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Débora - Capítulo 39 (Últimos Capítulos)


Débora
CAPÍTULO 39
Últimos Capítulos

uma novela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

baseada nos capítulos 3 a 5 do livro de Juízes

CENA 1: INT. PALÁCIO – CASA – SALA - DIA
Elisa está preocupada, Eloá surpresa e Danilo incisivo ao questionar Darda. Essa finge surpresa.
DARDA
Como assim eu tentei envenenar a senhora Najara?! Que é isso que está dizendo, Danilo?!
DANILO
É exatamente isso. Eu conheço os venenos, meu pai era curandeiro e muitos dos remédios têm fórmulas parecidas com as de alguns venenos. Pequenas doses de certos ingredientes separam a morte da cura. E você queria matar a senhora Najara, não queria?
Darda engole em seco.
ELOÁ
Por que queria fazer isso?
ELISA
(aflita) Darda... É verdade, minha amiga?...
Diante deles todos, Darda então se revolta.
DARDA
Como são as coisas, não é?! Aquela hebreia, Débora, chega aqui pra matar Najara, Sísera, o rei Jabim, mandar todo mundo para a vala, e o que vocês fazem?! Recebem-na, ajudam-na e se alegram! Mas comigo, diante de mera desconfiança, já me julgam e me olham como se olhassem o pior dos criminosos! Qual é a diferença entre a hebreia e eu?! Por acaso Débora é melhor, é superior a mim?!
ELOÁ
(baixo, mas no imperativo) A missão de Débora era nobre. Seu povo foi escravizado e violentamente oprimido.
Darda não responde nada. Dá uma olhada para a porta e se aproxima deles fazendo sinais para que se aproximem; assim o fazem.
DARDA
Nós somos mesmo um grupo unido conforme vem parecendo nos últimos tempos?
Eloá, Danilo e Elisa demoram, mas fazem que sim.
DARDA
Pois bem, eu vou lhes contar a verdade.
Eles a encaram ansiosos.
DARDA
Eu tentei mesmo envenenar a senhora Najara. Estou nesse palácio apenas por esse motivo.
ELOÁ
Mas por que isso?!
DARDA
Porque Najara e Sísera mataram os meus pais. E minha mãe, antes de dar o último suspiro, me fez jurar vingança.
Eloá, Danilo e Elisa escutam impressionados.



CENA 2: EXT. PALÁCIO – TOPO DA ESCADA – DIA
Sísera, parado no alto da escada, observa as diversas ruas da cidade lá embaixo. Um soldado vem subindo a escada. Ele se aproxima, é Gadi.
GADI
(reverenciando) Capitão...
SÍSERA
Como vai, Gadi?
GADI
Tudo muito bem, graças aos deuses.
SÍSERA
Foi bom termos nos encontrado, Gadi, pois tenho um comunicado a lhe fazer: você acaba de se tornar o Primeiro Oficial do exército.
Surpreso e impressionado, Gadi arregala os olhos.
SÍSERA
Desde que perdemos Bogotai eu sinto falta de um Primeiro Oficial. Além do mais, confio muito em você.
GADI
Senhor... Não tenho palavras para agradecer e expressar a honra que sinto.
SÍSERA
Passe essa noite em minha sala, receberá as devidas instruções.
GADI
Obrigado, meu senhor.
SÍSERA
Agora vou me encontrar com o rei. Até mais tarde.
GADI
Até, senhor.

CENA 3: EXT. CAMPO – PALMEIRA – DIA
Conversando, Débora e Elian se aproximam da tenda sob a palmeira.
ELIAN
Débora... Existe alguma chance de reunir os homens e atacar Hazor? Porque hoje, na minha visão, isso já não é necessário. Há semanas os hazoritas não nos perturbam. Aparentemente decidiram fugir depois de verem as coisas maravilhosas que foram feitas por meio de você.
DÉBORA
Não se engane, meu pai, pois essa é uma falsa paz. Deus me alertou de que há um plano cheio de astúcia por trás desse recuo e silêncio.
ELIAN
Bom, sendo assim, a situação é completamente diferente... Então não é caso justamente de reunir os homens de toda a nação e irmos com tudo contra os hazoritas?
DÉBORA
Pode ser que Jabim esteja esperando por isso. Ou até mesmo torcendo. Mas, de qualquer forma, só agirei quando e se Deus me ordenar. Se o Senhor mandar reunir o povo e subirmos até Hazor, então assim faremos.
ELIAN
Está certo.
Eles chegam na tenda.
DÉBORA
Sente-se ali, pai. Agora pago dois servos, eles se revezam, cada um em um dia. A comida e a bebida já estão preparadas. Tem água, leite, vinho, pães frescos, biscoitos, frutas, mel... Coma e beba à vontade.
ELIAN
A tentação é grande, mas eu agradeço... minha filha. Quero me concentrar... no seu trabalho.
Débora sorri. Então vai até a mesa e senta em sua cadeira. Faz sinal para alguém ali perto: uma mulher, que se aproxima ansiosa. Débora se levanta, cumprimenta-a, recebe-a e elas se sentam.
DÉBORA
No que posso ajuda-la, senhora?

CENA 4: INT. SAPATARIA DE LAPIDOTE – DIA
Sozinho ali, Lapidote trabalha no conserto de um sapato. É quando Éder, passando na rua, o vê e para. Sorrindo, vira para a entrada e encara Lapidote.
ÉDER
Até hoje tivemos muitas senhoras de Israel, mulheres dos grandes homens de Deus. Mas os tempos estão mudados, as coisas estão invertidas... Hoje o que temos é um... senhor de Israel.
Éder ri. Lapidote, tendo reconhecido a voz, apenas para seu serviço.
ÉDER
Lapidote... Sapateiro... Marido da juíza de Israel.
Éder ri novamente. Lapidote vira para a rua, dá uma olhada em Éder, e volta a trabalhar.
ÉDER
(provocativamente) Lapidote...
Lapidote ignora.
ÉDER
Lapidote?...
Lapidote finge não ouvir.
ÉDER
Lapidote... Olhe para mim, Lapidote...
De repente Lapidote larga suas coisas de uma vez, levanta-se e caminha até a entrada da loja, mas não sai dela. Éder sorri e se aproxima mais. Ambos se encaram: Éder, ali fora; Lapidote, no limite da loja.
ÉDER
Lapidote... Como é a vida de vocês dois? Débora chega em casa no final do dia e o manda ir preparar a comida? (risadinha) E aí depois você lava os utensílios enquanto ela vai dormir?
Apesar da zombaria de Éder, Lapidote apenas o encara.
ÉDER
Olha, é bom você ir varrer a casa pra agradar a esposa, hein... Senão vai ter que levar uns bons sopapos, ou até uma espada lambendo seu pescoço!...
Éder ri bastante com o que fala, e é assim que vira e vai embora pela rua. Lapidote apenas o observa se afastar...

CENA 5: INT. PALÁCIO – CASA – COZINHA – DIA
Eloá e Danilo estão muito confusos com tudo o que acabaram de ouvir.
ELISA
Jamais imaginei que a senhora Najara fosse cruel a esse ponto...
DARDA
Ela é ainda pior. E por isso merece morrer agonizando! Mas espero segredo de todos vocês, todos! Pois somos um grupo. Uma família... A resistência dentro dessa fortaleza de trevas.
Todos ficam quietos...
DARDA
Agora vou atrás do meu dinheiro, pois esse veneno é uma porcaria.
Darda vira e sai rapidamente. Após a porta se fechar, os 3 mal sabem o que dizer.

CENA 6: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Sísera atravessa o salão na direção do trono, mas já nota que o mesmo está vazio. Ao chegar aos pés da escadinha, olha para os lados; ninguém.
SÍSERA
Rei Jabim?
Ninguém responde. Sísera então vai até uma porta lateral no fundo, que dá para uma pequena câmara de pedra. Para na porta ao ver, ali dentro, Jabim bebendo do conteúdo de um pequeno pote, o qual trata-se de um amontoado de folhas amassadas envoltas em um líquido escuro. Ao beber aquilo, Jabim parece sentir um grande prazer...
SÍSERA
Jamais imaginei que o meu rei fazia uso de goculemas.
Jabim olha para ele.
JABIM
É... Há muito tempo, já. Principalmente nos momentos tensos ou de ansiedade.
SÍSERA
O que o aflige, soberano? Qual das duas coisas?
JABIM
A ansiedade... Ou o tédio. Já nem sei o que sinto...
SÍSERA
Tédio? Essa seria a última sensação que eu arriscaria dizer que o senhor sente.
JABIM
Culpa daquela maldita. Débora! Semanas já se passaram e ela não deu sinal algum... Os olheiros não veem nada, apenas desertos, campos, morros verdes!
SÍSERA
Partirei agora mesmo em busca de pistas que podem ter passado despercebidas aos olhos desses homens.
JABIM
Tudo bem.
Jabim bebe mais um pouco do conteúdo do pote.
SÍSERA
Senhor, eu promovi há pouco o soldado Gadi ao posto de Primeiro Oficial. Achei que o senhor deveria saber.
JABIM
Promova quem quiser, Capitão. Eu confio em você.
SÍSERA
Meu rei... Precisa de algo mais?
JABIM
Não. Ou sim... Se você conseguir algo diferente... dessas ervas aqui... Há anos faço uso dessas mesmas. Uma mesmice... Previsível... Não estou satisfeito. Quem dera se houvesse aqui em Hazor goculemas da outra espécie... Experimentei quando era moço na ocasião em que visitei o acampamento dos queneus junto ao meu pai... Eles são especialistas no cultivo da outra espécie de goculemas.
SÍSERA
Se o senhor quiser posso ir até o acampamento dos queneus e tentar comprar uma boa quantidade. Ou até mesmo pegar uma boa quantidade.
JABIM
Verei isso depois... Há questões mais importantes no momento. Vá, vá à procura de pistas de movimentação de Débora e seus homens.
SÍSERA
(reverenciando) Com sua licença.
Sísera sai. Jabim continua a beber da goculema.

CENA 7: INT. CAVERNA – DIA
É uma caverna não muito grande em largura, mas suas paredes de pedras são altíssimas... ou talvez profundas. A verdade é que, lá embaixo, dois homens caminham por entre as pedras: Baraque e seu pai Abinoão. Conseguem enxergar graças à luz do dia que passa pela comprida fenda lá no alto.
ABINOÃO
Já estou me arrependendo... Mas ainda assim prefiro fazer companhia ao cabeça-dura do meu filho. Rum... Tesouro.
BARAQUE
O senhor ainda se alegrará muito com esse tesouro, meu pai.
De repente, o pé de Abinoão arrebenta uma fina linha esticada pouco acima do solo. Um som vem da lateral e Abinoão olha no exato momento em que uma massa sai da fenda na parede e vem em sua direção. Por muito pouco ele se abaixa. Ao invés de se levantar, vai para trás e olha: o corpo que saiu da fenda é uma tora de madeira amarrada por duas cordas em algum lugar inacessível aos olhos. Ela ainda balança de um lado para o outro violentamente, mas perdendo a força aos poucos.
ABINOÃO
(apavorado) Armadilha! Armadilha, Baraque!
BARAQUE
(felicíssimo) Armadilha! Armadilha, meu pai!
Abinoão se levanta e encara o filho.
ABINOÃO
Como pode se alegrar com isso?!
BARAQUE
Pai, não vê?! Se há armadilha é porque há tesouro! Estamos no lugar certo! Vamos! Vamos continuar!
A contragosto, Abinoão continua acompanhando Baraque. Caminham por um bom tempo, cuidadosos com os locais onde pisam, e atentos a possíveis novas armadilhas.
ABINOÃO
Há tantas coisas que você poderia fazer... Sabe, Baraque, dá pra se contar nos dedos de uma única mão a quantidade de homens em Israel que possuem habilidades com espada. E você é um deles.
BARAQUE
E o que tem isso?
ABINOÃO
Há tanto pra fazer com isso, Baraque! Mas não! Fica atrás de algo sem futuro!
BARAQUE
O futuro brilha, meu pai!
Só então Abinoão perceba que Baraque também está se referindo a algo lá na frente. Ele olha e, em meio a escuridão, num lugar onde a caverna se estreita exageradamente, assemelhando-se a um pequeno corredor, algo brilha em meio às trevas.
Eles correm até lá, adentram o corredor de pedra e chegam no fundo, onde há uma parede com entalhes, porém a poeira e a teia de aranha impedem a leitura das gravuras, e o que brilha são as supostas letras.
Sem falar nada os dois passam as mãos pela parede e retiram toda a sujeira. Afastam-se e leem.
A cada palavra lida, o semblante de Baraque cai: de êxtase a total decepção...
ABINOÃO
Não consigo ler tudo... O que diz aí?
BARAQUE
(raivoso) AAAAHHHH!!!!
ABINOÃO
O que foi, Baraque?!
BARAQUE
Isso!... não passa de um... de uma sepultura!
Abinoão respira fundo.
BARAQUE
Estou cansado! Estou cansado de andar em túneis que levam a nada, labirintos sem saída, estou cansado de ser enganado! Até quando isso?! Eu, mais que ninguém, mereço esse tesouro!
ABINOÃO
Baraque, meu filho, mas o que é isso?! Você não pode deixar chegar a esse ponto! Ainda nem tocou o ouro e já está sendo corrompido por ele!...
Frustrado, Baraque esfrega as mãos na cabeça.
ABINOÃO
Baraque, me responda uma coisa... Você por acaso sabe de quantos meses Sara está grávida?
BARAQUE
É claro, ela é minha esposa. Segundo as estimativas dos curandeiros, está grávida de 2 meses.
ABINOÃO
Isso há 1 mês.
Baraque respira fundo.
ABINOÃO
Meu filho... Não vê o que está fazendo? Não percebe que está desmoronando sua família? Quantas vezes sua mãe e eu precisamos consolar Sara em prantos enquanto você estava fora atrás desse bendito tesouro?!
Baraque fica encarando o nada...
ABINOÃO
Vamos. Vamos voltar pra casa. Vamos, meu filho.
Baraque não se contrapõe, e volta com o pai.
BARAQUE
Mas eu não desisti. Não vou desistir.
Abinoão expira, balança a cabeça em desaprovação... mas opta por voltarem em silêncio.

CENA 8: INT. CASA DE BARAQUE – SALA – DIA
Renê vem de outro cômodo e encontra Sara sentada à mesa e encarando uma fruta em suas mãos.
RENÊ
Pensando nos dois, hum?
Sara olha para a sogra e faz que sim. Renê, carinhosa, se aproxima e a abraça, consolando-a.
SARA
Senhora, eu sinto muito por não conseguir mudar a cabeça do meu marido... E por ele ainda duplicar nossa preocupação fazendo o senhor Abinoão acompanha-lo...
RENÊ
A culpa não é sua, minha querida. Baraque é extremamente cabeça-dura. (respira fundo) Eu só temo que meu filho só descubra que essa obsessão está errada quando já for tarde demais...
Preocupada, Sara passa a mão pela barriga, levemente saliente.

CENA 9: EXT. HAROSETE – BECO – DIA
De volta à menor e mais escondida barraca daquele escuro beco, Darda questiona a mulher que lhe vendeu o veneno.
VENDEDORA
Será que a senhorita pode ser mais clara?
DARDA
Mais clara do que isso?! O seu produto não presta! Simples assim!
VENDEDORA
Como não presta? Isso mata até cavalos de guerra!
DARDA
Usei três, três gotas, e não resolveu!
VENDEDORA
Você seguiu todas as minhas instruções?
DARDA
É claro!
VENDEDORA
Você adicionou à bebida e mexeu bem?
Darda então parece perceber seu erro... Perde a postura agressiva e fica um tanto constrangida.
VENDEDORA
Não, certo? E depois a culpa ainda é minha.
DARDA
Coloquei as 3 gotas no fundo da taça e adicionei o leite. Dei... uma mexida... e entreguei à pessoa.
A vendedora ri... Darda fica de cara feia.
VENDEDORA
E aí a pessoa passou mal, não foi?
Darda hesita, mas acaba confirmando com a cabeça.
VENDEDORA
Mas não morreu, não é?
DARDA
Foi... Pois outros a salvaram... com uma porção de ervas de--
VENDEDORA
(interrompendo) As ervas aceleraram a recuperação, apenas isso, mas ela não morreria, mesmo sem erva alguma. Se o veneno não for bem misturado à bebida, não funcionará. Faça assim, mexa bem.
DARDA
Não farei mais dessa forma. Não adianta insistir em algo que já não deu certo. Acharei outro meio de concretizar meu objetivo.
Vira e sai. A vendedora, observando-a se afastar, ri. Em Darda caminhando séria e decidida, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: A reta final de DÉBORA. As fortes e últimas emoções!

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