiça. É vingança. 


Cassiano fica mais sério. Fátima o observa aflita.


Cassiano — Provavelmente você está certa, Fátima. Mas isso é uma coisa que eu tenho que fazer. E nem você vai conseguir me impedir.


Cassiano sai do quarto. A câmera fica no desespero estampado no olhar de Fátima que fica sem o que fazer. 

CORTA PARA/


PORTO DA AREIA, CEARÁ.


CENA 04. PORTO DA AREIA. DUNAS. EXTERIOR. MANHà

Em plano aberto vemos toda a dimensão da beleza das dunas e da cidade de Porto da Areia. O céu está limpo e o sol brilha cada vez mais forte nessa exuberante cidade. A câmera vai girando e podemos ver um jipe que vem se aproximando em alta velocidade das dunas escaldantes. Tempo. Em um corte rápido a câmera mostra que dentro do jipe está LÍVIA (Isadora Cruz) que para o jipe no ponto mais alto das dunas. Ela desce do jipe e olha para a dimensão de tudo que está ao seu redor. 


Lívia — Como alguém pode olhar para essa beleza exuberante e não sentir uma paz gratificante? O que eu preciso fazer mesmo é dar um mergulho nesse mar. É isso mesmo o que vou fazer. 


De forma mais ampla a câmera mostra toda a dimensão das dunas de Porto da Areia. A câmera volta a focar em Lívia que sai correndo pelas dunas de maneira apressada. Logo depois ela dá um mergulho nas águas quentes do riacho. Enquanto Lívia está se esbaldando nas águas quentes do riacho, um outro jipe chega até as dunas e alguém misterioso fica observando Lívia que nem percebe o que está acontecendo.

CORTA PARA/


CENA 05. GRUPO “PESCADOS MARÍTIMOS”. SALA DE TOM. INTERIOR. MANHà

As janelas e cortinas da sala estão totalmente fechadas. Sentado em uma poltrona perto da janela está TOM (Emílio Dantas) e em seu colo está sua secretária e eles se beijam com muita volúpia. A secretária se levanta do colo de Tom e fica se recompondo depois da troca de carícias entre eles. Tom fica sorrindo maliciosamente. 


Secretária — Se a sua noiva sonhar que você está fazendo isso ela acaba tudo com você, Tom. Ela é mesmo uma idoota em acreditar em você.

Tom — E quem disse que a Lívia precisa ficar sabendo disso? Esse será o nosso segredo. E você pode se dar muito bem aqui comigo. 


A secretária sorri. Tom se aproxima da secretária e a beija com volúpia. Eles ouvem uma batida na porta e disfarçam. Logo depois GREGÓRIO ASSUNÇÃO (Gracindo Júnior) entra na sala totalmente fora de si. A secretária sai da sala deixando Gregório e Tom sozinhos.

Gregório — Você pode me explicar porque não conseguiu dar conta daquela manifestação dos pescadores contra mim, Tom? Isso vai ser muito ruim para o que eu estou pretendendo fazer. 

Tom — O problema não são os pescadores em si, Gregório. O problema é a liderança que o Sandoval exerce sobre os pescadores. Isso aínda pode acabar com o monopólio dos pescados que vem até nós.

Gregório — Não é de hoje que aquele infeliz do Sandoval vem tentando me desmoralizar diante de toda a cidade. Mas isso vai acabar. Eu vou destruir com a reputação do Sandoval. Vá até a vila dos pescadores e compre o silêncio dele.

Tom — (cínico) Eu não sei porque você perde tempo com esse tipo de gente, Gregório. Você só vai estar perdendo dinheiro com quem não merece.


GREGÓRIO olha friamente para TOM. 


Gregório — Você parece que ainda não entendeu, Tom. Eu não estou pedindo a sua opinião. Isso é uma ordem. 

Tom — (com raiva) Está tudo bem, Gregório. Eu vou hoje até aquela vila de pescadores. Mas você sabe muito bem como isso vai acabar. 

Gregório — É assim que eu gosto. 


GREGÓRIO sai da sala de TOM. A câmera fica no olhar de ódio do vilão. Ele não esconde o desprezo que está sentindo. Ele.oega uma garrafa de água sobre a mesa e joga com raiva na parede.

CORTA PARA/


CENA 06. VILA DE PESCADORES. EXTERIOR. MANHà

Plano geral da cena. Vários pescadores estão reunidos na entrada da vila. No meio de todos eles está SANDOVAL (Eduardo Moscovis) que é visivelmente o líder dos pescadores que ali estão. Os pescadores começam a ficar impacientes e alvoroçados. Quem também está no meio de todos é FRANCHICO que tenta acalmar todos, mas sem sucesso. 


Pescador 1 — Até quando essa situação vai perdurar, Sandoval? Não é justo que o Gregório Assunção fique com o lucro de todo o nosso trabalho. Alguém precisa fazer alguma coisa. 

Pescador 2 — É isso mesmo, Sandoval. Nós estamos cansados de ter migalhas. 

Sandoval — Eu posso imaginar o que vocês devem estar imaginando. Mas eu preciso que vocês acreditem em mim. Eu vou resolver essa situação. 

Pescador 1 — E você tem como fazer isso, Sandoval? As nossas famílias estão passando fome. Isso precisa acabar.


Os pescadores vão ficando cada vez mais nervosos. FRANCHICO fica entre SANDOVAL e os pescadores que estão totalmente fora de controle. 

Franchico — Eu sei que a situação está difícil para todos nós. Mas não podemos perder a razão. Devemos nos unir.

Sandoval — O Franchico está com a razão. Nós temos um inimigo em comum. Não podemos ficar brigando entre si.

Pescador 1 — E o que vocês estão pensando em fazer? Não vai adiantar nada ir para o mar todas as noites se o Gregório Assunção continuar tendo o monopólio dos pescados da região. Isso precisa acabar.


SANDOVAL e FRANCHICO se olham em silêncio. 


Sandoval — Eu prometo a todos vocês que eu vou resolver essa situação. (P) Tudo o que nós pescamos é nosso por direito. Nenhum empresário ganancioso vai ficar com que é nosso. 


Os pescadores ficam animados com o discurso de SANDOVAL. O único preocupado é FRANCHICO. 

CORTA PARA/


RIO DE JANEIRO, HORAS DEPOIS.


CENA 07. HELIPONTO. EXTERIOR. DIA

Um helicóptero está parado prestes a levantar voo. Dentro do helicóptero está CASSIANO que está perdido em seus pensamentos. A câmera gira e vemos FÁTIMA correndo em direção ao helicóptero. O piloto abre a porta do helicóptero deixando CASSIANO totalmente sem reação.


Cassiano — (surpreso) O que você veio fazer aqui, Fátima? Eu te disse que você não vai me impedir de fazer justiça. 

Fátima — Eu sei muito bem disso, Cassiano. Eu te conheço como a palma da minha mão. Não se esqueça de quem te criou.

Cassiano — Eu te conheço muito bem, Fátima. Eu sei bem o que está tentando fazer. 

Fátima — Se você quer levar esse seu desejo de vingança até as últimas consequências, fique a vontade, Cassiano. Mas não me peça para ficar de braços cruzados enquanto eu vejo você arriscar a sua vida . 


Cassiano fica em silêncio. O piloto olha para eles. 


Piloto — (figurante) Podemos levantar vôo, senhor? Temos que ir logo se queremos chegar antes da noite cair. 

Cassiano — Pode levantar vôo. Eu tenho muito o que resolver em Porto da Areia. 

Fátima — Eu espero que você saiba o que está fazendo, Cassiano. O caminho que você está indo não tem volta.

Cassiano — Eu não pretendo me arrepender, Fátima. O Gregório Assunção matou a minha mãe. Ele precisa pagar. 


O semblante de CASSIANO muda. FÁTIMA olha para ele apreensiva. O helicóptero começa a voar.


Cassiano — (sério) Eu sei que você quer me proteger, Fátima. Mas isso é uma coisa que eu preciso fazer.

Fátima — Eu também acho que o Gregório deve pagar pela morte da sua mãe, Cassiano. Mas vingança não é o caminho. O que eu estou tentando fazer é impedir que você faça algo do qual possa se arrepender.

Cassiano — Não tem como conversar com você, Fátima. Você nunca vai conseguir me entender. Eu pensei que você mais do que ninguém iria tentar me compreender.


CASSIANO está muito sério. FÁTIMA fica aflita.

CORTA PARA/


PORTO DA AREIA, CEARÁ.


CENA 08. DUNAS. EXTERIOR. DIA

Plano geral da cena. A câmera mostra LÍVIA saindo do riacho que banha a cidade. Ela vai subindo as escaldantes dunas até que ela se surpreende ao ver o motorista de sua família. DIRCEU (José Augusto Branco) estica as mãos e entrega uma toalha para LÍVIA que o olha. 


Lívia — O que foi que aconteceu, Dirceu? O que você está fazendo aqui? Eu conheço esse seu olhar desde pequena. 

Dirceu — Você esqueceu que dia é hoje, Lívia? Hoje é a comemoração dos 40 anos do casamento dos seus avós. E você sabe muito como o seu avô vai reagir se você não aparecer na festa de mais à noite.

Lívia — Você tem toda a razão, Dirceu. O meu avô vai fazer um escândalo por causa disso. Eu já estou até vendo. 

Dirceu — Eu acho melhor você se vestir rápido, menina. Você sabe que o seu avô não gosta de ficar esperando. Eu vim para te levar até a mansão. 


LÍVIA se veste rapidamente. DIRCEU percebe que a nossa protagonista está muito pensativa. 


Dirceu — Eu estou te achando muito abatida, Lívia. Daqui há algumas semanas você vai se casar com o Tom. Você deveria estar radiante de felicidade. 

Lívia — (pensativa)Esse é o problema, Dirceu. Eu não sei se esse casamento deve acontecer. Eu estou em dúvida sobre os meus sentimentos. 

Dirceu — O seu avô nunca vai aceitar isso. 

Lívia — O meu avô não tem que aceitar nada, Dirceu. A vida é minha e eu escolho com quem eu vou me casar. Eu não amo o Tom. 


LÍVIA está muito decidida. DIRCEU segura em suas mãos. Eles trocam olhares fraternais. 


Dirceu — Você sabe que eu vou te apoiar em tudo que você decidir, menina. Mas tome cuidado. O seu avô não é de aceitar uma afronta desse tamanho sem fazer nada a respeito.

Lívia — Infelizmente eu sei disso, Dirceu. O meu avô sempre foi um homem difícil de lidar. Mas ele não vai me impedir de fazer o que eu acho que é certo.


LÍVIA olha para DIRCEU de um jeito fraternal. Logo depois entra em seu jipe e vai embora das dunas. DIRCEU entra no carro e vai seguindo LÍVIA.

CORTA PARA/


CENA 09. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA 

O ambiente está totalmente à meia luz. Uma mulher vem andando com muita classe e elegância. Ela pega uma fotografia de uma jovem que não sabemos ainda quem é. A mulher é ELEANOR (Renée de Vielmond) não consegue segurar a emoção de ver a foto de sua filha já falecida. 


Eleanor — (chorando) Como a vida é injusta, minha filha. Hoje fazem 25 anos que você se foi. Mas infelizmente eu continuo aqui. Eu queria estar com você. 


As lágrimas de ELEANOR caem sobre a foto de sua filha. A câmera gira e mostra GREGÓRIO entrando na mansão. Ela o olha com ressentimento. 


Gregório — (insensível) Eu não acredito que você está chorando de novo vendo a foto da nossa filha. Quando é que você vai superar isso, Eleanor? 

Eleanor — Você não pode estar falando sério, Gregório. Hoje fazem 25 anos que a nossa filha morreu. Será que você não tem um pingo de sensibilidade? 

Gregório — E você acha que eu não sei disso, mulher? Foi depois do nascimento da Lívia. Se não fosse por você, o Sandoval poderia estar preso.


ELEANOR enxuga as lágrimas. Ela enfrenta GREGÓRIO com muita coragem. Ele não gosta.

Eleanor — Como você pode ser tão desprezível assim, Gregório? Você é o único culpado do que aconteceu naquela noite. A nossa filha morreu por sua culpa. Essa é a verdade.

Gregório — Você quer falar  baixo, Eleanor?

Eleanor — Faça o que você quiser, Gregório. Eu cansei de fingir que tudo está bem. Você vai pagar pela morte da nossa filha. Isso eu prometo.


INSTRUMENTAL: https://youtu.be/-eu6NOKRPYU?si=PNI-An3k39vtfjpG


GREGÓRIO olha para ELEANOR com muita frieza. Ela sai deixando seu marido muito furioso. 

CORTA PARA/


CENA 10. VILA DOS PESCADORES. CASA DE SANDOVAL. INTERIOR. DIA

SANDOVAL está terminando de passar um café. Ele toma uma xícara de café. Podemos ouvir alguém bater na porta. SANDOVAL abre a porta e fica surpreso ao ver TOM parado em sua frente. O vilão entra na casa de SANDOVAL e o clima fica tenso.


Tom — Eu tenho uma proposta para te fazer Sandoval. Quanto você quer para deixar de incentivar os pescadores contra o Gregório? Pensa bem na sua resposta. Você finalmente pode sair dessa vida miserável..

Sandoval — (furioso) Como você tem coragem de vir até a minha casa e me oferecer isso? Eu não estou à venda. É melhor você ir embora da minha casa, Tom. 

Tom — Tem certeza que você quer comprar essa briga, Sandoval? Não tem como você enfrentar o Gregório e se sair ileso. O que eu estou te oferecendo é uma forma de sair de tudo isso o mais rápido possível. 

Sandoval — Você acha que eu não sei o porquê de você querer tanto que eu aceite esse dinheiro? Você não passa de um rato que fica se esgueirando em troca de algo que lhe convém. Suma da minha casa.


A câmera foca no olhar ameaçador de TOM. SANDOVAL o encara.


Tom — Eu te dei a chance de fazer a coisa certa, Sandoval. (P) Até quando você acha que o Gregório vai ter paciência com essa greve dos pescadores? Quem sai perdendo nessa história são vocês. 

Sandoval — Quem te vê falando assim até parece que está preocupado, não é mesmo, Tom? Você é apenas mais um lobo em pele de cordeiro. Essa sua falsa bondade não me engana.

Tom — Pense o que você quiser, Sandoval. 

Sandoval — Some da minha frente, Tom.


Sem pensar duas vezes, SANDOVAL pega TOM pelos braços e o leva até a porta. Ele empurra o vilão que fica muito contrariado. 


Tom — Você está cometendo um grande erro, Sandoval. Você não vai querer me ter como seu inimigo. Disso você pode ter certeza. 

Sandoval — (sério) Quando o assunto é o Gregório Assunção ou você eu nunca estou enganado. Agora vai embora. Eu não quero você aqui. 


SANDOVAL fecha a porta na cara de TOM. A câmera foca na cara de TOM que demonstra estar com muito ódio. 

CORTA PARA/


CENA 11. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. DIA

A câmera acompanha os passos de LÍVIA que vai adentrando na mansão. A câmera gira mostrando GREGÓRIO que está sentado em uma poltrona tomando um copo de whisky. Ele se levanta, coloca o copo de whisky na mesa e sem pensar duas vezes dá um tapa na cara de LÍVIA que fica totalmente sem reação. 


Lívia — Porque você fez isso? Qual o motivo disso? 

Gregório — E você ainda tem coragem de me perguntar. (P) É apenas o dia mais importante do ano e para você isso não significa absolutamente nada. Você está ficando cada vez mais igual a sua mãe. 

Lívia — Eu não sou a minha mãe. E além disso essa festa não é para comemorar os seus 40 anos de casamento com a minha avó. Tudo o que você quer é aparecer nas colunas sociais. Você vai negar que quer apenas publicidade? 

Gregório — Eu não te devo satisfações, garota. Eu espero que você esteja aqui quando os jornalistas estiverem me entrevistando. Você nem pense em me fazer uma desfeita, Lívia. 


LÍVIA olha com muita decepção para GREGÓRIO.


Lívia — (corajosa) Quem sabe eu não fique nessa festa e conte para os jornalistas que você é o responsável por estar jogando resíduos poluentes no meio ambiente de nossa cidade. É uma questão de tempo para você perder sua reputação.

Gregório — Eu te proíbo de fazer isso, Lívia. O Tom deveria ter dado um jeito nessa sua ousadia há muito tempo. Se você me prejudicar eu te deserdo. 

Lívia — Essa é a questão, Vô. Eu não amo o Tom. Esse casamento nunca vai acontecer. Não vai mesmo. 


GREGÓRIO fica possesso de raiva. LÍVIA o confronta sem medo. 


Gregório — (gritando) Você nem ouse fazer isso, Lívia. O que você está querendo? Acabar com a minha reputação? Eu não vou deixar você fazer isso. 

Lívia — Eu não sou obrigada a ouvir essas barbaridades. Eu nunca vou compactuar com esse teatro que você está armando. Tudo isso é somente para inflamar o seu ego. Eu espero que a minha avó faça a mesma coisa. 

Gregório — Não de as costas para mim. Eu estou avisando. 


LÍVIA sai da mansão sem olhar para trás. GREGÓRIO fica totalmente descontrolado. O ódio em seu olhar deixa isso muito bem clara. 

CORTA PARA/


PORTO DA AREIA, ENTARDECER.


CENA 12. HELIPONTO. EXTERIOR. TARDE

Um helicóptero está parado no heliponto. Na frente do helicóptero está CASSIANO que olha ao seu redor com um jeito bem diferente. FÁTIMA que está ao seu lado apenas fica observando o semblante de CASSIANO que é de certa forma muito enigmático.


Fátima — Finalmente você conseguiu, Cassiano. Você está em sua cidade natal. O que você vai fazer?

Cassiano — Primeiro eu vou sobrevoar essa cidade belíssima. Depois eu vou atrás do Gregório Assunção. Casa dia que ele fica livre é um martírio para mim. Ele precisa pagar pelo que fez. 

Fátima — Porque você não esquece esse desejo de vingança, meu filho? Isso não vai acabar bem. 

Cassiano — Nós já tivemos essa conversa, Fátima. Eu não vou desistir da minha vingança. Eu vou até o fim.


FÁTIMA segura as mãos de CASSIANO. Ele está irredutível.


Cassiano — Sabe de uma coisa, Fátima. Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim. Você me deu apoio e abrigo quando eu mais precisei. Mas isso não vai me fazer desistir da minha vingança. 

Fátima — Eu sei que você sofreu muito com a morte da sua mãe, Cassiano. Mas você precisa seguir em frente. Você sabe muito bem disso. 

Cassiano — E como eu posso seguir em frente? O homem que matou a minha mãe ainda está impune. Eu não posso ficar aqui parado. Isso não é justo. 


FÁTIMA fica totalmente sem palavras. 


Cassiano — É melhor você ficar aqui, Fátima. Eu tenho muita consideração por você. Mas eu não vou desistir. Eu sinto muito, mas é algo maior que eu. 


CASSIANO olha para FÁTIMA. Logo depois ele entra no helicóptero que levanta voo. A câmera foca no olhar preocupado de FÁTIMA.

CORTA PARA/


CENA 13. VILA DOS PESCADORES. CARRO. EXTERIOR. DIA

TOM vai se aproximando de seu carro que está longe da vila dos pescadores. Ele abre a porta do carro e entra. Corte contínuo para dentro do carro. Assim que TOM entra em seu carro ele fica surpreso ao ver uma mulher o olhando de um jeito bem sensual. Ela é ANA ROSA (Lucy Alves) que o beija ardentemente. TOM tenta afastar ANA ROSA que fica o encarando. 


Ana Rosa — (ardilosa) O que foi que aconteceu com você, Tom? Vai me dizer que você está negando fogo agora? Você nunca foi assim. Não vai dizer nada?

Tom — Eu não tenho tempo para isso, Ana Rosa. 

Ana Rosa — Eu não vou a lugar nenhum, Tom. E eu quero que você me conte o que está acontecendo. (P) Deixa eu adivinhar…. Você tentou subornar mais uma o Sandoval e ele te enxotou. Pode admitir. 

Tom — É melhor você não me provocar, Ana Rosa. Você não sabe do que eu sou capaz. Eu ainda vou tirar esse sorriso do seu rosto. Pode acreditar. 


TOM segura ANA ROSA pelo pescoço. Ela sorri cinicamente.


Ana Rosa — Safado! Você sabe do que eu gosto. Não é? 

Tom — Cachorra. É isso que você quer? Então vai ter. 


TOM solta o pescoço de ANA ROSA. Ela tira toda a sua roupa ficando apenas de calcinha e sutiã. Eles se beijam com muita volúpia. 


Ana Rosa — (sensual) Faz comigo o que você não faz com a tonta da sua noiva. Hoje eu tudo o que eu mereço. 



TOM não diz nada. Eles deixam o desejo falar mais alto. TOM e ANA ROSA transam de uma maneira intensa e sem limites. 

CORTA PARA/


CENA 14. PORTO DA AREIA. DUNAS. EXTERIOR. TARDE

O sol começa a desaparecer no horizonte. O jipe de LÍVIA vem se aproximando das dunas. Ela sai de dentro do jipe e parece estar muito abalada. Ela começa a andar pelas dunas e nem percebe que um carro está atrás de seu jipe. É DIRCEU que ao encontro de LÍVIA que o olha com uma certa tristeza. 


Lívia — (séria) O que você veio fazer aqui, Dirceu? Foi o meu avô que mandou você vir atrás de mim? 

Dirceu — É claro que não, minha menina. Eu vi o jeito que você saiu da mansão. Como você está? 

Lívia — E como você acha que eu poderia estar, Dirceu? O meu avô não passa de um narcisista. Ele só consegue pensar em si mesmo. 

Dirceu — O seu avô sempre foi assim, Lívia. Nada do que eu ou você digamos vai mudar isso. Mas eu estou vendo que tem alguma coisa te incomodando.


LÍVIA concorda. Nesse momento ela percebe que um helicóptero está sobrevoando e perdendo altura a cada segundo que se passa. 


Lívia — (impressionada) Você está vendo a mesma coisa que eu, Dirceu? Aquele helicóptero está caindo. Alguém precisa fazer alguma coisa.

Dirceu — O que você quer fazer, Lívia? Isso é arriscado. 

Lívia — Eu não tenho escolha, Dirceu. Se eu não fizer alguma coisa, pessoas inocentes irão morrer. Eu não posso ficar parada e não fazer nada. 


Sem pensar duas vezes, LÍVIA sai correndo em direção ao mar. DIRCEU fica parado sem acreditar na atitude de LÍVIA.

Dirceu — (gritando) Lívia!!!!!


A câmera mostra a nossa protagonista nadando em alto mar. O desespero de DIRCEU é perceptível em seu olhar.

CORTA PARA/


CENA 15. PORTO DA AREIA. ALTO MAR. HELICÓPTERO. EXTERIOR. TARDE 

O helicóptero vai perdendo altura muito rapidamente. O piloto tenta contornar a situação, mas ele não consegue. A câmera mostra que CASSIANO começa a perceber que tem algo de muito errado acontecendo. Quando ele percebe que o helicóptero vai cair ele fica em estado de choque. Ele olha para o piloto bem apreensível. 


Cassiano — Me diga o que está acontecendo. Esse helicóptero não pode estar caindo. Isso não está certo. Eu não posso morrer logo agora. 

Piloto — Eu não posso fazer nada. Nós vamos cair. 

Cassiano — Você não pode fazer isso. Nós iremos morrer. 


O piloto está irredutível. Cassiano tira seu cinto de segurança e ele vai para parte da frente do helicóptero. Ele e o piloto começam a brigar ferozmente pelo controle do helicóptero. 


Piloto  — O que você pensa que está fazendo? Tire as suas mãos daí. Você quer que a gente caia mais rápido? Eu não vou deixar isso acontecer. 

Cassiano — (apavorado) Eu não vou morrer só porque você está com medo. Me dê o controle desse helicóptero. É melhor você não complicar.

Piloto — Para com isso. Você vai matar nós dois. 

O helicóptero começa a balançar violentamente. O piloto bate na cabeça perdendo consciência. CASSIANO tenta salvar o helicóptero de uma queda certa, mas ele não consegue.


Cassiano — (desesperado) Eu não vou conseguir impedir essa queda. Eu vou acabar mergulhando nessas águas frias. Que Deus me ajude nesse momento. 


O olhar de CASSIANO é de total desespero. A câmera mostra em um plano aberto que o helicóptero vai caindo em alta velocidade no mar gelado de PORTO DA AREIA. Quando o helicóptero atinge a água um enorme estrondo pode ser ouvido. Em um corte rápido vemos LÍVIA se aproximando do helicóptero. Ela fica horrorizada com o que está vendo. Com muita dificuldade ela consegue abrir a porta do helicóptero. O corpo do PILOTO já sem vida cai no meio das águas. Logo depois LÍVIA olha para CASSIANO que está desmaiado. TRILHA SONORA: https://youtu.be/euli4uSE_G4?si=f2dWVW7UWQMka9kb 

A imagem congela em LÍVIA que fica olhando fixamente para CASSIANO. Sem que ela perceba o tanque de gasolina do helicóptero começa a vazar colocando tanto LÍVIA quanto CASSIANO em perigo. Aos poucos uma onda invade a tela dando efeito e encerrando o capítulo.











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