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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 28

 



Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
REBECA
RAVENA
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA
VANESSA


Participação Especial:
ELZA, CLIENTE da boutique


CENA 01/ INT/ LOJA DA RAVENA/ TARDE

Laura está sentada em um dos sofás, Ravena em pé perto do balcão de atendimento, enquanto Kira examina alguns itens na prateleira.

 

LAURA

(curiosa)

- Me conta aí, como cê conheceu Giovana?

 

Kira sorri e se senta ao lado de Laura.

 

KIRA

(recordando)

- Bem, conheci ela em uma palestra que teve no CAMPA. Fiquei encantada com o projeto e com todo o trabalho que eles faziam lá. Mas, principalmente, fiquei fascinada com a força e determinação que Giovana demonstrava. Foi aí que... Sem querer comecei a me apaixonar por ela.

 

LAURA

- Mas cê acha que exista sentimento também da parte dela?

 

KIRA

- Era tudo o que eu mais queria, sabe Laura? Tem momentos que até penso que sim. Mas ela demonstra uma devoção imensa por aquele marido dela. O pior, é que realmente ele parece ser um cara muito bacana. E os dois têm uma história de amor linda... Mas olhe, posso até tá errada. Mas meu coração é insistente e não vou desisti de Giovana, não.

 

RAVENA

- Desiste mesmo não, boba. Homem pode até parecer bonzinho no início, mas no fim nenhum deles prestam.

 

Kira acha graça do comentário de Ravena. Nesse momento, Pandora entra na loja cabisbaixa.

 

LAURA

(sorrindo)

- Olha quem chegou! Venha cá, meu amor! Kira, essa é Pandora, coisita de mãe.

 

Laura abraça Pandora com orgulho.

 

KIRA

- Nossa, como o tempo passa rápido! Olha o tamanho dessa menina, minha gente. Cê tá linda, viu Pandora?

 

PANDORA

- Obrigada!

 

Ravena percebe a expressão preocupada de Pandora.

 

RAVENA

(preocupada)

- Tudo bem, filha? Vejo uma ruguinha de preocupação nessa sua testa.

 

LAURA

- O que foi meu amor?

 

PANDORA

(inquieta)

- Tô preocupada com Maria. Hoje ela chegou no colégio toda estranha, tentei conversar com ela, mas ela não quis me falar o que era. Sinto que tem algo muito sério acontecendo, mas ela não confiou em mim.

 

LAURA

- Desde que cê conheceu essa menina, que cê vem dizendo que ela tem um olhar triste.

 

PANDORA

- E não me enganei. Mas hoje o que parece incomodar ela explodiu, e ela teve que jogar pra fora... Desculpe gente, cês aqui toda animada e eu vim com um papo maior deprê.

 

KIRA

- Que isso, sem problema.

 

PANDORA

- Com licença, vou deixar cês a vontade.

 

RAVENA

(comentando)

- Maria é uma paquerazinha de Pandora.

 

KIRA

(admirada)

- Pandora também é gay?

 

RAVENA

(rígida)

- Com certeza. Jamais permitiria que minha filha se envolvesse com homem.

 

Kira estranha a afirmação de Ravena, mas antes que possa perguntar, uma cliente entra na loja, interrompendo a conversa.

 

RAVENA

(sorrindo)

- Com licença, vou atender essa cliente. Fiquem à vontade.

 

Kira olha para Laura, intrigada.

 

KIRA

(perplexa)

- Oxente, que foi isso mesmo? Heterofobia? Isso é novidade pra mim.

 

LAURA

- Ravena tem um jeito peculiar de lidar com as coisas, Kira. Ela às vezes exagera e transforma suas frustrações em armas. Ela pegou todos os homens e colocou em uma caixinha. Pra ela nenhum presta.

 

As duas amigas continuam conversando enquanto Ravena atende a cliente.

 

 

CENA 02/ EXT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ FRENTE DA CLÍNICA/ TARDE

Beatriz sai da clínica e se surpreende ao dar de cara com Jorge, que está parado em frente ao prédio. Ela se aproxima dele, mantendo uma expressão séria.

 

BEATRIZ

- E aí, tudo bem? Cê chegou um pouco tarde, sua mulher já foi.

 

Jorge olha nos olhos de Beatriz com uma expressão séria.

 

JORGE

(decidido)

- Que isso Beatriz? Não precisa continuar fingindo que não me conhece. Nós dois sabemos muito bem o que vivemos.

 

Beatriz suspira e abaixa o olhar por um momento antes de responder.

 

BEATRIZ

(fingindo não lembrar)

- Cê é Jorge, né isso? Verdade, tô aqui lembrando de uma coisa ou outra que a gente viveu no passado. Mas não faz diferença, pois agora cê é um homem casado e pai de família.

 

JORGE

(sério)

- É exatamente sobre isso que quero conversar contigo. Sobre o filho que Fátima quer ter.

 

 

Beatriz olha para Jorge com uma expressão mista de surpresa e preocupação.

 

BEATRIZ

(refletindo)

- Tem um café ali na esquina. Podemos conversar lá.

 

Jorge assente com a cabeça.

 

JORGE

(confirmado)

- Certo, um café será bom. Vamos.

 

Beatriz e Jorge começam a caminhar em direção ao café.


 

CENA 03/ INT/ CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Jana estava sentada no sofá mexendo em seu celular. A porta se abre e Paulo entra junto com Maria. Ao perceber que Jana já está em casa, ele fica surpreso e um pouco desconfortável.

 

MARIA

(feliz)

- Oh minha mãe!

 

Maria corre em direção a Jana e a abraça com força, aliviada por ver a mãe. Jana fica um pouco perplexa com o gesto repentino da filha.

 

JANA

(confusa)

- Oxente, minha linda! Que foi que lhe aconteceu?

 

MARIA

(disfarçando)

- Nada mainha, só deu vontade de lhe abraçar. Lhe amo por demais, viu?

 

Jana sorri e retribui o abraço.

 

JANA

(afetuosa)

- Que bom, meu amor. Também lhe amo muito, cê é meu sonho. Sabe disse, não sabe?

 

MARIA

- Sei, sim.

 

Maria olha de soslaio para Paulo, ainda um pouco apreensiva, e então se dirige para o quarto.

 

MARIA

(disfarçando)

- Vou lá pro meu quarto.

 

Maria vai para o quarto, deixando Paulo e Jana a sós na sala.

 

JANA

- O que aconteceu?

 

PAULO

- Nada. Vai ver ficou com saudades.

(sorrindo animado)

- Hoje eu e Maria saímos juntos, como nos velhos tempos. Fomos à sorveteria, tomamos sorvete e demos uma passada na praia. Já tava era com saudades de fazer esses programas com minha filha.

 

Jana fica feliz em ouvir isso.

 

JANA

(satisfeita)

- Que coisa linda, viu Paulo? Quem sabe assim, Maria para com essa bestagem de ficar implicando contigo? Humm! Painho me mandou uma mensagem, dizendo que Eliete voltou a causar problemas. E parece que desta vez, foi até detida e levada pra a delegacia.

 

PAULO

- Vixe Maria! Olhe, cê eu fosse seu pai mandava era internar essa mulher.

 

JANA

(preocupada)

- Tenho é pena de painho, ninguém merece uma mulher como Eliete. Preciso ir até lá pra saber o que aconteceu direito. Vou aproveitar que saí mais cedo do trabalho, vou dar um pulo lá. Cê vai comigo ou prefere ficar aqui?

 

PAULO

(decidido)

- Oh meu amorzinho! Leve a mal não, viu? Mas prefiro ficar aqui com Maria.

 

Nesse momento, Maria volta para a sala e se aproxima de sua mãe.

 

MARIA

(resoluta)

- Também vou minha mãe! Quero ver voinho.

Paulo e Maria trocam olhares, revelando uma tensão subjacente na situação.

 

CENA 04/ INT/ CAFÉ/ TARDE

O café é um local aconchegante, com mesas de madeira bem dispostas e cadeiras confortáveis. Algumas pessoas conversam em mesas próximas, enquanto o barista prepara café e cappuccinos atrás do balcão. Beatriz e Jorge estão sentados em uma mesa discreta no canto. Beatriz toma um gole do seu café, mexendo a colher lentamente.

 

BEATRIZ

(perplexa)

- O que exatamente cê tá querendo com tudo isso, hein Jorge? Não tô entendendo. Cê não quer que sua mulher engravide, é isso?

 

Jorge suspira, olhando para Beatriz com uma expressão mista de desejo e confusão.

 

JORGE

(apaixonado)

- Beatriz, desde que lhe vi de novo, eu... eu não paro de pensar em você. Fiquei mexido, sabe? Não sei o que fazer. Seja sincera, cê também ficou mexida, não foi?

 

Beatriz, surpresa com a revelação, mantém a compostura.

 

BEATRIZ

(disfarçando)

- Olhe Jorge, para lhe ser sincera, eu mal lembrava de quem cê era quando nos encontramos.

 

Jorge, frustrado, a ofende.

 

JORGE

(amargamente)

- Ah, claro, cê também sai com todo mundo, né mesmo? Não deve se lembrar de muita gente.

 

Beatriz se irrita com o comentário de Jorge e exige respeito.

 

BEATRIZ

(firme)

- Oxente! Cê não tem o direito de me ofender assim, seu grosso!

 

Jorge percebe que foi longe demais e tenta se explicar.

 

JORGE

(implorando)

- Me desculpe, não quis lhe ofender. Preciso muito que cê me ajude. Faz o seguinte finge que tá ajudando minha mulher, mas, na verdade, faz o oposto. Faça com que ela não engravide.

 

Beatriz fica chocada com a proposta de Jorge.

 

BEATRIZ

(indignada)

- Tô ouvindo isso não. Isso é completamente antiético! Eu jamais faria algo assim. Quem cê pensa que eu sou?

 

JORGE

- Ó pai, se vou lhe pagar da mesma forma, cê só tem a ganhar? Olhe se precisar, pago até um pouco mais.

 

BEATRIZ

- Suas palavras me ofendem. Deixe-me ir embora!

 

Beatriz se levanta revoltada e sai do café. Jorge, tira um dinheiro da carteira põe em cima da mesa e sai atrás de Beatriz.

 

CENA 05/ EXT/ RUA/ EM FRENTE AO CAFÉ/ TARDE

Beatriz está indo em direção ao seu carro, furiosa, quando Jorge a alcança.

 

JORGE

(apressado)

- Beatriz, por favor, espere!

 

Beatriz para bruscamente, virando-se para encarar Jorge, seus olhares se encontram.

 

JORGE

(preocupado)

- Cê tá certa em ficar com raiva, agi de forma estúpida. Mas não é justo com Fátima. Ela só quer ter esse filho pra me agradar. Porém, tudo o que mais desejo agora é ficar com você.

 

BEATRIZ

(defensiva)

- Jorge, não me complica, por favor.

 

Jorge se aproxima de Beatriz, deixando-a desconcertada com sua presença iminente.

 

JORGE

(sensual)

- Será que realmente cê esqueceu tudo o que aconteceu entre nós?

 

BEATRIZ

(se entregando)

- Como eu poderia esquecer, não é mesmo?

(mordendo os lábios)

- Aquela... pegada inegável, que me deixava... louca.

 

Jorge fica animado ao perceber que Beatriz ainda é afetada por ele.

 

JORGE

(com um sorriso)

- Então, cê lembra das nossas... pegadas?

 

BEATRIZ

(ironicamente)

- Eu disse pegadas? Não me lembro de nada disso! E não vou me envolver com um homem casado.

 

Jorge a agarra de forma firme, atraindo-a para perto dele.

 

BEATRIZ

(exclamando)

- Ui! Cê ainda tem essa pegada forte, hein!

(empurrando Jorge)

- Pare com isso, Jorge! Cê agora é um homem casado. Volte pra Feira de Santana, pra sua mulher e seu filho.

 

JORGE

(segurando Beatriz com mais intensidade)

- E nós dois? E o que fazer com o que sentimos um pelo outro?

 

O desejo incontrolável fala mais alto, e eles se entregam a um beijo arrebatador, deixando de lado, por um momento, todos os dilemas morais e éticos que os envolvem. A paixão entre eles é intensa e inegável, e o mundo ao seu redor desaparece enquanto eles se perdem no calor do momento.

 

CENA 06/ INT/ CAMPA/ SALÃO DE ATIVIDADES/ TARDE

O salão de atividades do CAMPA é um espaço onde as crianças, adolescentes e as mulheres se envolvem em diversas atividades. Dona Elza está sentada, concentrada em seu trabalho de crochê. Giovana se aproxima de dona Elza, sorridente.

 

GIOVANA

(atenciosa)

- A senhora manda bem no crochê, hein?

 

ELZA

(sorrindo)

- Ah, menina, já fiz muito crochê pra vender, viu?

 

GIOVANA

- Imagino, viu? Tudo bem com a senhora e com seus meninos?

 

ELZA

(grata)

- Tá tudo bem, sim. Cês tudo aqui têm sido anjos em minha vida.

 

Enquanto isso, Kira chega ao local acompanhada de Laura e Pandora. Giovana se surpreende ao ver Laura.

 

GIOVANA

(emocionada)

- Ave Maria, não acredito. Laura!

 

Giovana e Laura correm uma para a outra e se abraçam emocionadas, compartilhando um momento de alegria e saudade.

 

LAURA

(orgulhosa)

- Lembra de minha filha, Pandora?

 

Giovana se vira para Pandora e a observa com surpresa.

 

GIOVANA

(encantada)

- Oh gente, olha tamanho hein! Já tá uma mocinha.

 

PANDORA

(sorrindo)

- Já estive aqui uma vez. Com Maria, sua sobrinha.

 

GIOVANA

(surpresa)

- Maria? Cê conhece Maria?

 

PANDORA

(confirmando)

- Sim, a gente estuda juntas.

 

Giovana fica surpresa com a coincidência.

 

GIOVANA

(incrédula)

- Então cê é amiguinha que Maria tanto fala. Que mundo pequeno, menina!

 

Laura também fica surpresa e intrigada com a revelação.

 

LAURA

(surpresa)

- Pois já vi Maria várias vezes, e nunca imaginava que ela fosse sua sobrinha.

 

Kira decide intervir, percebendo que Giovana e Laura têm muito o que conversar.

 

KIRA

- Cês duas com certeza têm muito o que conversar. Venha, Pandora!

 

Giovana tem uma ideia melhor.

 

GIOVANA

- Não precisa, Kira! Cês podem ficar aqui. Vamos lá pra minha sala, Laura!

 

As duas vão até a sala de Giovana.

 

 

CENA 07/ INT/ CASA DOS FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Jana está sentada no sofá, conversando com Genivaldo sobre a difícil decisão que ele tomou.

 

JANA

(compreensiva)

- Entendo perfeitamente sua vontade de se separar, viu painho? Sei que é difícil, mas pode ser o melhor pro cês dois. Se o senhor precisar de um lugar pra ficar, eu posso arrumar um cantinho lá em casa. Sem problema, nenhum.

 

GENIVALDO

(grato)

- Obrigado, meu amor! Tô é exausto de tudo isso. A gente vai aguentando, vai levando, mas chega uma hora que a gente cansa.

 

Nesse momento, Eliete entra na sala, e seu rosto se contorce de raiva ao ver Jana ali.

 

ELIETE

(furiosa)

- O que essa mulher tá fazendo aqui? Veio enviada pelo capeta pra destruir meu casamento, não foi?

 

Jana se mantém calma, mesmo diante das palavras ofensivas de Eliete.

 

JANA

- Eliete, só vim conversar com painho. Saber como ele tá.

 

Eliete não se contenta em deixar a situação passar e continua atacando Jana.

ELIETE

(descontrolada)

- Sei bem o que cê veio fazer. Cê é filha de prostituta, não tem moral nenhuma. Sua mãe agora deve tá lá, sendo espetinho do capeta!

 

Genivaldo, enfurecido com a agressividade de Eliete, se levanta alterado.

 

GENIVALDO

- Agora já chega, Eliete! Não vou permitir que cê fale assim de Jana. Ela é minha filha, e merece respeito. Quem aqui parece que tá com o demônio no coro é você.

 

Maria observa a discussão de longe, preocupada com a tensão na sala.

 

 

CENA 08/ INT/ CAMPA/ SALA DA GIOVANA/ TARDE

Giovana está sentada, conversando com Laura, enquanto ambas se aprofundam em assuntos pessoais.

 

GIOVANA

(encorajadora)

- Pois eu acho Laura, que cê deveria mesmo ir atrás de sua mãe. Poxa, sua mãe deve ter sofrido muito com essa separação de cês duas.

 

LAURA

(com lágrimas nos olhos)

- Minha mainha, como será que ela tá? E Rebeca, menina aquela cabeça de vento? Agora é uma mulher feita. Oh meu Deus que saudade que sinto delas!

 

GIOVANA

- Tenho visto muito pouco sua mãe, não sabe?  Mas toda vez veja ela, pergunta se tenho notícia suas. Deixe de procurar ela não, Laura. Cê também é mãe, deve entender a aflição que ela tem passado esses anos todos.

 

LAURA

- Eu sei. Ficaria louca se Pandora sumisse assim por tanto tempo.

(lembrando)

- Falando em Pandora. Me tire uma curiosidade, Giovana.. Maria é filha de sua irmã Jana?

 

GIOVANA

(confusa)

- Oxente, Laura! Obviamente que sim, se Jana é minha única irmã.

 

Laura, ainda intrigada, prossegue com suas perguntas.

 

LAURA

(persistente)

- E biologicamente, Maria é filha de Maciel?

 

Giovana fica um pouco confusa com a insistência de Laura sobre o assunto.

 

GIOVANA

(confirmando)

- Sim, lamentavelmente sim. Mas, Laura, por que todas essas perguntas? Cê já sabe bem como isso aconteceu.

 

Laura se aproxima da porta da sala, dá uma rápida olhada pela janelinha no alto e, em seguida, vira-se para Giovana, com uma expressão séria.

 

LAURA

(resoluta)

- Giovana, Maria e Pandora não podem ficar juntas.

 

Giovana fica perplexa e sem entender nada.

 

GIOVANA

(curiosa)

- Te acalme, viu Laura? Me explique melhor, não tô entendendo é nada.

 

Laura decide revelar a verdade que a está incomodando.

 

LAURA

- Acontece que Pandora tá apaixonada por Maria. Mas elas não podem ficar juntas, pois biologicamente são irmãs.

 

Giovana fica atônita com a revelação de Laura.

 

GIOVANA

(atordoada)

- Calma aí, que minha cabeça deu uma embaralhada agora. Cê tá dizendo que minha sobrinha e sua filha estão namorando?

 

LAURA

- Eu não sei o que tá rolando entre as duas. O que sei é que Pandorinha tá apaixonada por ela.

 

GIOVANA

- Então Pandora não foi inseminada, como cê dizia?

 

Laura balança a cabeça de forma negativa.  

 

LAURA

- Eu menti, Giovana. Ravena não queria que ninguém soubesse. Mas a verdade é que Pandora é filha de Maciel.

 

Giovana fica chocada com a revelação e a complexidade da situação.

 

CENA 09/ EXT/ PLANO GERAL

O cenário começa com o pôr do sol em Salvador, destacando as cores quentes da cidade. A música aumenta gradualmente, e a noite cai, iluminando as ruas históricas com luzes vibrantes. As pessoas se reúnem, vestidas com trajes coloridos, e a atmosfera se enche de energia festiva. À medida que a noite avança, as luzes e a música ficam mais intensas, e os trios elétricos começam a desfilar, levando multidões a dançar pelas ruas. Fogos de artifício explodem no céu noturno, tornando o carnaval de Salvador uma festa mágica sob as estrelas. Corta para a fachada de um motel.

 

CENA 10/ INT/ MOTEL/ QUARTO/ NOITE

Beatriz e Jorge estão deitados na cama, ambos dormindo tranquilamente. O ambiente é intimista, com luzes suaves e uma atmosfera de sedução. O telefone de Jorge começa a tocar, quebrando o silêncio da noite. Ele acorda rapidamente, vendo no visor que é uma ligação de Fátima.

 

JORGE

(apressado)

- Vala meu Senhor do Bonfim, é Fátima! Preciso ir embora.

 

Jorge se levanta da cama em um frenesi e começa a se vestir às pressas. Beatriz, ainda sonolenta, acorda sobressaltada com a agitação de Jorge.

 

BEATRIZ

(irritada)

- Mas que diabos tá acontecendo? O motel tá pegando fogo é?

 

JORGE

- Várias chamadas perdidas de Fátima em meu celular. Preciso ir agora.

 

BEATRIZ

(indignada)

- Cê é mesmo um indecente, um imoral... me usou, me abusou, me seduziu e agora vai sair correndo.

 

JORGE

(debochado)

- Ah, pera lá, não seja tão dramática. Cê não é nenhuma donzela pra ser seduzida. Sabe lá quantos homens cê já ficou essa semana!

 

Beatriz fica furiosa com a resposta de Jorge e decide confrontá-lo.

 

BEATRIZ

(furiosa)

- Olha aqui, não vem descendo o nível não. Porque já dancei na boquinha da garrafa, se for pra descer eu desço gostosinho. Sabe qual a diferença entre nós dois, meu bem? Sou solteira, né? Posso ficar com quem eu bem querer. Quem não deveria tá aqui era você, que é um homem casado.

 

Jorge, em um estado de agitação, começa a procurar rapidamente debaixo da cama, olha ao redor da poltrona,  abre gavetas com pressa, procura entre às roupas espalhadas no quarto.

 

JORGE

(agitado)

- Cadê minha calça?

 

Nesse momento, o telefone continua a tocar, indicando que Fátima está insistindo na ligação, deixando Jorge ainda mais apavorado com a situação.

 

 

BEATRIZ

- Olha aí, ó, é Fátima de novo!

 

Após um momento de tensão, ele finalmente encontra a calça ao lado da cama e a veste às pressas, saindo correndo do quarto.

 

BEATRIZ

(gritando)

- Ei, e o dinheiro do motel?

 

JORGE

(gritando de volta)

- Se preocupe não, vou deixar pago.

 

BEATRIZ

(gritando)

- Acho bom, viu?

(sussurrando)

- Indecente, imoral, safado... Gostoso!

 

A cena termina com Beatriz sozinha na cama enquanto Jorge desaparece no corredor do motel.

 

CENA 11/ EXT/ PLANO GERAL

Um relógio ágil na tela mostra a passagem da noite para o dia enquanto os ponteiros giram rapidamente. A escuridão da noite se transforma gradualmente em uma luz suave do amanhecer, e o cenário revela o sol nascente sobre Salvador.

 

CENA 12/ EXT/ PÁTIO DO COLÉGIO/ DIA

Os estudantes conversam entre si, alguns riem, enquanto outros se apressam para entrar nas salas de aula. No meio da agitação, Darlan avista Pandora ao longe e corre em sua direção, com uma expressão preocupada.

 

DARLAN

(gritando)

- Pandora!

 

Pandora, com um ar de desdém, se vira para Darlan.

 

PANDORA

- Que cê quer, hein garoto?

 

DARLAN

(preocupado)

- Cê viu Maria por aí?

 

PANDORA

(enciumada)

- Venha cá, que cê tanto quer com Maria, hein?

 

DARLAN

(apreensivo)

- Eu vi ela conversando com o pai dela. Achei a conversa muito estranha.

 

Pandora fica mais atenta ao relato de Darlan.

 

PANDORA

(preocupada)

- Como assim, estranha? Me conte melhor.

 

DARLAN

- Eles estavam saindo de uma sorveteria. Maria tava chorando, parecia que tava com medo. Ele foi andando até o carro e ela veio logo atrás. Não consegui ouvir o que eles falavam. Mas pelo o que observei, Maria tava muito desconfortável em tá ali com ele.

 

Pandora começa a ligar os pontos e se preocupa com a situação de Maria.

 

PANDORA

(pensativa)

- Será que foi alguma coisa relacionado a ele que fez Maria ficar daquele jeito?

 

DARLAN

- Não sei. Só que não gostei do jeito daquele cara. Tem alguma coisa acontecendo entre ele e Maria.

 

Pandora também começa a se preocupar com a situação e com o que Maria pode estar enfrentando.

 

 

CENA 13/ INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ DIA

A boutique está tranquila, com algumas clientes examinando os produtos nas prateleiras. Laura se aproxima de Ravena, com uma expressão séria no rosto, enquanto Ravena está ocupada organizando algumas peças.

 

LAURA

(confidencial)

- Sabe o que descobri? Maria é sobrinha de Giovana.

 

Ravena, que estava concentrada em seu trabalho, olha para Laura surpresa.

 

RAVENA

(sorrindo)

- Sério? Que coincidência hein?

 

LAURA

(séria)

- Acho que cê ainda não se deu conta do que tá acontecendo, né Ravena?

 

Ravena olha para Laura, agora mais atenta.

 

RAVENA

- O que foi Laura?

 

Laura suspira profundamente antes de revelar a notícia.

 

LAURA

(preocupada)

- Pandora e Maria não podem ficar juntas.

 

RAVENA

(confusa)

- Não tô entendendo. Não pode por quê?

 

LAURA

(eufórica)

- Porque elas são irmãs, Ravena. Biologicamente, são filhas de Maciel. Maria é fruto daquele estupro que a irmã de Giovana sofreu. Lembra?

 

Ravena, agora compreendendo a situação, parece não se importar.

 

RAVENA

(firme)

- Não vejo nada de errado nisso. Pandora é minha filha, e já lhe falei que não quero nenhuma associação entre ela e aquele cara.

 

LAURA

(abismada)

- Ravena, cê ouviu bem o que falei? Pandorinha tá apaixonada por Maria, e isso tudo é muito errado.

 

RAVENA

(preocupada)

- Venha cá Laura, cê chegou a comentar sobre isso com alguém?

 

LAURA

(sem jeito)

- Falei com Giovana, ela também ficou intrigada.

 

RAVENA

(se alterando)

- Mas que desgraça, véi! Já não havíamos conversado sobre isso? Pandora é minha filha, esquece que aquele cara existiu!

 

LAURA

- Ravena, a situação agora é outra. Temos que pensar em nossa filha.

 

RAVENA

- É nela que tô pensando. Sinceramente, não vejo nada demais na relação das duas.

 

Nesse momento, uma cliente se aproxima delas com algumas peças nas mãos.

 

CLIENTE

- Com licença, teria como eu provar essas roupas?

 

RAVENA

(sorridente)

- Claro, lhe acompanho até o provador.

 

Ravena se vira para atender a cliente, e se dirige até o provador com ela. Laura fica parada, abismada com o descaso de Ravena diante da situação delicada que acabou de ser revelada.

 

CENA 14/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ DIA

Jorge e Roseno estão ocupados trabalhando em um projeto de restauração de um carro antigo. Eles estão desmontando as peças, cuidadosamente limpando e consertando cada parte do veículo.

 

JORGE

- Roseno, ter aquela mulher de novo em meus braços parecia que o tempo não havia passado. Tá entendendo? Parecia que eu tava era sonhando, flutuando.

 

ROSENO

- Rapaz, depois de tanto tempo, quem diria, hein?

 

JORGE

- O pior que o negocio tava tão bom que perdi a hora.  Cheguei agora pouco em casa, com Fátima possessa me esperando.

 

ROSENO

- Ó pai, que vacilo heim meu brother? Mas diga aí, como cê saiu dessa saia justa?

 

JORGE

- Disse a ela que fui atender um cliente lá em Salvador, o serviço acabou demorando e não deu pra voltar pra casa. Se ela lhe perguntar alguma coisa, cê confirma, viu?

 

 

CENA 15/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA

Maria, sentada em um banco, dedilha seu violão e canta: “Cartas ao remetente - Rosa de Saron”, criando uma atmosfera tranquila.

 

MARIA

(cantando)

- “À quem amou demais;
À quem chorou demais;
E quanto tempo não dão atenção,
Ao seu pobre coração”...

 

Darlan, notando a música, se aproxima lentamente e começa a cantar junto com ela.

 

DARLAN

(cantando)

- “Não se atreve a falar;
Não se permite errar;
Quem inventou a dor,
Esqueça o ardor.
Afinal”...

 

Maria para e fica olhando admirada para Darlan, ouvindo-o cantar.

 

MARIA

(admirada)

- Então, cê conhece essa música?

 

DARLAN

- Claro, é do Rosas de Saron. É uma canção muito bonita, mas expressa uma dor eterna e bem particular.

 

Maria se sente um pouco sem jeito diante da observação de Darlan, pega seu violão e vai saindo.

 

 

DARLAN

(carinhoso)

- Maria, por favor, espere! Toque outra música pra gente cantar junto.

 

Maria para e encara Darlan. Ele começa a cantar outra música, convidando Maria a se juntar a ele.

 

DARLAN

(cantando)

“Eu sei que às vezes dar vontade de parar
Mas, se você desistir, quem vai lutar por você?”

(perguntando)

- Mire as estrelas, conhece essa?

 

Ela hesita por um momento, mas logo se senta e começa a tocar no violão e os dois entram em harmonia, cantando juntos.

 

MARIA/ DARLAN

(cantando juntos)

“Tanta luta pra chegar até aqui;
Tanta história pra agora desistir?
Caso aconteça, deixe o cansaço pra trás;
E nunca se esqueça: por aqui não há tarde demais”.

 

Ao longe, Pandora observa os dois juntos, com um olhar enciumado e preocupado com a proximidade cada vez maior entre Maria e Darlan.

 

CENA 16/ EXT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ PORTA DA IGREJA/ DIA

Vanessa e Rebeca estão posicionadas na entrada da Igreja, entregando panfletos aos transeuntes que passam pelo local.

 

VANESSA

(sorrindo)

- Jesus te ama, irmão! Vem para o culto mais tarde!

 

REBECA

(seguindo o exemplo)

- Jesus te ama, irmã! Não perca o culto!

 

Depois de entregar alguns panfletos, Vanessa vira-se para Rebeca, com uma expressão pensativa.

 

VANESSA

(conversando baixo)

- Sabe, Rebeca, tava pensando aqui... E se usássemos aqueles convites cortesia que ganhamos?

 

Rebeca fica hesitante, parecendo preocupada.

 

REBECA

(sussurrando)

- Lá vem cê com suas tentações, Vanessa. Se Deus não nos perdoar, a gente vai pro inferno.

 

VANESSA

(convicta)

- Oxe, não te avexe menina! Ninguém aqui vai pro inferno, porque ninguém tá fazendo nada demais, viu? Cê lembra bem quando cê foi lá no circo. Agora me diga, cê viu alguma coisa de errado lá?

 

REBECA

(encantada)

- Vi não! O circo é um lugar mágico, onde todo mundo se diverte.

 

Vanessa sorri, percebendo que Rebeca está começando a se convencer.

 

VANESSA

(decidida)

- Então tá combinado. Vamos usar os convites cortesia e sair logo após o culto. Podemos dizer que vamos orar por mainha, que não tá muito bem.

 

REBECA

(preocupada)

- Mas aí já é pecado, né? Pois vamo tá mentindo.

 

VANESSA

- Mas não lhe falei que mainha tá doente mesmo? Não vamos tá mentindo.

 

REBECA

- Verdade, então não é mentira.

 

Rebeca concorda com a ideia de Vanessa, e as duas continuam a entregar os panfletos com um novo plano em mente.

 

CENA 17/ INT/ CAMPA/ SALA DE GIOVANA/ DIA

Giovana está concentrada, organizando uns arquivos em seu computador. Kira entra na sala segurando um presente elegantemente embrulhado e o entrega a Giovana, que fica surpresa.

 

KIRA

(sorrindo)

- Pra você!

 

Giovana, com um sorriso curioso, pega o presente.

 

GIOVANA

(surpresa)

- Oh Kira, que isso menina? Não é meu aniversário e nem me lembro de nenhuma data especial.

 

KIRA

(carinhosa)

- Não precisa de uma data especial pra presentear quem a gente gosta.

 

Giovana abre o presente e fica ainda mais surpresa ao encontrar um frasco de perfume, exatamente o mesmo que ela usa. Ela olha para Kira, impressionada.

 

GIOVANA

(curiosa)

- Como cê sabia que esse é meu perfume?

 

KIRA

(sorrindo)

- Seu cheiro é inesquecível, acredite. Percebi que era o que cê usava naquele dia que nos conhecemos.

 

Giovana ri, achando graça na observação de Kira.

 

GIOVANA

(brincando)

- Cê tá desvendando meus mistérios rápido demais, viu?

 

Kira se aproxima de Giovana, olhando nos olhos dela com sinceridade.

 

KIRA

(doce)

- Gostei de descobrir um pouco mais sobre você.

 

Giovana abraça Kira e agradece pelo presente.

 

GIOVANA

- Muito obrigada, viu nega. Presente maravilhoso, amei.

 

KIRA

(entusiasmada)

- Sabe, Gih, eu tava pensando... que tal cê ir lá em casa mais tarde? Vou fazer uma socialzinha entre amigas. Convidei Ravena e Laura, e adoraria que cê fosse.

 

Giovana fica indecisa por um momento, preocupada com a reação de Raul.

 

GIOVANA

(pensativa)

- Olhe Kira, adoraria, mas... Raul anda meio enciumado. Não sei se ele ficaria confortável com isso.

 

KIRA

(explicando)

- Não se preocupe, não tem nada demais. É apenas uma social entre mulheres. Até posso convidar Raul, mas creio que ela não vai se sentir à vontade.

 

Giovana, após refletir por um instante, concorda em ir à social de Kira.

 

GIOVANA

(decidindo)

- Tá certo, vai ser bom rever novamente Laura e Ravena. Então eu vou.

 

KIRA

(vibrando)

- Sério?

 

Kira comemora a decisão de Giovana, abraçando-a com entusiasmo. No calor do momento, Kira dá um beijo suave no canto da boca de Giovana, e as duas ficam se olhando.






















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