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A Razão de Amar - Capítulo 42 (Reprise)

  


 


Capítulo 42

A RAZÃO DE AMAR


Novela de João Marinho


Escrita por:

João Marinho 


Personagens deste capítulo 

    Otavio Duarte                                                                                  Atendente                

Afonso Correria

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                         Afonso Valadares

Madalena Correia.                                    Miro                         

Marta Correia                                           Carmen

Olímpio Vasconcelos.                              Pablo

Radialista.                                                

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares




CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ TARDE

Continuação da última cena do capítulo anterior. Eduardo está discursando enquanto relembra o discurso de seu pai. Um estrondo reverbera por toda a praça. O povo grita de felicidade. 

POVO (Gritando) – Eduardo! Eduardo!

Os estrondos escutados são de fogos. Eduardo pula nos braços do povo, que o carrega. Focar em Eduardo. Congelar como uma fotografia. 

Corta para:

CENA 02/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE 

Algumas horas.

Coronel Afonso e Eduardo dão um aperto de mão e se abraçam logo em seguida. Branca e Cecília se aproximam.

AFONSO – Vocês são a família que eu sempre quis ter. (P/Eduardo). Eu acho que eu não vou ter mais tanto tempo de vida, mas estou muito feliz de estar deixando o meu legado para você, meu filho. (P/Cecília) E, claro, para você, minha filha!

EDUARDO (P/Afonso) – Hoje, durante o comício que eu lembrei dos seus comícios. Você é a minha grande inspiração para seguir em frente e para honrar o nome de nossa família. 

Cecília beija a testa do pai. Os quatro pousam para a foto. 

Corta para:

CENA 03/ FAZENDA CORREIA/ ESCRITÓRIO/ INT./ TARDE 

Jorge entra no escritório. Celso está cochilando e rádio está ligado, tocando a música “Minha Palhoça”, de Silvio Caldas. Jorge desliga. O pai dele acorda e se assusta. 

CELSO – O que foi? 

JORGE – O senhor estava dormindo. 

CELSO – Estava escutando o rádio e acabei dormindo. 

Jorge caminha pelo escritório

JORGE – As vezes eu acho que a vida foi muito generosa comigo. Apesar de tudo, eu me sinto feliz. A Lola até que está me surpreendendo como noiva. O nosso casamento já está se aproximando. 

CELSO – Você sabe muito bem que eu não sou muito a favor dessa relação, mas de fato ela está me surpreendendo com a postura. Não está se comportando como uma moça devassa... Claro, que o falatório da cidade vai se sobressair perante a tudo isso. 

JORGE (Mudando de assunto) – Aquele Edgar Lopes não veio mais? 

CELSO – Estamos tratando de alguns trâmites burocráticos sobre a nossa sociedade industrial. 

Neste instante, Lola entra. 

LOLA (P/Jorge ) – Estava através dos senhores. Aquele homem está aqui na sala. 

Lola beija Jorge. 

Corta para: 

CENA 04/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE 

Otávio está sentado no sofá, vestindo o mesmo traje que sempre vestia quando ia na fazenda. Ele espera Celso. Neste instante, o patriarca da família Correia, o filho e Lola saem do escritório. Celso e Jorge cumprimentam Otávio. 

CELSO (P/Otávio) – Boa tarde, Edgar! 

OTÁVIO (P/Celso) – Boa tarde, Coronel! Eu vim para continuarmos tratando dos nossos negócios. 

CELSO (P/Otávio) – O meu filho é candidato a prefeito da cidade. Nós podemos usar isso ao nosso favor. Usar a pauta da modernização da cidade. 

OTÁVIO (P/Celso) – Isso irá nos ajudar bastante. 

CELSO – Eu morei um tempo na Inglaterra e entendo um pouco do movimento de industrial. A Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar... Não é a tia que foi durante séculos a maior economia do mundo! 

 JORGE (Interrompe) – Esse presidente que está aí no poder defende justamente a industrialização. 

OTÁVIO (P/Jorge) – O Brasil está entrando, com alguns séculos de atraso, na industrialização. Os países com a economia totalmente agrária vão ficar para trás. 

CELSO (Interrompe) – Você tem razão. (Mudando de assunto). Aceita um café? Um chá? 

OTÁVIO (P/Celso) – Não, obrigado. Eu só vim mostrar alguns contratos e outros documentos do nosso acordo. Não é um investimento barato. 

CELSO (P/Otávio) – Estou ciente disso. Estou investindo porque acredito na nossa parceria. 

Eles dão um aperto de mão. 

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CENA 05/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT/ NOITE 

Tocar “Disfarçando”, da novela Lado a Lado. Mostrar a cidade tranquila. Pessoas andando pelas ruas. Carros passeando pela cidade. A igreja aglomerada de fiéis. Moradores de rus pedindo dinheiro. Pessoas sentadas na praça. Crianças soltando pipa.

A música para aqui.

Corta para: 

CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ NOITE 

Cecília está sozinha no quarto. Ela está sorridente e escreve, e lê, numa folha tudo que está sentindo.

CECÍLIA – “Eu nunca pensei que eu fosse me apaixonar na vida. Porém, hoje percebo que estou dividida entre um amor que eu estou vivenciando agora  e um que já se foi. É sentimento muito forte e que nos domina profundamente”. 

Ela acende uma vela e faz uma reza para Carcará, de joelhos. 

CECÍLIA – Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso, venha a nós o vosso, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, Perdoai-nos as nossas ofensas

Perdoai-nos as nossas ofensas Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. 

Ela deita a cabeça sobre a escrivaninha.

Corta para: 

CENA 07/ VILA DOS CIGANOS/ CASA DE MIRO/ QUARTO DE CARCARÁ/ INT./ NOITE 

Carcará está deitado na cama, pensativo e sorridente. Sente uma sensação boa e estranha. 

CARCARÁ – Ah, Cecília, como eu queria está com você agora. 

Inserir Flashback da cena 18 do capítulo 32: 

Elias e Carcará já estavam entrando na pensão quando escutam um grito. Tocar a música “Deusa da minha rua”

CECILIA (Gritando) – Carcará! 

Carcará se vira e vê que é Cecília. A sequência é mostrada em slow motion. Eles correndo para abraço. Eles estão muito felizes. 

CECÍLIA – Eu não consigo ficar longe de você, Carcará! Eu não consigo...Eu nunca consegui me abrir com você, mas a verdade é que eu te amo. 

CARCARÁ – Eu também te amo. Eu só nunca falei por respeito ao seu namoro com Otávio. 

CECÍLIA – Eu não estou mais namorando ele.

Fim do insert. 

Carcará se emociona ao lembrar de Cecília. 

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CENA 08/ MANSÃO DA FAMÍLIA VASCONCELOS/ ESCRITÓRIO/ INT./ NOITE 

Olímpio está lendo “O Sinal dos Quatro”, de Arthur Conan Doyle. Neste instante, Álvaro entra silenciosamente. 

OLÍMPIO – O que foi, meu filho? 

ÁLVARO – Vou viajar para Portugal! Eu não quero mais ficar aqui no Brasil. Não né sinto bem.

OLÍMPIO – Não me diga que isso tudo é por conta daquela moça.

ÁLVARO – O senhor sabe muito bem que é. Eu não suporto andar na rua e cruzar com Débora. 

OLÍMPIO – Mas para que sair do Brasil, meu filho? Há tantos lugares para você ficar aqui mesmo nas terras brasileiras.

ÁLVARO – É porque eu quero estudar Direito na Universidade de Coimbra. 

OLÍMPIO – Espero que você não esteja mentindo e não esteja o curso de Direito para fugir de suas responsabilidades como pai. 

ÁLVARO – Quem garante que eu sou pai do filho daquela sirigaita. 

OLÍMPIO – Sirigaita é um termo pejorativo que você não deve usar, principalmente se tratando da mãe de seu filho. 

ÁLVARO – Eu cansei dos seus sermões. 

OLÍMPIO – Você deveria me escutar mais. 

Álvaro sai e bate a porta. Olímpio respira fundo e volta a ler. 

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CENA 09/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DA CIDADE/ EXT.,/ NOITE 

Alguns minutos depois. 

Débora está andando na rua. Neste instante, um carro vem em sua direção. Ela se assusta e é atingida pelo automóvel. 

Corta para: 

CENA 10/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DA CIDADE/ EXT./ NOITE 

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Débora se levanta e se depara com Álvaro, que sai do carro. O filho tenta ajudar Débora que ignora. 

DÉBORA – Não precisa me ajudar. Eu sei muito bem me cuidar.

Neste instante, Eduardo se aproxima no carro. Ele sai e ajuda Débora e ajuda; Álvaro sai entra no carro e parte. 

EDUARDO – Você está bem, Débora? 

DÉBORA – Sim, estou. Mas de qualquer forma muito obrigada! 

Eles se entreolham e se despedem. 

Corta para: 

CENA 11/ VILA DOS CIGANOS/ CIRCO/ INT./ NOITE

Miro e Carcará entram no circo. Eles fazem um pouco de malabarismo, enquanto conversam. 

MIRO – Nós vamos começar o nosso período de apresentações em outras cidades. Nós vamos nos apresentar em Bezerros, Olinda e por último em Palmeirão do Brejo. 

Carcará abre um sorriso ao escutar o que o amigo acabara de dizer. 

CARCARÁ – Palmeirão do Brejo? Eu preciso voltar nessa cidade mesmo. Reencontrar o meu grande amor e provar a minha

MIRO – Palmeirão do Brejo. Nós nós apresentamos há alguns anos lá, mas nunca mais fomos para lá. 

CARCARÁ – Eu estava pensando que seria o melhor a fazer é ir para lá e provar a minha inocência. 

MIRO – E você está certo. 

Eles continuam andando e fazendo malabarismo. 

Corta para: 

CENA 12/ IGREJ INT.E/ TARDE 

Letreiro mostra: 2 meses depois. 

Lola entra na igreja com o Celso. Jorge está sorridente. Toca a marcha nupcial. 

PADRE ANTÔNIO – Queridos irmãos e irmãs, estamos aqui esta tarde para celebrar a união de Dolores Silva e Jorge Alves Correia. Vou ser bem sucinto na minha pergunta. (P/Lola). Dolores Silva, aceita Jorge Alves Correia como seu legítimo esposo? 

LOLA – Aceito 

PADRE ANTÔNIO (P/Jorge) – Jorge Alves Correia, aceita Dolores Silva como sua legítima esposa? 

JORGE – Sim. 

PADRE ANTÔNIO – Podem se beijar! 

Eles se beijam. Todos aplaudem. Em seguida, saem sob a chuva de arroz. A cena continua no EXTERIOR igreja. Neste instante, um carro da companhia circense para anunciando o espetáculo.  Miro anuncia o espetáculo. 

MIRO – Respeitável público, tenho a honra de anunciar o circo itinerário. Venham prestigiar nossa apresentação neste final de semana. Aqui no centro da cidade. E com uma nova atração. O Mascarado.

O carro passa por toda a cidade. 

Corta para: 

CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ CIRCO/ INT./ NOITE 

Letreiro mostra: 2 dias depois

A sociedade palmeironense está presente no circo. Otávio, Cecília e Eduardo estão sentados na primeira fileira. Eles assistem as apresentações. Tocar a música “Entry off the Gladiator”. O Miro anuncia a última atração da noite. 

MIRO – Tem a honra de anunciar o Mascarado. 

Carcará entra, vestindo os trajes pretos. No instante em que vai começar a apresentação, ele vê Cecília. Focar na expressão de felicidade de Carcará. 

Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato. 

 

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