Passional - Episódio 01 Estreia

PASSIONAL

Capítulo 1

Série criada e escrita por

LUAN MACIEL 

Personagens deste capítulo

ALFREDO

BRIGITTE 

CLEONICE 

DELEGADO FLORES 

GAEL

ISABELA 

MADALENA

MÁRCIA 

MARINA 

OLÍVIA 

OMAR

PACO

PETRÔNIO 

TIAGO 

Participação Especial

MÉDICO 

EMPREGADA 

POLICIAIS

SOLDADOS DO EXÉRCITO

OFICIAIS DO DOI-CODI 

JOVENS CONTRA A REPRESSÃO 

CENA 1. RIO DE JANEIRO. VISTA AÉREA. RUA. EXT/ MANHà

A TELA ESTÁ ESCURA.A IMAGEM ABRE COM A CÂMERA MOSTRANDO DIVERSAS IMAGENS DA CIDADE MARAVILHOSA EM PLENO MEADOS DOS ANOS 60. DO ALTO E DE FORMA BEM AMPLA PODEMOS VER CLARAMENTE VÁRIOS JOVENS FAZENDO ATOA DE PROTESTO PELAS RUAS DA CAPITAL CARIOCA. DIVERSOS SOLDADOS DO EXÉRCITO E ALGUNS POLICIAIS COMEÇAM A ATIRAR GÁS CONTRA A MULTIDÃO DE JOVENS QUE CONTINUAM INSISTINDO NO CONFRONTO. UM LWTREIRO SURGE NA TELA: "RIO DE JANEIRO — 1964". A CÂMERA VAI SE AFASTANDO DE TODO ESSE CONFLITO DOS SOLDADOS E POLICIAIS CONTRA OS JOVENS MANIFESTANTES, MAS CONTINUAMOS VER QUE A SITUAÇÃO ESTÁ CADA VEZ MAIS TENSA. MUITO RITMO. 

TRILHA SONORA: https://youtu.be/1KskJDDW93k

FUNDE PARA/

CENA 2. RIO DE JANEIRO. RUA. EXT/ MANHà

CONT. IMEDIATA DA CENA ANTERIOR. A IMAGEM DA CÂMERA VAI INTERCALANDO ENTRE OS JOVENS SOFRENDO COM O JEITO TRUCULENTO DO EXÉRCITO E DA POLÍCIA COM OS POPULARES QUE COMEÇAM A CORRER DE UM LADO PARA O OUTRO TOTALMENTE APAVORADOS. O CLOSE DA CÂMERA AGROA ESTÁ EM UMA MULHER DE APROXIMADAMENTE UNS 50 ANOS DE IDADE QUE FICA IMÓVEL E PARALISADA DIANTE DA CENA HORRÍVEL QUE OS SEUS OLHOS ESTÃO PRESENCIANDO .

MADALENA — (horrorizada) O que é que está acontecendo? Porque esses jovens estão sofrendo isso? (P) Eu preciso ir embora. Eu não posso ficar aqui parada.

UM SOLDADO DO EXÉRCITO PERCEBE A PRESENÇA DE MADALENA. O SOLDADO FAZ MENÇÃO DE IR NA DIREÇÃO DE MALENA, MAS ELA DOME NO MEIO DA MULTIDÃO. 

CORTA PARA/

CENA 3. CASA DE MADALENA E ALFREDO. SALA. INT/ MANHà

A CÂMERA DÁ UM CLOSE EM ALFREDO QUE ESTÁ JOGADO NO SOFÁ DA SALA COM UM JORNAL EM SUAS MÃOS. EM UM CORTE DA CÂMERA AGORA VEMOS MARINA ADENTRAR NA SALA E IR NA DIREÇÃO DA PORTA. ALFREDO AE LEVANTA RÁPIDO DO SOFÁ DA SALA JOGANDO O JORNAL NO CHÃO. ELE FICA PARADO NA FRENTE DE MARINA QUE O ENCARA SEM NENHUM NECO OU RECEIO. 

ALFREDO — Eu posso saber onde a senhorita pensa que está indo? Já não basta a desnaturada sua mãe ter sumido? Você ainda me deve obediência. Não se esqueça disso.

MARINA — Faz muito tempo que eu não devo satisfação do que eu faço para você. Você é o meu pai e não o meu dono. 

ALFREDO — (irritado) Não se esqueça com quem você está falando, garota. Você gostando ou não eu aondansou o chefe dessa família. Agora dê meia volta e volte para o seu quarto. Você não vai a lugar nenhum.

MARINA — Você acha mesmo que com essa atitude você vai conseguir me domar? Eu tenho certeza do que eu quero e não vai ser você que vai impedir isso. 

MARINA OLHA COM FIRMEZA PARA SEU PAI. ELE A SEGURA PELO BRAÇO COM MUITA FORÇA. ELES FICAM SE OLHANDO.

MARINA — (alterando a voz) Solte o meu braço. Eu não vou falar de novo. (P) Eu não sou a minha mãe para ficar aguentando esse seu jeito desprezível. 

ALFREDO — Abaixe esse tom de voz. Eu ainda sou seu pai.

MARINA — O que você vai fazer comigo? Vai me bater? Quando você não consegue alguma coisa já parte para violência. Você não é homem. É menos que isso.

ALFREDO DÁ UM TAPA NA CARA DE MARINA. ELA FICA TOTALMENTE SEM REAÇÃO. 

MARINA — Você nunca mais ouse a encostar essa sua mão imunda em mim. Eu não sei como posso ser sua filha.

MARINA SAI PELA PORTA COM RAIVA. A CÂMERA MOSTRA O OLHAR DE ALFREDO QUE NÃO SE ARREPENDEU DO QUE ELE FEZ.

CORTA PARA/

CENA 4. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. QUARTO. INT/ MANHà

DEITADA SOBRE A CAMA ESTÁ MÁRCIA QUE ESTÁ VISIVELMENTE MUITO DOENTE. ISABELA VEM ENTRANDO NO QUARTO COM UMA XÍCARA DE CHÁ E LOGO DEPOIS ELA SE SENTA AO LADO DA CAMA DE SUA MÃE. MÁRCIA COMEÇA A TOSSIR MUITO. ISABELA FICA MUITO PREOCUPADA. 

MÁRCIA — Minha filha…. Onde está o seu pai? Vá chamar ele por favor. Eu preciso falar com ele. 

A CÂMERA MOSTRA QUE PETRÔNIO ENTRA NO QUARTO COM UM SEMBLANTE JÁ CANSADO. ELW CAMINHA NA DIREÇÃO DA CAMA DE SUA ESPOSA. EM SEGUIDA ELE E ISABELA TROCAM OLHARES DE TRISTEZA. ENQUANTO ISSO MÁRCIA VAI SENTINDO CADA VEZ MAIS FALTA DE AR.

PETRÔNIO — (esboçando um sorriso) Eu estou aqui meu amor. Eu não vou a lugar nenhum. Eu vou estar com você até o fim. O meu lugar é do seu lado. 

MÁRCIA — Você é mesmo um homem incrível, Petrônio. Me deu o presente mais lindo que poderia receber. A nossa filha. Mas eu sei que o nosso casamento acabou faz tempo. Eu sinto que você não quer deixa eu ir, mas é preciso. Eu sei que você vai cuidar bem da nossa filha.

PETRÔNIO — Você não pode desistir assim, meu amor. Se não for por você ou por mim então seja pela nossa filha. 

AS LÁGRIMAS ESCORREM PELO ROSTO DE ISABELA. ELA FICA CADA VEZ MAIS PERTO DE SUA MÃE. PETRÔNIO FICA EM SILÊNCIO. 

ISABELA — (chorando) Mãe…. Por favor não faça isso comigo. Eu ainda preciso tanto de você. Fica com a gente.

MÁRCIA SE ESFORÇA E ELA SORRI PARA ISABELA.

MÁRCIA — (respirando fundo) Você vai ficar bem, minha filha. Você é o meu maior tesouro. (P) Petrônio…. Promete para mim que você vai cuidar da nossa filha. Eu sempre soube que você sempre amou a Madalena. E que você fez de tudo para matar esse sentimento em respeito por mim. Mas eu quero que você vá atrás da sua felicidade. 

PETRÔNIO — Eu prometo. Eu juro que eu irei ser feliz novamente. 

MÁRCIA — Eu amo tanto vocês. Eu tenho tanta sorte em ter vocês comigo. Eu espero que sejam muito felizes.

A CÂMERA SE APROXIMA FO OLHAR DE MÁRCIA. AOA POUCOS ELA VAI FECHANDO OS OLHOS E ELA FALECE DIABTE DE PETRÔNIO E ISABELA QUE FICAM DESESPERADOS. ISABELA SE JOGA NO CORPO JÁ SEM VIDA DE SUA MÃE E CHORA COPIOSAMENTE. PETRÔNIO FICA PARADO EM TOTAL TRISTEZA.

CORTA PARA/

CENA 5. BAIRRO DE MARECHAL HERMES. EXT/ MANHà

DE FORMA BEM AMPLA E DINÂMICA A CÂMERA MOSTRA QUE AS RUAS DO BAIRRO DE MARECHAL HERMES ESTÃO TOTALMENTE VAZIAS. O CARRO DE POLÍCIA VAI FAZENDO O PATRULHAMENTO PROCURANDO POR ALGUÉM QIE ESTEJA CONTRA AS "REGRAS". EM UM CORTE RÁPIDO VEMOS UM RAPAZ DE 20 E POUCOS ANOS SE APROXIMAR DA JANELA DE UMA LOJA. ELE ESTÁ COM UMA PEDRA EM SUAS MÃOS. O CARRO DE POLÍCIA PARA NA MESMA HORA. O POLICIAL SAI DO CARRO JÁ APONTANDO A ARMA PARA O RAPAZ. 

POLICIAL — Solte essa pedra agora mesmo. Isso é uma ordem. (T) Não me obrigue a fazer algo que eu não quero. Eu estou te avisando, rapaz. Vai ser melhor para todos.

O RAPAZ NÃO DÁ ATENÇÃO AO QUE O POLICIAL ESTÁ DIZENDO. ELE SEM PENSAR DUAS VEZES JOGA A PEDRA NA JANELA DA LOJA O QUE FAZ DISPARAR UM ALARME. O POLICIAL SEM DIZER MAIS NADA ATIRA NO PÉ DO JOVEM QUE CAI NO CHÃO AGONIZANDO DE DOR.

POLICIAL — Eu bem que tentei ser legal com você. Mas agora você vai conhecer o que acontece com rebeldes como você. Eu vou te levar até os porões do Doi-Codi. Eu quero ver se você terá essa mesma coragem.

O POLICIAL COLOCA O JOVEM DENTRO DO CARRO DA POLICIAL. LOGO DEPOIS ELES SAEM EM ALTA VELOCIDADE. O CARRO DA POLÍCIA ACABA PASSANDO POR MADALENA QUE PERCEBE EXATAMENTE O QUE ACABOU DE ACONTECER.

CORTE PARA/

CENA 6. BAIRRO DE MARECHAL HERMES. PRAÇA. EXT/ MANHà

MADALENA ESTÁ ANDANDO PELA PRAÇA QUE ESTÁ TOTALMENTE VAZIA. O SEU PENSAMENTO AINDA ESTÁ NOS JOVENS QUE ESTÃO SOFRENDO ATAQUES VIOLENTOS DA POLÍCIA. TEMPO. ELA VÊ MARINA DO OUTRO LADO DA PRAÇA E PERCEBE QUE ALGO ESTÁ ERRADO. MADALENA ACELERA O PASSO E ELA SEGURA MARINA PELO BRAÇO QUE FICA SURPRESA.

MADALENA — Onde você está indo, minha filha? Eu estou te sentindo muito distante. O que foi que aconteceu?

MARINA — O que poderia ter acontecido, mãe? O seu marido mais uma vez demonstrou querer controlar a minha vida. Mas isso nunca vai acontecer. Eu não quero que ele faça comigo o que ele faz com você.

MADALENA — Você precisa entender o seu pai, minha filha. Eu sei que é difícil conviver com ele, mas o importante é a gente manter a nossa família unida. 

MARINA — (indignada) Entender o meu pai? Ele sempre fez de tudo para te humilhar, mãe. Eu não consigo entender porque você insiste tanto em defender ele. 

MADALENA SE CALA. MARINA FICA DECEPCIONADA. 

MADALENA — Tudo o que eu já fiz é pelo bem da nossa família, Marina. Eu sei muito bem que o seu pai não é perfeito. Mas apesar de todos os defeitos que ele tem, eu ainda acho que ele pode melhorar.

MARINA — Eu não quero mais ter que ficar discutindo isso com você, mãe. Eu preciso ir ver o Paco. Até mais tarde.

MADALENA SEGURA MARINA PELO BRAÇO. ELAS SE OLHAM.

MADALENA — (preocupada)  Minha filha…. Você não está vendo o quão perigoso está ficando para os jovens em nosso país. Eu estou te suplicando, minha filha. Pare enquanto é tempo. Eu não quero que nada de ruim possa te acontecer. 

MARINA — Eu não vou mais discutir isso com você, mãe. Tudo o que eu quero é que essa barbárie acabe. Eu não vou desistir do que eu acredito. Eu esperava que você fosse me entender. Eu esperaria isso do meu pai ou do Gael, mas não de você mãe. 

MARINA OLHA PARA MADALENA COM SERIEDADE. ELA VAI EMBORA SEM PERCEBER QUE UN OFICIAL DO DOI-CODI ESTAYA OBSERVANDO. MADALENA FICA ANGUSTIADA.

CORTA PARA/

CENA 7. MANSÃO PELLEGRINI. ESCRITÓRIO. INT/ MANHà

O SOM DE MÚSICA CLÁSSICA PODE SER OUVIDO NO AMBIENTE. NO MEIO DE VÁRIOS ITENS DE LUXO ENCONTRAMOS UM HOMEM DE IDADE AVANÇADA QUE ESTÁ TOTALMENTE PERDIDO EM SEUS PENSAMENTOS. ALGUÉM BATE NA PORTA QUE VAI SE ABRINDO LENTAMENTE. A CÂMERA DÁ O CLOSE NA EMPREGADA QUE VAI ENTRANDO NO ESCRITÓRIO SEM SABER SE DEVE ENTRAR. OMAR LEVANTA O OLHAR PARA A EMPREGADA ENQUANTO ELE ABAIXA O VOLUME DA VITROLA. A EMPREGADA SE APROXIMA DE OMAR. 

EMPREGADA — Eu sinto muito, senhor Omar. Desculpa te incomodar, mas o o Doutor está re esperando na sala de estar. Ele disse que o assunto é muito sério. 

OMAR — Diga para ele que eu já estou indo. Eu tenho que fazer uma coisa antes. Pode ir na frente. Por favor. 

A EMPREGADA FAZ UM SINAL POSITIVO COM A CABEÇA. ELA SAI DO ESCRITÓRIO E FECHA A PORTA. OMAR SE LEVANRA E CAMONHA ATÉ A PORTA COM UM SEMBLANTE PREOCUPADO.

FUNDE PARA/

CENA 8. MANSÃO PELLEGRINI. SALA DE ESTAR. INT/ MANHà

OMAR VAI SAINDO DE DENTRO DO ESCRITÓRIO E INDO NA DIREÇÃO DE ONDE O MÉDICO ESTÁ. O MÉDICO TEM UM ENVELOPE EM SUAS MÃOS E ELE ENTREGA PARA ONAR QUE FICA APREENSIVO. ELE ABRE O ENVELOPE E O QJE ELE VÊ ESCRITO NAQUELE RESULTADO DE EXAME O DEIXA SEM PALAVRAS. OMAR OLHA PARA O MÉDICO COM DESCRENÇA. 

OMAR — Você tem certeza disso, Doutor? Isso não pode acontecer comigo. (P) Mas eu não vou ficar reclamando. Eu. Jnva fui no em fr ficar fazendo tais coisas. 

MÉDICO — Eu sinto muito, Omar. Não tem mais absolutamente nada que eu possa fazer. (T) Eu te aconselho a deixar todos os seus negócios em ordem. Infelizmente você tem apenas 1 ano de vida.

OMAR — Eu espero que você seja discreto, Doutor. Eu nunca me deixei abalar em nada em minha vida. E agora não será diferente. Eu te peço que essa história não saia daqui. Eu não quero que ninguém fique sabendo disso. Nem muito menos a minha filha. 

O MÉDICO CONCORDA. OMAR FICA PENSATIVO.

MÉDICO — Eu entendo que você queira segredo, Omar. Mas eu em seu lugar eu contaria para a sua filha. Ela mais do que ninguém precisa saber o que está para acontecer com você. Esconder essa verdade não seria bom.

OMAR — Isso não vai acontecer, Doutor. Principalmente agora que a minha filha está se tornando uma pessoa desequilibrada. Eu tenho coisas mais importantes com o que me preocupar. Eu conto com a sua discrição.

O MÉDICO RESOLVE NÃO INSISTIR. 

MÉDICO — É claro que eu serei discreto, Omar. Não se preocupe. Da minha boca sua filha não saberá de nada.

OMAR E O MÉDICO APERTAM AS MÃOS.  O MÉDICO VAI EMBORA. LOGO DEPOIS OMAR SE APROXIMA DO TELEFONE E ELE FAZ UM LIGAÇÃO. O TOM EM SUA VOZ É DE MISTÉRIO.

OMAR — Sou eu…. Eu sei que já fazem muitos anos desde a última vez que nós se vimos. Mas tem uma coisa que eu preciso te contar. (P) Não pode ser por telefone. Eu quero reparar o erro que eu cometi com a nossa filha. Eu preciso ver ela. Por favor…. Não me negue isso. Amanhã a gente se vê. 

OONAR DESLIGA O TELEFONE.  A TENSÃO PODE SER VISTA EM SEU OLHAR. ELE SE SENTA NO SOFÁ DA SALA QUE EXALA LUXO. ELE ESTÁ BEM SÉRIO.

CORTA PARA/

CENA 9. CASA DE MADALENA E ALFREDO. QUARTO DO CASAL. INT/ DIA

AS HORAS SE PASSAM. ALFREDO ESTÁ SENTADO NA BEIRA DA CAMA TOTALMENTE FURIOSO. A PORTA DO QUARTO SE ABRE E MADALENA ENTRA. O SEMBLANTE DE ALFREDO VAI SE TRANSFORMANDO A CADA SEGUNDO QUE SE PASSA. MADALENA TENTA SE APROXIMAR DE ALFREDO, MAS ELE ESTÁ IRREDUTÍVEL. O CLIMA VAI FICANDO INSUSTENTÁVEL.

ALFREDO — Eu posso saber onde é que você estava, Madalena? Você por um acaso esqueceu que é casada e que deve satisfação para mim. Mulher minha não fica perambulando por aí não. Principalmente do jeito que esse país está. 

MADALENA — Alfredo….. Eu posso explicar. Você vai entender…. 

ALFREDO — (interrompendo)  As suas desculpas não né interessam, Madalena. É por isso que a sua filha está daquele jeito. Ela nem respeita mais a minha autoridade. Você é culpada de tudo isso. Ela é uma comunista que não serve para absorver nada.

MADALENA — Não fala assim dela, Alfredo. A Marina ainda é nossa filha. (P)  É inegável a sua predileção pelo Gael. Eu nunca disse nada para não te contrariar. Mas já parou para pensar que você pode ter culpa nisso?

ALFREDO FICA POSSESSO. ELE LEVANTA PARA BATER EM MADALENA. ELA FICA COM MUITO MEDO. TENSÃO.

ALFREDO — Nunca mais ouse falar assim comigo. O Gael nunca foi de ficar trazendo problemas para nós. Ao contrário da sua filha que parece sentir prazer em me provocar.

MADALENA — Ela ainda é jovem, Alfredo. Ela só está fazendo o que ela acredita ser o certo. Nós deveríamos apoiar ela.

ALFREDO — Eu não acredito que eu estou ouvindo isso. Deu agora para simpatizar com esses comunistas, Madalena? Escuta bem o que eu irei te dizer. Eu não vou deixar que você siga o mesmo caminho da sua filha. Antes que isso aconteça eu acabo com você. 

MADALENA FICA COM MUITO MEDO. ALFREDO FICA FIRME.

MADALENA — Você não consegue aceitar que eu tenho uma opinião diferente da sua, Alfredo. Mas no fundo eu acredito que a nossa filha está fazendo a coisa certa. Eu só peço que nada de ruim aconteça com ela. 

ALFREDO — Aceite que a sua filha é uma comunista. Se algo acontecer com ela eu não irei fazer nada a respeito. 

MADALENA — Eu não consigo entender o que você tem correndo nas duas veias, Alfredo. A nossa filha pode ser capturada ou morta por esse governo violento e é assim que você reage? O que tem de errado com você?

ALFREDO — Eu não vou ficar mais perdendo o meu tempo com você, Madalena. Eu já disse o que eu penso. Eu vou sair antes que eu faça algo do qual você não irá gostar. E quando eu voltar eu espero que aquela comunista não esteja aqui. Você sabe do que eu sou capaz de fazer quando eu sou contrariado. 

MADALENA FICA SEM REAÇÃO. ALFREDO SAI. 

CORTA PARA/

CENA 10. SEDE DO DOI-CODI. ENTRADA. EXT/ DIA 

A CÂMERA DÁ UM DESTAQUE BEM AMPLO PARA A FACHADA DA SEDE DO DOI-CODI. EM SEGUIDA UM CARRO DE POLÍCIA VEM SE APROXIMANDO DO PORTÃO PRINCIPAL DO LOCAL. A CÂMERA DÁ UM CORTE RÁPIDO PARA PRÓXIMO DO CARRO DE POLÍCIA E VEMOS UM POLICIAL NA DIREÇÃO E UM JOVEM DESACORDADO E TODO ENSANGUENTADO. 

OFICIAL — Pelo o que eu vejo você trouxe mais um desses comunistas. (P) Pode entrar. O Flores está lá dentro.

O POLICIAL FAZ UM SINAL DE CONFIRMAÇÃO. ELE ENTRA DENTRO DA SEDE DO DOI-CODI. O JOVEM COMEÇA A ACORDAR, MAS O POLICIAL DÁ UMA CORONHADA NO JOVEM QUE APAGA NOVAMENTE.

CORTE RÁPIDO PARA/

CENA 11. SEDE DO DOI-CODI. PORÃO. INT/ DIA

O LOCAL É ESCURO. DE FORMA ABAFADA PODEMOS OUVIR GRITOS DE DOR. A PORTA LATERAL VAI SE ABRINDO E O POLICIAL DA CENA ANTERIOR ENTRAR E JOGA O CORPO DESACORDADO DO JOVEM NO CHÃO FRIO DO PORÃO. NA FRENTE DELE ESTÁ O DELEGADO FLORES QUE TEM UM BISTURI EM SUAS MÃOS. O POLICIAL FICA INCRÉDULO.

DELEGADO FLORES — Você conseguiu pegar mais um desses malditos. Mas ainda não foi quem eu disse para você pegar. Tem gente que merece ficar nesse porão e que ainda está a solta. Você precisa ser mais profissional.

POLICIAL — O qu você queria que eu fizesse, Flores. Você não me deu informações suficientes para encontrar esse grupo do qual você vem falando. A culpa desse fracasso é exclusivamente sua. 

DELEGADO FLORES — Você já se esqueceu com quem você está falando? Não me custaria nada enfiar nesse bisturi na sua garganta, mas eu tenho outros planos. Leve esse rapaz até a minha sala. Eu quero ter uma conversa mais tranquila com ele.

O POLICIAL PEGA O JOVEM QUE ESTÁ CHÃO. PARA A SURPRESA DO POLICIAL O JOVEM ACORDA E DÁ UM SOCO NO POLICIAL QUE FICA DESNORTEADO. O JOVEM ENCARA O DELEGADO FLORES SEM MEDO. 

JOVEM — (gritando) Fica longe de mim. Eu sei muito bem quem você é. Eu perdi muitos amigos por sua culpa. 

DELEGADO FLORES — Eu tenho uma proposta para te fazer. Se você entregar o seu grupo de amigos ru prometo que eu te deixo sair daqui livre. Essa é a sua única chance. 

JOVEM — Você acha mesmo que pode me induzir a fazer isso? Eu nunca vou entregar onde os meus amigos estão. Você pode fazer o que quiser comigo. Eu jamais serei quem traiu a confiança deles.

O DELEGADO FLORES COMEÇA A REDEAR O JOVEM QUE VAI FICANDO AFLITO. O POLICIAL SAI DEIXANDO O JOVEM SOZINHO COM O DELEGADO FLORES.

DELEGADO FLORES — Você não está entendendo a gravidade da situação. Você está no inferno, e eu sou quem tem as chaves da saída. Tem certeza que você será tão burro assim? 

JOVEM — Eu prefiro morrer do que entregar os meus amigos em uma bandeja para você, maldito. Faça o seu pior. Eu estou pronto para o que for acontecer. 

DELEGADO FLORES — Você fez a sua escolha. Agora arque com as consequências. Eu te dei a chance de fazer a coisa certa, mas você não soube aproveitar. 

O DELEGADO FLORES SE TRANSFORMA. O ÓDIO PODE SER VISTO EM SEU OLHAR. ELE PEGA O BISTURI QUE ESTÁ EM SUAS hMÃOS E CRAVA NA PERNA DO JOVEM QUE URRA DE DOR. O DELEGADO FLORES DÁ UM SOCO NO JOVEM QUE CAI DESMAIADO NO CHÃO. ELE SORRI. 

CORTA PARA/

CENA 12. PENSÃO DE CLEONICE. SALA. INT/DIA

PLANO GERAL DA CENA. A CÂMERA MOSTRA DE FORMA BEM AMPLA QUE VÁRIOS JOVENS ESTÃO REUNIDOS NA SALA DA PENSÃO. NO CENTRO DA CENA ESTÁ MARINA QUE ESTÁ BEM SÉRIA. AO LADO DELA ESTÃO PACO E CLEONICE. MARINA SE LEVANTA E FICA ANDANDO PELA SALA DA PENSÃO BEM PENSATIVA.

PACO — O que é que você tem, Marina? Desde que você chegou eu estou te sentindo distante. Tem alguma coisa acontecendo com você? Você sabe que pode me dizer.

MARINA — Quando a gente começou a se reunir aqui eu pensei que iríamos mudar o rumo que o nosso país estava indo. Mas parece tudo ficou pior. Diversos conhecidos estão sendo presos e somem nos porões do Doi-Codi. Eu não sei se o que estamos fazendo ainda é o certo.

CLEONICE — Eu sei exatamente o que você está sentindo, Marina. Alguns meses atrás eu perdi o meu filho mais velho por causa desse regime ditatorial. Alguém precisa fazer alguma coisa. Vocês jovens são o futuro desse país.

MARINA CONCORDA.  TEMPO. PODEMOS OUVIR ALGUÉM BATENDO NA PORTA DA PENSÃO COM MUITA FORÇA. CLEONICE ABRE A PORTA E GAEL ENTRA PARECENDO UM FURACÃO. O SEMBLANTE DE MARINA MUDA RADICALMENTE.  GAEL OLHA TODOS COM DESPREZO.

CLEONICE — (esbravejando) O que você veio fazer aqui, Gael? Queira ir embora agora mesmo. Você não é bem vindo aqui. Eu não esqueci de tudo o que você fez. 

MARINA — Pode deixar, Cleonice. Do Gael eu mesmo dou conta. (P) Fale de uma vez o que você quer, Gael. Você não tem nada para fazer aqui. Anda logo.

GAEL — Como você é patética, Marina. Olha só para você. Está cercada de comunistas e nem se dá conta disso. Eu jamais poderia imaginar que você faria parte de algo tão asqueroso assim. Mas essa farra está para acabar. Eu mesmo faço questão de ligar para a polícia e denunciar o que está acontecendo aqui. Vocês irão acabar nos portões do Doi-Codi. 

MARINA FICA SEM REAÇÃO. GAEL COMEÇA A SORRI CINICAMENTE. CLÍMAX. MARINA DÁ UM TAPA CARA DE GAEL QUE FICA TOTALMENTE TRANSTORNADO. 

GAEL — Como você ousa fazer isso comigo, Marina. Eu deveria te dar a surra que você tanto merece levar.

PACO — Você não ouse encostar essa sua mão imunda na Marina, Gael. Ou então eu irei esquecer que você é o irmão da minha namorada e eu irei te dar o que você está pedindo que é um soco no meio da cara. Eu não sei como um dia eu pude ser seu amigo.

CLEONICE — (alterando a voz) O que você ainda está fazendo aqui, Gael? Não percebeu ainda que você não é bem-vindo aqui? Eu nunca mais quero te ver. 

MARINA — Vá embora, Gael. Vai ser melhor para todos. Você nunca vai entender os meus motivos. Adeus!!!

GAEL — Eu juro que esse tapa que você me deu vai custar muito caro, Marina. Esse país só vai para frente quando comunistas que nem vocês tiverem o que merecem. Isso não vai ficar assim.

GAEL SAI DA PENSÃO IRRITADO. PACO ABRAÇA MARINA BEM FORTE. O CLOSE DA CÂMERA AGORA ESTÁ EM CLEONICE QUE ESTÁ PERDIDA EM SEUS PENSAMENTOS.

CORTA PARA/

CENA 13. APARTAMENTO DE OLÍVIA. QUARTO. INT/ TARDE 

O FIM DA TARDE SE APROXIMA. A CÂMERA MOSTRA UM QUARTO BEM SIMPLES COM AS CORTINAS FECHADAS QUE A LUZ DO SOL TEM DIFICULDADE EM ULTRAPASSAR. NA CAMA VEMOS ALFREDO E OLÍVIA TOTALMENTE NUS SE AMANDO ARDENTEMENTE. 

TRILHA SONORA: https://youtu.be/tBa2Z28oPRU

TEMPO.  ALFREDO SE LEVANTA DA CAMA E VAI COLOCANDO A SUA ROUPA DEIXANDO OLÍVIA INCRÉDULA. ELA CONTINUA ENROLADA NOS LENÇÓIS ENQUANTO ENCARA ALFREDO.

OLÍVIA — (decepcionada) Alfredo…. Eu não posso acreditar que você já está indo embora. Você prometeu que iria ficar mais comigo hoje. Eu pensei que depois desse ato de amor algo teria mudado entre nós.

ALFREDO — Eu nunca te enganei, Olívia. Eu não vou largar a minha mulher e os meus filhos para ficar com você. Eu não tenho culpa se você imaginou isso. (P) Você sempre foi uma pessoa emocionada. O máximo que eu posso te oferecer é isso que acaba de acontecer.

OLÍVIA — Como eu sou uma idiota. Eu acreditava que você me amava, Alfredo. Foi por isso que eu me sujeitei a esse papel de sua amante. Mas agora eu vejo que você somente estava me usando. Eu queria só ver a cara da sua família quando eles descobrirem que você não passa de um hipócrita.

ALFREDO — Nem brinque com uma coisa dessas, Olívia. Você não vai fazer essa loucura está me ouvindo? Você não sabe do que eu sou capaz de fazer. Você não me conhece de verdade. Tenta me prejudicar para você ver. 

OLÍVIA PARECE DECIDIDA. ALFREDO TERMINA DE ABOTOAR A SUA CALÇA. OLÍVIA SE LEVANTA DA CAMA AINDA ENROLADA NOS LENÇÓIS DA CAMA. ALFREDO A SEGURA PELO PESCOÇO COM ÓDIO. OLÍVIA VAI FICANDO SEM AR. 

ALFREDO — Isso é para você aprender que quem dá a última palavra aqui sou eu. Você nunca vai conseguir se livrar de mim, Olívia. Você vai ser minha até quando eu quiser. Estamos entendidos? 

OLÍVIA — (ficando sem ar) Alfredo…. Você está me machucando. Me solta, por favor. Eu estou sem ar.

ALFREDO — Você ainda não disse o que eu queria ouvir, Olívia. Fale de uma vez. Quanto mais você demorar, será pior.

OLÍVIA — Tudo bem, Alfredo. Você ganhou. Eu não vou fazer para te prejudicar. Eu te dou a minha palavra.

ALFREDO SOLTA O PESCOÇO DE OLÍVIA. ELA RESPIRA FUNDO.

ALFREDO — Está vendo como você é dependente de mim, Olívia. Enquanto você me obedecer nada de ruim vai te acontecer. Disso você pode ter certeza.

OLÍVIA — Eu tenho é pena da Madalena. Ela não merece estar casada com um homem como você, Alfredo. Hoje eu consigo ver que eu perdi mais de 20 anos da minha vida ao seu lado. Se arrependimento matasse….

ALFREDO — Pense o que você quiser, Olívia. Agora eu tenho que ir embora. Tem uma coisa que eu preciso fazer. 

ALFREDO DÁ UM BEIJO CONTRA VONTADE DE OLÍVIA. ELE TERMINAR DE COLOCAR SUA ROUPA E SAI. OLÍVIA SE SENTA NA BEIRA DA CAMA E A CÂMERA SE APROXIMA DE SEUS OLHOS E UMA LÁGRIMA ESCORRE.

CORTA PARA/

CENA 14. PARIS. STOCK-SHOTS. EXT/ NOITE 

EM UM PLANO AÉREO A CÂMERA VAI PASSANDO PELA BELÍSSIMA CIDADE DE PARIS NA FRANÇA. MUITOS CARROS DOS ANOS 60 PASSANDO DE UM LADO PARA O OUTRO. EM UM CORTE RÁPIDO VEMOS O MUSEU DO LOUVRE, A TORRE EIFEEL, ALGUMAS PESSOAS PASSEANDO EM CHARRETES COM MUITA ELEGÂNCIA. A ÚLTIMA PARADA É NA FACHADA DE UMA CAFETERIA QUE ESTÁ LOTADA. O FOCO DA CENA ESTÁ EK UMA JOVEM DE 20 E POUCOS ANOS WUE ESTÁ CONCENTRADA LENDO AS NOTÍCIAS EM UM JORNAL.

FUNDE PARA/

CENA 15. PARIS. CAFETERIA. EXT/ NOITE

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA ANTERIOR. A CÂMERA FOCA NO OLHAR DE JANAÍNA QUE ESTÁ SURPRESA AO LER AS NOTÍCIAS DE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO NO BRASIL. EM UM CANTO DA REPORTAGEM VEMOS A FOTO DO DELEGADO FLORES (PAI DE JANAÍNA) E ELA PERCEBE QUE SEU PAI ESTÁ NO MEIO DE TUDO QUE ESTÁ ACONTECENDO. ELA FICA ESTARRECIDA.

JANAÍNA — (incrédula) Eu não posso acreditar que isso esteja acontecendo em meu país. O que mais me deixa chateada é saber que o meu pai compactua com essa atrocidade. Eu não posso ficar aqui parada enquanto tudo que eu conheço vira ruínas.

JANAÍNA SE LEVANTA DE SUA MESA. A CÂMERA DÁ UM CORTE E VEMOS UMA OUTRA JOVEM DA MESMA FAIXA ETÁRIA INDO NA DIREÇÃO DE JANAÍNA COM UMA XÍCARA DE CAFÉ NAS MÃOS. ELA É BRIGITTE, UMA ANIGA FRANCESA DE JANAÍNA.

BRIGITTE — Où vas-tu, Janaina ?J'ai ce café rien que pour toi. (Onde você está indo, Janaína? Eu peguei esse café exatamente para você.)

JANAÍNA — (aflita) Je dois retourner au Brésil, Brigitte. Les choses sont plus compliquées avec la dictature militaire.J'espère que vous pouvez me comprendre. (Eu preciso voltar para o Brasil, Brigitte. As coisas estão mais complicadas com a ditadura militar. Eu espero que você possa me entender. )

BRIGITTE — Bien sûr que je comprends, mon ami. Vous avez mon soutien. Si je pouvais, j'irais avec vous. (Eu compreendo, minha amiga. Você tem todo o meu apoio. Se eu pudesse eu iria com você.)

JANAÍNA SORRI. BRIGITTE OLHA JANAÍNA BEM PREOCUPADA.

BRIGITTE — Êtes-vous sûr de vouloir le faire, Janaína? La façon dont les choses sont au Brésil vous ne pourrez rien faire. Tu ferais mieux d'y penser. (Você tem certeza disso, Janaína? Do jeito que as coisas estão no Brasil você não vai poder fazer nada. É melhor você pensar nisso.)

JANAÍNA — Je ne peux pas faire ça, Brigitte. Mon père est jusqu'au cou dans cette histoire. Je ne peux pas rester ici et ne rien faire. (Eu não posso fazer isso, Brigitte. O meu pai está envolvido nessa história até o pescoço. Eu não posso ficar aqui sem fazer nada.)

BRIGITTE — Je te comprends, mon ami. J'espère que vous trouverez ce que vous cherchez. J'espère que tu pourras ramener ton père à la raison. (Eu te entendo, minha amiga. Eu espero que você encontre o que você está procurando. Eu torço que você faça com que o seu pai recobre a razão.)

JANAÍNA — Je voulais tellement y croire. Mais malheureusement je connais mon père. Il n'est pas facile à gérer. (Eu queria acreditar nisso. Mas infelizmente eu conheço bem o meu pai. Ele não é fácil de lidar.)

JANAÍNA E BRIGITTE SE ABRAÇAM DE UMA FORMA FRATERNAL. O ABRAÇO SE DESFAZ E O SEMBLANTE DE JANAÍNA FICA SÉRIO.

CORTA PARA/

CENA 16. RIO DE JANEIRO. STOCK -SHOTS. CLIP. EXT/ NOITE 

EM UMA FORMA DE CLIPE VEMOS A NOITE CHEGAR. A CÂMERA DÁ VÁRIOS CORTES MOSTRANDO DIVERSAS PARTES DA CIDADE MARAVILHOSA. ENTRE TODAS IMAGENS VEMOS DIVERSOS CASOS REAIS DE PESSOAS QUE FORAM MORTAS OU SOFRERAM COM A DITADURA MILITAR. APÓS UM CORTE RÁPIDO DA CÂMERA VEMOS A FACHADA DA CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. A CÂMERA DÁ O FOCO PARA UMA LUZ QUE ESTÁ ACESA NA COZINHA DA CASA.

FUNDE PARA/

CENA 17. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. COZINHA. INT/ NOITE

ISABELA ESTÁ SOZINHA NA COZINHA. A CÂMERA SE APROXIMA DO SEU OKHAR E MOSTRA AS LÁGRIMAS ESCORRENDO. ELA PEGA UM COPO DE ÁGUA E LEVA ATÉ A BOCA. O COPO ESCORREGA DE SUA MÃO E CAIR NO CHÃO SE QUEBRANDO EM MIL PEDAÇOS. A CÂMERA CORTA PARA A PORTA DA COZINHA E VEMOS TIAGO IR NA DIREÇÃO DE ISABELA. ELE TOCA SUAVEMENTE EM SEUS OMBROS. ISABELA SE VIRA E ELA SE DESMANCHA DE CHORO NO ABRAÇO DE TIAGO.

TIAGO — Eu sinto muito, Isabela. Eu nem sei como você deve estar se sentindo nesse momento.  (P) Eu quero que você saiba que você pode contar comigo. Hoje e sempre.

ISABELA — (enxugando as lágrimas) Eu não sei como as coisas vão ser de agora em diante, Tiago. Eu não sei se eu vou conseguir seguir em frente sem a minha mãe. Essa situação é mais difícil do que eu pensava.

TIAGO — Eu acredito que você vai conseguir seguir em frente, Isabela. Você é a mulher mais forte que eu conheço. Eu sei que apensar de todas as dificuldades você vai encontrar uma forma de voltar a sorrir.

ISABELA — Eu não sei como trnsgradever por essas palavras doces, Tiago. Você é um bom amigo. Muito obrigada..

ISABELA SORRI TIMIDAMENTE. EOA DÁ UM BEIJO NO ROSTO DE TIAGO QUE FICA SEM REAÇÃO. A CÂMERA GIRA E MOSTRA GAEL PARADO NA PORTA DA FA COZINHA. SEM DIZER ABSOLUTAMENTE NADA GAEL VAI NA DIREÇÃO DE TIAGO E LHEDÁ UM SOCO DEIXANDO ISABELA PERPLEXA.

ISABELA — O que você pensa que está fazendo, Gael? Você ficou louco? Como você tem coragem de vir até a minha casa e agredir o Tiago dessa forma? Eu exijo uma explicação.

GAEL — (nervoso) Quantas vezes eu já disse para você ficar longe da Isabela? Eu não vou permitir que você continue rodeando ela desse jeito. Está me ouvindo?

TIAGO — Você não tem que permitir nada, Gael. Eu e a Isabela somos amigos e nada do que você diga ou faça vai mudar isso. Eu não tenho medo de você.

ISABELA — Você foi longe demais dessa vez, Gael. Eu não quero absolutamente nada com você. Quantas vezes eu vou ter que falar isso? Porque você não pode entender isso?

O OLHAR DE GAEL ESTÁ SOBRE ISABELA. ELA TENTA SE APROXIMAR DE ISABELA, MAS TIAGO O IMPEDE. O CLIMA FICA TENSO.

GAEL — Tem certeza que você quer isso, Isabela? Você prefere ficar perto desse comunista do que corresponder ao que eu sinto por você. (P) Pense no que você está fazendo, Isabela. Isso pode não ter volta. 

ISABELA — (séria)  Vá embora da minha casa, Gael. Eu não quero mais te ver. (RESPIRA) Você se esconde atrás dessa máscara de bom moço, mas eu sei muito bem quem você é, Gael. Você não passa de um preconceituoso. 

GAEL — Você vai se arrepender de tudo o que me falando, Isabela. Você ainda vai ver que tudo o que eu estou fazendo é a coisa certa. E quanto a você, comunista. A nossa conversa ainda não acabou. Você nem imagina o que eu vou fazer para me vingar de você. Eu vou tirar esse sorriso do seu rosto. Você pode contar com isso.

GAEL SAI TOTALMENTE NERVOSO. ISABELA E TIAGO SE OLHAM ALIVIADOS. TIAGO OLHA PARA ISABELA DE UM JEITO DIFERENTE. 

CORTA PARA/

CENA 18. CASA DE MADALENA E ALFREDO. ENTRADA. EXT/ NOITE

A RUA ESTÁ COMPLETAMENTE VAZIA. MARINA E PAXO ESTÃO SENTADOS NA CALÇADA UM DO LADO DO OUTRO. A CÂMERA VAI MOSTRANDO DE GORMA BEM GERAL UMA VERANEIO COMANDADA POR UM OFICIAL DO DOI-CODI PASSANDO BEM DEVAGAR POR MARINA E PACO QUE FICAM APREENSIVOS. ELES SE OLHAM.

MARINA — Eu não acredito que isso vai acontecer conosco logo agora. Eu fico pensando se o Gael cumpriu a ameaça dele e nos entregou para a repressão. 

PACO — Eu não duvido de mais nada, Marina. Eu sei que o Gael é o seu irmão, mas ele não inspira confiança. Ele já foi o meu melhor amigo. Eu nunca vou esquecer que foi graças a ele que o meu irmão morreu. 

MARINA — Eu não sei disso, Paco? O Gael sempre teve essa falha de conduta no temperamento dele. O que mais me incomoda é saber que o meu pai sempre vai fechar os olhos para os erros do Gael. Isso me enfurece.

MARINA FICA INCOMODADA. O VERANEIO DO DOI-CODI FAZ A CURVA NO FINAL DA RUA E PARA BEM EM FRENTE DE ONFE ESTÃO MARINA E PACO. O OFICIAL DO DOI-CODI SAINFA VERANEIO JÁ APONTANDO A ARMA PARA MARINA E PACO QUE FICAM TOTALMENTE IMÓVEIS E SEM REAÇÃO.

OFICIAL — Eu posso saber o que vocês estão fazendo na rua uma hora dessas? Só teria um motivo para vocês estarem aqui depois do toque de recolher. A minha intuição diz que vocês fazem parte daqueles comunistas que querem acabar com o nosso país. 

MARINA — (levando sua voz) Vocês acham que podem controlar o que a gente faz ou deixa de fazer. Eu tenho todo o direito de ir r vir para onde eu bem entender. 

OFICIAL — Você acha que essa coragem vai te levar muito longe? Eu quero ver você perder essa coragem quando estiver nos porões do Doi-Codi. É para lá que eu vou te levar agora mesmo. Levantem os dois. Agora!!!!

PACO — A gente não vai com você para lugar nenhum. Nós não fizemos nada de errado. Você não pode nos obrigar a ir com você a lugar nenhum. Você sabe disso.

MARINA E PACO SE LEVANTAM E FICAM NA FRENTE DO OFICIAL DO DOI-CODI. O OFICIAL SEGURA MARINA PELO BRAÇO, AMS ELA SE DEMONSTRA ESTAR MUITO ARREDIA.

OFICIAL — É melhor vocês não tentarem dificultar ainda mais essa situação. Eu conheço muito bem jovens que nem vocês. Baderneiros que só querem tumultuar. 

MARINA — Nós não temos mais nada para falar com você. Se retire da frente da minha casa. 

MARINA DÁ AS MÃOS PARA PACO E ELES ENTRAM PARA DENTRO DA CASA. O OFICIAL DO DOI-CODI FICA OLHANDO SEM TOMAR NENHUMA ATITUDE. ELE RECOLHE SUA ARMA. EM SEGUIDA ELE ENTRA NA VERANEIO E VAO EMBORA SUMINFO NO MEIO DA ESCURIDÃO DA NOITE. 

CORTA PARA/

CENA 19. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. QUARTO DE PETRÔNIO. INT/ NOITE

PETRÔNIO ESTÁ SENTADO NA BEIRA DA CAMA COM UM PORTA RETRATO DE MÁRCIA EM SUAS MÃOS. O SEU SEMBLANTE É DE TRISTEZA. A PORTA DO QUARTO VAI SE ABRINDO LENTAMENTE. A CÂMERA DÁ UM CORTE E AGORA VEMOS MADALENA ENTRAR NO QUARTO E INDO NA DIREÇÃO DE PETRÔNIO. ELA SE SENTA AO LADO DE PETRÔNIO. ELES FICAM SE OLHANDO.

MADALENA — Eu sinto muito, Petrônio. Eu deveria ter vindo antes. A Márcia era minha melhor amiga. Ela não merecia morrer dessa maneira. (P) O que você e a Isabela precisarem pode contar comigo. 

PETRÔNIO — Você não tem nada que se desculpar, Madalena. Eu passei anos muito felizes ao lado da Márcia e ela me deu o maior presente que eu poderia ter tido que é a minha Isabela. Mas faz anos que eu e ela não éramos mais um casal. O meu etto foi  não conseguir amar a Márcia como ela merecia. Eu sempre te amei, Madalena. 

MADALENA FICA SEM PALAVRAS. PETRÔNIO SEGURA SUAVEMENTE EM SUAS MÃOS. MADALENA FICA SEM SABER COMO REAGIR DIABFE DESSA SITUAÇÃO.

MADALENA — (surpresa) Eu nem sei o que te dizer, Petrônio. Você me pegou totalmente desprevenida. Mas infelizmente eu não posso corresponder aos seus sentimentos. Eu sou casada e a minha mente está totalmente focada nos meus filhos. Eu sinto muito. 

PETRÔNIO — Eu entendo perfeitamente a sua situação, Madalena. Eu só queria mesmo que você soubesse.  Eu jamais iria pedir que você largasse o seu casamento ou os seus filhos. Isso seria irresponsável da minha parte. 

MADALENA — Você é um bom homem, Petrônio. Não merecia estar passando por toda essa dificuldade. (P) Eu sempre vou estar aqui como amiga. É o máximo que eu posso fazer. 

PETRÔNIO BALANÇA A CABEÇA CONCORDANDO. 

PETRÔNIO — Eu posso te dar um abraço, Madalena? É o mínimo que eu posso fazer para te agradecer por tudo.que está fazendo por mim e por minha filha. 

MADALENA — Você não tem nada que me agradecer, Petrônio. Você e a Isabela merecem esse apoio depois de tudo que vocês passaram. É claro que pode me dar um abraço.

PETRÔNIO E MADALENA SE ABRAÇAM SEM NENHUMA OUTRA INTENÇÃO. O BARULHO DE PASSOS É OUVIDO. EM UM GIRO RÁPIDO A CÂMERA MOSTRA ALFREDO PARADO NA PORTA DO QUARTO OLHANDO PARA MADALENA E PETRÔNIO COM MUITO ÓDIO NO OLHAR.

ALFREDO — (gritando) Madalena….. 

INSTRUMENTAL: https://youtu.be/dJv5OeBYniU 

O ABRAÇO DE MADALENA E PETRÔNIO SE DESFAZ. O OLHAR DE ÓDIO DE ALFREDO VAI NA DIREÇÃO DE MADALENA. ELA E PETRÔNIO SE OLHAM APREENSIVOS. A IMAGEM CONGELA.

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FIM DO  CAPÍTULO