SARAMANDAIA
Capítulo 21 ��️
Criada por: Dias Gomes
Adaptada e escrita por: Luan Maciel
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 01. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE. SALA.
INTERNA. NOITE
A câmera fica na troca de olhares de Zico Rosado e Zélia. Vitória
fica ao lado deles para impedir que uma faísca possa sair entre
pai e filha. A câmera também mostra que ao longe Tibério está
observando tudo com um semblante sério.
ZÉLIA (irritada): - O que esse maldito está fazendo aqui? Eu não
acredito que depois de tudo que aconteceu a senhora ainda tem
algum sentimento por esse infeliz, mãe. A senhora é patética.
VITÓRIA (séria): - Em primeiro lugar olha como você fala
comigo, menina. Você querendo ou não ele é seu pai. Nada do
que você faça vai mudar isso. Vocês são mais parecidos do que
querem admitir. Só você que não vê isso, Zélia.
ZICO ROSADO: - Eu não vou ficar aqui para ser humilhado por
essa fedelha que não sabe nada sobre a vida. Só te digo uma
coisa, Zélia Villar. Não conte com essa vitória de hoje não, pois
ela será temporária. Vocês não sabem do que sou capaz.
Zico Rosado sai da casa grande. Zélia fica bufando de ódio.
Logo depois, Zélia vai na direção de seu quarto. Vitória fica em
sua frente.
VITÓRIA (séria): - Tem muita coisa que você precisa ouvir. Em
primeiro lugar o Zico nem sempre foi esse homem que você
conhece hoje. Ele era um homem amável e diferente de tudo
que você pode imaginar. Mas essa guerra entre nossa família e
os Rosado transformou ele no que ele é hoje.
ZÉLIA (não dando o braço a torcer): - Você pode falar o que
quiser, mãe. Mas nunca vai entrar na minha cabeça que você se
envolveu com esse homem. Esse erro é imperdoável.
VITÓRIA: - Quer saber de uma coisa, Zélia? Você é uma jovem
que ideiais bem definidos e isso eu respeito. Mas escuta bem
uma coisa. Você é muito mimada e acha que o mundo gira em
torno de si, e as coisas não são bem assim.
Zélia fica muito irritada e ela sai bufando de raiva. Vitória
respira fundo enquanto Tibério olha para ela bem sério.
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CENA 02. CASA DE LEOCÁDIA. SALA. INTERNA. NOITE
João Gibão e Marcina estão sentados na sala em silêncio e
pensando o que acabou de acontecer. Tempo. Leocádia entra
em cena e ela logo percebe que o colete que protege as asas de
seu filho está cortada. Ela vai ficando bem histérica.
LEOCÁDIA (aflita): - Meu filho…. O que foi que aconteceu com o
seu colete? Você sabe muito bem que ninguém pode saber do de
as suas asas. O povo dessa cidade ainda é muito retrógrado.
MARCINA (se sentindo culpada): - A culpa é toda minha,
Leocádia. Eu provoquei o Carlito e ele rasgou o colete do João
em uma forma de raiva. Agora o Carlito está ameaçando que vai
contar para todos na cidade. Se isso acontecer eu serei a
responsável.
JOÃO GIBÃO: - Está tudo bem, meu amor. Eu cansei de fingir
alguém que eu não sou. Se todos dessa cidade descobrirem a
verdade que assim seja. Esse é um fardo que eu não aguento
mais. Eu preciso tirar esse peso de mim.
João Gibão fica bem triste. Marcina que está ao seu lado o
apoia. Leocádia olha para seu filho com uma certa preocupação.
LEOCÁDIA (séria): - Eu entendo que esse fardo seja grande
demais para você carregar sozinho, meu filho. Mas acredite em
mim quando eu digo que se isso chegar ao ouvidos do povo
dessa cidade eles não irão pensar duas vezes em te recriminar.
É isso que eles sabem fazer de melhor.
MARCINA (ponderando): - A sua mãe pode estar certa, João.
Tem coisas muito importantes em jogo. Se os poderosos dessa
cidade como o Zico Rosado descobrirem essas asas você pode
ter sérios problemas. Você precisa entender os riscos.
JOÃO GIBÃO: - Por muito tempo eu fui dos meus problemas,
mas isso nunca mais vai acontecer. Eu quero enfrentar o povo
dessa cidade de cabeça erguida. É isso que eu quero.
João Gibão está decidido. Marcina olha para seu amado com
muita admiração. A câmera mostra a preocupação de Leocádia.
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CENA 03. CASA DE MARIA APARADEIRA E SEU CAZUZA.
VARANDA.. EXTERNA. NOITE
A luz da varanda ilumina a cena. Maria Aparadeira e Carlito
Prata estão parados olhando um para o outro. O semblante de
Maria Aparadeira é de muita tensão. O vilão está muito elétrico.
MARIA APARADEIRA (sussurrando): - Porque você me chamou
essa horas da noite, Carlito? Não é bom você continuar vindo
até aqui. O meu marido te culpa pela minha filha ter se afastado
de mim. Eu estou começando a ver que ele tem razão.
CARLITO PRATA (ardiloso): - Depois do que eu vim te contar
você com certeza nunca mais vai precisar se preocupar com
aquele esquisito do João Gibão. Pode ter certeza disso.
MARIA APARADEIRA: - Fale logo o que você veio dizer , Carlito.
Eu já estou ficando agoniada com tanto mistério. Anda logo.
CARLITO PRATA (sorrindo): - Você nunca se perguntou o
porquê do João Gibão ter aquela corcunda nas costas dele? A
verdade é que aquele esquisito tem um par de asas nas costas.
Amanhã mesmo toda a cidade vai ficar sabendo a verdade.
MARIA APARADEIRA (duvidando): - Que espécie de
brincadeira é essa, Carlito? Uma pessoa com asas nas costas?
Agora você foi longe demais. Isso é uma mentira deslavada.
CARLITO PRATA (deixando a máscara cair): - Você é mesmo
um idiota, Maria Aparadeira. Eu estou te entregando o segredo
que pode destruir a vida do João Gibão, e você não quer
acreditar. O que tem de errado com você? Essa é a nossa única
chance.
MARIA APARADEIRA: - É claro que eu quero afastar a minha
filha daquele esquisito do João Gibão. Mas esse não é o
caminho, Carlito. Essa mentira que você está inventando não
vai me reaproximar da Marcina. Isso que tenho para te dizer.
Carlito Prata fica morrendo de raiva. Maria Aparadeira respira
fundo e volta a entrar em casa. Ela não percebe que Seu Cazuza
estava observando toda a conversa através da janela.
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CENA 04. BOLE-BOLE. CLUBE. SALÃO PRINCIPAL.
INTERNA. NOITE
A câmera mostra que vários homens tradicionalistas da cidade
estão reunidos a portas fechadas no clube. No centro deles está
Zico Rosado que está com um semblante de preocupação e
insatisfação. Quem também está presente é o professor
Aristóbulo Camargo que está muito apreensivo.
ZICO ROSADO (discursando): - Eu fico contente que todos
vocês puderam vir tão rapidamente a esse encontro de última
hora. Hoje foi o dia mais terrível na história da nossa cidade.
Esses mudancistas querem acabar com tudo o que nós mais
prezamos. Isso não pode ficar do jeito que está.
PROFESSOR ARISTÓBULO (sério): - E o que você está
pensando em fazer, Zico Rosado? Até onde eu sei agora um
desses mudancistas é o prefeito da nossa cidade. Mesmo que
nós quiséssemos fazer alguma coisa séria difícil.
ZICO ROSADO: - Eu sou obrigado a concordar com você,
Professor Aristóbulo. Uma dessas mudancistas é uma fedelha
que insiste em contestar a minha autoridade nessa cidade. Mas
eu sei bem o que eu vou fazer. Eu preciso da ajuda dos
senhores.
Zico Rosado joga um jornal em cima de uma mesa. Todos ficam
se olhando e confusos com o que o vilão pode estar querendo.
ZICO ROSADO (ardiloso): - Nós podemos ter perdido a batalha
pela prefeitura, mas iremos usar o poder da imprensa para
acabar com a reputação desses mudancistas. É assim que nós
vamos conseguir expulsar esses vermes de nossa cidade.
PROFESSOR ARISTÓBULO (ponderando): - Essa pode ser uma
boa saída, Zico Rosado. Mas você está esquecendo de uma coisa
muito importante. Tem um boato de que uma das líderes desse
movimento mudancistas é uma filha perdida sua. Isso vai ser
um empecilho para você fazer o que for necessário?
ZICO ROSADO: - Isso não interessa. O que importa agora é
acabar com esses baderneiros o quanto antes. E nunca mais
ninguém ouse tocar nesse assunto. Entendidos?
O Professor Aristóbulo e os outros homens presentes
concordam. A câmera mostra o ódio de Zico Rosado.
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[TRANSIÇÃO DE TEMPO: AMANHECE]
CENA 05. CASA DE SEU ENCOLHEU. SALA. INTERNA.
MANHÃ
Seu Encolheu vem andando pela sala de sua casa de uma forma
melancólica. Nesse momento ele ouve uma batida na porta. Ele
abre a porta e fica surpreso com a presença de Dona Pupu
parada em sua porta. Ela entra e Seu Encolheu a encara.
DONA PUPU (séria): - Eu sinto muito por tudo que aconteceu,
Encolheu. A Dona Redonda não merecia esse fim tão abrupto.
Isso é tudo culpa daquele João Gibão. As beatas da cidade estão
dispostas a impedir que ele tome posse hoje na prefeitura.
SEU ENCOLHEU (firme): - Eu não pretendo fazer isso, Dona
Pupu. O João foi eleito democraticamente e não serei eu que
vou atrapalhar a vida política da nossa cidade. Espero que você
e as outras beatas da cidade possam entender.
DONA PUPU: - Sinceramente eu não consigo entender isso,
Encolheu. A sua esposa explodiu no meio da cidade para quem
quisesse ver e você vai deixar isso por isso mesmo?
Seu Encolheu olha para Dona Pupu com bastante seriedade. A
beata não consegue entender a sua frustração.
SEU ENCOLHEU (sendo cordial): - Eu não quero ser grosseiro
com você, dona Pupu. Mas eu não vou ir contra a vontade da
maioria do povo dessa cidade. E além do mais o João sempre foi
um ótimo rapaz. Ele nunca me fez nada de mal.
DONA PUPU (inconformada): - Bom rapaz? Ele tem uma
corcunda nas costas e nO passa de uma pessoa totalmente
esquisita. A Dona Redonda tinha razão. Essa cidade está indo
de mal a pior, e ninguém faz absolutamente nada.
SEU ENCOLHEU: - É melhor a senhora ir embora, Dona Pupu.
Eu não vou ficar aqui ouvindo esse preconceito vindo da sua
parte. Respeite o meu momento de dor.
Dona Pupu vai embora totalmente contrariada. Seu Encolheu
fecha a porta enquanto ele olha uma foto de Dona Redonda.
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[ALGUM TEMPO DEPOIS]
CENA 06. BOLE-BOLE. PREFEITURA. ENTRADA. EXTERNA.
DIA
Muitas pessoas estão reunidas na entrada da prefeitura. Close
em Marcina que está muito apreensiva e seus olhos procuram a
todo momento por João Gibão que ainda não chegou. Nesse
momento ela sente alguém pegar em seu braço com uma certa
força. É Carlito Prata que a olha com ódio.
CARLITO PRATA (sussurrando): - É melhor você ficar bem
quietinha, Marcina. Aposto que você não vai querer que todo
esse povo saiba do segredo asqueroso do seu namorado. (P) Eu
tenho uma proposta para te fazer, e você não vai poder recusar.
MARCINA (apavorada): - Como você consegue ser tão
desprezível assim, Carlito? Eu não quero saber absolutamente
nada de você. Você não é metade do homem que o João é.
CARLITO PRATA: - Sabe o que é mais engraçado, Marcina?
Ontem eu contei sobre essa monstruosidade do João Gibão para
a sua mãe, e ela não acreditou. Ela parece mesmo querer fazer
as pazes com você. Vocês duas são iguais. Duas idiotas.
Sem pensar duas vezes Marcina dá um tapa na cara de Carlito
Prata. O vilão vai ficando com mais ódio ainda.
CARLITO PRATA (furioso): - Você tinha a chance de ter uma
vida regada a luxos e muito conforto, mas preferiu ficar com
aquele esquisito do João Gibão. Eu só quero ver se o amor que
você sente por ele é forte o suficiente quando todos
descobrirem a verdade sobre ele. Você vai me pedir perdão de
joelhos.
MARCINA (séria): - Como você é convencido, Carlito. Eu não
vou ceder as suas chantagens. Nada do que você pense em fazer
vai mudar o fato de que o João é muito melhor que você.
CARLITO PRATA: - Eu espero que você esteja preparada,
Marcina. Porque a tempestade que vai vir vai arrastar com tudo
que você mais ama. E essa tempestade é o segredo do seu
namorado que todos nessa cidade vão descobrir.
A câmera mostra que enquanto Carlito Prata vai se afastando
Marcina fica com um semblante preocupado.
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CENA 07. PREFEITURA DE BOLE-BOLE. SALA DO PREFEITO.
INTERNA. DIA
João Gibão vai adentrando em sua sala e fica admirando tudo
que tem ali. Logo atrás dele estão Zélia e Lua Viana que
compartilhar da mesma felicidade de nosso protagonista. João
Gibão se senta na cadeira do prefeito e Zélia sorri.
JOÃO GIBÃO (confessando): - Eu nunca pensei que isso pudesse
acontecer algum dia. Eu sei que eu estou aqui
temporariamente. Esse lugar tem dono e você é Lua. O que o
Zico Rosado fez com você foi muita covardia.
ZÉLIA (ponderando): - O seu irmão está certo, Lua. Tudo o que
nós estamos lutando é para acabar com essa era de coronéis que
acham que podem fazer tudo que quiserem. Isso acaba agora.
LUA VIANA: - Eu amava ser o prefeito dessa cidade, mas agora
é sua vez, João. Eu sei dos desafios que você vai ter pela frente,
mas saiba que o Zico Rosado não vai desistir tão fácil assim do
poder que o prefeito dessa cidade tem. Isso ainda não acabou.
João Gibão concorda com a cabeça. Nesse momento Zico
Rosado e o Professor Aristóbulo entram na sala do prefeito ebó
clima vai ficando cada vez mais tenso. Zélia olha para Zico
Rosado com muita raiva.
ZICO ROSADO (ardiloso): - Vocês não acharam que tinha
acabado, não é mesmo? Vocês não chegaram nem perto de
conseguir me vencer. Em Bole-Bole eu sou a lei e quem me
desafia acaba pagando o preço desse erro.
LUA VIANA (sério): - Porque você quer tanto ter o poder da
nossa cidade só para você, Zico Rosado? Aceite de uma vez por
todas que você foi derrotado. O seu reinado de terror acabou.
JOÃO GIBÃO: - O povo de Bole-Bole fez a sua escolha, e você foi
preterido, Zico Rosado. Queira sair daqui antes que eu te
expulse. Não me obrigue a fazer algo nesse sentido.
ZÉLIA (esbravejando): - Olha só para você. Um verdadeiro
perdedor. A época dos coronéis achou, maldito. É questão de
tempo para que o progresso chegue até esse fim de mundo. Isso
é uma coisa que você não tem como impedir.
Zico Rosado começa a andar na direção de Zélia que vai
andando para trás. Ela não percebe que está muito perto da
janela. Close nos olhares de Zélia e Zico Rosado. Nesse
momento Zélia acaba tropeçando e caindo da janela do 1° andar
da prefeitura. A câmera mostra o desespero de Lua Viana.
LUA VIANA (gritando): - Nãoooooooo!!!!! Zélia…..
Lua Viana perde o controle e ele parte para cima de Zico
Rosado. João Gibão fica olhando a cena totalmente perplexo.
A imagem congela no olhar de ódio de Lua Viana. Aos poucos a
imagem vai ganhando um efeito como se transformasse em
uma moldura.
Obrigado pelo seu comentário!