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Débora - Capítulo 10

 


Débora
CAPÍTULO 10

uma novela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

baseada nos capítulos 3 a 5 do livro de Juízes

 No capítulo anterior: Najara diz a Sísera que desconfia que seu marido, pai dele, está tendo um caso com alguma mulher. Encantado, Jeboão beija o corpo de Nira, e ela disfarça seu nojo. Baraque se identifica a Éder e Débora, e quando ela vai contar sobre o que ele quer, Éder a interrompe dizendo que não perguntou para ela. Ao proteger o pergaminho, Baraque conta que treina espada e é apoiado pela garota, deixando Éder furioso. Logo após, Éder diz que, quando se casarem, não poderá ser o homem da casa com ela interrompendo e tomando a palavra sem ele pedir, e ainda diz que é um absurdo uma esposa saber lutar e o marido não. Tamar pergunta a Elian se ele é tão ingênuo a ponto de achar que Débora se esqueceu de Lapidote e aceitou de bom grado o moço que ele empurrou para ela. Analisando a carta, o juiz Sangar diz que o texto fala “sobre a casa de Deus”, e não “sob”. Ele ainda menciona um monte onde hebreus ricos foram sepultados como sendo um bom lugar para se enterrar um tesouro. Quando Jeboão vai embora, Nira chama Debir e eles se entregam ao fogo do desejo. Najara diz a Sísera que nem sabe qual seria sua reação no caso de o marido lhe estar traindo, mas que ele não se preocupe e se concentre no trabalho. Jeboão, o pai de Sísera, chega tarde em casa. Éder nota que Débora não lhe olha nos olhos e diz que ela não gosta dele. A garota disfarça alegando que é seu noivo, e ele diz que ela passa tempo demais com Jaziel. Ela, no entanto, diz que passa bastante tempo com ele. Isabel, prima de Débora, entra, mas paralisa e se constrange ao ver Éder.
FADE IN:

CENA 1: EXT. HAROSETE – RUAS – DIA
Orgulhoso de si, Sísera caminha confiante e olhando bem para cada mulher que lhe chama a atenção.
Então toma uma rua mais estreita, onde várias meretrizes assediam os homens que passam por ali. Ao vê-las, Sísera sorri minimamente e continua. As carícias, as provocações, os elogios, as ofertas... ele gosta do que lhe faz a fila de mulheres.
Tendo passado pelas mais disponíveis na rua, Sísera para ao notar que uma (um pouco afastada das demais, de pé sobre uma espécie de palco de madeira e com vestes mais bonitas e adornos mais chamativos) não lhe olhou, não lhe jogou nenhum olhar provocativo... É como se ele não existisse. Indignado, Sísera vai até a meretriz. Para na frente da mulher, que o olha de cima a baixo.
SÍSERA
Eu percebi que você não olhou para mim. A única aqui que não fez isso.
MERETRIZ
Porque eu sei que você não tem ouro o suficiente para pagar por um instante sequer de prazer comigo. É apenas um mero soldado.
Sísera a observa, seus músculos faciais tensionados.
MERETRIZ
Eu sou de homens mais poderosos. Nobres, oficiais... Seu Capitão mesmo é o meu cliente mais assíduo.
Apesar da raiva, Sísera força um sorrisinho de canto de boca.
SÍSERA
Você deve ser Hanna... A famosa meretriz Hanna.
MERETRIZ
(sorrindo provocativamente) Sou eu.
SÍSERA
Para o seu conhecimento, as águas estão mudando. (se aproximando) As estrelas estão mostrando, até mesmo os pássaros estão sentindo e já procuram por outro lugar para fazerem seus ninhos.
A mulher o observa com a testa levemente franzida. Olhando um pouco para cima por causa do palco, ele para bem perto dela.
HANNA
Não faço ideia do que você está falando.
SÍSERA
Vou ser mais claro. Não, vou ser bem claro. Em breve, e não vai demorar muito, eu vou voltar aqui com tanto dinheiro, mas tanto dinheiro, que vou enfiar as moedas de ouro em você, e não vai ser só na boca.
A meretriz o encara num misto de estranheza e ironia.
SÍSERA
Uma noite para mim será pouco quando eu voltar. Se não acredita nisso, pode escrever. Enfio uma espada no meu estômago se eu não cumprir tudo o que falei aqui.
De forma discreta, ela ri em tom de deboche.
SÍSERA
Até breve.
Sísera vira e sai rápido pela rua.



CENA 2: INT. CASA DE TAMAR – SALA – DIA
Estranhando, Éder e Débora observam Isabel parada na entrada.
DÉBORA
O que foi, Isabel? Entre, prima...
ISABEL
(olhares vão e vem para Éder) Não, eu... Ahn, eu... vou para casa.
Ela vira para voltar, mas Débora fala.
DÉBORA
Espere, não vá... Temos biscoitos para todos.
Isabel vira de novo para eles.
ISABEL
(atrapalhada) Tudo bem....
Isabel fecha a porta, se aproxima da mesa e senta ao lado da prima.
DÉBORA
(oferecendo) Pegue.
Pigarreando, Isabel pega dois biscoitos, mas deixa um cair na vasilha. Constrangida, pega de novo.
DÉBORA
Está tudo bem?
ISABEL
(imediatamente) Sim!
DÉBORA
Hum...
Éder nota o comportamento estranho da garota, mas não diz nada.
DÉBORA
Quer vinho?
ISABEL
Ahn, claro, pode ser...
Débora estica o braço para a garrafa de vinho.
ISABEL
Não, não!... Vou recusar... (pigarreia)
DÉBORA
Tudo bem...
Éder resolve agir.
ÉDER
Hum, eu vou dar uma saída. Vou resolver uma coisa do trabalho e mais tarde eu volto.
DÉBORA
Certo.
Éder se levanta e Isabel mantém o olhar baixo, para a mesa.
ÉDER
Shalom.
DÉBORA
Shalom.
ISABEL
Sha-Shalom...
Éder atravessa a sala, abre a porta e sai. Isabel perde o constrangimento quase que instantaneamente.
DÉBORA
Você parece melhor...
ISABEL
Ah, é, eu... Os biscoitos estão ótimos...
DÉBORA
Por que você fica assim às vezes?
ISABEL
Assim como?!
DÉBORA
Assim, toda... cuidadosa, tímida... Parece ficar constrangida.
ISABEL
Isso é coisa sua, Débora. Está vendo demais...
DÉBORA
Sei que a gente se fala há pouco tempo, mas já percebi que você fica assim às vezes, sim.
ISABEL
Não se importe com isso, prima. Eu sou toda estranha mesmo. Mas diga-me, e as novidades, ahn?! Vamos falar de coisas boas...
Débora entra no assunto da prima e a conversa continua...
DÉBORA (NAR.)
Quem sabe eu sofresse menos nessa época se não demorasse tanto para perceber certas coisas...

CENA 3: EXT. CASA DE JAZIEL – FRENTE – NOITE
O resto do dia passa e a noite cai.
Olhando a grande e bonita casa, Sama se aproxima um tanto apreensiva, mas também empolgada.
SAMA
(para si) Não fique nervosa, Sama. Você foi convidada. A própria mãe dele te convidou!
Sama respira fundo, dá mais alguns passos e para diante da porta; bate.
Não demora muito e ela se abre: os olhares apaixonados de Jaziel e Sama se encontram.
SAMA
Oi...
JAZIEL
Oi, meu amor. Vamos, entre.
Sama entra e o namorado fecha a porta.

CENA 4: INT. CASA DE JAZIEL – SALA – NOITE
Ela nota que é uma sala grande, espaçosa e com belos adornos. Na cozinha ao lado, GAJA (59 anos) e seu marido BELTÃO (62 anos), os pais de Jaziel, preparam a comida. Eles olham para a recém-chegada sem nenhuma expressão de simpatia...
SAMA
(sorridente) Shalom!
Confuso, Beltão encara Sama e Gaja franze a testa.
GAJA, BELTÃO
Shalom...
Sama nota que não foi exatamente como esperava, mas tenta manter a simpatia.
GAJA
(sem realmente se importar) Sente-se enquanto termino o jantar.
Sama, acompanhada de Jaziel, senta-se à mesa. Parecem iniciar uma conversa, mas ela olha para Gaja.
SAMA
Desculpe-me, mas a senhora aceita ajuda?
GAJA
Ajuda? Não, e nem preciso.
Sama fica ainda mais desconfortável.
BELTÃO
(indiferente) Que surpresa vê-la aqui.
Sama então olha para Jaziel, que fica constrangido.
SAMA
(murmurando) “Surpresa”...
JAZIEL
(desconversando) Mas e então, meu amor, como foi seu resto de dia? Me conte...
Sama o encara por uns instantes...
Então começa a falar normalmente.

CENA 5: INT. HOSPEDARIA – QUARTO – NOITE
Sentado e escorado na cabeceira da cama, Baraque lê o pergaminho sobre o tesouro... E pensa...

CENA 6: INT. CASA DE TAMAR – QUARTO DE DÉBORA – NOITE
Débora, ajoelhada aos pés de sua cama e com os olhos fechados, termina sua oração a Deus.
DÉBORA
Amém.
Ela se levanta e, ao invés de se deitar, vai até um baú ali perto e o abre.
DÉBORA
Cadê?...
Débora revira o conteúdo do baú até encontrar a semente de tamareira com o cordão e as iniciais de Lapidote e dela própria gravadas nos dois lados da semente.
Então aperta firme a semente em sua mão... Com os pensamentos distantes, respira fundo.
Finalmente ela coloca a semente no lugar novamente, fecha o baú e se deita.

CENA 7: INT. PALÁCIO – SALA DE SÍSERA – DIA
Iluminado fracamente por uma vela em sua mesa e com o auxílio de uma pena, Sísera escreve energicamente em um pergaminho: trata-se de seu plano de estratégia.

CENA 8: EXT. BETEL – RUA – DIA
A noite passa e o dia seguinte amanhece.
Jaziel e Sama caminham, ele tentando apressá-la, mas ela não avança muito porque quer que ele lhe responda.
SAMA
Jaziel, pare de me enrolar. Eu não sou boba.
JAZIEL
Mas o que você quer saber, meu amor?
SAMA
Diga de uma vez a verdade!
JAZIEL
Eu já disse, Sama!
SAMA
Seus pais não me convidaram para jantar, Jaziel! Eu percebi, estava muito nítido! Eles não estavam esperando, foi uma surpresa!
Jaziel então para. Olha para ela...
JAZIEL
Tudo bem... É, você está certa.
SAMA
Está vendo? Olha só pelo que você me fez passar, Jaziel! Que vergonha!
JAZIEL
(segurando o ombro dela) Meu amor, você não precisa ter vergonha!
SAMA
Ah, não preciso!...
JAZIEL
E por que precisaria?!
SAMA
Está claro que eles não gostaram da minha presença, Jaziel.
JAZIEL
(se afastando) Ah, Sama, você está imaginando coisas. Eles podem não terem te convidado mesmo, mas não gostarem da sua presença?!
SAMA
É, não gostaram mesmo.
JAZIEL
Você... acha que meus pais não gostam de você?
SAMA
Não é isso que estou dizendo, mas... ontem não estavam preparados para me receberem. E não reagiram bem.
Olhando para o nada, Jaziel fica em silêncio.
SAMA
Escute, por acaso eles falaram algo sobre mim? Ouviu alguma coisa?
Ele olha para ela.
JAZIEL
É claro que não. E fique em paz, meus pais gostam sim da sua presença, independentemente da ocasião.
A garota volta às lembranças...
SAMA
Ontem, quando me deitei, fiquei pensando em coisas... Imaginando...
JAZIEL
Que coisas? O que ficou imaginando, meu amor?
SAMA
Coisas, Jaziel... sobre... você sabe, a nossa diferença... O fato da minha família não ter as mesmas condições que a sua, eu ser muito mais pobre...
Jaziel respira fundo e a olha fixamente nos olhos.
JAZIEL
Sama, meu amor, mulher da minha vida... Não fique mais pensando nessas coisas. É besteira, besteira sem tamanho. Nenhuma diferença entre nós poderá nos separar.
Apesar de ainda sentir o peso de tudo, Sama dá um sorriso e eles trocam um delicado beijo.
Por fim...
JAZIEL
Bom... Preciso ir. Vou cavalgar com a Débora.
SAMA
Estou de olho em você, hein...
Jaziel sorri.
JAZIEL
Shalom, meu amor.
SAMA
Shalom!
Enquanto observa-o se afastar, Sama sorri. Quando ele some em outra rua, seu semblante feliz dá lugar novamente a um semblante pensativo e um tanto preocupado.

CENA 9: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Em posição diante do trono, Sísera aguarda o rei Jabim ler seu plano de estratégia. Por fim, o rei enrola o pergaminho e olha para ele.
JABIM
Sísera, esse plano está incrível! Meus parabéns!
SÍSERA
(aliviado) Obrigado, meu senhor.
JABIM
Pois muito bem, vou autorizar agora mesmo o envio das tropas.
Jabim pega outro pergaminho ali do lado e um servo se aproxima segurando uma bandeja onde há uma massa vermelha. Jabim passa um de seus anéis na massa e o pressiona na superfície do segundo documento. Com o selo real, estende o pergaminho para Sísera, que o pega.
JABIM
Com esse documento você tem plena autoridade para enviar e liderar as tropas nas regiões suspeitas mencionadas em seu plano. Esse pergaminho também te dá todos os poderes de Capitão do exército de Hazor, temporariamente.
SÍSERA
Obrigado pela confiança, meu soberano. É uma honra sem tamanho para esse humilde servo. Obrigado.
JABIM
Agora vá e cumpra sua missão. E procure seguir o plano que você fez, ele é muito bom.
SÍSERA
Claro. Muito obrigado, grande rei. Com sua licença.
Jabim faz que sim e Sísera sai.

CENA 10: INT. PALÁCIO – ÁREA DE TREINO – DIA
Trata-se de um grande pátio a céu aberto e, em suas laterais, repleto de objetos próprios para treinos de soldados. O meio, o pátio propriamente dito, é livre para os duelos. Agora, ali estão dezenas e dezenas de soldados em posição e de frente para Sísera.
SÍSERA
E, por fim, o pelotão 8, que vai contornar a cadeia de montanhas ao sul do rio Quisom e aguardar na planície. Esse detalhe é essencial! Vocês serão a nossa base de apoio reserva caso tudo de ruim resolva acontecer. Todos entenderam?!
SOLDADOS
Sim, senhor!
SÍSERA
Ótimo! Agora vão! Cada pelotão cumpra com o seu dever e lembrem-se: pelo nosso Capitão!
Os homens gritam em apoio e logo se dispersam.  Observando-os, Sísera sorri, orgulhoso do que conseguiu.

CENA 11: EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Débora e Jaziel caminham para fora da cidade quando ouvem alguém chamar.
BARAQUE
Débora!
Eles param e olham para trás: Baraque se aproxima correndo.
DÉBORA
Baraque?!
BARAQUE
Shalom!
JAZIEL
Shalom... Você está bem, amigo?
BARAQUE
Sim, sim, é que eu os vi e... gostaria de pedir um favor...
JAZIEL
Favor?
DÉBORA
(para Jaziel) Esse é o Baraque de quem lhe falei... (para Baraque) Claro, diga...
JAZIEL
Tem a ver com o tal tesouro? Débora me contou...
BARAQUE
É, tudo o que estou fazendo aqui é em função desse bendito... Bom, consultei o juiz Sangar ontem. Ele interpretou o pergaminho e me recomendou um monte fora da cidade onde hebreus ricos foram sepultados no passado.
JAZIEL
(apontando) Aquele monte?
Baraque olha para um monte cuja frente é um paredão alto.
BARAQUE
Eu estava torcendo para não ser esse... (olha para eles) Eu só tenho vocês aqui...
Tanto Débora quanto Baraque não sabem bem o que responder...
JAZIEL
Deixa eu falar com minha amiga...
Jaziel puxa Débora para trás.
JAZIEL
Ele não é confiável, ainda. E pode ser perigoso, aparentemente sabe lutar bem.
DÉBORA
Mas nós também sabemos. Seria dois contra um.
JAZIEL
É, você tem razão...
DÉBORA
Vamos ajuda-lo?
Jaziel olha para Baraque, que aguarda. Então eles voltam para perto dele.
JAZIEL
Você repartirá o tesouro com nós.
Débora olha para Jaziel, ela não esperava por isso. Um leve desânimo parece passar por Baraque, mas logo ele responde.
BARAQUE
Tudo bem... É justo.
JAZIEL
Em partes iguais.
Baraque parece engolir algo grande demais.
BARAQUE
Partes iguais?...
Jaziel e Débora o encaram.
BARAQUE
(baixinho, para si) É justo, Baraque, é justo... Eles conhecem o caminho, podem te livrar dos perigos... Eles vão te ajudar...
Jaziel franze a testa.
JAZIEL
E então, amigo?
Baraque respira fundo.
BARAQUE
Tudo bem. Está certo, vamos fazer assim.
Jaziel sorri.
JAZIEL
Pois vamos!
Jaziel, Débora e Baraque atravessam o portão da cidade e tomam o campo.

CENA 12: INT. CASA DE TAMAR – SALA – DIA
Elian está consertando uma das cadeiras da mesa quando batem à porta.
ELIAN
Entre!
A porta se abre e Éder entra.
ÉDER
Shalom...
ELIAN
Meu futuro genro! Entre, rapaz! Shalom...
Éder fecha a porta e se aproxima.
ELIAN
Que prazer receber uma boa visita inesperada... A que devo a honra?
Enquanto Elian continua a trabalhar, Éder fica de pé.
ÉDER
Bom, senhor Elian, eu vim conversar com o senhor porque estou preocupado com a sua filha.
ELIAN
(preocupado) Hum, por quê?...
ÉDER
Débora não parece corresponder ao meu afeto, aos meus gestos de carinho...
Elian para de mexer na cadeira e respira fundo.
ELIAN
Por favor, Éder, me desculpe. Eu sei que minha filha é complicada, mas que mulher não é? Há anos tento endireitar essa menina, mas, caso não saiba, ela já foi muito pior!
ÉDER
Senhor, eu... eu também desconfio que Débora, além de cavalgar, treine espada com o Jaziel.
ELIAN
Mas isso é um completo absurdo!
ÉDER
Eu não tenho certeza, senhor. É apenas uma desconfiança...
ELIAN
Se eu flagrar alguma coisa do tipo, darei uma dura daquelas nessa garota! Onde já se viu um negócio desse?! Não criei filha pra manusear espada!
Éder faz que sim.
ELIAN
Mas fique tranquilo, Éder, fique tranquilo porque eu vou conversar com a sua noiva. Pode deixar.
ÉDER
Obrigado, senhor.
Elian faz que sim.

CENA 13: INT. CASA DE NAJARA – SALA – DIA
Enquanto Najara varre o chão da sala, Jeboão pega suas coisas para sair.
JEBOÃO
Bom, mulher, estou de saída...
NAJARA
Saída? Mas já?!
JEBOÃO
Como “já”? Terminei todos os meus afazeres e agora é hora dos compromissos fora de casa! Até mais tarde!
Jeboão caminha rápido para a saída.
NAJARA
Você alimentou as cabras, Jeboão?
Jeboão para e olha para a esposa.
JEBOÃO
Sim! Todos os dias bem cedo!
NAJARA
Esvaziou os cestos lá de cima que te pedi?
JEBOÃO
Foi a primeira coisa que fiz hoje.
NAJARA
Preparou os queijos?
JEBOÃO
Sabe bem que a essa hora já mexi com os queijos!
NAJARA
Consertou o defeito na porta do quarto do Sísera?
Um peso de desânimo parece cair sobre ele.
JEBOÃO
Aaah!!!
NAJARA
Não fez, não é? Mas está aí, desesperado para sair.
JEBOÃO
Najara, francamente! Olha a idade do Sísera! Um soldado! Capitão temporário! Ele mesmo pode consertar suas coisas!...
NAJARA
Negativo. Sísera é um homem muito ocupado que precisa da nossa ajuda, da ajuda do pai! Porque usufruir do que ele trará de benefício pra casa você vai querer, não é, Jeboão?
Com raiva, Jeboão deixa suas coisas no chão e vai para outro cômodo.
JEBOÃO
Acabando essa porta eu vou sair!
NAJARA
(desconfiada e observando-o se afastar) Rum...

CENA 14: INT. CASA DE NIRA – DIA
NIRA
Espere!...
Nira abre a porta e olha lá fora... Nada, então fecha e olha para Debir.
DEBIR
O que foi?
NIRA
Eu pensei que pudesse ser Jeboão...
DEBIR
Hum...
NIRA
Aquele homem é um nojo! Chega aqui afoito, parece um animal!
DEBIR
Eu sinto muito, Nira, mas você precisa suportar.
NIRA
Eu sei, eu sei!...
DEBIR
Temos que conseguir arrancar dinheiro desse velho. Lembre-se do nosso sonho...
NIRA
(sorrindo) Nunca me esqueço...
DEBIR
Pois bem. Nossa casinha... à beira da praia... só nós dois...
Nira fecha os olhos e imagina.
NIRA
Hummm...
Então ela abre os olhos e respira fundo.
NIRA
Mas é difícil aguentar. (aproximando mais dele) Não conseguiria isso sem você para me lembrar como é bom se deitar com um homem de verdade.
Debir sorri e a agarra. Suas mãos percorrem o corpo dela e seus lábios começam a beijar seu pescoço. Mas então Nira se afasta.
DEBIR
O quê, Nira?...
NIRA
Não. (empolgada) Eu é que vou te dar uma coisa. Um presente muito merecido.
DEBIR
Hum, interessante... O que é?
Nira vai até a porta, tranca-a e volta para Debir. Chega já beijando e lambendo o seu pescoço, o seu peito, sua barriga, e vai abaixando...

CENA 15: EXT. CAMPO – DIA
Débora, Jaziel e Baraque caminham um bom trecho em direção ao monte. Apesar da leve subida e do sol ardente, eles não desanimam.
Finalmente chegam aos pés do monte e olham para a altura do grande paredão.
DÉBORA
Como vamos subir isso?!
BARAQUE
Era justamente com isso que eu esperava que pudessem me ajudar...
Débora e Jaziel olham um para o outro. No mui bem aparente desânimo de ambos, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: Jeboão vai atrás de Nira, que está com Debir. Najara visita Sísera no palácio. E Débora, Jaziel e Baraque começam a escalar o monte.






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