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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 34

 





Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
RAVENA
BEATRIZ
JORGE
MARIA
PANDORA
RAUL
KIRA

Participação Especial:
CLIENTE da boutique, PAQUERA da Beatriz,  ENFERMEIRA, RAFAEL, LUÍZA


CENA 01/ INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ TARDE

Laura está de pé junto ao balcão da loja, finalizando a compra de uma cliente, dobrando cuidadosamente um vestido elegante e colocando-o em uma sacola de papel com o logotipo da boutique.

 

LAURA

(entregando a sacola)

- Aqui está! Muito obrigada por escolher a nossa Boutique.

 

A cliente agradece com um sorriso sai segurando a sacola. Logo após a cliente sair, Pandora entra na loja furiosa, discutindo com Ravena, que está logo atrás dela.

 

PANDORA

- Ridículo isso! Porque não me prende logo em cárcere privado?

 

RAVENA

- Não, não e não Pandora, tá avisada!

 

LAURA

(se aproximando)

- Mas que isso? Cês tão querendo espantar as clientes, é isso? O que tá acontecendo aqui?

 

PANDORA

(alterada)

- O que tá acontecendo, é que mãe Ravena agora resolveu pegar no meu pé! Ela quer determinar com quem eu fico ou deixo de ficar!

 

RAVENA

- Não tô interferindo em suas relações, só não lhe quero com aquele rapaz.

 

PANDORA

- Eu amo o Darlan, minha mãe, e não vou permitir que cê interfira na minha vida!

 

LAURA
- Calma filha, a gente vai conversar a gente vai se entender.

 

RAVENA

- Já foi entendido, porque isso venho falando desde que Pandora é criança. Não vou admitir minha filha com homem! Não, não e não! Homem nenhum presta, põe isso na cabeça de vocês!

 

PANDORA

(chorando)

- Mas não sou lésbica, nunca senti atração por mulheres! Só fiquei com Michele, porque cê ficou me empurrando ela! Quem eu quero é Darlan e não vou desistir dele só porque cê quer!

 

Com essas palavras, Pandora sai da loja furiosa.

 

LAURA

- Filha! Volte aqui meu amorzinho!

 

RAVENA
- Deixa, é melhor chorar agora do que depois.

 

LAURA

- O que cê pensa que tá fazendo, Ravena? O que tá querendo com tudo isso? Criar traumas na cabeça da menina?

 

RAVENA

(firme)

- Não vou perimir que a história se repita. Com  minha filha, não.

 

LAURA

- Ravena, por favor, Darlan não é Maciel. Cê não pode forçar a Pandora a ser quem ela não é.

 

RAVENA

(com ódio)

- Vamos ver se eu não posso. Farei o que for preciso para proteger minha filha desses machistas.

 

 

CENA 02/ INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ TARDE

Moisés está sentado em uma poltrona, enquanto Raimunda está na cozinha, preparando o jantar. Moisés parece sério e determinado.

 

MOISÉS

(com seriedade)

- Raimunda, precisa começar a arrumar minhas coisas. Vou tr que ir a outro congresso de pastores.

 

RAIMUNDA
- Oxente varão! Cê chegou a pouco tempo de um congresso, já vai pra outro?

 

MOISÉS

(com convicção)

- Essa é a missão que Deus me deu, né Raimunda?. Não posso questionar. Preciso seguir o chamado, por mais incompreensível que pareça.

 

RAIMUNDA
- Tô entendo. E... Onde vai ser esse congresso?

 

MOISÉS

- Porto de Galinhas, em Pernambuco.

 

RAIMUNDA

- Ouvir dizer que é um lugar muito bonito.

 

MOISÉS

- Mas não tô indo pra lá por conta de belezura de lugar, tô pra lá pra evangelizar.

 

RAIMUNDA

- Eu sei varão, só comentei. E irmão Osvaldo, também vai cê?

 

MOISÉS

- Vai sim.

 

RAIMUNDA
- Tá certo! Vou terminar de aprontar a comida e depois arrumo suas coisas.

 

 

CENA 03/ INT/ CAMPA/ SALA DA GIOVANA/ TARDE

Kira entra na sala, seu olhar animado enquanto se aproxima de Giovana.

 

KIRA

(animada)

- Oi Gih!

 

GIOVANA

(rindo)

- Oxente mulher, que animação é essa?

 

KIRA

- Quando tô perto de você sempre fico animada. Estava pensando, o que cê acha da gente fazer alguma coisa depois de que encerrarmos aqui?

 

GIOVANA

- Adoraria, mas não vai dar. Raul saiu mais cedo do consultório, passou no mercado e disse que vai preparar um jantar especial para nós dois esta noite. Ele sempre foi um gentleman, né? Parece que finalmente aquela fase ruim passou e voltamos a nos entender, sabe Kira? Agora para ficar ainda mais perfeito, só depois que pegar os exames dele e ver que tá tudo certo.

 

A expressão de Kira muda ligeiramente, seu semblante se obscurece.

 

KIRA

(sorrindo sem graça)

- Isso é ótimo, Gih. Fico feliz por cês dois.

 

GIOVANA

(observando)

- Tá tudo bem?

 

KIRA

- Tudo ótimo, tudo certinho. Não se preocupe.

 

GIOVANA

- Cê é minha melhor amiga, sabia? Agradeço todos os dias por cê ter entrado em minha vida.

 

KIRA

(serena)

- Giovana, cê sabe que no fundo, eu queria ser muito mais do que sua amiga, né?

 

GIOVANA

- Kira, eu queria poder...

 

KIRA

(interrompendo)

- Ei, tá tudo bem. Me contento com sua amizade. Bom, aqui estão os convites para a festa. Espero que cês possam ir. Tenho que ir agora. Nos vemos depois.

 

Kira sai da sala rapidamente, deixando Giovana reflexiva.

 

 

CENA 04/ EXT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ PORTA/ NOITE

Jorge está do outro lado da rua, esperando por Beatriz. Ele a vê saindo da clínica e um sorriso aparece em seu rosto. Começa a atravessar a rua em sua direção.

 

JORGE

(animado)

- Lá está ela.

 

Jorge se prepara para encontrá-la quando um homem se aproxima rapidamente. Beatriz o recebe com um beijo caloroso na boca, deixando Jorge atônito. O casal ri e continua caminhando em direção ao carro, totalmente alheio à presença de Jorge. Beatriz, antes de entrar no carro, vira o rosto em direção a Jorge. Seus olhos se encontram brevemente, uma mistura de emoções passando entre eles. Ela então entra no carro do homem, e eles partem, deixando Jorge desapontado na calçada.

 

 

CENA 05/ INT/ CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ NOITE

Jana entra na sala, onde Paulo está sentado no sofá, lendo um livro. Ela sorri ao vê-lo.

 

JANA

(animada)

- Oi, meu amor. Já por aí?

 

PAULO

(sorrindo)

- E aí minha linda! E Maria? Cadê?

 

JANA

- Ela foi lá em painho. Vou só tomar um banhinho aqui e vou lá buscar ela. Aproveito pra dar um cheiro nele e ver como tá ele com Eliete.

 

PAULO

- Seu pai tem é muita paciência pra lidar com aquela mulher.

 

JANA

- E não sei disso? Deixa eu cuidar, senão fica tarde.

 

 

CENA 06/ INT/ APT DOS REIS/ NOITE

Raul está animado, mexendo panelas no fogão, preparando um jantar especial. Giovana está ao lado dele com um sorriso carinhoso no rosto enquanto observa o marido.

 

RAUL

(feliz)

- Acho que tá quase pronto, meu bem.

 

GIOVANA

- Hummm! O cheiro tá muito bom.

 

RAUL

(enfiando a colher na panela)

- Experimenta um pouco pra cê ver.

 

Raul começa a se sentir fraco de repente, sua mão tremendo enquanto tenta segurar a colher. Ele balança a cabeça, tentando afastar a sensação de tontura, mas então, de repente, ele desmaia, caindo no chão.

 

GIOVANA

(gritando, desesperada)

- Raul! Raul, não!

 

Giovana corre para o lado de Raul, seu rosto cheio de pânico enquanto tenta acordá-lo. Ela pega seu telefone, tremendo, para ligar para a emergência.

 

 

CENA 07/ INT/ CASA DA RAVENA/ QUARTO DA PANDORA/ NOITE

Ravena bate suavemente na porta do quarto da filha.

 

PANDORA

- Entre!

 

RAVENA

(com gentileza)

- Ainda tá chateada comigo, né? Oh filha, não queria que nossa conversa fosse tão difícil. Só me preocupo com cê. Entende?

 

PANDORA

- Não. Se quer saber, não lhe entendo. Cê luta com tanta garra, com tanta fúria para defender o que acredita, mas é incapaz de compreender o outro.

 

RAVENA

- Cê ainda é muito jovem Pandora, e ainda não entende algumas coisas.

 

PANDORA

- Não é uma questão de idade, minha mãe. Tem nada a ver. Sabe o que é ridículo? As suas atitudes dá a entender que cê é heterofóbica.

 

RAVENA

- Isso nem existe Pandora. Tem nem como comparar.

 

PANDORA

- Sei que não. Mas as suas atitudes estão sendo tão nojentas quanto aos homofóbicos.

 

RAVENA

- Não fale besteira, menina!... E Maria? Cês duas estavam se entendendo tão bem, o que houve?

 

PANDORA

(com um suspiro)

- Maria é uma garota incrível, me apaixonei pelo o jeitinho meigo dela. E tudo isso foi fazendo uma confusão aqui dentro de mim. Mas com o tempo fui me dando conta que a nossa relação é mais fraternal. Eu amo demais Maria, mas como se ela fosse minha irmã.

 

Ravena engole em seco, sentindo um aperto no coração ao ouvir Pandora falar de Maria dessa maneira. Pandora olha nos olhos de Ravena com determinação.

 

PANDORA

(decidida)

- É Darlan que amo, minha mãe. Tô completamente apaixonada por ele. Ele me faz sentir viva, me faz feliz de uma maneira que nunca pensei que fosse possível. E espero que cê possa entender isso.

 

RAVENA

(com raiva)

- Eu nunca vou permitir que cê fique com esse garoto. Tá me ouvindo bem?

 

Ravena sai do quarto, deixando Pandora sozinha.

 

 

CENA 08/ EXT/ CASA DOS FERNANDES/ JARDIM/ NOITE

Maria está sentada em um banco de jardim, tocando seu violão e cantando uma melodia. Genivaldo assiste com orgulho.

 

MARIA

(cantando)

- “Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara;

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma;
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma;
Eu sei, a vida não para.
A vida não para não”.

 

GENIVALDO

(sorrindo)

- Cê tem um dom incrível, minha filha. Sua voz é como de um anjo.

 

Eliete observa de longe, e vai se aproximando.

 

ELIETE

(carrancuda)

- Realmente sua voz é muito bonita, viu Maria? E cê canta bem. Deveria usar sua voz para louvar a Deus. E quem sabe assim Deus lhe perdoaria dos pecados dos seus antepassados e lhe arrebataria aos céus?

 

MARIA

- Mas de que pecado a senhora tá falando, minha vó?

 

ELIETE

(se alterando)

- Não me chame de vó! Pois cê é neta de uma prostituta e filha de um estuprador.

 

GENIVALDO

(repreendendo)

- Fecha essa matraca, Eliete!

 

MARIA

- Oxente, o que cê tá dizendo? Não tô entendo nada, voinho.

 

GENIVALDO

- Cê já conhece bem, Eliete. Só fala besteira.

 

ELIETE

- Não tampa o sol com a peneira, Genivaldo. Já passou da hora dessa menina saber que o pai dela é um estuprador.

 

Jana vai chegando na hora e ouve as palavras de Eliete.

 

JANA

(com ódio)

- Fique longe de minha filha, sua cobra canina!

 

ELIETE

- O que falo é verdade, e cê sabe bem disso. O pai dela é um estuprador, assim como sua mãe era uma prostituta.

 

Genivaldo puxa Eliete pelo o braço para dentro da casa.

 

GENIVALDO

- Vem comigo, Eliete!

 

MARIA

(chorando)

- Isso é verdade, minha mãe? Painho abusou da senhora?

 

JANA

- Isso é só coisa de Eliete minha filha. Essa cobra nunca gostou de mim.

 

MARIA

- Não minta pra mim, por favor. Me conta toda a verdade, Eliete não iria inventar tudo isso.

 

Jana olha para Maria com os olhos marejados.

 

 

CENA 09/ INT/ HOSPITAL/ LEITO/ NOITE

Raul está deitado na cama do hospital, uma expressão fraca no rosto enquanto recebe soro. Giovana está ao lado dele, segurando sua mão.

 

RAUL

(sorrindo)

- Bem, definitivamente não era essa a programação que eu tinha em mente para o nosso jantar romântico, hein?

 

GIOVANA

(sorrindo preocupada)

- Tenho certeza que não.

 

RAUL

- Será que vou ter que passar a noite aqui?

 

GIOVANA

(com cuidado)

- A médica disse que sua anemia tá muito alta.  Cê vai ter que passar a noite aqui pra que os médicos possam fazer todos os exames necessários.

 

RAUL

(resmungando)

- Odeio hospital, cê sabe disso.

 

GIOVANA

(com compreensão)

- Ninguém gosta, né Raul? Mas é importante pra poder cuidar de sua saúde. Se tivesse cuidado antes como sempre alertei, talvez a coisa não houvesse chegado a tanto.

 

Raul suspira, resignado, olhando para Giovana.

 

 

CENA 10/ INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ QUARTO DO CASAL/ NOITE

Genivaldo está de pé ao lado da cama, sua expressão irritada. Eliete está sentada na beira da cama, olhando para ele com uma expressão de desafio.

 

GENIVALDO

- Que foi aquilo, hein Eliete?

 

ELIETE

- Tudo o que falei é verdade. Ou não é? Não sei pra quê essa bestagem de ficar escondendo da menina. Quem sabe ela conhecendo a verdade procure a salvação?

 

GENIVALDO

- Cê não tinha esse direito, esse é um assunto de Jana!

 

ELIETE

- O que falei tá falado. E se quer saber, não me arrependo nem um pouco. Parece que cês gostam de viver na mentira. O pai da mentira é o diabo, Genivaldo.

 

GENIVALDO

- Ah então cê quer a verdade? Vou lhe dizer uma grande verdade... A verdade é que tô exausto, tô cansado, não aturo mais você, Elite! Vou arrumar as minhas coisas e sumi dessa casa!

 

CENA 11/ EXT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ JARDIM/ NOITE

Jana, emocionalmente abalada, levanta-se do banco e anda um pouco para a frente e começa a chorar. Maria, também chorando.

 

MARIA

(soluçando)

- Não me esconda mais nada, minha mãe... Por favor, me diz... Preciso saber a verdade. Painho fez isso com a senhora? Ele lhe estuprou. Não entendo, como cê ainda pode tá com ele.

 

Jana hesita por um momento, mas decide abrir o coração para a filha.

 

JANA

(limpando as lágrimas)

- Sabe Maria, sempre desejei ser mãe... Acho que até mesmo antes de ter sua idade, eu já tinha esse desejo. Casei com Paulo, e achei que esse sonho fosse ser realizado logo. Mas não... Dez anos se passaram e não tive filho nenhum. Fiz tratamento, medicações pra estimular a ovulação e tudo mais o que fosse preciso... E nada. Mas aí eu descobrir que problema não era comigo e sim com Paulo, ele é que não pode ter filhos.

 

MARIA

(incrédula)

- Oxe, pera um pouco!... Não tô entendendo. Então, Paulo não é meu pai?

 

Jana começa a chorar e balança a cabeça negativamente enquanto continuava a história.

 

JANA

– Um dia eu tava na parada, esperando o ônibus para ir embora. Apareceu um sujeito. Tive tanto medo, me senti tão sozinha naquele momento. Ele se aproximou, me arrastou para o mato e abusou de mim...

 

Jana olha para Maria completamente emocionada e fala enquanto passa a mão pela a barriga.

 

JANA

– Mas na desgraça, Deus me abençoou. Pois alguns meses depois eu soube que cê crescia aqui, dentro de mim. Oh filha! Cê é a coisa mais preciosa que tenho na vida, não sabe?

 

Maria chora e fica confusa. Jana se aproxima da filha e passa a mão pelo seu rosto.

 

JANA

(com voz trêmula)

- Maria, sinto muito meu amor. Nunca quis que cê passasse por isso. Só queria lhe proteger... Por isso lhe escondi a verdade. Me perdoe, minha linda!

 

Maria olha nos olhos de Jana, e sorri aliviada.

 

MARIA

(pasma)

- Então, ele não é meu pai... Paulo não é meu pai.

 

Maria abraça forte Jana que fica sem entender.

 

CENA 12/ INT/ CASA DA RAVENA/ ÁREA/ NOITE

Kira está segurando um copo de cerveja, seu olhar perdido e pesado. Laura sentada ao lado dela, também com um copo de cerveja na mão.

 

KIRA

(voz embargada)

- Não sei mais o que fazer. Tô completamente arriada por Giovana. Mas que desgraça, véi! Não paro de pensar nela um segundo. Acho que nunca senti isso por ninguém em minha vida.

 

LAURA

- E ela? O que ela diz sobre tudo isso?

 

KIRA

- No inicio ela parecia interessada, sabe? Parecia que existia uma reciprocidade ali. Mas aí veio a questão da saúde do marido dela. E isso serviu para aproximar os dois... e eu sobrei.

 

Ravena vai se aproximando com uma garrafa de cerveja e um copo na mão e se junta as duas.

 

RAVENA

- Dor de cotovelo, pra quê motivo melhor pra gente beber?

 

KIRA

- Pois não é, menina? Por favor, enche um pouco mais o meu copo.

 

LAURA

- E como é que tá o marido dela?

 

KIRA

- Ele tem passado mal sempre, sabe? A médica suspeita de uma anemia muito forte. Pediu uma bateria de exames, falta saber o resultado.

 

RAVENA

- Vai dá certo, o homem vai ficar curado e Giovana vai voltar correndo para os seus braços.

 

LAURA

- Também não é assim, viu Ravena?

 

KIRA

- Ela o ama, gente. Saiu de lá toda feliz, porque o marido iria fazer um jantar romântico para os dois. Fico dividida, porque também não quero ser fura olho de ninguém. Mas olhe, não posso negar que desejo muito aquela mulher pra mim.

 

 

 

CENA 13/ EXT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ JARDIM/ NOITE

Maria está deitada no colo de Jana e ela passando a mão pelo os seus cabelos. Genivaldo se aproxima, segurando uma bolsa, sua expressão séria.

 

JANA

(curiosa)

- Painho! Oxente, o que houve?

 

GENIVALDO

(resoluto)

- Não quero mais ficar um minuto sequer ao lado de Eliete. Será que posso ficar em sua casa por um tempo? Não quero abusar, mas no momento não tenho pra onde ir.

 

JANA

(com ternura)

- Oh meu pai, mas claro que pode. Cê pode ficar lá em casa o tempo que for preciso, viu?

 

GENIVALDO

- Obrigado filha, porque aqui não tem o menor cabimento de eu continuar. Eliete passou de todos os limites.

 

JANA

(decidida)

- Então vamos! Vem, Maria!

 

Os três saem da casa, Eliete olha pela janela.

 

 

CENA 14/ INT/ HOSPITAL/ CONSULTÓRIO DA LUÍZA/ DIA

Luíza está concentrada, analisando um hemograma, quando Rafael abre a porta e dá duas batidas chamando a atenção da colega.

 

RAFAEL

- Dra. Luíza! Pediu pra me chamar?

 

LUÍZA

- Dá uma olhada nesse hemograma pra mim, por gentileza, Dr. Rafael. Esse paciente chegou aqui queixando que sentia tontura, manchas vermelhas pelo o corpo. Ele desmaiou e a mulher o trouxe.

 

Rafael examina o hemograma com seriedade, pensativo.

 

RAFAEL

- Cê sabe bem o que esse resultado quer dizer, né? Quer um conselho? Manda repetir esse exame. Porque não podemos ter nenhuma dúvida a respeito desse resultado. Fala para o laboratório mandar curar uma lâmina, que passo por lá pra dá uma olhada.

 

LUÍZA

- Tá certo, farei isso imediatamente!

 

 

CENA 15/ INT/ CASA DA JANA/ COZINHA/ TARDE

Jana e Maria estão sentadas à mesa, tomando café da manhã. Paulo entra na cozinha com um sorriso.

 

PAULO

(chegando)

- Bom dia família! Ontem eu tava tão cansado que apaguei, nem vi a hora que cês chegaram.

(passando a mão na cabeça de Maria)

- Que carinha é essa filhota.

 

MARIA

- Não me toque! Nem meu pai de verdade cê é!

 

Maria se levanta furiosa, deixando Paulo confuso.

 

JANA

(preocupada)

- Filha, por favor, volte e tome seu café.

 

Paulo olha para Jana, perplexo.

 

PAULO
- O que tá acontecendo? Porque ela falou que não sou pai dela de verdade?

 

JANA

- Eliete falou demais ontem, e acabou falando que o pai de Maria é estuprador.Não tive escolha, tive que contar toda a verdade pra ela. Nem dormir direito essa noite, preocupada com minha filha.

 

Paulo fica em choque, processando a informação.

 

 

CENA 16/ INT/ HOSPITAL/ LEITO/ DIA

Raul está deitado na cama do hospital, e Giovana está sentada ao lado, segurando sua mão, os dois dormindo. Uma enfermeira entra no quarto, vendo a cena. Ela toca suavemente no ombro de Giovana para acordá-la.

 

ENFERMEIRA

(serena)

- Com licença, desculpe senhora. Dra. Luíza tá lhe chamando em seu consultório.

 

Giovana acorda rapidamente, olhando para Raul

 

GIOVANA

- Obrigada!

 

Giovana se levanta com cuidado, saindo do quarto acompanhando a enfermeira.

 

CORTA PARA:

CENA 17/ INT/ HOSPITAL/ TARDE

Giovana bate na porta do consultório de Dra. Luíza, visivelmente preocupada. Luíza acena para ela entrar.

 

GIOVANA

- Dra. Luiza? A senhora mandou me chamar?

 

LUIZA

(educadamente)

- Oi Giovana, por favor, entre. Deixe-me apresentar o Dr. Rafael Barone, hematologista.

 

Giovana cumprimenta o médico, seus olhos já demonstrando ansiedade.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Prazer, doutor. Mas, por favor, aconteceu alguma coisa? Já tem os resultados dos exames de Raul?

 

RAFAEL

(mostrando o exame)

- Este é o último hemograma de seu marido. Eu mesmo examinei a lâmina do sangue periférico dele e já temos o diagnóstico. Raul tá com leucemia.







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