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VILAREJO - Capítulo 18


Capítulo 18

Cena 01 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Após desmaiar subitamente, Rosaura continuava caída no chão quando foi socorrida.]


CARLOTA: - Era só o que me faltava, essa escrava velha adoecer e me fazer passar vergonha. [Reclamou].


GRAÇA: - Francamente, que papelão! [Ironizou].


MIGUEL: - Eu posso ajudar, sou médico! [Disse ao se aproximar de Rosaura e checar sua pulsação].


ANA CATARINA: - O que houve com ela? [Pergunta ao também se aproximar].


ANTÔNIO: - De certo foi um mal estar pelo calor, Rosaura anda trabalhando demais. Não é mamãe? [Disse em tom de crítica].


LEONORA: - É melhor tirarmos ela do chão…


CARLOTA: - Isso mesmo, levem-a para a senzala. Não quero uma negra doente na minha sala!


MIGUEL: [Encara Carlota nesse momento].


LEONORA: - Isso está fora de cogitação, a Rosaura vai para o meu quarto. Por aqui, venham!


[Antônio e Miguel ajudaram Rosaura a ficar de pé e a levaram na direção da escada.]


LAURA: - Uma escrava no quarto da patroa? Isso é o fim dos tempos!


ANA CATARINA: - Há mais porcos vestidos de seda em bons quartos, do que em senzalas querida Laura. Com licença, vou ver se não precisam de ajuda! [Disse ao também subir a escada].


PEDRO: [Deu alguns passos e observou a condessa terminar de subir a escada] - É, acho que vosmecês perderam uma excelente oportunidade de ficarem em silêncio. [Ironiza].


GRAÇA: - Cale-se, Pedro! [Reclama].


Cena 02 - Acampamento Cigano [Externa/Noite]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, surge o acampamento cigano. Ainda atordoado com após reencontrar Leonora, Vicente estava preso nas memórias do passado.]


VICENTE: [Em silêncio, observa os ciganos pelo acampamento].


FLASHBACK

Há alguns anos atrás…

[Vicente estava em uma situação muito complicada, havia se envolvido com Carlota, mas depois de conhecer Leonora, havia percebido que gostava dela e não de Carlota e isso, estava gerando muito atritos.]


VICENTE: [Entra dentro da tenda furioso] - Não, Carlota. Eu já disse, entre eu e vosmecê não há mais nenhuma história. Eu amo a Leonora e quero ficar com ela. Eu sinto muito se te magoei, mas não posso continuar nessa relação se eu gosto de outra.


CARLOTA: - Vosmecê não pode fazer isso comigo, Vicente. Leonora não passa de uma menina insignificante, ela jamais te dará o que eu posso te oferecer. Vosmecê tem que ficar comigo! [Grita ao se aproximar dele].


VICENTE: [Segura os braços de Carlota] - Chega, Carlota. Eu preciso que vá embora, sua irmã vai chegar a qualquer momento e não quero que ela pense nada errado.


CARLOTA: - Dane-se o que aquela sonsa pensa. Eu quero mais é que a Leonora vá para o quinto dos infernos. Eu vou te mostrar que sou muito mais mulher que ela e que posso te dar muito mais prazer… [Carlota empurra Vicente, que cai na cama e sobe em cima dele].


VICENTE: [Tenta se desvencilhar, sem machucar Carlota] - Saia de cima de mim, Carlota. Eu não quero usar a força e nem te machucar!


CARLOTA: - Tarde demais, querido! [Diz ao beijá-lo].


[Nesse momento, Leonora entra na tenda eufórica para dizer a Vicente que descobriu estar grávida.]


LEONORA: - VIcente, eu preciso te… Mas o que é isso? [Questiona horrorizada].


VICENTE: [Afasta-se de Carlota e a empurra, fazendo com que ela caia no chão] - Não é nada disso que vosmecê está pensando, o que acontece…


LEONORA: [Interrompe] - O que acontece é que vosmecê me disse que não queria mais nada com a Carlota, mas vejo que estava me enganando para continuar com as duas.


CARLOTA: - Isso mesmo, minha irmã. Esse calhorda estava usando nós duas!


VICENTE: - Isso é mentira, diga a verdade, Carlota! [Grita].


LEONORA: [Decepcionada, deixa a tenda].


VICENTE: - Vosmecê viu o que fez? Eu vou atrás da sua irmã e vou contar tudo o que vosmecê me disse. Vosmecê não presta, Carlota. É uma víbora!


CARLOTA: [Se aproxima de Vicente novamente, ao ficar de pé] - Vosmecê e Leonora nunca ficarão juntos e sabe por quê? Eu não hei de deixar. Nem que para isso, tenha que matar um dos dois! [Completa em tom ameaçador para em seguida também ir embora].


FIM DO FLASHBACK

Atualmente…


VICENTE: - Como a nossa vida teria sido diferente se tivéssemos nos casado e não tivesse conhecido a mãe do meu Vladimir… [Murmura].


Cena 03 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Ana Catarina, Antônio e Leonora observavam Miguel acomodar Rosaura na cama para examiná-la, quando ele resolveu quebrar o silêncio.]


MIGUEL: - Tem muita gente no quarto, a paciente precisa de ar fresco. Nos deixem sozinhos!


LEONORA: - Tem certeza? Não precisa de nada? [Questiona].


MIGUEL: - Sim, tenho certeza. Assim que terminar de examinar a paciente, falarei com vosmecês.


ANTÔNIO: - Claro, doutor. Vamos esperar lá fora!


MIGUEL: - Condessa, vosmecê fica, caso eu precise de ajuda.


ANA CATARINA: - Naturalmente, eu ficarei sim.


[Leonora e Antônio saem do quarto sem pestanejar, após o pedido de Miguel.]


ANA CATARINA: - Miguel, o que ela tem? [Pergunta apavorada].


MIGUEL: - Não sei, pode ter sido uma queda de pressão. Por quê ela ficou tão nervosa ao vê-la, ela te conhece?


ANA CATARINA: - Sim, ela foi minha babá, praticamente me criou. [Responde com a voz embargada].


ROSAURA: [Começa a despertar após o desmaio].


MIGUEL: - Veja, ela está despertando!


ROSAURA: - O que aconteceu? Onde eu estou? [Perguntou sentando-se na cama].


MIGUEL: - Vosmecê desmaiou, mas não se preocupe. Eu sou médico e vou cuidar da senhora!


ROSAURA: [Olha ao redor do quarto e novamente vê Ana Catarina, emocionando-se] - Minha menina, é você? Sim… É vassuncê, meu coração diz que é vassuncê! [Diz emocionada].


[Ana Catarina e Miguel se olham, permanecendo em silêncio].


Cena 04 - Casa dos Lobato [Interna/Noite]

Música da cena: Corre - Gabi Luthai

[Tomásia abriu a porta do quarto de Maria do Céu com a cópia da chave que havia feito e logo adentrou.]


MARIA DO CÉU: - Tomásia… Pensei que fosse a minha tia! [Respondeu enquanto pintava].


TOMÁSIA: - Não, dona Graça e seus primos foram pra um jantar na casa da cobra da dona Carlota. Devem demorar a chegar, eles sempre demoram.


MARIA DO CÉU: - Ah, eu não me lembro dessa mulher. Deve ser alguém importante, pois a minha tia não gosta de se misturar com os mais pobres.


TOMÁSIA: - É a dona do banco e do engenho de cana-de-açúcar. [Disse enquanto caminhava pelo quarto, posicionando-se atrás de Maria do Céu, notando a pintura]. - Espera aí, esse daí não é aquele doutorzinho que te socorreu no outro dia e que passeou conosco no campo? [Questiona sorridente].


MARIA DO CÉU: - Não, claro que não. Não é ninguém. Ninguém, entendeu? [Diz ao retirar a tela do cavalete e escondê-la para que Tomásia não volte a olhar].


TOMÁSIA: - É, vosmecê pode até pensar que não, mas nada me tira da cabeça que está apaixonada pelo doutorzinho. 


MARIA DO CÉU: - Apaixonada? Mas como eu posso estar apaixonada, se nem sei como é o amor? [Lamenta].


TOMÁSIA: [Se aproxima de Ana Catarina novamente] - Começa exatamente assim, sinhazinha. Quando o outro não sai dos nossos pensamentos e fica grudado em nossos corações, fazendo com que a gente não pare de suspirar, assim como vassuncê está fazendo agora.


MARIA DO CÉU: - Eu? Apaixonada? Vosmecê só pode estar louca! [Responde em dúvida].


Cena 05 - Igreja São José dos Vilarejos [Interna/Noite]

Música da cena: Acreditar no Seu Amor - Liah Soares

[Com a transição de cenas, surgem algumas imagens da cidade, em seguida a fachada da igreja surge iluminada e já de portas fechadas. Em seu interior, Padre Júlio e o Seminarista ângelo jantavam, quando ele percebeu que o padre estava distante.]


SEMINARISTA ÂNGELO: - Que foi, padre? Acaso não gostou da sua sopa? Ela vai esfriar!


PADRE JÚLIO: - Não é nada, apenas fiquei pensativo… [Responde enquanto mexe com a colher no prato].


SEMINARISTA ÂNGELO: - Vosmecê ficou assim desde que falou com aquele senhor, hoje a tarde. 


PADRE JÚLIO: - Sim, ele vai se casar com Laura Lobato, uma jovem que me procurou também mais cedo, só que eu notei os olhares dele para outra senhora que estava na igreja, eu não acho que ele esteja apaixonado pela noiva a ponto de querer casar.


SEMINARISTA ÂNGELO: - Nossa padre, esse é um assunto realmente muito delicado. O que pretende fazer?


PADRE ÂNGELO: - Ainda não sei, mas em breve irei agir. Tomarei algumas medidas! [Conclui].


Cena 06 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Rosaura continuava emocionada e encarando Ana Catarina, enquanto aguardava a tão desejada confirmação.]


ROSAURA: - Vassuncê não pode negar, eu sei que é a minha menina. Eu sei!


ANA CATARINA: - Não, Bá. Eu não vou negar, sou eu, Ana Catarina.


ROSAURA: - Eu sabia, minha filha. Eu vi através dos seus olhos, eu sofri tanto quando achei que vassuncê tinha morrido, era como se uma parte de mim tivesse ido com vassuncê.


ANA CATARINA: [Aproxima-se da cama e senta ao lado de Rosaura] - Mas eu não morri, Bá. Eu estou aqui, para recuperar tudo o que me tiraram, inclusive o seu carinho! [Abraça a babá].


MIGUEL: [Aproxima-se da porta, para que ninguém mais entre no quarto].


ROSAURA: - Vassuncê está tão linda, minha menina. Eu não entendo, o que aconteceu com vassuncê? Por onde esteve e como se tornou essa tal condessa?


ANA CATARINA: - Vosmecê tinha razão, Bá. A Carlota realmente mandou que nos matassem. Sofremos uma emboscada na estrada, meu foi o primeiro a morrer. Depois a carruagem caiu no rio e eu não consigo esquecer daquela sensação, a correnteza me arrastava, enquanto eu e Maria Letícia tentávamos ficar juntas, mas eu não consegui, Bá… Eu não consegui salvar a minha irmã! [Chora nos braços de Rosaura].


ROSAURA: - Mas eles não te reconheceram, não foi?


ANA CATARINA: - Não, só vosmecê. Eu não entendo…


ROSAURA: - Eu te criei, menina. Vassuncê é como se fosse minha filha, eu conheço cada fio de cabelo seu. Só não entendi o que está fazendo aqui, depois de tudo o que aconteceu. Pretende entregar a Carlota a policia?


ANA CATARINA: [Senta-se e fica com um olhar sombrio] - Não, a Carlota vai ter o que merece e por enquanto não será pelas mãos das autoridades. 


ROSAURA: - O que vassuncê quer dizer, menina?


ANA CATARINA: - Eu voltei para me vingar. Não vou sossegar enquanto não destruir toda a família Guerra! [Conclui].




Cena 07 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Rosaura estava estarrecida como o tempo tinha transformado Ana Catarina.]


ROSAURA: - Se vingar? Não, menina. Isso é errado, vassuncê não pode se corromper a esse ponto.


ANA CATARINA: - Agora é tarde demais, eu agora sou outra pessoa. Alguém que eles jamais pensaram que algum dia eu me tornaria. Hoje eu sou a Condessa de Burgos, uma mulher implacável.


MIGUEL: - Gente, desculpe interromper, mas acho que precisamos descer ou vão começar a desconfiar de algo.


ANA CATARINA: - Ele tem razão… Bá, eu preciso que vosmecê guarde esse segredo. Em nenhuma hipótese a Carlota ou o Antônio podem saber quem eu sou na verdade, entendeu?


ROSAURA: - Claro menina, pode deixar. Mesmo não concordando com essa história de vingança, eu jamais faria algo para te prejudicar. O seu segredo está guardado!


[Alguns instantes depois, todos voltaram mais tranquilos, como se nada tivesse acontecido.]


CARLOTA: - Vejo que todos estão bem, incluindo Rosaura.


MIGUEL: - Como suspeitava, foi apenas uma queda de pressão. Não há com o quê se preocupar, podemos retornar aos nossos afazeres.


CARLOTA: - Evidentemente. Vamos para a sala de jantar, a comida está servida.


[Na sala de jantar, todos apreciavam as aves que Rosaura havia assado, enquanto aproveitavam para saber mais sobre a vida da condessa.]


GRAÇA: - Me conte, condessa. Por quê vosmecê nunca mais se casou? Ainda é uma mulher jovem e muito bonita, certamente partidos não lhe faltam.


LAURA: - Ou talvez não tenha nenhum. [Murmura].


ANA CATARINA: [Sorri com ironia e responde olhando para Laura] - Na realidade, o marido é uma figura indispensável para toda mulher em nossa sociedade atualmente, infelizmente. As mulheres são muito capazes de conseguirem o que querem sozinhas, mas como não há respeito para as mulheres que são sozinhas, tenho que me dobrar a isso. Na verdade até pretendo me casar, mas não é qualquer homem que saberia lidar com tanto poder e dinheiro, pois o meu finado conde me deixou muito bem de vida, felizmente.


CARLOTA: [Observa Ana Catarina falar com muita atenção] - Espero que isso mude e que logo encontre um bom marido. [Completa].


Cena 08 - Mercearia da Paz [Interna/Noite]

Música da cena: Carinhoso - Céu

[Joana se preparava para fechar a mercearia quando foi surpreendida.]


JOANA: - Vosmecê? [Disse segurando a porta que estava prestes a fechar].


VLADIMIR: - Desculpe a hora, é que estou precisando levar mantimentos para o meu povo. Será que posso entrar?


JOANA: - Claro, entre. Eu já estava fechando, mas irei abrir essa exceção. [Responde dando passagem para que Vladimir entre].


VLADIMIR: - Bom, eu me lembro de vosmecê no outro dia. A xaborrí estava na estação de trem!

Tradução: Xaborrí = Menina.


JOANA: - Xaborrí? [Estranha]. - Vosmecê fala engraçado. [Sorri].


VLADIMIR: - Xaborrí, sim. Quero dizer menina, como vosmecê… [Responde sorridente].


JOANA: - Eu não sou mais uma menina, já sou uma mulher. Será que não vê?


VLADIMIR: - Vejo sim, sem dúvidas é uma linda mulher. [Diz olhando nos olhos de Joana].


JOANA: - Bom, vosmecê me deixou corada com esse elogio. É melhor escolher os mantimentos que deseja, pois já está tarde e minha mãe não gosta que fique com a mercearia fique aberta até essas horas. [Responde encabulada].


VLADIMIR: - Sim, claro xaborrí. Acontece que não tenho muitas moedas, mas trouxe esses tachos de cobre, são muito valiosos. O meu povo que faz, aceita trocá-los por alguns mantimentos? O meu povo tem fome!


JOANA: [Olha para os tachos e fica desconsertada] - Trocá-los?


[Nesse momento, estranhando a demora de Joana em fechar a mercearia, Cândida adentrou no salão e logo mudou de expressão ao ver um cigano em seu estabelecimento.]


CÂNDIDA: - Minha filha, vosmecê demorou e eu vim… O que esse cigano está fazendo acá? Eu não já disse que não quero essa gente aqui? [Grita].


JOANA: - Mamãe, não precisa falar assim!


VLADIMIR: - É, senhora. Eu vim em paz! Quero apenas alguns mantimentos em troca desses tachos de cobre, veja como são bonitos. [Disse mostrando-os para Cândida].


CÂNDIDA: [Segura os tachos] - Olha o que eu faço com essas porcarias! [Grita jogando os tachos do lado de fora]. - Eu não faço negócio com ciganos. Ciganos são ladrões e eu não quero ladrões na minha mercearia. Agora vá embora ou eu chamo a guarda, vá!


VLADIMIR: - A senhora é má, julga o meu povo só por sermos pobres. Tem o coração mais frio que a noite, tomara que Deus lhe castigue. [Diz ao se retirar].


CÂNDIDA: - E não se atreva a voltar! [Grita fechando a porta com força].


JOANA: [Encara a mãe após o acontecido e corre para dentro de casa, sem falar com ela].


Cena 09 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

[Após o jantar, Rosaura e Idalina serviram um café e todos foram para a sala de estar. Ana Catarina e Miguel despediam-se de todos pelo caminhar das horas.]


CARLOTA: - Ah, fique mais um pouco. Eu posso pedir para o meu chofer levá-los até sua fazenda ou o meu filho..


ANA CATARINA: [Interrompe Carlota] - Não precisa se incomodar, minha querida. O meu ficou esperando na carruagem. Ele está lá fora, além disso não quero incomodá-la ainda mais. O jantar era para ser de negócio, mas acabou sendo muito mais agradável e nem falamos neles, acabaram ficando de lado em meio aos acontecimentos.


LEONORA: - Naturalmente, pois sua companhia é muito agradável. [Responde sorridente].


GRAÇA: - Se quiser, meu filho Pedro pode lhe acompanhar até a fazenda, não é de bom tom que uma condessa de sua estirpe ande por aí, sozinha.


ANA CATARINA: - Eu não estou sozinha, Graça querida. De certo se esqueceu ou finge não estar enxergando o meu amigo acá presente, mas voltarei com Miguel, que é de minha inteira confiança.


ANTÔNIO: - Bom, já que não quer nossa companhia para acompanhá-la até sua fazenda, permita-me que eu me despeça como se deve. [Diz ao beijar a mão de Ana Catarina].


Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández


LAURA: [Visivelmente incomodada, logo tratou de agir, puxando Antônio para trás] - Deixem ela ir, afinal ela já se despediu de todos. Muito boa noite, condessa!


ANA CATARINA: [Encara Laura com um ar de deboche e se despede] - Boa noite, Laura. Tenham todos uma boa noite, com licença! [Retira-se].



Cena 10 - Gazeta do Vilarejo [Interna/Noite]

Música da cena: Valsinha - Mônica Salsamo

[Com a transição de cenas, surge a fachada do prédio onde ficava instalada a redação do jornal da cidade. No interior do local e em meio a penumbra, Ricardo bebia solitário em sua mesa.]


RICARDO: - Ela não me nota e nunca vai me querer, porque eu não passo de um pobre coitado. Eu sou um desgraçado… Se eu tivesse o dinheiro do Antônio Guerra, com certeza ela se casaria comigo e não com ele. [Choraminga entre um gole e outro]. - Porque vosmecê não me ama, Laura? Porque? [Questiona-se a si mesmo, em seguida arremessa o copo contra a parede e inclina-se em meio aos papéis na mesa].


Cena 11 - Casarão D’ávilla [Interna/Manhã]

Música da cena: Ecoou um canto forte na senzala - Roberto Souza

[O dia amanhece e o sol irradia todo o canavial do engenho da família D’ávilla. Na cozinha, Rosaura cantarolava enquanto batia a massa de um bolo e não percebeu quando Idalina adentrou.]


IDALINA: - Nossa, vassuncê está feliz. Inté está cantando. Posso saber o motivo de tanta alegria? [Disse ao entrar carregando algumas roupas de cama].


ROSAURA: - Eu apenas amanheci feliz, Idalina. Só isso!


IDALINA: - Uma escrava feliz acá? Isso é impossível, Rosaura. Fala a verdade…


ROSAURA: - Vassuncê deveria cuidar do seu serviço, Dona Carlota gosta dos lençóis bem limpos e engomados, sim? Xispa daqui, sua linguaruda.


IDALINA: - Está bem, se não quer contar, então não conte, mas eu sei que está escondendo algo. Eu sei! [Resmungou saindo da cozinha].


ROSAURA: - A felicidade que estou sentindo, só eu e Deus sabemos o motivo. Ninguém nessa casa pode saber que a minha menina está de volta. [Fala consigo mesma sorridente].


Cena 12 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]

[Miguel arrumava a gravata enquanto se olhava refletido no espelho, quando alguém bateu na porta de seu quarto.]


MIGUEL: - Pode entrar! [Disse ao finalizar].


ANA CATARINA: - Bom dia, Miguel. Desculpe incomodá-lo tão cedo, mas acontece que preciso de sua ajuda. Hoje darei mais um passo em minha vingança, se tudo der certo, um peixe há de morder a isca. [Diz ao entrar no quarto de Miguel].


MIGUEL: - Eu posso saber do que se trata? [Questionou orientando Ana Catarina a sentar em sua cama, enquanto ele se acomodou em uma poltrona].


ANA CATARINA: - É algo bem simples, quero que faça um anúncio no jornal da cidade.


MIGUEL: - Anúncio? Entendo, mas que tipo de anúncio? [Pergunta curioso].


ANA CATARINA: - Quero que anuncie no jornal da cidade e em página de destaque, que estou em busca de um marido e que o felizardo receberá 100 mil contos de réis.


MIGUEL: [Surpreende-se com a fala de Ana Catarina].


[A imagem congela focando em Ana Catarina séria, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].


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