JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
RAVENA
JORGE
ROSENO
MARIA
PANDORA
DARLAN
RAUL
KIRA
VANESSA
OSVALDO
CENA 01/ EXT/
RUA/ SEMÁFORO/ NOITE
O semáforo está vermelho. Darlan está no meio da rua, mostrando suas habilidades para os motoristas. Ravena para seu carro atrás dos outros veículos e observa Darlan com desdém.
RAVENA
(para si mesma)
- Tá na hora de dá uma lição nesse
macho escroto...
O semáforo muda para verde. Ravena, em um
acesso de raiva, acelera o carro em direção a Darlan, que arregala os olhos ao
ver o carro em sua direção. Darlan salta para o lado, caindo na calçada por pouco,
escapando do atropelamento.
DARLAN
(assustado)
- Ave Maria! Essa foi por pouco,
hein!
Darlan se levanta rapidamente e olha para o
carro que quase o atropelou, percebendo que é Ravena dentro do veículo.
DARLAN
(incrédulo)
- Mas é a mãe de Pandora! Ela quase
me atropelou de propósito.
CENA 02/ INT/
CASA DOS FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Eliete está visivelmente transtornada, falando
com fervor enquanto os outros membros da família estão reunidos ao seu redor.
ELIETE
(agarrando as mãos, olhos cheios de fervor)
- Cês não entendem! Deus me
prometeu que esta noite eu seria arrebatada para a glória celestial. Eu senti sua
presença, sua voz em meus sonhos. É que cês não conhecem a palavra, por isso
cês não entendem. Jesus tá voltando, ele tá voltando pra me buscar.
Giovana olha para Eliete com preocupação,
segurando as lágrimas.
GIOVANA
(olhos marejados)
- Oh minha Mãe, oh minha mainha! Senhora
precisa se acalmar, né?
ELIETE
- Mas tô calma meu amor. Tô plena,
tô serena, meu Deus vai vim me buscar. Se cê tivesse seguido o caminho certo,
como sempre lhe mostrei Giovana, cê seria arrebatada agora comigo. Mas cê
preferiu o caminho do pecado.
Jana se aproxima de Giovana e lhe abraça tentando
acalmá-la.
JANA
(firmemente)
- Não dá pra ignorar isso, Gih. Eliete
precisa de ajuda profissional, temos que interná-la. É para seu próprio bem.
GENIVALDO
- Jana tá certa filha, sua mãe já
tá fora de controle.
GIOVANA
(chorando)
- Eu sei disso. Já entrei em
contanto com um amigo que é psiquiatra. Eles estão vindo com ajuda.
ELIETE
(excitada, olhos arregalados)
- Eu vi a luz! Deus me prometeu que
esta noite seria a noite do arrebatamento!
(abrindo os braços)
- Tô pronta para ser levada para os braços divinos!
CENA 03/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está sentada em sua cama, tocando
suavemente seu violão e cantando. Enquanto ela canta, flashes do beijo entre
ela e Darlan vêm à sua mente, deixando-a perturbada e emotiva. Neste momento,
Paulo entra no quarto. Maria fica amedrontada e sem graça com a presença dele.
MARIA
(nervosa)
- O que cê tá fazendo aqui?
PAULO
(sorrindo de forma ameaçadora)
- Apenas ouvindo sua música. Gostei
do que ouvi. Cê canta muito bem.
Paulo se aproxima de Maria, que fica cada vez
mais desconfortável com a proximidade dele.
PAULO
(ameaçador)
- E o diário? Ondé que tá?
MARIA
- Eu guardei... O que cê quer com
meu diário?
PAULO
- Cê não escreve nada sobre nós lá
não, né?
Maria balança a cabeça, negando.
MARIA
(nervosa)
- Não!
PAULO
(sorrindo ironicamente)
- Acho bom. Porque não gostaria que
nossos pequenos segredos fossem expostos. Ninguém pode saber do que acontece
entre nós, ou eu ficaria extremamente chateado. E cê sabe o que acontece se eu
ficar chateado, não sabe?
A expressão de Maria se transforma em pânico enquanto ela encara Paulo, percebendo a ameaça subjacente em suas palavras.
CENA 04/ INT/
CASA DA RAVENA/ QUARTO DA PANDORA/ NOITE
Laura entra e encontra Pandora sentada na cama,
seu olhar distante revelando sua tristeza. Laura se aproxima dela, preocupada.
LAURA
(com carinho)
- Oxe, que foi minha linda? Que
tristeza é essa meu amor? O que aconteceu?
PANDORA
- Eu e Darlan terminamos minha mãe.
Ele me confessou que é apaixonado por Maria. Tem como competir com isso não,
né?
LAURA
- Fica assim não, viu meu amor?
Laura a abraça com ternura, Ravena entra no
quarto.
RAVENA
(aliviada)
- Que bom lhe ver aqui em casa, viu
filha?
PANDORA
(confusa)
- E onde mais eu estaria?
RAVENA
(com firmeza)
- Juntamente com uma pessoa que não
quero que cê esteja.
PANDORA
- Se tá falando de Darlan, não se
preocupe a gente terminou.
RAVENA
(feliz)
- Terminaram? Mas que coisa boa.
Melhor coisa que cê fez viu minha filha? Esse rapaz definitivamente não lhe
serve.
PANDORA
- Nem ele e nem homem nenhum né
mesmo?
LAURA
- Gente, por favor, não vamos
começar né?
CENA 05/ INT/
IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE
Moisés e Osvaldo estão sentados de frente um
para o outro, as portas fechadas.
MOISÉS
(com entusiasmo)
- Olhe irmão Osvaldo, tô animado
com o retiro que faremos. Isso que irmã Eliete aprontou caiu como uma luva, não
sabe? Sim... Porque aí começou essa perseguição toda, esse falatório. E pude
ter a ideia desse retiro.
OSVALDO
- O povo ficou amedrontado com suas
palavras.
MOISÉS
- E tem que ficar mesmo. Quanto
mais os fiéis com medo, melhor pra nós. Escute, já consegui um ótimo local e já
consegui uns irmãos de fora que conduzirá o retiro de forma voluntária. Ai já
sabe né? O dinheiro que for arrecadado nas inscrições do retiro vai servir para
as nossas obras de caridade. Se é que cê me entende.
Moisés dá um sorriso de canto de boca e uma
piscadela para Osvaldo, que pega delicadamente na mão de Moisés.
CENA 06/ INT/
CASA DOS FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Eliete é conduzida para fora da casa por
paramédicos, seus olhos estão vidrados, perdidos em um mundo de ilusões.
ELIETE
- Olhe só os anjos, vieram me levar
para o céu. Sabia que o senhor não iria me esquecer. Sempre foi uma serva fiel,
e agora ele vai me arrebatar para a morada celeste.
(ao ver a ambulância)
- Assim como fez com Elias o Senhor
me mandou uma carruagem de fogo. Vamos, pois tô avexada, ansiosa para ver o meu
Senhor.
GIOVANA
(chorando)
- Eu falhei com ela... Sou
psicóloga e não percebi o quanto ela estava sofrendo.
GENIVALDO
(com remorso)
- O erro foi meu, viu filha? Pois
sabia que ela não tava bem, mas fugi disso. Abandonei-a quando ela mais
precisava de mim.
JANA
(calma)
- Oxente minha gente, mas que isso?
Ninguém aqui tem culpa não, viu? Somos todos humanos. E outra, Eliete é que foi
se afundando cada vez mais com esse fanatismo dela. Deu nisso, né? O que temos
que fazer agora é procura o melhor jeito de poder ajudá-la. Vai ser bom ela lá,
vai poder se tratar.
CENA 07/ EXT/
COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA
Pandora se aproxima de Maria, que está sentada
no canteiro mexendo no celular.
PANDORA
- Oi Má! E aí como cê tá?
MARIA
- Tô bem e cê?
PANDORA
- Tô ficando bem. Que foi que cê se
afastou?
MARIA
- Me afastei não. Só não queria
atrapalhar cê e Darlan.
PANDORA
- A gente terminou.
MARIA
(surpresa)
- Oxente e foi? Mas porque, cês
parecia tão bem?
PANDORA
(triste)
- Ele disse que gosta mesmo de
você, Maria. E que não dava mais pra continuar ignorando seus sentimentos.
Antes que Maria possa responder, Darlan se
aproxima delas.
DARLAN
(agitado)
- Oi meninas! Não sabe que
aconteceu ontem, viu?
PANDORA
- Que foi Darlan?
DARLAN
- Sua mãe Pandora... Sua mãe Ravena
tentou me atropelar.
PANDORA
- Isso não pode ser verdade! Ela
ficou louca?
Pandora e Maria ficam em choque, olhando para
Darlan.
CENA 08/ INT/
HOSPITAL/ DIA
Giovana entra no quarto de Raul no hospital,
seus olhos cansados revelando o peso da preocupação em sua mente.
RAUL
(brincando)
- Ah, finalmente cê apareceu, né
mesmo? Pensei que tinha me abandonado aqui.
GIOVANA
(sorrindo sem graça)
- Não diga besteira, sabe que
jamais faria isso.
RAUL
- Tá preocupada, né minha linda?
Diga aí, como foi lá com seus pais?
GIOVANA
(com pesar)
- Mainha piorou, Raul. Ficou
completamente zureta, não fala coisa por coisa. Cê tinha que ver, tava de um
jeito de dá dor. Não teve jeito, tivemos que interná-la em uma clínica
psiquiátrica. Tô muito preocupada com ela. De uns dias pra cá parece que uma
tempestade caiu sobre minha cabeça, Raul.
RAUL
- As coisas não tão sendo nada
fáceis, né, meu amor?
GIOVANA
- Não mesmo. Mas não podemos
desanimar não, né?
RAUL
(com seriedade)
- Giovana, queria lhe pedir uma
coisa. Se eu... se eu não conseguir vencer essa batalha, quero que cê jogue
minhas cinzas no mar. Sempre amei o mar, a praia, o surf... e é lá que quero
descansar.
GIOVANA
- Ave Maria, Raul! Vamos ficar
pensando em morte não. A gente vai sair dessa viu?
RAUL
- Cê sabe que tamo correndo contra
o tempo. É a possibilidade de encontrar um doador compatível é bem pequena.
Giovana segura a mão de Raul com firmeza.
GIOVANA
- Mas a gente vai conseguir. Vamos
ser otimista. Não desanime meu amor, vai dá tudo certo.
CENA 09/ INT/
CASA DOS SIQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ TARDE
Rebeca está parada, escorada na vassoura
enquanto varre a casa, seu pensamento longe. Raimunda se aproxima.
RAIMUNDA
(irritada)
- O que é mesmo, Rebeca? Cê acha
que a casa vai ser limpa desse jeito? Mulher tu te aprume, e adiante logo isso!
Rebeca volta a varrer a casa. Raimunda se
aproxima de Moisés que está sentado à mesa organizando fichas e contando
dinheiro.
RAIMUNDA
- Oxente varão, e esse dinheiro todo?
MOISÉS
(explicando)
- Essas são as fichas dos fiéis que
se inscreveram para participar do retiro. Mas tô aqui notando que tem gente que
não se inscreveu, viu? Irmã Ester e os filhos, por exemplo, vão participar não
é?
RAIMUNDA
- Oh Moisés, esse retiro bem que
deveria ser gratuito para todos, né não? Irmã Ester, por exemplo, veio me falar
que tem dinheiro não. O pouco que ela tinha foi o que ela pagou o dízimo.
MOISÉS
- Oh varoa, não é assim que as
coisas funcionam, viu? Eventos como esse têm despesas, desde a comida até o
local. Eu não tenho como bancar tudo sozinho. Cobrando uma pequena taxa,
podemos garantir que o retiro seja bem organizado e que todos tenham uma
experiência significativa.
RAIMUNDA
- E que tá todo mundo achando a
taxa um tiquinho salgada, acha não?
MOISÉS
- Todo mundo se apega a coisas
materiais, e esquece da riqueza espiritual que vão tirar desse encontro.
RAIMUNDA
- Tá certo, então.
(mudando de assunto)
- Cê soube de irmã Eliete, né
mesmo?
MOISÉS
- Irmã Eliete é uma mulher de fé.
Me seria muito útil nesse retiro. O mal de Eliete é que ela não soube distinguir
o que é de Deus e o que é do demônio.
CENA 10/ INT/
BOUTIQUE DA RAVENA/ TARDE
Pandora entra, com um olhar sério e
determinado, e se aproxima de sua mãe Ravena, que está ocupada organizando
algumas peças.
PANDORA
(furiosa)
- Diga que não é verdade!
RAVENA
- Oxente, mas o que foi minha
filha?
Nesse momento, Laura, a mãe de Pandora, entra
na boutique e percebe a tensão no ar.
PANDORA
- Darlan disse que ontem a noite cê
tentou atropelá-lo. Pelo o amor de Deus, cê não seria louca a esse ponto. Ou
seria?
LAURA
(pasma)
- Cê fez o quê, Ravena?
RAVENA
(com raiva)
- Isso é tremendo absurdo! Esse
rapaz é bem azuado. Cê fez muito bem ter terminado esse namoro a tempo. Oh
minha filha, olhe pra mim. Cê acha mesmo que eu seria capaz de fazer uma
barbaridade dessas?
PANDORA
- Mas ele me garantiu que era você
no carro que o atropelou.
LAURA
- Te acalme Pandora, me conte
direito o que aconteceu.
PANDORA
- Darlan tava no semáforo fazendo
sua apresentação. Ao semáforo abrir, um carro partiu pra cima dele em alta
velocidade. Ele se jogou par ao lado, e ao olhou ele notou que era mãe Ravena
no volante do carro.
RAVENA
(nervosa)
- Não tô ouvindo isso! Olhe aqui
minha filha, que eu era contra esse namoro, nunca neguei. Agora daí cê achar
que eu iria fazer algo contra um pobre rapaz que não tem onde cair morto, já é
demais.
PANDORA
- Por favor, minha mãe. Cê jura que
não tem nada a ver com isso?
RAVENA
- Claro que não, né Pandora? Essas
suas desconfianças até me ofende. Vai ver esse Darlan não viu direito e se confundiu.
PANDORA
- Tá bem, então. Vou acreditar em
você. Até mesmo porque se isso fosse verdade, eu não iria querer mais nem olhar
em sua cara.
RAVENA
- Mas isso é o cúmulo do absurdo. Minha
própria filha ficar desconfiando de mim dessa forma.
Laura, no entanto, permanece desconfiada.
Depois que Pandora se retira, ela se aproxima de Ravena, seu olhar incisivo.
LAURA
- Ravena, seja sincera comigo. Cê realmente
não tem nada a ver com essa história?
RAVENA
- Agora pronto! Cê também vai ficar
desconfiando de mim?
LAURA
- Eu sei bem o que aconteceu no
Acre. Não quero que algo parecido aconteça aqui.
RAVENA
(firme)
- Já lhe falei pra esquecer essa
história do Acre!
CENA 11/ EXT/
OFICINA DO JORGE/ TARDE
A Jorge está de pé conversando com Roseno.
JORGE
(sério)
- É isso mesmo, Roseno. Decidi dar
mais uma chance ao meu casamento com Fátima. Chega de ser moleque piranha, Fátima
tá grávida, tá precisando de mim agora.
ROSENO
- Tá certo, tá certinho. Lhe apoio
nisso, viu? Mas venha cá, só pra garantir. E Beatriz, hein meu brother? Diga aí,
vai esquecer aquelas curvas, aquela pegada?
JORGE
- Assim cê enfraquece a amizade, né
Roseno? Pra quê ficar me lembrando dessas tentações? Mas tá decidido, quero
saber de Beatriz, não. Ela teve a oportunidade de ficar comigo, mas não quis. Agora
é Fátima que tá precisando de mim, posso deixar ela sozinha em um momento desses,
não.
CENA 12/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está sentada em frente a um computador no
quarto dela. Ela clica em uma reportagem de notícias e começa a ler
atentamente.
MARIA
(sussurrando para si mesma)
- O que é isso...
À medida que ela lê, seus olhos se arregalam de
surpresa. A reportagem revela um título impactante: "Atropelamento
Misterioso em Rio Branco-AC Intriga a Polícia". Maria lê cada palavra, seu
rosto mostrando uma mistura de choque e fascinação.
MARIA
- Morto? Meu pai biológico tá
morto. Preciso mostrar isso pra Pandora.
CENA 13/ INT/
CAMPA/ DIA
Giovana está visivelmente preocupada. Kira está
ao seu lado oferecendo apoio.
KIRA
- Gih, cê precisa ficar calma. Não
te avexe, vamos pesar positivo que tudo vai dá certo.
GIOVANA
(preocupada)
- Raul não tá nada bem, Kira. Isso tá
acabando comigo. Agora já tá falando até em morte.
KIRA
(com empatia)
- É natural que cê esteja se sentindo
assim, meu amor. Afinal, cês tem um história junto e cê gosta muito dele, né?
GIOVANA
- Olhe, deixe lhe falar! Não tô
brincando com cê, viu? Tudo o que vivemos até aqui foi real, foi importante
para mim.
Kira assente, compreendendo a seriedade da
situação.
KIRA
- Eu sei, minha linda. Não tô lhe cobrando
nada não.
GIOVANA
- Mas é importante que cê entenda
os meus motivos. Não posso simplesmente abandonar o Raul agora.
KIRA
- Sei bem disso, viu? Lhe admiro e
lhe apoio. Sabe porque? Quero lhe ver em paz. Pra mim, amor e posse não
combinam.
As duas se abraçam, encontrando consolo e força
nos braços uma da outra.
CENA 14/ EXT/
COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA
Maria e Pandora estão sentadas em um banco. Maria
mostra pra Pandora suas anotações e o site sobre a reportagem da morte de
Maciel.
PANDORA
(lendo)
- Na noite de terça-feira, um atropelamento chocante ocorreu em uma avenida
do Rio Branco, capital do Acre. A vítima, identificada como Maciel dos Santos,
de 39 anos, foi encontrado sem vida no local. A polícia local está investigando
o caso como um homicídio culposo, já que o motorista fugiu sem prestar socorro.
Pandora para por um
instante, e começa a recordar da conversa com suas mães.
RAVENA
(off)
- Oh minha filha, olhe pra mim. Cê acha mesmo que eu seria
capaz de fazer uma barbaridade dessas?
PANDORA
(off)
- Só quero saber uma coisa. O porquê de vocês ter fugido do
Acre?
LAURA
(off)
- Oxe, e quem foi que fugiu? Aqui é minha cidade natal,
minha e de sua mãe Ravena. Nós apenas decidimos que era hora de voltar.
Maria, percebendo a expressão distante de
Pandora, interrompe seus pensamentos.
MARIA
- Tudo bem, Pandora.
PANDORA
- Tô desconfiando de uma coisa aqui
Maria. Mas não tô querendo acreditar, viu?
MARIA
- Cê tá achando que suas mães tem
alguma coisa a ver com isso, né mesmo?
PANDORA
- A data desse atropelamento
coincide exatamente com um dia antes de virmos pra Salvador. Nunca entendi por
que elas decidiram voltar com tanta pressa. Foi de repente, como se tivessem
fugindo de algo. Coincidência demais, cê não acha?
MARIA
- Foi o que pensei também. E agora
Pandora, e se for verdade?
PANDORA
- Nem sei o que fazer. Mas elas vão
ter que me explicar melhor sobre isso.
CENA 15/ EXT/
RUA/ DIA
Rebeca e Vanessa andam de bicicleta enquanto
conversam.
REBECA
(decidida)
- Eu decidi, viu Vanessa? Vou em
Feira de Santana. Não posso mais esperar. Preciso encontrar Júnior, saudade
danada de meu Pirulito.
VANESSA
- Decisão sábia, viu? Pois te ajeite que vamos nós duas lá.
REBECA
- E se ele não querer me ver?
VANESSA
- Ele vai querer, eu sei. Ele também lhe ama, né?
REBECA
- Tô que não me aguento de tanta
saudade dele, viu?
VANESSA
- Oxente, e não vejo isso?
CENA 16/ INT/
BOUTIQUE DA RAVENA/ TARDE
Pandora vai chegando com um blog aberto em seu
celular e já vai mostrando para as mães que estavam próximas ao balcão de
atendimento.
RAVENA
- Que isso agora?
PANDORA
- É exatamente o que tô querendo saber. Nessa reportagem conta
que Maciel foi atropelado lá no Acre. Olhe só, que coincidência, né? E tá aí a
data, oh... um dia antes da gente vim pra cá. Cês vão me contar a verdade, ou
ainda acho que sou trouxa de acreditar que tudo não passa de coincidência?
Obrigado pelo seu comentário!