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VILAREJO - Capítulo 43 (Últimas Semanas)


Capítulo 43 (Últimas Semanas)

Cena 01 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]

[Horrorizadas com o que haviam acabado de ouvir, Ana Catarina e Mila tentavam contestar as provas encontradas.]


ANA CATARINA - Senhor oficial, isso claramente é um engano. Essa arma não me pertence e a ninguém de minha família. Naturalmente foi plantada acá. Já até sei quem foi... Carlota Guerra, essa mulher me odeia e quer me tirar do caminho, pois eu sou uma pedra no sapato dela. Foi ela e seu jagunço, Zeferino.


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Senhora condessa, consegue me provar as suas acusações? Vosmecê sabe que acá neste país, a palavra de um cigano não tem valor algum. Por favor, não complique mais a situação. Vosmecê está bem encrencada com essa evidência, pois o tipo de arma corresponde aos projéteis que meus homens encontraram no acampamento.


MILA: - Mas isso é um absurdo! Senhor, a minha mãe está falando a verdade. Ela não mataria Antônio Guerra, ele é o marido dela.


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Por isso mesmo, na denúncia que recebemos, descobrimos que sua mãe se casou com Antônio com motivo torpe, apenas com o objetivo de torná-lo um homem infeliz. Sua mãe odiava o próprio esposo, agora vamos. Guardas, levem-na!


[Os guardas algemam Ana Catarina.]


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Sem resistir, condessa. Não queremos machucá-la!


MILA: - Mamãe, o que eu faço agora?


AMÁLIA: - Eu vou cuidar de vosmecê, tenho certeza de que isso tudo é um mal entendido. Vamos procurar o melhor advogado para sua mãe.


ANA CATARINA: - Isso mesmo, procurem um advogado, preciso sair desse complô contra mim o quanto antes. 


[Por fim, o oficial de justiça e os guardas levam Ana Catarina.]


Cena 02 - Acampamento Cigano [Externa/Manhã]

[Em uma parte mais distante do acampamento, o corpo de Vicente era enterrado junto ao de seus antepassados sob grande comoção e melancolia.]


LEONORA: - Que Deus te receba em sua infinita bondade, Vicente. Te amarei pelo resto da minha vida! [Murmura em meio ao próprio pranto].


AÇUCENA: - Sem dúvidas ele foi um grande homem e também te amou muito. [Fala apoiando Leonora].


MADALENA: - Bendita foi a vossa, vida. Vicente Herrero, rei dos ciganos. Que os nossos ancestrais te recebam e que sua passagem pelo rio da vida seja tranquila e serena. Vosmecê sempre estará em nossos corações!


VLADIMIR: [Chora copiosamente].


JUVENAL: - Seu pai era um homem justo, o que fizeram com ele não ficará impune. Vocês terão sempre a minha gratidão!


[Ricardo assistia ao funeral e para não deixá-lo ir sozinho, Laura havia o acompanhado.]


RICARDO: [Percebe Laura inquieta] - O que houve? Vosmecê me parece mais nervosa do que o normal. Aconteceu algo?


LAURA: - Não, sei. Não gosto de como aquele homem me olha! [Refere-se ao olhar de Juvenal].


RICARDO: [Observa Juvenal entre a multidão] - É estranho, nunca vi esse homem por esses lados. Olhando para o rosto dele, eu não o conheço.


LAURA: - Sei lá, mas continuo com a sensação de que o rosto dele me é muito familiar. [Completa].


Cena 03 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]

Música da cena: Acreditar no Seu Amor - Liah Soares

[Imagens externas mostram os campos da cidade e em seguida as plantações da fazenda de Ana Catarina. No interior da propriedade, aproveitado estar sozinha na casa, Idalina aproveitou para conhecer os cômodos da fazenda.]


IDALINA: [Abre o porta-joias de Ana Catarina e começa a experimentar algumas peças, em frente ao espelho da penteadeira] - Devo admitir, essas jóias combinam bem mais comigo!


[Após circular pelo quarto, Idalina começou a mexer nas roupas do armário, observando os vestidos e chapéus de Ana Catarina.]


IDALINA: - Isso acá é o mais puro luxo… Io nasci pra ser fidalga, mulher rica da sociedade. [Disse acariciando um dos vestidos, quando de repente notou um envelope em cima da mesinha de canto no quarto e se aproximou]. - Ué, o que será que tem acá nesse envelope? O que será que tem escrito? [Questiona-se ao segurar e observar o envelope].


Cena 04 - São José dos Vilarejos [Interna/Manhã]

Música da cena: Vilarejo - Marisa Monte

[Com a transição de cenas, surgem as ruas da cidade de São José dos Vilarejos. Uma charrete se aproxima e estaciona no centro da cidade.]


BARÃO FILIPE: [Desce da charrete e observa a cidade] - Então é acá que aquela golpista está escondida? Eu vou te encontrar, Ana Catarina e vosmecê vai me pagar!


Cena 05 - Posto Policial [Interna/Tarde]

[Inconformada diante a injustiça que estava sendo vítima, Ana Catarina chegou ao posto policial e logo foi colocada em uma cela.]


ANA CATARINA: - Já disse que eu não fiz nada! [Grita ao entrar na cela].


OFICIAL DE JUSTIÇA: - Vosmecê ficará livre se ficar provado que não está interligada a tentativa de assassinato de Antônio Guerra. Reze para que ele não morra, pois se isso acontecer, sua situação irá se complicar e muito. Agora terá muito tempo de pensar no que fez. [Retira-se].


ANA CATARINA: - Eu não fiz nada! [Grita].


Cena 06 - Acampamento Cigano [Externa/Tarde]

[Após retornarem do funeral de Vicente, Vladimir, Leonora, Açucena e Madalena se reuniram para conversar sobre o futuro dos ciganos.]


MADALENA: - Bem, eu chamei vosmecês acá para decidirmos o futuro do acampamento. Como todos sabem, estamos neste vilarejo há alguns anos, porque assim o nosso rei que descansa na santa paz agora descansa, Vicente Herrero, havia decidido. Nosso povo não deve ficar sem um líder, precisamos de um e que prossiga a tradição, perpetuando toda a nossa história.


AÇUCENA: - Ué, mas o novo rei dos ciganos será o Vladimir, não? Ele é o filho do Vicente.


MADALENA: - Não, nos escritos sagrados do livro do nosso povo, é o filho mais velho que deve assumir o lugar de rei dos ciganos.


VLADIMIR: - Gadjó!

Tradução: Gadjó = Homem não cigano.


LEONORA: - Antônio! [Conclui].





Cena 07 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]

[Surge a fachada da Fazenda Santa Clara. No interior da propriedade, Mila, Tomásia e Maria do Céu caminharam por um extenso corredor, até adentrar no quarto de Ana Catarina.]


MILA: - Está acá, eu vi hoje cedo, ela me mostrou o envelope com a cópia da carta de alforria de Miguel. Vamos pegá-la e acabar com o mal entendido! 


MARIA DO CÉU: - E onde está? [Questiona ansiosa].


MILA: [Aproxima-se da mesinha de canto e procura entre os papéis].


TOMÁSIA: [Estranha o desespero de Mila] - Que foi, sinhazinha? Não está encontrando?


MILA: - Não sei o que pode ter acontecido, estava acá. Eu vi! [Responde inconformada]. - Desapareceu, o envelope sumiu.


MARIA DO CÉU: - Não pode ser, estamos perdidos! [Completa apavorada].


Cena 08 - Posto Policial [Interna/Noite]

[Após uma autorização do oficial, o advogado de Ana Catarina enfim conseguiu visitá-la.]


ANA CATARINA: - Doutor, que que bom que veio! [Diz ao caminhar no interior da cela, aproximando-se das grades].


ADVOGADO: - Condessa, estive analisando o seu caso e devo admitir que vosmecê está em maus lençóis. Soube que um cigano Vladimir esteve acá mais cedo, ele confirmou a sua versão, entretanto não lhe deram ouvidos. A palavra de Carlota Guerra acá nesta cidade, é muito valorizada.


ANA CATARINA: - Eu fui vítima de uma armação, eu não tentei tirar a vida do meu marido. Vosmecê precisa acreditar em mim!


ADVOGADO: - Eu acredito, condessa. Entretanto, com circunstâncias de um casamento tão diferente como o seu, duvido muito que a justiça não fique com dúvidas da sua inocência.


ANA CATARINA: - Mas eu não atirei no Antônio, eu sou inocente!


ADVOGADO: - Outro fator que complica ainda mais a sua situação, é que alguém prestou queixa e depôs contra vosmecê.


ANA CATARINA: - Sim, deixe-me adivinhar. A pessoa mais sórdida e ordinária dessa cidade. Carlota Guerra! 


Cena 09 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, surgem imagens externas da Fazenda Santa Clara. No interior da propriedade, Mila e Amália jantavam sentadas à mesa.]


MILA: [Observa Amália sem tocar no prato] - Vosmecê não tocou na comida, não está com fome?


AMÁLIA: - Não consigo comer pensando em como o meu filho está, vivendo como escravizado, sendo que ele nem sabe o que é isso graças ao Conde, que era um homem tão bem. Não sei o que fazer para ajudar o meu filho a sair dessa injustiça, minha única esperança era a sua mãe, mas agora nessas condições…


MILA: - Minha mãe vai provar que é uma mulher inocente, vai sair da cadeia e nós iremos salvar o Miguel. Tenha fé, Amália!


IDALINA: [Aproxima-se] - A sinhazinha tem visitas lá na porta!


MILA: - Visitas, uma hora dessas? Quem será?


BARÃO FILIPE: - Sou eu! [Diz ao adentrar na sala de estar].


MILA: [Levanta-se surpreendida] - Tio Filipe? 


Cena 10 - Acampamento Cigano [Interna/Noite]

[Leonora conversava enquanto limpava e trocava os curativos da cabeça de Antônio, que continuava inconsciente.]


LEONORA: - Quando vosmecê acordar, muitas coisas estarão diferentes, meu filho. Vosmecê terá um papel fundamental acá, a partir de agora. Ocupará o lugar do seu pai. [Chora]. - Vosmecê precisa acordar, meu filho!


Cena 11 - Posto Policial [Interna/Noite]

[Ana Catarina estava sentada em uma cama de concreto com a cabeça abaixada, quando ouviu passos se aproximando.]


ANA CATARINA: - Vosmecê! Sabia que iria tripudiar. [Diz ao erguer a cabeça].


CARLOTA: - Devo admitir que o ambiente combina muito com vosmecê. O tiro saiu pela culatra, não foi? Esperava tanto me ver numa pocilga como essa e olhe para mim, eu estou livre, diferente de vosmecê.


ANA CATARINA: - Foi vosmecê, quem mais seria tão ordinária e vil a ponto de criar uma armadilha dessas? [Diz ao se levantar].


CARLOTA: - Você me subestimou, Ana Catarina. Enquanto estava tão distraída com essa sua vingança fajuta, eu dei um jeito de te tirar do meu caminho e em breve estará completamente destruída. [Ironiza]. - Eu ganhei pela segunda vez, Ana Catarina. Eu ganhei!


ANA CATARINA: [Se aproxima das grades e segura Carlota pelo cabelo e pelo vestido] - Não, vosmecê não venceu sua desgraçada, porque enquanto vida eu tiver, não vou desistir de provar que vosmecê é uma assassina, uma bandida mequetrefe. 


CARLOTA: - Guardas! Guardas… Socorro, essa mulher está maluca! [Grita tentando se desvencilhar].


ANA CATARINA: [Puxa o cabelo de Carlota com ainda mais força] - Que foi, está com medo de mim? Vosmecê não perde por esperar quando eu sair desse lugar, eu não vou ter piedade. Eu vou te esmagar definitivamente como o inseto que é! [Grita].


[Os guardas se aproximam e conseguem apartar as duas.]


CARLOTA: - Vosmecê tentou matar o meu filho, mas se existe justiça nesse mundo, vosmecê irá pagar e passar o resto dos seus dias num calabouço como esse. [Grita sendo conduzida a sair pelo guarda].


ANA CATARINA: - Eu não fiz nada, a bandida acá é vosmecê. Vosmecê! [Grita].


Cena 12 - Acampamento Cigano [Externa/Manhã]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, surge o acampamento cigano. O clima ainda era de tristeza após o enterro de Vicente. Quando Vladimir saiu de sua tenda, observou Juvenal encarando a fogueira e resolveu se aproximar.]


VLADIMIR: - Como você está meu amigo? Nem pudemos conversar depois dos últimos acontecimentos. Como se sente livre daquele horrível capacete? [Questiona ao se aproximar].


JUVENAL: - Bem, eu quem deveria te perguntar. Como vosmecê está? Eu realmente sinto muito pelo o que aconteceu com vosso pai.


VLADIMIR: - Meu pai era um homem incrível. Tenho certeza de que ele continuará olhando por todos nós.


JUVENAL: - Certamente, Vladimir. Certamente! [Responde com uma expressão de apatia].


VLADIMIR: [Estranha] - Está realmente tudo bem com vosmecê, meu amigo?


JUVENAL: - Acontece que o capacete de ferro se foi, mas com ele outras coisas voltaram e clarearam muitas outras coisas.


VLADIMIR: - Do que está falando?


JUVENAL: - Já sei o meu nome, comecei a lembrar do meu passado e… Eu me lembrei que tenho uma filha. Eu tenho uma filha! [Responde encarando Vladimir]. 


[A imagem congela focando em Vladimir surpreso com a revelação de Juvenal, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].


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