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A Razão de Amar - Capítulo 21 (Reprise)

  

   

                                                                     

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares                                   Cecília Valadares                                                                                                         

Branca Valadares                                  Eduardo Valadares                                                                                                                                                                                     

Olga Duarte                                              Otávio Duarte                

Letícia Fernandes.                                    Elias

Horácio Duarte.                                       Lola

Vilma Duarte.                                         Marta Duarte                                 

Celso Correia.                                        José Jacinto - Carcará  

Psiquiatra

CENA 01/ ESTAÇÃO DE TREM/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Estava anoitecendo. Letícia caminha sozinha pela estação. Ela olha o relógio para saber as horas. A locomotiva vem se aproximando. Pessoas descem dos vagões do homem. Um homem, de estatura média, barba por fazer, vestido com uma roupa branca e segurando uma pequena maleta sai.

LETÍCIA (Emocionada) – Pai.

Eles correm e se abraçam.

RAUL – Estava morrendo de saudades, minha filha.

LETÍCIA – Apesar de tudo, eu também estava. O senhor veio sozinho?

RAUL – Ninguém foi me buscar. (Sorrindo e com lágrimas). A sua mãe me abandonou, minha filha! Nunca mais foi me visitar. Me abandou aquela ingrata!

LETÍCIA – Mas mamãe faleceu há quase 30 anos, meu pai.

RAUL (Surpreso) – Faleceu? Mas ela ia todo dia lá. Combinamos até de viajar para o Rio de Janeiro. Eu, você e ela. Presente de Venâncio.

LETÍCIA (Percebendo que o pai não está com a mente saudável) – Mas Venâncio morreu, papai.

RAUL – Como assim morreu? Eu conversei com ele ontem. Ele me disse que tinha uma proposta para eu trabalhar em um escritório no Rio de Janeiro. Eu, você sua mãe e o seu irmão.

Para encerrar a conversa, ela confirma o que Raul disse, por vê que o seu estado mental não está bom. Eles, de mãos dadas, saem da estação.

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CENA 02/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Letícia e Raul entram. Zilda, que está sentada no sofá, se levanta ao se assustar com a entrada de seu antigo patrão.

RAUL – De volta a minha casa!

ZILDA (Levanta-se) – Quanto tempo, Seu Raul!

RAUL – Eu vou subir para o meu quarto. A Vera onde está?

Zilda percebe que Raul não está com a mente em seu estado perfeito. Lágrimas caem de seus olhos e não consegue responder à pergunta de Raul.

RAUL (Rindo) – Você acredita que Letícia disse que a Vera morreu? A minha filha só poder está doida!

Raul sobe para o quarto com a ajuda de Letícia. Alguns minutos depois, a Letícia volta para sala.

ZILDA (Sussurrando) – Ele não se lembra que matou Vera?

LETÍCIA – Parece que ele está pior que antes. Não se lembra que a minha mãe morreu, nem que Venâncio também morreu.

ZILDA – A loucura dominou a mente dele. Não sei como é feito o tratamento, mas já ouvi de algumas pessoas que é bem desumano. Já ouvi relatos de alguns familiares que eles usam choques elétricos. Mas bem que ele mereceu.

LETÍCIA – Credo, Zilda! Eu sou contra violência em qualquer circunstância. Ele fez o que fez, mas cumpriu tudo que tinha que cumprir.

ZILDA – Ele está assim porque o peso da consciência está falando mais alto. Cumpriu a pena, pelas leis humanas, mas a consciência pesada é fatal.

Raul desce.

RAUL – Estou com muita fome. A viagem foi longa.

ZILDA – A janta já está posta na mesa.

Os três vão para a sala de jantar.

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CENA 03/ PENSÃO DO ELIAS/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE

Obs: O personagem José Jacinto a partir desta cena será chamado pelo apelido que será dito.

O filho de Jacinto entra na sala de jantar. Elias o recepciona.

ELIAS (P/José Jacinto) – Sente-se, José Jacinto. Nome grande. (P/José Jacinto). Você não tem apelido?

JOSÉ JACINTO – Não. Tenho o mesmo nome de meu pai.

ELIAS – Carcará. A partir de agora é assim que nós vamos te chamar. Você veio de longe e parece ter a força de um carcará.

JOSÉ JACINTO – Gostei! Carcará.

José Jacinto, agora, Carcará, senta-se a mesa com os inquilinos da casa.

ELIAS (P/Carcará) – Eu sou um homem viúvo. Vivo com a minha mãe. (Aponta para a mãe). Ela que cuida daqui da pensão.

CARCARÁ – Agradeço tudo que você está fazendo por mim, mas eu não tenho como pagar. Não trabalho. Estou há quase uma semana aqui e só estou dando despesa.

ELIAS – Não tem problema. Eu posso te ajudar. Trabalho o dia todo na estação de trem engraxando sapatos, como você mesmo já viu. Poderia me ajudar também. O dinheiro é pouco, mas dá para se manter aqui.

CARCARÁ – Muito obrigado, Elias. Não sei como agradecer!

ELIAS – Agora Vamos jantar. A mesa está farta.

Eles se sentam e se servem.

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CENA 04/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE

Raul termina de jantar. Leva as mãos à cabeça.

VERA (off) – Estava com saudades de mim, meu amor. Eu nunca esqueci de você.

RAUL (P/Letícia) – Eu vou subir para o quarto, pois estou com um pouco de dor de cabeça.

Raul se levanta e sobe as escadas.

ZILDA – Ele não está nada bem. Escondi até as facas. Se ele tiver alguma crise, nos mata.

LETÍCIA – Não precisa disso também. Só está com um pouco de dor de cabeça.

Zilda leva os pratos para a pia. Letícia sobe as escadas.

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CENA 05/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE

Raul, depois de se deitar um pouco na cama, se levanta para fechar. Um vento forte balança a cortina. Um frio toma conta de seu corpo. O espirito aparece

VERA – Seu mau caráter!

RAUL – Que brincadeira de mau gosto é essa?

Um vulto passa perto dele. O espírito de Venâncio aparece.

VENÂNCIO – Idiota!

Letícia observa pela porta entreaberta a crise de loucura de seu pai, que cai no chão chorando. A filha vai ao seu encontro. Ele se deita no colo dela.

RAUL (Chorando) – Desculpa! Desculpa, minha filha!

Os dois se levantam e se sentam na cama.

LETÍCIA – Você não está nada bem. Vou chamar o psiquiatra

Letícia sai do quarto.

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CENA 06/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Vilma vê pela a janela que um carro está se aproximando da casa. Ele se vira para Cecília e Olga, que estão sentadas.

VILMA – Otávio está chegando.

Cecília abre um sorriso no rosto, no instante em que Olga se levanta.

OLGA – Quero muito que você seja feliz ao lado do meu irmão.

CECÍLIA – Calma! A gente ainda nem começou a namorar. A prioridade agora é você e meu irmão. Estão noivos. O casamento cada vez mais se aproxima.

OLGA – Quero você e Otávio como padrinhos.

Neste instante, Otavio entra na sala e se depara com Cecília. Eles se cumprimentam com um sorriso. Vilma e Olga saem da sala.

OTÁVIO – Pelo visto, ficamos a sós aqui na sala.

CECÍLIA – Quem diria que depois daquele nosso desastroso encontro estaríamos aqui a sós?

OTÁVIO (Sorridente) – Às vezes é porque está escrito nas estrelas. A minha mãe acredita nisso. Ela vai em cartomante. Acredita em misticismos e que nada acontece por acaso.

CECÍLIA – Talvez ela esteja certa. Desde a primeira vez que eu te vi, senti uma coisa estranha desde a primeira. Maior que o ódio que eu sentia por ter me agarrado naquele dia.

OTÁVIO – Às vezes, as primeiras impressões nos enganam. Já leu Orgulho e Preconceito, da Jane Austen?

CECÍLIA – Não, mas já ouvi falar.

OTÁVIO – É umas das histórias de amor mais bonitas já escritas. Darçy e Elizabeth Bennet se conhecem num baile, mas no começo se odeiam.

CECÍLIA (Olhando o relógio) – Já está ficando um pouco tarde.

OTÁVIO – Eu te levo para casa.

Cecília e Otávio saem de mãos dadas.

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CENA 07/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ NOITE

Raul está deitado na cama, enquanto o psiquiatra o examina. Letícia e Zilda estão do lado acompanhando tudo.

PSIQUIATRA – Raul sofre de um problema sofre de um problema que nós da comunidade científica chamamos de esquizofrenia.

Letícia e Zilda ficam surpresas com o que o médico acabara de falar.

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CENA 08/ MANSÃO FERNADES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ NOITE

Continuação da última cena do capítulo anterior. Letícia, percebendo que o médico estava sério e preocupado, levanta-se preocupada e não hesita em questionar.

LETÍCIA – É muito sério, doutor?

PSIQUIATRA – É uma doença que até o momento não tem cura. A causa é multifatorial. No caso dele, pelo que pude perceber, tem uma carga emocional muito grande envolvida. Envolve a esposa e o amigo.

ZILDA (Interrompe) – Ele matou a esposa. Venâncio até hoje ninguém sabe direito o que aconteceu. Uns dizem que foi suicídio e outros dizem que foi assassinato.

PSIQUIATRA – A morte da esposa atingiu em cheio a mente dele. Um sentimento de vingança e de decepção.

LETÍCIA – Ele vai pagar a vida toda pelo que fez com nossa família.

PSIQUIATRA – Se precisar de mim, é só chamar!

O psiquiatra sai do quarto. Letícia fica pensativa e se deita ao lado do pai.

RAUL – Eu vou ficar bem, minha filha.

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CENA 09/ CARRA DE OTÁVIO/ INT./ NOITE

Otávio estaciona o carro próxima a fazenda da família Valadares. De mãos dadas, eles se despedem.

CECÍLIA – Eu nunca pensei que eu fosse encontrar um homem de um bom gosto e de um coração tão bom como você. Julguei você da mesma forma que eu julgava e continuo julgado os homens desta cidade.

OTÁVIO – E eu prometi que nunca ia amar alguém na vida. O amor destruiu a minha família biológica. Mas isso não vem ao caso agora.

CECÍLIA – Você não é filho biológico de Horácio?

OTÁVIO – Horácio e Vilma foram anjos que apareceram em minha vida.

Cecília e Otávio se beijam. Em seguida, a filha de Afonso sai do carro e entra na fazenda.

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CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Afonso está sentado na sala com seu filho Eduardo.

EDUARDO – Eu estou pensando em agilizar o casamento. Penso que não devemos mais adiar. Já devíamos ter casado. Essa é que é a verdade.

Branca entra na sala.

BRANCA – Acho que não precisa ter tanta pressa, meu filho. Cada coisa tem o seu tempo.

Cecília entra sorridente.

AFONSO (P/Cecília) – Eu nunca vi você tão sorridente, minha filha!

BRANCA – Tenho certeza de que está apaixonada!

CECÍLIA (P/Afonso) – Ah, painho! A vida as vezes prega umas pessoas e o destino nos coloca em situações inexplicáveis.

EDUARDO – Pensando bem é melhor deixar esse casamento como está mesmo.

Todos riem.

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CENA 11/ ESTAÇÃO DE METRO/ INT./ MANHÃ

Tocar a música instrumental “Disfarçando”, da novela Lado a Lado. Pessoas entrando na locomotiva. Pessoas saindo da locomotiva. Alguns empregados levando malas. Carcará e Elias engraxam os sapados dos homens que passam ela estação.

CARCARÁ (Pensativo) – Hoje eu vou resolver algo que tenho que resolver com urgência.

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CENA 12/ FAZENDA CORREIA/ INT./ MANHÃ

Algumas horas depois. A cena começa no ESCRITÓRIO. Marta entra.

MARTA (P/Celso) – Tem um rapaz muito esquisito aqui na sala.

Celso se levanta. A cena continua na SALA DE STAR. Carcará está sentado no sofá.

CELSO – Quem é você?

CARCARÁ – José Jacinto, mas pode me chamar de Carcará. Eu queria falar com Otávio Correia.

CELSO – Otávio Correia morreu.

Focar na expressão de espanto de Caracará.

Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.














 

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