Capítulo 17
A RAZÃO DE AMAR
Novela de João Marinho
Escrita por:
João Marinho
Personagem deste capítulo
Afonso Valadares Cecília Valadares
Branca Valadares Otávio Duarte
Bernardo Correia Eduardo Correia
Celso Correia Olga Duarte
Jorge Correia. Vilma Duarte
Madalena Correia. Horácio Duarte
Marta Correia
Olímpio Vasconcelos
CENA 01/ FACULDADE DE RECIFE/ PÁTIO/ INT./ NOITE
Continuação da última cena do capítulo anterior. Otávio se aproxima de Cecília e a cumprimentam e trocam olhares apaixonados.
OTÁVIO – Você é a moça mais bonita que eu já vi.
Tocar a música “Valsinha”, de Chico Buarque.
Os olhos de Cecília continuavam a brilhar, enquanto via Otávio a olhando também. Eduardo se aproxima dos dois.
EDUARDO (P/Otávio) – Te apresento Cecília, a minha irmã.
OTÁVIO (Feliz/ P/Cecília) – Nós ainda não nos conhecíamos. Prazer! Eu sou Otávio, grande amigo de seu irmão.
EDUARDO (P/ Cecília) – Ele é o filho mais novo de Horácio.
CECÍLIA (P/Otávio) – Sou muito amiga de Olga. Achava que ela era filha única.
OTÁVIO – Eu fiquei alguns anos fora. Eu também não sabia que o Eduardo tinha uma irmã.
As famílias se preparam para tirar a foto. A cena agora é vista do ponto de vista da máquina fotográfica. Um fleche sai da máquina, no mesmo instante que um pó branco. A imagem congela nas fotografias da família Valadares e família Duarte.
Corta para:
CENA 02/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ
Dia seguinte.
Letreiro mostra: Palmeirão do Brejo
Celso lê o jornal do dia.
CELSO – “Quase 30 anos de mistério: Quem matou Venâncio Correia? ”
MARTA – Já faz isso tudo!
CELSO – Ás vezes tenho a sensação de que o passado vai me assombrar novamente. Fantasmas do que eu não queria mais lembrar.
MARTA – O que ficou no passado, ficou no passado. Venâncio, Madalena e Otávio são águas passadas.
Jorge entra na sala com uma correspondência.
JORGE – Bernardo mandou uma carta direto de Londres. Ele está muito feliz por lá.
CELSO (P/ Jorge) – Você deveria fazer o mesmo que seu irmão. Deixar de viver as minhas custas.
JORGE – Eu ainda vou ser o político mais influente da cidade.
CELSO – Foi para isso que eu criei você, meu filho.
MARTA – Eu vou subir para lê um pouco.
Marta sobe, enquanto Celso e o filho continuam conversando.
Corta para:
CENA 03/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ
Letreiro mostra: Recife - PB
Horácio, Vilma, Afonso e Branca tomam um pouco de café e conversam, sentados na sala.
HORÁCIO (P/Afonso) – As nossas relações agora estão além de uma simples amizade. Somos praticamente da mesma família.
AFONSO – Os nossos filhos sempre se gostaram.
HORÁCIO – Nem a distância e nem o tempo os afastaram.
AFONSO – Como a vida é incrível. (Mudando de assunto). Está preparado para voltar a Palmeirão?
HORÁCIO – Estou e ansioso também. Agora que eu vou dirigir o hospital da cidade.
AFONSO – Tudo se complementa. Você é médico, Olga é médica e Otávio advogado. Dois excelentes médicos para cuidar dos enfermos e da gestão do hospital, e um excelente advogado para cuidar da parte jurídica.
HORÁCIO – Bem que Otávio e Eduardo formam uma bela dupla de advogados. Vi também que Otávio está de olho em Cecília.
BRANCA (interrompe) – Não sei se Cecília vai ceder. Ela é muito difícil e nunca namorou ninguém. Está esperando encontra o amor de sua vida.
VILMA – Pelo que eu pude perceber, ele está cedendo as investidas de Otávio.
Os quatro continuam conversando e tomando café.
CENA 04/ CONFEITARIA GLÓRIA/ INT./ MANHÃ
Cecilia, Otávio, Eduardo e Olga estão sentados em uma mesa. O garçom vem à mesa e coloca suco de laranja, bolo, manteiga, torradas e café.
Eduardo (beijando Olga) – Tenho uma surpresa para você, meu amor! (Tira uma caixinha do bolso e abre, tirando um anel de dentro dele e se ajoelha na frente da namorada). Aceita se casar comigo?
Olga se emociona com o pedido do namorado. Lágrimas caem de seus olhos, no mesmo instante que um belo sorriso se abre.
OLGA (emocionada) – Vivemos uma longa história de amor, até chegarmos aqui. Claro que eu aceito, meu amor.
Os dois se abraçam e se beijam, enquanto Cecília e Otávio aplaudem. Tocar a música “Valsinha”, de Chico Buarque. O filho de Horácio pega nas mãos de Cecília, que olha e abre um sorriso, mas em seguida recolhe suas mãos nas luvinhas de renda que sempre carregava. Otávio abre um largo sorriso.
Corta para:
CENA 05/ SERTÃO DE PRNAMBUCO/ EXT./ TARDE
Letreiro mostra: Sertão de Pernambuco.
A música se encerra por aqui. No mesmo ponto, começa a música “A Vida do Viajante”, de Luiz Gonzaga.
Jacinto (pai) está indo numa carroça buscar água no riacho. Ele cantarola alguns versos de músicas folclóricas nordestinas. Ao chegar no riacho, desce da carroça e começa a colocar a água nas bacias. Um homem montado num cavalo se aproxima.
HOMEM (Grita) – Jacinto!
Jacinto se vira, assustado.
JACINTO – Herculano?
Focar na expressão de surpresa de Jacinto.
Corta para:
CENA 06/ SERTÃO DE PERNAMBUCO EXT./ TARDE
Continuação imediata da última do bloco anterior. Jacinto, surpreso com a aparição de Herculano, questiona.
JACINTO – O que você está fazendo aqui? Como você me achou?
HERCULANO – Sei muito bem que foi você que matou Venâncio.
JACINTO – Eu não sei do que você está falando!
HERCULANO – A sua hora vai chegar! Tome cuidado! Isso é um aviso!
JACINTO – Não tenho que temer nada, principalmente vindo de você!
HERCULANO – Depois não diga que eu não avisei!
Herculano parte no cavalo, enquanto Jacinto fica alguns segundos pensativo, mas retoma a tarefa de colocar água nos baldes para casa.
Corta para:
CENA 07/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ EXT./ TARDE
José Jacinto (obs.: a partir deste momento o filho de Madalena vai ser chamado assim para diferenciá-lo do pai) estava olhando as paisagens pela janela.
JOSÉ JACINTO (P/ Madalena) – Ás vezes penso em partir para a cidade. Sinto que o meu lugar não é aqui, Mainha! Preciso estudar. Aqui neste casebre eu não vou conseguir nada.
MADALENA – Eu não tenho boas lembranças da cidade que eu morei por décadas. A calmaria daqui nenhum lugar do mundo tem.
JOSÉ JACINTO – Tenho que fazer meu futuro na cidade. Qual é a cidade que a senhora nasceu mesmo?
MADALENA – Palmeirão do Brejo.
JOSÉ JACINTO – Por que a senhora nunca voltar lá?
MADALENA – Porque me faz reviver lembranças de episódios que eu prefiro esquecer!
A música para por aqui.
CENA 08/ MANSÃO DA FAMÍLIA VASCONCELOS/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE
Letreiro mostra: Palmeirão do Brejo - PE
O delegado aposentado Olímpio Vasconcelos lê o jornal e reflete.
OLIMPIO – 29 anos da morte de Venâncio e eu ainda não consigo acreditar que aquilo foi suicídio. Muitos enigmas não foram respondidos, mas sei que essa morte tem muito mais mistérios que se possa imaginar. Os culpados não poderão ser mais julgados porque o crime prescreveu. Mesmo assim, a sociedade precisa saber: quem matou Venâncio Correia?
A empregada entra na sala com algumas bebidas, que foram pedidas por Olímpio.
Focar em Olímpio, pensativo.
Corta para:
CENA 09/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ TARDE
Letreiro mostra: dois dias depois.
Tocar a música instrumental “Disfarçando”, de Lado a Lado.
Planos da cidade. Mostrar carros passeando pela cidade. Pessoas entrando igreja. Fachada do bordel Bonheour. Pessoas na praça. Homens entrando num bar. Pessoas andando pelas ruas. Crianças jogando bola no meio da rua.
Corta para:
CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ TARDE
A famílias Duarte e Valadares estão reunidos na fazenda para a oficialização do noivado de Eduardo e Olga. Cecília está no quarto se vestindo, no instante em que Otávio a surpreende com um buquê de flores.
CECÍLIA – O que é isso?
OTÁVIO – Não precisa falar nada! Eu não canso de pensar em você.
Ele a surpreende com um beijo na boca.
Focar no beijo de Cecília e Otávio.
Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.
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