JANA
LAURA
GIOVANA
ELIETE
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
RAVENA
MACIEL
RATO
CÁSSIA
MAURÍCIO
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
VALDOMIRO
Participação Especial:
POLICIAIS, VÍTIMA DE MACIEL, FEMINISTAS
CENA 01/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ TARDE
Na loja, dois policiais observam atentamente as prateleiras de queijo. Rato sente medo e tensão, preocupado com a possibilidade de uma averiguação na loja. Ele teme que os policiais descobrissem as atividades ilícitas no depósito.
POLICIAL1
(aproximando-se
do balcão)
- Cês tem queijo temperado?
RATO
(nervoso)
- Aqueles que tão na prateleira de lá são temperados. Tem com linguiça, com cenoura, palmito e também pimenta calabresa.
POLICIAL1
- Ótimo, vou levar dois deles.
RATO
- Claro, vou colocar na caixa para o senhor.
POLICIAL1
- Põe um de palmito e outro de calabresa.
POLICIAL2
- O meu vou querer normal, mesmo.
RATO
- Certo, vou arrumar para os senhores.
Mesmo com medo, Rato consegue disfarçar bem. Ele organiza os queijos na caixa e entrega aos policiais. Depois que eles saem, Rato volta ao depósito para acalmar Maciel e Valdomiro.
CENA 02/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ DEPÓSITO/
TARDE
Maciel
e Valdomiro aguardam ansiosos a resposta de Rato, preocupados com a visita inesperada
da polícia. Eles estão no depósito da loja, cercados por caixas de queijo. De
repente, Rato entra, causando agitação entre eles.
MACIEL
- Diga logo Rato, o que rolou?
RATO
- Deu nada. Dessa vez eles só queriam comprar queijo, mesmo. Mas temos que ficar esperto. Tá sabendo?
VALDOMIRO
(desconfiado)
- Muito estranho a presença da polícia aqui, viu? Será que vieram só comprar queijo mesmo?
MACIEL
- Oxente, o que senhor tá insinuando?
RATO
- Seu Valdomiro pode tá certo. Temos que ter mais
cautela, viu man? É arriscado manter
esses queijos temperados por aqui.
De
repente a polícia na loja de queijo. E isso é claro deixou todos de orelha em
pé. Será que foram lá por acaso, ou será que foram averiguar algo?
CENA 03/ EXT/ PLANO GERAL
A tarde em Salvador começa na
Barra, com a luz do sol sobre a Baía de Todos os Santos, e segue para o
Pelourinho, com suas ruas históricas ganhando vida com artistas de rua. A
transição para a noite nos leva ao Rio Vermelho, onde bares e restaurantes se
enchem de música e aromas tentadores. Finalmente, o Farol da Barra oferece
serenidade à beira-mar enquanto as luzes da cidade ganham destaque,
transformando Salvador em uma festa de cores e sons à noite.
CENA 04/ INT/ CASA DA JANA/ SALA/
NOITE
Sabendo
do que aconteceu com Jana, Cássia vai até lá ter com a amiga. Jana recebe
Cássia na porta e as duas vão andando até o sofá, Giovana está sentada no outro
sofá mexendo no notebook, com algumas apostilas estudando. Cássia
segura a mão de Jana, transmitindo apoio e preocupação.
CÁSSIA
- Fiquei preocupada com cê, nega. Tá tudo bem contigo com o neném?
JANA
- Estamos
bem, não tem mais o que se preocupar. Foi só uma queda de pressão, isso é
normal na gravidez.
Giovana olha para as duas, atenta.
GIOVANA
- Mas a pressão caiu porque cê ficou nervosa, né mesmo Jana?
JANA
(apresentando)
- Essa é
minha irmã, Giovana. Ela vai ficar um tempo aqui comigo.
Cássia
sorri gentilmente para Giovana, apertando sua mão.
CÁSSIA
- Prazer, sou Cássia.
Giovana retribui com um sorriso.
JANA
- Vamos
sentar.
CÁSSIA
(sentando
no sofá)
- Cê disse que ficou nervosa. Aconteceu alguma coisa?
JANA
- Acho que vi o homem que me abusou. Ele tava aqui na frente de casa, ao lado do Dique do Tororó.
CÁSSIA
(preocupada)
- Ave Maria, Jana! Oxente, será que ele mora aqui por perto?
JANA
- Não sei, nunca havia visto ele por aqui antes. Olhe, fiquei foi morrendo de medo, viu. Sei lá. Era como se eu tivesse vivido tudo aquilo de novo, não sabe? O bom que a Giovana se prontificou a ficar aqui comigo. Não iria ficar em paz aqui sozinha.
CÁSSIA
(virando-se
para Giovana)
- Irmã
dedicada, fez muito bem, viu?
(virando-se
novamente para Jana)
- Procura se cuidar, evitar estresse. E se por acaso cê ver esse homem por aqui por perto de novo, comunica a polícia. Esse marginal não pode continuar solto por aí não, gente.
JANA
- Não é tão simples assim, Cássia. Quando eu sofri o estupro foi registrado um boletim de ocorrência. Cadê que a policia fez alguma coisa?
CÁSSIA
- Difícil, né amiga? Mas alguma coisa tem que ser feita, né mesmo?... Agora eu preciso ir, passei aqui mesmo só pra ver como cê tá.
JANA
- Oxente, mas já? Cê acabou de chegar, fica mais um pouco!
CÁSSIA
(animada)
- Não posso, tenho um encontro.
JANA
- Humm! Deixa eu adivinhar, cineminha com Dr. Maurício?
CÁSSIA
(animada)
- E hoje o cinema vai ser em casa, imagina as expectativas.
JANA
- Opa, então vejo que o negócio tá rendendo.
Cássia faz uma expressão de desânimo, balançando a cabeça.
CÁSSIA
(frustrada)
- Pior que não, viu. Não passo da friendzone, com quem ele desabafa sobre a paixão alucinante que ele tem pela aquela mulher que eu havia lhe falado.
JANA
- Oh nega, isso é muito chato hein. Mas venha cá, nunca rolou nada entre cês dois?
CÁSSIA
(balançando
a cabeça negativamente)
- Nada, nadica, nem uma bitoquinha, menina. E olhe que eu já me
insinuei de tudo quanto é jeito pra esse homem. Ou ele é sonso ou se faz de
sonso. Ou então tá tão enfeitiçado por essa mulher...
(debochando)
“Incrível, de temperamento único e decisivo, que quando quer algo vai lá e faz”, que não enxerga que tô afim dele. Poxa, também sou uma mulher incrível e decidida, né mesmo? Não é atoa que tô insistindo nisso.
Jana olha intrigada para Cássia, começando a conectar os pontos.
JANA
- Ele que falou essas coisas dessa mulher?
CÁSSIA
- Sim, moça, falou! Se cê ver o jeito que ele fala dela. Mas pelo o que parece ela é aquele tipo de mulher super independente, tá sabendo? Que não quer saber de casamento, de filhos e nem se prender a nada. O que é péssimo para Maurício, né? Porque ele é todo certinho nessas coisas, quer casar, ter filhos e viver feliz para sempre.
JANA
(desconfiada)
- Oh Cássia, venha cá! E ele nunca te falou quem é essa mulher?
Cássia
fica confusa com a pergunta de Jana, sem entender onde ela queria chegar.
CÁSSIA
- Como assim? Não! Não tô entendendo.
JANA
- É que me passou uma coisa aqui pela minha cabeça, não sabe? Essa descrição
que cê falou bate certinho com Dra. Beatriz.
Cássia fica surpresa com a revelação de Jana, sentindo um misto de curiosidade e incerteza.
CÁSSIA
- Moça, pior que é mesmo! Será Jana?... Ah, mas se for hoje vou
descobrir.
(levantando)
- Me deixa ir pra casa, tenho muita coisa pra preparar ainda.
Jana sorri, desejando boa sorte à amiga. Cássia fica desconfiada, ela nunca tinha associado as descrições dada por Maurício com a Beatriz. Mas agora tudo parecia fazer sentido. Ela agora tinha mais um motivo pra ansiar ainda mais por esse cinema em casa.
CENA 05/ INT/ CASA DO MOISÉS/ COZINHA/
NOITE
Raimunda está em pé próximo ao fogão, cuidando do jantar. As panelas estão no fogo. Moisés está sentado em uma mesa próxima, com uma expressão séria no rosto. Raimunda olha para Moisés com tristeza nos olhos.
RAIMUNDA
- Eu sabia que Laura não iria querer vir com cê.
Moisés a encara com desaprovação, balançando a cabeça em descontentamento.
MOISÉS
- A nossa filha tá muito iludida Raimunda. E a culpa de tudo isso é sua, viu?
RAIMUNDA
- Não me culpa assim não, varão. Vivo aqui aperriada por conta dessa menina.
Deus sabe o quanto tenho colocado o joelho no chão e orado pela a conversão
dela.
Moisés suspira profundamente, erguendo uma sobrancelha enquanto lança um olhar sério para a esposa.
MOISÉS
- Se tivesse dado uma boa educação pra ela, não estaria passando por isso. Foi deixando as coisas correr solta. Agora só Deus pra ter misericórdia dessa menina... Mas pelo menos, ela me garantiu que não tem nada com essa mulher com quem ela tá convivendo.
Raimunda abaixa a cabeça, sentindo um misto de tristeza e descrença em relação às palavras de Moisés.
RAIMUNDA
- Queria que isso fosse verdade, mas sinceramente não acredito nisso. Eu vi lá as duas juntas. Essa mulher tá fazendo a cabeça de nossa filha, Moisés. A Laura sempre foi rebelde, mas ela nos dava ouvido. Foi só começar a se envolver com essa mulher para as coisas desandarem. E agora varão, me diga? O que vamos fazer para resgatar a nossa filha?
Moisés se levanta da mesa, determinado a encontrar uma solução.
MOISÉS
- Vou orar! Deus me dará discernimento sobre o que devemos fazer. Nem que eu tenha que trazer Laura de volta à força.
RAIMUNDA
(preocupada)
- Isso não. Pelo o amor de Deus, Moisés.
Moisés
ignora o apelo de Raimunda, desviando o foco para o jantar.
MOISÉS
- E essa janta, hein?
RAIMUNDA
- Já tá quase pronta.
MOISÉS
- Deus me livre! Isso lá é horário de ainda tá fazendo janta? Passa o dia todo em casa, vai dá o horário do culto e ainda nem comemos. Oh Raimunda o que cê andou fazendo o dia todo?
RAIMUNDA
- Oxente homem, tive que fazer faxina na casa, ainda lavei um monte de roupa hoje. Mas quando o arroz secar aqui, tá pronto. Vai lá tomar seu banho que já vou por a mesa.
Raimunda sempre foi uma mulher temente a Deus, mas muitas vezes confundia esse temor com aceitar as grosserias de Moisés. Por causa do machismo dele, ela perdia sua própria identidade, sentindo-se responsável por tudo o que estava dando errado em sua família. Esse peso a sufocava, mas ela se mantinha em silêncio, sem retrucar, para não transgredir nenhuma lei divina.
CENA 06/ INT/ CASA DA RAVENA/ QUARTO
DE LAURA/ NOITE
Laura
está diante do espelho, concentrada, enquanto se maquia cuidadosamente. Ela
pega o pincel e espalha suavemente a base no rosto, uniformizando sua pele. Enquanto
isso, Ravena aproxima-se silenciosamente do quarto de Laura. Seus olhos estão
fixos em Laura, repletos de uma mistura de sentimento.
RAVENA
- Tá se arrumando pra ir pra casa do namorado?
LAURA
- Sim, vou passar a noite com ele. Mas não se preocupe não, viu? Tô levando o meu material, de lá mesmo vou pra escola.
RAVENA
- Tá certa.
Quem sou eu pra falar alguma coisa, né mesmo?
Ravena
permanece próxima à porta, atenta às palavras de Laura. Ela assente com a
cabeça, demonstrando compreensão, mas seus olhos revelam uma preocupação
genuína. Laura olha Ravena pelo o reflexo do espelho.
LAURA
- Aquilo que cê falou mais cedo foi só uma brincadeira, né Ravena?
RAVENA
- Não Laura, realmente eu gosto muito de você. Nunca se deu conta disso?
Laura interrompe sua maquiagem, olha surpresa para Ravena. Suas mãos seguram o pincel de blush, suspensas no ar.
LAURA
- Ravena, eu...
RAVENA
(interrompendo)
- Ei não se preocupe. Só quero você feliz, seja com quem for... E olhe, eu estaria contente se não visse cê entrando em uma canoa furada. Esse cara só vai te machucar, já tô vendo isso claramente.
Laura abaixa o pincel, deixando-o sobre a penteadeira. Ela olha fixamente para Ravena, buscando as palavras certas para responder.
LAURA
- Cê não conhece o Maciel que conheço, Ravena. A gente vai ser muito feliz cê vai ver. Também espero que cê encontre alguém que valorize esse amor que cê tem pra dá. Infelizmente, não posso corresponder ao sentimento que cê sente por mim. Mas torço de verdade que cê ache alguém especial. Cê merece ser feliz.
Ravena permanece próxima à porta, com os braços cruzados, enquanto Laura retoma sua maquiagem. Ela olha para Laura com uma expressão de tristeza misturada com um leve sorriso resignado.
RAVENA
- Não preciso de ninguém pra ser feliz. Eu gosto de você, mas isso não significa que eu precise de alguém do meu lado para eu está feliz. Posso muito bem ser feliz sozinha. Ter uma pessoa do nosso lado é um complemento, alguém que soma, que nos ajude a crescer. Mas isso não significa que necessitamos de ter alguém.
LAURA
- Claro, cê tá mais do que certa.
Laura
termina de se maquiar, pega sua mochila e ajeita seus pertences dentro dela. Em
seguida, aproxima-se de Ravena, encarando-a com gratidão.
LAURA
- Agora preciso ir. Obrigado por tudo.
RAVENA
- Se cuida, viu Laura! E não se esqueça de que temos um
compromisso amanhã, vá bem?
LAURA
- Ah claro, tava até pensando em chamar Giovana. Uma amiga que estuda comigo, a conheço desde a infância.
Ravena sorri, demonstrando aprovação.
RAVENA
- Ótimo, faça isso. Quanto mais mulheres nessa hora melhor.
Laura dá um passo em direção à porta, pronta para sair. Ela volta-se para Ravena, aproximando-se um pouco mais.
LAURA
- Preciso
mesmo ir, antes que fique tarde demais. E não se preocupe eu vou me cuidar.
(dando um
beijo no rosto de Ravena)
- Tchau!
Depois
que Laura sai, Ravena permanece imóvel por um momento. Ela leva a mão ao local
onde recebeu o beijo e, com delicadeza, acaricia seu próprio rosto. Em seguida,
leva a mão até a boca, tocando os lábios como se transmitisse o beijo de Laura
para si mesma. Seus olhos se enchem de melancolia enquanto ela se perde por um
breve momento em sua fantasia.
CENA 07/ EXT/ CALIBAR/ BECO/ NOITE
Uma moça na faixa de uns vinte e poucos anos caminha apressadamente por um beco escuro. Ela olha constantemente para trás, amedrontada pela falta de iluminação e pela solidão do lugar. Em busca de uma rota alternativa, ela desvia para outro beco e sobe uma escada, deparando-se com Maciel, que surge das sombras e a aborda.
MACIEL
- Boa noite
moça!
(ao ver um
relógio no pulso da moça)
- A senhorita
por gentileza poderia me informar as horas?
A
moça respira fundo, sentindo o medo se intensificar. Ela olha rapidamente para
o seu relógio e responde Maciel, tentando manter a calma.
MOÇA
- Agora são dez pras nove. O senhor poderia, por gentileza, me dar licença? Tô com um tiquinho de pressa.
Maciel observa a expressão tensa da moça e percebe o desconforto em seus olhos. Um sorriso dissimulado aparece em seu rosto.
MACIEL
- Oxe, a moça
parece tá com medo de mim.
A
moça rapidamente nega com a cabeça, tentando disfarçar seu temor.
MOÇA
- Imagina, não é medo não. É só que tô com pressa mesmo, viu?
Preciso ir.
Maciel
se aproxima ainda mais da moça, lhe agarrando e pressionando o seu corpo contra
o dele.
MACIEL
- Vamos brincar um tiquinho, já já deixo cê ir embora.
Maciel começa a beijar o pescoço da moça, enquanto passea com a mão por todo o seu corpo.
MOÇA
(chorando)
- Se o senhor não me soltar eu vou gritar.
Ele
aperta o pescoço dela, enquanto lhe ameaça.
MACIEL
- Se cê
gritar, eu lhe mato aqui mesmo. Caladinha, cê vai gostar.
MOÇA
(suplicando)
- Não faz isso moço!
MACIEL
- Fique
caladinha meu amor, que não vou lhe machucar.
Maciel
enfia o dedo por dentro da calcinha da mulher, ela fecha a cara incomodada.
Depois que tira a mão, leva o dedo até a altura de suas narinas e cheira. Ele
se deleita com o cheiro.
MACIEL
- Ó pai! Que cheirinho bom, ela já tá toda molhadinha, viu?
MOÇA
(choro
sufocado)
- Me solta!
MACIEL
(apertando
o pescoço da moça)
- Cala a boca, vadia! Cê ainda não entendeu que agora cê é minha?
Maciel
coloca a mulher contra o muro, puxa sua calcinha, depois com uma mão aperta sua
boca contraindo o seu corpo contra o corpo da vítima, e a penetra com
violência. Depois de terminar o ato, ele se afasta um pouco puxando o seu
cabelo arrancando uma mexa. A moça encolhe as pernas e lentamente vai cedendo
ao chão se derramando em lágrimas. Ele guarda a mexa em sua calça, pega uma
câmera que está em sua mochila e tira uma foto da mulher jogada no chão. Logo
depois ele sai apressadamente de cabeça baixa. A moça levanta desnorteada,
chorando com o vestido rasgado.
CENA 08/ INT/ CASA DA CÁSSIA/ SALA/
NOITE
Maurício
e Cássia estão sentados no sofá, assistindo a um filme e comendo pipoca.
Enquanto Maurício está imerso na trama, Cássia parece distraída, com o olhar
voltado para outros pensamentos. É evidente que o filme é apenas uma desculpa
para ela se aproximar de Maurício.
CÁSSIA
- Tá frio, né?
MAURÍCIO
- Tô
tranquilo, tô sentindo frio não. Na verdade, tô até com calor, viu?
CÁSSIA
- Se quiser tirar a camisa, não se acanhe, fique a vontade.
Maurício sorri levemente, recusando o convite.
MAURÍCIO
- Imagina Cássia. Não há necessidade. Gostei do filme que cê escolheu, muito bom.
Cássia assente com a cabeça, mantendo um sorriso contido, escondendo suas verdadeiras intenções. Após um breve momento de reflexão, decide abrir o jogo.
CÁSSIA
(pausando o
filme)
- Mauricio sei que o filme tá bom, mas presta atenção aqui.
MAURÍCIO
- Que foi, Cássia?
CÁSSIA
- Cara, não é possível que cê não tá se dando conta das minhas investidas. Mauricio, eu preparei um jantar maravilhoso pra gente, comprei um vinho, fiz pipoca, separei um filme bem ousado. E mesmo assim cê não se deu conta das minhas reais intenções.
Maurício olha para Cássia, claramente incomodado com a situação, mas tentando encontrar as palavras certas para explicar sua posição.
MAURÍCIO
- Olhe Cássia, mas é claro que entendi quais são suas intenções. Só não quero lhe usar, entende? Gosto de tá contigo, mas sou completamente apaixonado pela mulher que lhe falei.
CÁSSIA
- A Dra. Beatriz?
MAURÍCIO
(surpreso)
- Como cê sabe que é a Beatriz? Ela te falou alguma coisa?
CÁSSIA
- Eu não sabia. Cê acabou de confirmar agora.
Maurício fica ainda mais surpreso, levantando-se do sofá, sentindo-se desconfortável com a revelação.
MAURÍCIO
- Eu acho melhor eu ir embora, né?
CÁSSIA
- Não precisa. Vamos terminar de assistir o filme.
MAURÍCIO
- Eu prefiro. Me desculpe por tudo isso. Tenha uma boa noite.
Maurício se despede e sai da casa de Cássia, deixando-a desapontada com o desfecho da situação. Ela fica sentada no sofá, refletindo sobre seus sentimentos e pensando no que fazer a seguir.
CENA 09/ CASA DO MACIEL/ QUARTO/
NOITE
Maciel
está sentado na cama olhando uma maleta, onde ele guarda a mexa do cabelo que
havia arrancado da moça que ele estuprou. Na maleta há outras mexas de cabelo,
juntamente com fotos e pertences de outras vítimas. Aquilo é um vício, que o
excita. Em sua mente ele ouve o grito de socorro das suas vítimas, e se
masturba passando as mexas de cabelo por suas partes íntimas. É interrompido
com Laura chamando na porta. Ele rapidamente enfia tudo na maleta e esconde em
um fundo falso que tem no guarda roupa.
CENA 10/ CASA DO MACIEL/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Maciel
se aproxima da porta e abre para Laura entrar.
LAURA
(sorridente)
- Não te
falei que eu vinha? Aqui estou.
MACIEL
(feliz)
- Tu não sabe a alegria que fico em lhe ver.
Maciel
se aproxima e dá um longo beijo em Laura.
MACIEL
- Quero cê
pra mim meu amor. Te quero todinha só pra mim, viu?
(pegando na
mão de Laura)
- Venha cá,
entre!
Depois que Laura entra, Maciel coloca sua mochila em cima do sofá. Ele começa a acariciar os cabelos dela, alisando seu rosto e dando leves beijos em sua boca.
MACIEL
- Tu é muito
linda, viu? Lhe amo demais!
LAURA
- Ave Maria
Maciel! Se eu soubesse que iria ser tão bem recepcionada teria vindo antes.
MACIEL
- Oxe, deixe
de ser boba! Essa casa é tua, tu sempre será bem vinda aqui.
(puxando
Laura pela mão)
- Agora venha cá, vamos ali pro quarto. Cê toda delicinha assim
tá me deixando doido.
CORTA PARA:
CENA 11/ CASA DO MACIEL/ QUARTO/ NOITE
Maciel
carrega Laura no colo e a põe deitada em sua cama. Laura deita com um largo
sorriso. Maciel se deita por cima dela, e eles se beijam. Ela segura no rosto
dele, e ele a segura pela cintura. Eles estão abraçados com as pernas
encaixadas. Imagem desfocada de cima para baixo dos dois na cama. Ela de
calcinha e sutiã, ele sem roupa coberto de lençol até a cintura. Eles se beijam
e se abraçam. A imagem fica nítida, Maciel gira Laura para cima dele e abre o
sutiã dela. Laura por cima de Maciel fica com a boca aberta de prazer. Eles
transam sentados com Laura encaixada no colo de Maciel, ela sobe e desce o
corpo inclinando a cabeça para trás enquanto Maciel beija o seu queixo descendo
para o pescoço. Depois ela volta cabeça olhando bem nos olhos dele, e alisando
o seu rosto. Um segura o cabelo do outro, enquanto eles se beijam. CORTE. Laura
agora está deitada de lado e Maciel encaixado por trás. Ele beija a nuca dela. Ela vira de bruços, e ele
segura o cabelo dela enquanto faz movimento de vai e vem com a cintura. Ela
abre a boca de puro prazer.
CENA 12/ OFICINA DO JORGE/ NOITE
Jorge e Roseno estão sentados em pneus improvisados como assentos, engajados em uma conversa animada.
JORGE
(entusiasmado)
- Eu beijei ela, Roseno. Pensa numa boca gostosa, delicada, carnuda. Ó paí!
ROSENO
- Sei!
Palhaçada essa sua, viu? Já vou logo avisando. Sobrou pra mim, meu brother. Poxa,
eu que tive que ir lá lhe acudir.
(rindo)
- Pare de
reclamar! Que lhe pago muito bem.
ROSENO
- Porra véi, bem
no dia da minha folga? Já tava com um esquema marcado com uma nega e tudo, man.
JORGE
- Deixa de onda Roseno, sei que cê não tá pegando ninguém.
ROSENO
- Não tô pegando, mas tô com a intenção de pegar. E teria pegado se cê não tivesse me atrapalhado. Né mesmo?
Jorge dá de ombros, parecendo não se importar.
JORGE
- Depois cê
pega. Tava aqui pensando, viu? Amanhã vou seguir ela. Vou descobrir onde ela
mora.
ROSENO
- É o quê? Bicho,
cê tá procurando encrenca, né? Essa mulher pode te denunciar como perturbação
de sossego. Só lhe aviso, viu?
JORGE
- Denuncia nada. Ela não vai saber que tô seguindo ela, bestão. Só quero saber mesmo onde ela mora. Depois, vou procurar um jeito de mandar flores.
ROSENO
- Ó pai, gente! Rapaz, tô aqui de queixo caído, não ver? Gamou mesmo, hein pae?
JORGE
- Anote aí, ainda
vou ter essa mulher pra mim.
Jorge
está completamente encantado por Beatriz e está disposto a fazer de tudo para
conquistá-la.
CENA 13/ EXT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/
PORTA/ NOITE
Todos
estão em frente a igreja. Moisés está acabando de fechar a porta da igreja. Eliete,
Raimunda e Rebeca estão ali o esperando para poder irem embora.
ELIETE
- Com todo
respeito que lhe tenho meu pastor, mas o senhor mandou muito mal. Deveria ter
trago a sua filha a força.
RAIMUNDA
- Eu discordo
irmã Eliete, a força não seria uma boa.
MOISÉS
- Mas pelo menos fiquei feliz em uma coisa, em saber que ela não tem nada com a... com a moça lá.
ELIETE
- Pastor Moisés, francamente o senhor acreditou nisso? Essas sapatonas masculinas são movidas pelo o diabo. Assim como a serpente seduziu Eva mostrando o caminho da libertinagem, essa moça seduziu Laura levando ela a conhecer coisas que ainda não conhecia.
REBECA
(assustada)
- Oxente mainha, a serpente mordeu Laura, foi?
RAIMUNDA
- Não meu amor, irmã Eliete tá falando da serpente da bíblia que seduziu Eva. Lembra, cê aprendeu isso na escola dominical?
REBECA
- Sim, me lembro. Então Laura comeu a maça dada pela a serpente?
RAIMUNDA
- Não minha linda, não é isso. Acontece que...
MOISÉS
(interrompendo)
- Acontece que isso é conversa de adulto, Rebeca. Vá brincar!
REBECA
- Mas não posso brincar na rua, tá escuro.
RAMUNDA
- Vem com mainha, filha! Vamos sentar ali. Mainha vai ler uma passagem da bíblia pro cê.
Raimunda
leva Rebeca para um canto, sentou-se em um banco da praça e começa a ler a
Bíblia para sua filha. Enquanto isso, Eliete e Moisés continuam sua conversa.
ELIETE
- Olhe só, pastor Moisés. Me lembro bem, quando Laura tinha a idade de Rebeca. Ela sempre estava aqui na igreja com cês. Minha filha Giovana não, porque o pai dela sempre foi desviado, um pecador, um libertino. Mas Laura não, sempre foi uma menina de igreja. Essa mulher com quem ela tá morando é quem tá influenciando sua filha.
MOISÉS
- A senhora pode tá certa, irmã Eliete. Não posso mais permitir que Laura viva com essa mulher.
ELIETE
- Arrasta sua filha pra cá nem que seja pelo os cabelos. O senhor tem que entender que isso será para o bem dela.
MOISÉS
- É isso mesmo que vou fazer. Me arrependo de não ter feito isso antes, quando estive lá com ela.
ELITE
- Glória a Deus, meu pastor! Mas ainda há tempo, viu?
Essa
rebeldia de Laura já estava tirando o sono de Moisés. Eliete ainda colocava
pilha.
CENA 14/ INT/ CASA DO MACIEL/
QUARTO/ NOITE
Está
Maciel e Laura deitados na cama. Laura se aninhando ao lado dele, enquanto ele
envolve seu braço protetoramente em torno dela. Com um olhar curioso, Laura
começa a compartilhar com Maciel sobre a paixão de Ravena por ela.
MACIEL
(surpreso)
- Oxe, como assim ela tá gostando de ti?
LAURA
- Ravena é apaixonada por mim, Maciel. Como nunca percebi isso antes, véi? Agora passou pela minha cabeça alguns flashbacks onde ela deixou isso bem claro e não percebi.
Maciel, preocupado e um pouco ciumento, franziu as sobrancelhas.
MACIEL
- Agora tá explicado porque ela implica tanto comigo, né?
Laura
olha para Maciel, estendendo sua mão e entrelaçando os dedos com os dele,
buscando tranquilizá-lo.
LAURA
- Não é bem por aí Maciel.
MACIEL
- Claro que é minha linda. Essa dona tá querendo pegar meu lugar. Ela tá é com ciúmes de tu comigo, viu?
LAURA
- Fiquei surpresa com isso. Nunca que imaginei que Ravena nutrisse de alguma paixão por mim.
Maciel, expressando sua preocupação, levanta a mão e gesticula com certa intensidade.
MACIEL
- Tu vai sair de lá, não quero cê na mesma casa que essa mulher não.
LAURA
- Oxente, não viaja Maciel!
MACIEL
- Sei bem como é isso, viu? Ela vai ficar fazendo tua cabeça te colocando contra mim. Porque ela quer é tu lá do lado dela, né mesmo?
LAURA
- Ravena é um amor de pessoa, ela sempre esteve do meu lado.
MACIEL
- Ela sempre teve do teu lado porque ela tá afim de ti, né Laura? Se plante! Oh meu amor, vamo ficar junto de vez? Larga o emprego naquela loja, sai da casa dessa mulher e venha morar aqui comigo. Tô trabalhando agora, tô ganhando uma grana boa. Posso sustentar nós dois.
LAURA
- Não quero ser ingrata com Ravena.
MACIEL
- Oxente, mas isso não tem nada a ver com ser ingrato. Tu só tá correndo atrás da tua felicidade. Vamo ficar junto minha gata e construir a nossa família. Eu, cê e os bacurizinhos que nós vamo ter.
Laura sorri afetuosamente e abraça Maciel com força, acariciando suas costas suavemente.
LAURA
- Promete me fazer feliz, Maciel?
Maciel corresponde ao abraço com carinho, acariciando o cabelo de Laura e sorrindo radiante.
MACIEL
- Oh meu amor, claro que lhe prometo. Vou lhe fazer feliz agora e sempre. Sou completamente apaixonado por ti, Laura. Larga tudo lá e venha pra cá, vamo ser feliz!
CENA 15/ INT/ CASA DA BEATRIZ/
QUARTO/ NOITE
Beatriz está sentada em sua cama, falando sozinha enquanto relembra a visita inesperada de Jorge em sua clínica. Ela está dividida entre suas emoções, preparando-se para dormir.
BEATRIZ
(cruzando
os braços)
- Mas é muito abusado, ver se pode. Um tarado saliente. Onde já se viu me pegar daquele jeito?
(sorri
levemente, lembrando-se do momento)
- Nossa, e que pegada!
(levantando
as mãos em sinal de autodisciplina)
- Beatriz, contenha-se.
(faz um
gesto de punho cerrado)
- Mas eu também dei a lição merecida, deixei ele com o pneu
murcho. Agora repara o atrevimento do cidadão, furar o meu pneu para poder me
oferecer carona.
(olha para
o lado, como se estivesse visualizando a situação)
- E do jeito que é tarado, seria bem capaz de querer me agarrar
dentro do carro.
(com um
sorriso de canto de boca, levanta uma sobrancelha, imaginando a situação)
- Oxente, já
pensou que loucura?
(balança a cabeça em desaprovação)
- Já pensei
sim, pensei e não gostei, homem abusado.
(aponta com o dedo indicador)
- Na próxima vez ele que me aguarde. Mas quer
saber? Também perdeu uma cliente, não volto mais naquela oficina.
CENA 16/ EXT/ PLANO GERAL
A noite cede lugar ao dia em
Salvador, marcando uma transição gradual. O nascer do sol pinta o céu com tons
dourados e rosados, saudando um novo dia cheio de promessas e atividades. A
cidade desperta com a energia renovada do amanhecer.
CENA 17/ EXT/ CENTRAL/ PORTÃO/ DIA
Giovana
está saindo pelo o portão, Laura vem correndo atrás dela, chamando o seu nome.
LAURA
- Giovana!
GIOVANA
- Oi, Laura!
LAURA
- Quero lhe fazer um convite.
GIOVANA
- Mas olhe! Que convite é esse?
LAURA
- Agora mesmo vai ter um protesto feminista. E gostaria que cê fosse comigo.
GIOVANA
- Que legal, acho esses protestos bem interessante. E qual é a pauta do protesto?
LAURA
- O direito das mulheres é claro. Em especial por conta de uma jovem que foi estuprada pelo o padrasto, a pobrezinha quase morreu. Infelizmente essa é uma realidade constante em nosso país, né mesmo?
GIOVANA
- Infelizmente isso é verdade. Ah não sei, Laura... Acho que vou, então né?
LAURA
- Então venha agora comigo.
GIOVANA
- Oxe, mas agora? Ainda tô com o uniforme e o material escolar.
LAURA
- Vá com o uniforme mesmo, não há problema nenhum. E já o material cê deixa lá em casa, é caminho.
Giovana concorda e pega o telefone.
GIOVANA
- Tá certo então, vamos lá. Vou ligar pra painho avisando que vou demorar.
Laura assente, esperando ao lado enquanto Giovana fazia a ligação.
CENA 18/ INT/ LOJA DE QUEIJO/ DIA
Valdomiro está cuidando da loja de queijo. Rato vem chegando todo animado, com uma capanga pendurada do lado.
RATO
(entrando)
- Bom dia,
bom dia!
(mostrando
um monte de dinheiro)
- Olhe só!
Valdomiro fica preocupado e sussurra para Rato.
VALDOMIRO
- Mas que isso? Esconde isso, alguém pode ver.
Rato rapidamente esconde o monte de dinheiro de volta na capanga.
RATO
- Isso Seu Valdomiro é grana, muito dinheiro, pae.
VALDOMIRO
(desconfiado)
- Que é dinheiro tô vendo, mas de onde tu conseguiu isso?
RATO
- Não lhe falei que tava fechando um negócio bom com um bacana? Ele já deu uma parte do dinheiro adiantado.
VALDOMIRO
- O que tu tá aprontando, Rato?
RATO
- Temo que produzir mais queijo daqueles bem recheados. A entrega agora vai ser internacional.
VALDOMIRO
- Olhe, explique isso direito. Que não tô entendendo, mas já tô achando isso muito arriscado.
RATO
- Relaxa meu bom. Se a gente fazer direitinho, vamo ter sucesso... E ondé que tá Maciel?
VALDOMIRO
- Foi atrás da nega dele.
RATO
- Essa garota é um porre, um pé no saco. Tá sabendo? Não sei como ele aguenta.
Rato está tramando algo grande, e conta com a participação de Valdomiro e Maciel. Ele cresce os olhos quando ver dinheiro. É capaz de tudo para se dá bem na vida.
CENA 19/ EXT/ RUA/ DIA
Um
grupo de feministas caminha pelo centro da cidade em protesto. Seus corpos estão
pintados e elas usam diferentes trajes simbólicos. Algumas vestem lingerie sexy
e exibem os seios, enquanto outras usam sutiãs de amamentação, calcinhas bege,
cuecas e até burcas. Carregam faixas e cartazes com frases impactantes. Ravena
lidera o grupo à frente, usando um megafone e incentiva as outras mulheres que
a seguem logo atrás. Giovana caminha junto a Laura, tentando se situar em meio
à agitação.
RAVENA
(com um
megafone)
- Não podemos mais aceitar que os homens nos usem como objetos! Merecemos respeito! Chega de machismo! Nós somos donas de nossos corpos!
TODAS
(gritando)
- Exigimos respeito! Chega de machismo!
GIOVANA
(virando-se
para Laura)
- Sua amiga tem voz firme. Gostei dela, viu?
LAURA
- Ela precisa ter, né? É a única maneira de sermos ouvidas nesse país machista.
RAVENA
(gritando
no megafone)
- Eu sou dona do meu corpo!
Ao
dizer isso, Ravena tira sua blusa e exibe os seios. Muitas outras mulheres que
ainda estão vestidas fazem o mesmo. Giovana sente-se desconfortável com a
situação, especialmente ao ver Laura também tirando sua blusa.
GIOVANA
- O que tá fazendo, Laura?
LAURA
- Sou eu que controlo minha nudez, viu Giovana? Meu corpo não é objeto de prazer.
GIOVANA
- Eu não vou tirar a minha blusa.
LAURA
- Deixe de ser boba, Giovana. São apenas peitos.
GIOVANA
- Também controlo minha nudez, né mesmo? E prefiro manter meus seios bem cobertos.
LAURA
- Como quiser
então.
(pegando um
pincel)
- Venha cá! Escreve aqui no meu peito “meu corpo não é objeto”.
GIOVANA
(pegando o
pincel)
- Está bem.
Nesse
momento, Maciel se aproxima das mulheres e avista Laura de longe. Fica furioso
ao vê-la sem blusa e chega perto dela já enfurecido.
MACIEL
(se
aproximando)
- O que tá acontecendo aqui, Laura? Cê tá é nua!
LAURA
(assustada)
- Maciel, o que
cê faz aqui?
Maciel
segura o braço de Laura e começa a puxá-la.
MACIEL
- Cê vai agora comigo para casa, viu? Não vou permitir que minha mulher fique nua na rua.
Ao ver Maciel arrastando Laura, Ravena se aproxima com raiva.
RAVENA
- Tire essas
mãos sujas dela, rapazinho!
Todas as feministas que estavam próximas se voltaram para Maciel.
Obrigado pelo seu comentário!