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A Razão de Amar - Capítulo 1 (reprise)

 

Capítulo 01

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares.                         

Madalena Correia

Branca Valares.                                             Otávio Correia

Eduardo Valadares.                                       Padre

Fausto Valadares.                                         Quitéria Valadares

Herculano                                                      Raul Fernandes

Jagunço Jacinto.                                            Venâncio Correia

Joaquim Valadares                                       Vera Fernandes              

Joana               

 

                                              

CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ NOITE

Letreiro mostra: 4 de junho de 2020.

Planos da cidade, sob a trilha de “Maracatu Atômico”, de Nação Zumbi. Uma senhora fazendo Crochê, sentada numa cadeira de balanço no terraço de sua casa. Um senhor vendendo pipoca na praça. Uma mulher debulhando feijão na frente de sua casa. As pessoas, carregando velas, ramos e flores, caminhando, em procissão pelas ruas da cidade, cantando cânticos religiosos. Fachada da igreja iluminada.

PADRE (off) – A história desta cidade se confunde com a história desta família que tanto presou pela sua riqueza material e espiritual. A sua fé por Deus era admirada por todos que aqui habitavam no início do século passado.

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CENA 02/ IGREJA/ INT./ NOITE

A câmera adentra a igreja acompanhando os fiéis que entram e se sentam. A câmera se volta para dois coroinhas que entram, em seguida. O primeiro, carregando o incensário e exalando fumaça. O segundo carrega consigo a imagem de Cecília Gomes Valadares. Ao fundo, um canto gregoriano. A imagem de Cecília Gomes Valadares foi deixada no Altar, para que todos pudessem ver.

PADRE – (Cont.) Estamos aqui esta noite para celebrar essa missa em memória de Cecília Gomes Valadares. Essa jovem que não está aqui entre nós em corpo, mas em alma. Todos aqui somos testemunha de seus milagres. (Segurando o cálice em suas mãos) Que a sua santidade fique eternamente marcada nesta cidade e que continue protegendo seus conterrâneos das mazelas! (Fez o gesto da cruz na imagem).

Close na imagem de Cecília.

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CENA 03/ FAZENDA VALADARES/ SALA/ INT./ DIA

Letreiro mostra: 1 de janeiro de 1906

O Coronel Afonso, Branca, Fausto, Tereza, Quitéria e Eduardo se sentam à mesa, enquanto Maria coloca as comidas sobre ela. Típico almoço de domingo, ainda sob as comemorações do ano novo que se iniciava.

AFONSO – Ano novo! Novos planos, novos rumos na nossa família, novas conquistas, novas vitórias! (Erguendo a taça de vinho para que todos na mesa brindem)

FAUSTO – Rumo a mais um passo

AFONSO (Feliz) – Sexta-feira eu tomo posse e consolido a nossa família como a mais poderosa da região e eu o homem mais poderoso.

BRANCA – Eu não gosto de política. (Pensativa) Pra falar a verdade, eu nunca me interessei. E quanto mais eu vou envelhecendo mais desinteressante acho isso que vocês tanto zelam. (Séria) E eu estou com um pressentimento muito ruim com relação a essa posse.

FAUSTO – Já fui vereador, presidente da câmara desta cidade duas vezes e nunca sofri nada. Nem atentado, nem nada. E olhe que não faltaram oportunidades!

QUITÉRIA – Eu também sentia bastante isso que você está sentindo. (Estendeu a mão à nora) É só relaxar! Eu já fui primeira-dama e sei o peso que é carregar isso nas costas. No lombo, melhor dizendo, no nosso jeito nordestino de falar (riu). Me lembro, como se fosse hoje, da posse de Joaquim. Que Deus o tenha!

CEL. AFONSO – Agora que os Alves Correia não terão paz! (Exaltado) A nossa briga começa para valer agora

EDUARDO – Painho, posso brincar com João? (Interrompendo a conversa dos adultos)

 AFONSO – Você está de castigo. Esqueceu?

EDUARDO – Mas, painho...

AFONSO – Não quero mais ouvir nenhum piu. (irritado). Você está me entendendo?

EDUARDO – Sim, senhor (Chateado)

Eduardo subiu, chateado, para o quarto.

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CENA 04/ PALMEIRÃO DO BREJO/ NOITE

Planos da cidade. O casal de namorados na praça. A criança andando de bicicleta em frente à igreja. Fachada da Fazenda da família Correia. Tocar a música “Correspondência”, de Ernesto Nazareth.

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CENA 05/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Madalena, sentada na poltrona, solitária e pensativa, não consegue conter a ansiedade e a decepção de ter que ficar sozinha a noite à espera do marido, Venâncio, que saiu ao amanhecer e não voltara até aquele momento.

MADALENA – Mais uma noite sozinha! (Esboçando raiva e indignação) Venâncio vai se ver comigo. Aquele traste! Certeza de que tem uma quenga na história! (Pega um jarro de vidro e o atira na parede). Ele acha que me conhece, mas não tem a mínima ideia do que eu sou capaz de fazer com ele. Por amor, uma mulher é capaz de tudo! Nenhum macho há de me enganar. (Reflexiva). Eu sinto faro de quenga de longe.

Otávio desce as escadas gritando.

OTÁVIO – Mainha, cadê painho?

MADALENA – Ele está resolvendo alguns problemas. (não querendo se alongar muito na conversa). Problemas de adultos. (olhando nos olhos do filho). Você é muito novo para entender os problemas da vida adulta. (beijou sua testa). Bora jantar!

Joana, a empregada, surge na sala.

JOANA – senhores, o jantar já  servindo! (Sorridente)

Madalena e Otávio vão à sala de jantar.

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CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

O Coronel Afonso estava sentado na companhia de Fausto. Os dois apreciam uma deliciosa cachaça, fumam charuto.

FAUSTO – Eita que eu acho que os Correia devem  se roendo de ódio (tomando goles da cachaça)

AFONSO – Mas eles ainda têm algo pra comemorar. (refletiu). Eles ocupam a presidência da câmara dos vereadores! (Enraivado) Mas eu, que não sou besta nem nada, já elaborei um plano e já pus em prática! (Sorridente)

FAUSTO – Eles devem ter algum ponto fraco(pensativo). Principalmente, Venâncio, que é o principal articulador daquela família e é o que ocupa o cargo de presidente da câmara dos vereadores.

AFONSO – Ele vem ganhando muito espaço no cenário político aqui da região. (fumando o charuto). E eu não vou mentir que isso me assusta! É por isso que eu chamei um dos meus Jagunço para fazer um servicinho secreto!

FAUSTO – Não precisa ser algo relacionado à política. Basta só um segredo escabroso e nada mais!

AFONSO – Eh! Acho que você tem razão.

Branca e Tereza descem as escadas, enquanto Coronel Afonso e Fausto continuam e se embebedar.

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CENA 07/ FAZENDA CORREIA/ EXT./ NOITE

Jagunço Jacinto espera Madalena sair, enquanto observar o buquê de flores que comprou para a ela. Em seguida, Madalena sai, vestida belamente. Os dois se beijam e se agarram.

JACINTO – Trouxe para você! (entregando o buquê a Madalena)

Eles continuam a se beijar e trocar carícias.

MADALENA – Como estava com saudades dos teus beijos... Como eu sinto saudades daquelas noites de amor quentes e fogosas...

Abraçados, entraram na fazenda.

Tocar durante toda a cena a música “Linda Flor”, com interpretação de Gal Costa

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CENA 08/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 12/ INT./ NOITE

O garçom entrega uma garrafa de Vinho a Venâncio, que recebe, vestido um short. Vera vestia uma lingerie preta. Os dois encheram as taças e beberam, enquanto aproveitavam aquele momento íntimo.

VENÂNCIO – Não consigo mais resistir aos teus encantos, benzinho!

VERA – Eu te amo!

VENÂNCIO – Nós ainda vamos ter muitos momentos como esse!

Eles bebem champanhe, enquanto se despem para mais um momento quente de amor.

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CENA 09/ QUARTO DE VEN. E MAD./ INT./ NOITE

Madalena e Jacinto estão deitados na cama troncando carícias, se beijando. O candeeiro ilumina todo o quarto.

MADALENA – Esta noite não poderia ter sido melhor...

JACINTO – Às vezes, eu fico pensando que nós poderíamos fugir pra você longe do barulho da cidade e viver em paz

Madalena adormecera, enquanto Jacinto, aproveitando-se daquele momento, foi ao guarda-roupa para acessar o cofre.

CENA 10/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE VEN. E MAD./ INT./ NOITE (FLASHBACK)

Jacinto, debaixo da cama, observa Venâncio acessando o cofre. Observando os movimentos feitos por Venâncio, ele consegue decorar a senha do cofre. Imóvel, ele tenta fazer o mínimo de barulho, para não chamar atenção de Venâncio.

A cena desaparece lentamente

CENA 11/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE VEN. E MAD/ INT./ NOITE

Continuação da cena 9 deste capítulo

Jacinto acessa o cofre. Ele consegue abrir na terceira tentativa. Retira de lá cinco cartas e bilhetes. Continua então a procurar algum dinheiro, documento ou algo que prove que Venâncio está desviando dinheiro da cidade ou que está armando algo contra Afonso. Por um momento, Madalena sussurrou na cama, fazendo Jacinto se assustar. Ele, então, colocou as cartas e os bilhetes no bolso. Não conseguindo fechar o cofre, ele fecha o guarda-roupa para despistar qualquer movimento.

JACINTO – Não era bem o que o Coronel queria, mas serve.

Jacinto abriu as cartas e leu, encostado na janela.

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CENA 12/ FAZENDA VALADARES/ MANHÃ

O sol surgiu cedo. Plano geral da fazenda. Pessoas trabalhando na roça, colhendo algodão. Fachada da fazenda. Tocar durante a cena a música “Asa Branca”, Dominguinhos (instrumental).

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CENA 13/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT / MANHÂ

O Coronel caminha pela sala, enquanto Rosa entra com a bandeja de café. Saindo, em seguida. Jacinto entra, enquanto o Coronel continua impaciente.

AFONSO – Como tão as coisas lá nos Correia?

JACINTO – Não consegui descobrir muita coisa não! (Retirando as cartas e bilhetes do bolso) Mas eu achei isso no cofre de lá. Venâncio tem uma amante!

Focar na expressão de surpresa do Coronel.



ABERTURA

CENA 14/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Continuação da última cena do bloco anterior. O Coronel, surpreso, questiona.

AFONSO – Venâncio tem uma amante? Não era bem essa informação que eu queria, mas acho que vai me ser útil.

JACINTO – Peço perdão por não achado o que senhor queria!

AFONSO – Mas você vai continuar infiltrado naquela família! (Ordenando) Nós temos que descobrir mais coisas!

JACINTO – Sim, senhor!

Jacinto cumprimenta o Coronel e sai. O Coronel Afonso abre as cartas e ler.

Cortar para:

CENA 15/ FAZENDA CORREIA/ INT./ MANHÃ

A cena começa na SALA

Madalena, fingindo dormir, na poltrona, observa Venâncio entrando e subindo devagar as escadas e observando se tinha alguém o observando.

MADALENA – Não me diga que você estava até agora câmara?

Venâncio se assusta.

VENÂNCIO – Eu... estava no restaurante do hotel... com meus... amigos (gaguejando). Ficou tarde e decidimos dormir por lá (coçando a cabeça de nervoso)

MADALENA – Quem é a quenga? (De braços cruzados esperando Venâncio responder) Tô esperando a resposta! Quem é a Quenga?

Venâncio desce as escadas esboçando indignação.

VENÂNCIO – Estão colocando miolos na sua cabecinha!

MADALENA – Você ainda não respondeu a minha pergunta

VENÂNCIO – não existe quenga nenhuma, meu amor! (Tentou beijá-la, que repreendeu)

MADALENA – Você acha que me engana? Eu sinto faro de quenga de longe (olhando nos olhos do marido). E você tá cheirando a perfume feminino!

VENÂNCIO – Eu só amo você, meu benzinho! (Cínico)

MADALENA – Se eu descobri que você anda se engraçando para uma qualquer...

VENÂNCIO – Eu vou para o quarto! (Bocejando) Não estou a fim de ficar escutando suas paranoias!

Venâncio sobe as escadas e vai para o quarto. Madalena o acompanha, ainda enraivada. A câmera caminha, como se os seguisse

A cena Continua no QUARTO

Venâncio entra no quarto, enquanto Madalena continua furiosa.

VENÂNCIO – Chega dessa palhaçada! (Gritando) Eu estou farto dessas suas acusações infundadas. Se quiser acreditar em mim, acredite! Mas também se não quiser acreditar em mim, não acredite! O problema é seu! (Olhando fixamente nos olhos de Madalena)

MADALENA – Pare de bancar a vítima ultrajada, que isso não combina com você! (Gritando) Se tem uma vítima nessa história, ela certamente não é você (o encarando)

Focar nos dois se encarando.

VENÂNCIO – Pra mim, chega! Aqui hoje eu não durmo!

Venâncio abre o guarda-roupa, pega algumas roupas e coloca numa mala pequena, sem perceber que o cofre está aberto. Sai do quarto, em seguida, batendo a porta. Otávio entra no quarto e vê a mãe chorando, sentada na cama.

OTÁVIO – O que foi que aconteceu, mainha?

MADALENA – Ah, meu filho, vem cá me dá um abraço. (O abraça, enquanto as lágrimas ainda caem de seus olhos) Você é a minha única razão de viver.

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CENA 16/ PALMEIRÃO DO BREJO/ NOITE

Letreiro mostra: Dois dias depois.

Planos da cidade. Pessoas conversando na praça. Pessoas entrando na igreja. Um rapaz vendendo balões nas ruas. Fachada do hotel Cassino.

Tocar a música “Drão”, de Gilberto Gil.

Corta para:

CENA 17/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 12/ INT/ NOITE

Venâncio abre a porta para que Raul e Herculano entrem. Eles sentem nas cadeiras. Venâncio os oferece charutos. Eles aceitam.

RAUL – (para Herculano) Eu e esse aqui (apontando para Venâncio) somos velhos amigos. Sempre nos ajudamos. Hoje, eu que tô fazendo esse favor a ele (sorrindo para Venâncio). Como eu disse a tu há alguns dias, nós precisamos de teu serviço para eliminar um homem que já vem nos atrapalhando há algum tempo. Na verdade, é ele e o irmão.

HERCULANO – Matar é comigo! Um tiro já é suficiente! (Riu) Quem são eles?

VENÂNCIO – Coronel Afonso Gomes Valadares e seu irmão!

HERCULANO – Que bela encomenda! Só faço se vocês me pagarem uma fortuna!

VENÂNCIO – Fique tranquilo que a sua parte já tá garantida (deu um aperto de mão em Herculano) Mas tu só vais receber se matá-los. Dê quantos tiros for necessário, desde que os matem!

HERCULANO – Pode confiar em mim (sorridente). Nunca errei nenhum tiro até hoje!

VENÂNCIO – Assim espero! (pega uma caixinha e abre) Essas são três balas são herança de meu avô e são com elas que eu quero que mate o Coronel e o irmão.

Corta para:

CENA 18/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

Aniversário da cidade. Dia da posse do prefeito.

Planos da cidade. Crianças jogando bola na rua. Carros passando pela cidade. Banda marcial parando pelas ruas tocando músicas alegres.

Corta para:

CENA 19/ PRAÇA / EXT./ MANHÃ

A população de Palmeirão do Brejo estava toda na praça. Os jagunços do Coronel fazem a segurança do local. Venâncio, ao lado da esposa e do filho, para manter as aparências, observa Herculano preparando-se para atirar.

AFONSO – Palmeironenses e Palmeironensas, eu prometo servir a esta cidade com ética e compromisso com a causa dos mais necessitados.

CENA 20/ PRAÇA/ EXT./ MANHÃ (FLASHBACK)

A praça estava aglomerada de pessoas para acompanhar a posse do prefeito Coronel Joaquim Valadares.

JOAQUIM – Prometo agir com maior serenidade.

Fusão para:

CENA 21/ PRAÇA/ EXT./ MANHÃ

Herculano, na varanda do último andar do hotel, coloca as balas, uma a uma, na espingarda.

Focar na expressão de concentração e foco

CEL. AFONSO – prometo honrar e zelar por esta cidade, meu pai e meu antepassado.

Fusão para:

CENA 22/ PRAÇA/ EXT./ MANHÃ (FLASHBACK)

 JOAQUIM – Prometo honrar os meu antepassados, que foram os fundadores desta cidade.

Fusão para:

CENA 23/PRAÇA/ EXT./ MANHÃ

Herculano, com a espingarda carregada, aponta a arma na direção do Coronel.

Alterar closes do Coronel Afonso e de Herculano.

Herculano aperta o gatilho

Close na expressão enigmática do Coronel.

Efeito de congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.








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