Capítulo 25
Cena 01 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]
[Antônio observava a cena e por dentro se perguntava o motivo de não saber sobre a existência de uma filha.]
ANA CATARINA: - Meu Deus, que alegria com a sua chegada. Deixe-me ver como vosmecê está… [Diz observando a filha]. - Linda, como sempre, minha princesa!
MILA: - Ah, mamãe. Estava cansada de viver sozinha em Madri estudando, por isso resolvi voltar, daí soube que estava passando uma temporada no Brasil e imaginei que seria ótimo conhecer terras brasileiras.
AMÁLIA: - Sozinha, menina? Eu não me desgrudei de vosmecê um só dia! [Disse ao se aproximar].
ANA CATARINA: - Amália, vosmecê também está muito bem. Obrigado por cuidar de minha filha!
AMÁLIA: - Vosmecê sabe que eu adoro essa menina como se fosse minha própria filha.
MILA: [Observa Antônio olhando para as três reunidas e estranha] - E esse senhor, mamãe? Quem é?
ANA CATARINA: - Ah, permita-me… Foi indelicado de minha parte. Vamos pular um pouco as formalidades e vamos direto a apresentação. Antônio, essa é a minha filha, Emília e sua madrinha, Amália. Amália é a mãe de Miguel, meu melhor amigo. Ele é Antônio Guerra, meu noivo e futuro marido.
ANTÔNIO: - Muito prazer! [Disse estendendo a mão].
MILA: - Pode me chamar de Mila! [Respondeu sorridente ao apertar a mão de Antônio].
ANA CATARINA: [Observou os dois].
Cena 02 - Banco D’ávilla [Interna/Manhã]
Música da cena: Além do Paraíso - Antônio Villeroy
[Empolgada com o casamento de Antônio e uma mulher da nobreza, Carlota planejava muito bem os seus próximos passos.]
CARLOTA: - Mal posso esperar pelo dia desse casamento. Antônio vai ser a minha chave de abertura ao tesouro. Logo, logo o dinheiro da condessa será meu. Quem sabe eu não ganhe um título também? Duquesa Carlota Guerra… Marquesa Carlota Guerra… [Pensa empolgada].
Cena 03 - Fazenda Santa Clara [Interna/Tarde]
Música da cena: Flor de Lis - Melim
[Com a transição de cenas, surge novamente a fachada da fazenda de Ana Catarina. Após o almoço, Mila aproveitou para se recolher na companhia de Amália, quando uma das criadas chamou Ana Catarina.]
ANA CATARINA: - A empregada disse que o senhor estava a minha procura, não lembro de termos marcado nenhum encontro.
PADRE JÚLIO: - E não marcamos, eu resolvi fazer visita de cortesia, pois soube do casamento. Como sou o único padre na cidade, imagino que queria acertar os detalhes do casamento no religioso. Terei a honra de celebrar seu matrimônio!
ANA CATARINA: - Sinto muito em dizer que vosmecê está enganado. Não pretendo me casar no religioso, pois não acredito em um Deus que permite no mundo tanta hipocrisia, falsidade e maldade. O casamento ocorrerá acá, em minha casa e será realizado por um juiz de paz, naturalmente.
PADRE JÚLIO: - Mas isso é um absurdo!
ANA CATARINA: - Vosmecê quer mesmo que eu diga o que é um absurdo? Absurdo é um sacerdote vir até um local, sem ser chamado para dar extrema-unção ou algo do tipo e querer empurrar seus preceitos arcaicos de goela abaixo. Eu não vou me casar na sua igreja!
PADRE JÚLIO: - Mas eu vi vosmecê em minha igreja, vai dizer que eu imaginei?
ANA CATARINA: - Não, padre. Tudo isso fazia parte de um plano, que um dia o senhor tomará conhecimento. Agora se me permite, estou ocupada e recebendo visitas muito queridas. O senhor se importa em ir?
PADRE JÚLIO: - Dá para ver que vosmecê foi ferida por alguém e fala isso da boca para fora, por isso vou relevar tudo o que diz. Vou deixá-la em sua casa, se precisar de mim ou mudar de ideia, sabe onde me encontrar.
ANA CATARINA: [Sorri] - Pode ficar tranquila, padre. Eu não vou mudar de ideia! [Completa].
PADRE JÚLIO: - Com licença! [Diz ao sair].
[Sem perceber, Ana Catarina era observada por Amália, do fim do corredor.]
Cena 04 - Gazeta do Vilarejo [Interna/Tarde]
[Antônio havia sido recebido com muita empolgação na redação do jornal após a notícia do noivado se espalhar.]
RICARDO: - Quero ser o primeiro a felicitar o noivo. Felicidades, meu amigo! [Diz ao abraçar Antônio].
ANTÔNIO: - Vosmecê não imagina o quanto estou feliz. Acredito que seja o homem mais feliz da terra. Vou casar com uma mulher linda, pela qual me apaixonei.
RICARDO: - É, meu caro amigo. Nota-se de longe o brilho em seus olhos. Essa mulher soube muito bem lhe amarrar. Vosmecê logo se renderá à prisão do casamento. Precisamos brindar isso, uísque?
ANTÔNIO: - Naturalmente! [Responde concordando].
Cena 05 - Acampamento Cigano [Interna/Tarde]
[Imagens da cidade são apresentadas. Em seguida, surgem os campos e logo após o acampamento cigano.]
VICENTE: - Pronto, já estou aqui. [Disse ao se sentar ao lado de Madalena]. - Acredito que seja alguma reunião para acertar algum detalhe do casamento. Não me digam que enfim escolheram a data? [Questiona empolgado].
VLADIMIR: - Na verdade, não bato. Queremos tratar justamente do contrário…
Tradução: Bato = Pai.
VICENTE: [Estranha o rumo da conversa] - Como assim, o contrário?
AÇUCENA: - O que ele quer dizer Vicente, é que nós dois não nos amamos.
VLADIMIR: - E que não queremos nos casar! [Completa].
VICENTE: - Como assim? Isso não pode ser verdade!
MADALENA: - Um raio vai cair em cima das nossas cabeças, maldita seja a minha sorte. [Diz incrédula].
Cena 06 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]
Música da cena: Coleção - André Leonno
[O pôr do sol se foi e logo anoiteceu. Ana Catarina se arrumava em seu quarto, quando ouviu batidas na porta.]
ANA CATARINA: - Pode entrar! [Respondeu].
MILA: - Atrapalho, mamãe? [Perguntou ao abrir a porta].
ANA CATARINA: - Claro que não, minha filha. Entre, por favor.
MILA: [Senta-se na cama da mãe] - Mamãe, por quê não me escreveu e me contou que estava noiva? Não nos vemos desde a véspera da morte do papai.
ANA CATARINA: - Não julguei importante, por isso não escrevi.
MILA: [Espanta-se] - Ah, mamãe. Às vezes sua frieza me espanta, quem a vê falando assim, até pensaria que não ama Antônio. Isso é importante, sim. Vosmecê o ama, não é?
ANA CATARINA: - Se eu o amo? [Repete pensativa]. - Sim, eu o amo! [Responde sem jeito após uma pausa breve].
Cena 07 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]
[Mila observava a mãe terminar de se arrumar, quando tornaram a bater na porta do quarto de Ana Catarina.]
AMÁLIA: - Desculpe interromper esse momento de mãe e filha, mas o jantar será servido. Vamos descer!
MIGUEL: - Condessa, Lady Mila… Fazemos questão da presença das duas! [Fala sorridente].
MILA: - Claro, jantaremos juntos, não é mamãe?
ANA CATARINA: - Claro, já estou pronta. [Respondeu levantando-se do banco que ficava em frente a penteadeira].
MILA: - Vamos, madrinha? [Disse dando as mãos a Amália].
AMÁLIA: - Vamos, meu amor! [Respondeu ao segurar as mãos de Mila].
MILA: [Estranhou a distração de Amália] - Que foi, madrinha? O que está olhando?
AMÁLIA: - Estou admirando suas estrelinhas. Esse sinal de nascença que carrega no antebraço esquerdo. É lindo!
ANA CATARINA: [As observa em silêncio] - É… Eu acho melhor descermos, o jantar vai acabar esfriando. Vamos? [Disse para quebrar o gelo].
Cena 08 - Cachoeira [Externa/Manhã]
Música da cena: Corre - Gabi Luthai
[Ao amanhecer, Miguel e Maria do Céu voltaram a se encontrar no local de costume. Enquanto caminhavam, os dois conversavam sobre uma proposta que ele havia feito.]
MIGUEL: - E então, vosmecê não me respondeu ainda. Estou esperando!
MARIA DO CÉU: - Não sei se devo. Aliás, eu nunca fui a um casamento. Nem sei como devo me comportar em tal ocasião, não creio que minha tia vai deixar.
MIGUEL: - Ora, se esse for o problema… Posso falar com sua tia, creio que ela não irá recusar o convite.
MARIA DO CÉU: - Não! Não faça isso. Minha tia não sabe que somos amigos e nem que eu saio de casa, não acredito que ela irá deixar que eu saia de casa nessa ocasião. Pensarei como farei te respondo em breve. Quando será o casamento? [Questiona].
MIGUEL: - No dia 20 do próximo mês! [Conclui].
Cena 09 - Casa de Modas [Interna/Manhã]
[Na casa de modas, as costureiras acertavam os ajustes no vestido de Ana Catarina, enquanto ela observava tudo através do espelho.]
COSTUREIRA: - Talvez mais uma pinça na cintura e ficará perfeito…
ANA CATARINA: - Certamente, ultimamente mal tenho conseguido comer de tão nervosa que tenho andado.
COSTUREIRA: - Isso é perfeitamente natural, todas as noivas ficam assim, minha querida.
LAURA: - Nem todas… Algumas ficam plantadas e são abandonadas às vésperas do casamento. Vitimas de golpistas! [Diz ao se aproximar].
ANA CATARINA: - Vejo que vosmecê não desiste de me perseguir. Onde quer que eu esteja, vosmecê surgirá à espreita como um fantasma. Já lhe adianto que não tenho medo. Como pode ver, tudo está correndo perfeitamente bem e sem que meu noivo me enrole durante anos! [Responde com ironia, enquanto olha para Laura através do reflexo no espelho].
LAURA: - Se eu fosse vosmecê, não teria tanta certeza. Tudo pode acontecer, inclusive nada. Vai que em cima da hora, o seu casamento também é cancelado. Assim, como uma casualidade do destino!
ANA CATARINA: [Vira-se e encara Laura de frente] - Uma vez eu lhe disse isso e vou tornar a repetir. Não tenho medo das suas ameaças, cão que ladra, não morde. Se vosmecê duvida tanto que o meu casamento não se realize, compareça até minha fazenda no dia 20 do mês que vem, estarei me casando em uma cerimônia íntima e darei uma recepção para poucos convidados. Faço questão da sua presença!
LAURA: - Vosmecê é uma cínica!
ANA CATARINA: - E vosmecê uma mulher sem senso de rídiculo. Aceite que perdeu de uma vez por todas. O meu casamento com Antônio Guerra é uma realidade, não vê quem não quer. Agora se me permite, vosmecê está atrapalhando a minha prova do vestido de noiva. Será que poderia nos dar licença?
LAURA: - Tenha cuidado, condessa. Tenha muito cuidado, nem tudo ocorre da forma que desejamos. Passar bem! [Diz ao se retirar].
COSTUREIRA: - Vosmecê deveria tomar cuidado. Sinhazinha Laura é uma mulher muito perigosa.
ANA CATARINA: - Pode deixar, eu tenho o antídoto para certas cobras. Pode continuar, quero o meu vestido pronto o quanto antes. [Respondeu, voltando a mesma posição de antes].
Cena 10 - Acampamento Cigano [Interna/Tarde]
[Com a transição de cenas, surge o acampamento cigano. Madalena arrumava a tenda, quando Açucena adentrou acompanhada.]
AÇUCENA: - Vovó, eu quero te apresentar uma pessoa… [Disse ao se aproximar].
MADALENA: [Olha para Açucena acompanhada] - E esse daí, quem é? O xaborron que vai te arrastar para a desgraça?
Tradutor: Xaborron = Menino.
AÇUCENA: - Não, vovó. Esse é o rapaz que eu escolhi para me casar e ser feliz. O nome dele é Pedro e nós estamos apaixonados.
PEDRO: - Como vai, senhora? [Diz ao estender a mão, cumprimentando Madalena].
MADALENA: - Não, minha filha. Esse rapaz vai te fazer infeliz, eu vejo nas cartas que vosmecê irá sofrer muito. [Diz ao sair da tenda].
PEDRO: - Ela não gostou de mim, Açucena.
AÇUCENA: - Não se preocupe, ela é assim mesmo. Eu conheço a minha avó, ela vai ceder. Eu prometo! [Completa].
Cena 11 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]
[Ao anoitecer, Miguel e Ana Catarina se reuniram para conversar sobre o ataque de ciúmes de Laura na casa de modas.]
MIGUEL: - Ana Catarina, minha amiga… Estou começando a ficar preocupado com essa moça. Laura Lobato está se mostrando muito perigosa, temo que ela possa fazer algo contra vosmecê.
ANA CATARINA: - Eu não tenho medo, principalmente porque já pensei em como tirá-la do meu caminho. Vosmecê me disse que o dono do jornal é apaixonado por ela, certo?
MIGUEL: - Sim, eu disse. Por quê?
ANA CATARINA: - Estive pensando, por qual motivo os dois não ficaram juntos?
MIGUEL: - Me parece que pelo motivo do jornalista não ter muitas posses, a mãe dela jamais permitiria que a filha se casasse com uma pobretona.
ANA CATARINA: - Então isso é muito fácil de resolver.
MIGUEL: - Não, Ana Catarina. Não me diga que está pensando em usar o jornalista?
ANA CATARINA: - Eu não, vosmecê. Quero que faça o advogado investir no jornal dele, oferecendo uma quantia significativa para se tornar sócio. Com isso, ele irá adquirir um patrimônio interessante aos olhos da megera da Graça e assim, ela aceitará que ele se case com a intragável da filha dela. Assim, Laura sairá do meu caminho!
MIGUEL: - Olha, não me canso se dizer… Vosmecê não para de me assustar com tanta astúcia.
ANA CATARINA: - Sou uma mulher decidida. Nada pode dar errado no próximo dia 20. Eu vou me casar com Antônio Guerra, custe o que custar. [Conclui].
Cena 12 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]
Música da cena: Amor Gitano
UM MÊS DEPOIS…
[Após se passarem algumas semanas, havia chegado o dia do casamento de Ana Catarina e Antônio.]
ANTÔNIO: - Que horas são, agora? [Questionou enquanto andava de um lado para o outro na sala de estar].
MIGUEL: - Onze horas e cinco minutos. Pelas minhas contas, não se passaram mais que três minutos da última vez que me perguntou. [Responde].
LEONORA: - O que foi, meu filho? Está com medo de que a noiva tenha fugido pela janela?
CARLOTA: - Não diga bobagens, Leonora. A condessa é uma mulher de classe, jamais fugiria de um compromisso desse porte.
[Do canto da sala, Graça, Laura e Pedro observavam entre os convidados presentes.]
GRAÇA: - Ainda acho que não é uma boa ideia termos vindo acá.
PEDRO: - Até parece que vosmecê não conhece minha irmã, ela não vai se conformar com esse casamento nunca.
LAURA: - Eu precisava ver com os meus próprios olhos esse circo.
[Amália caminha entre os convidados e se aproxima do altar arrumado na sala de estar da fazenda.]
AMÁLIA: - A noiva já está vindo! [Diz e em seguida se acomoda entre os presentes].
Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández
[Com o inicio da marcha nupcial, começa a cerimônia. Mila entra primeiro como dama de honra, carregando um buquê de flores silvestres e logo em seguida, Ana Catarina surge deslumbrante vestida de noiva.]
ANTÔNIO: - Ela está linda! [Diz apaixonado ao ver Ana Catarina vestida de noiva].
[A imagem congela focando em Ana Catarina parada, vestida de noiva, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].
TRILHA SONORA OFICIAL
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