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O PREÇO A SE PAGAR - Capítulo 11



 Cena 01/Igreja Pedro/Sacristia/Int/Tarde

Narcisa abre a cesta, na frente de Pedro. Na cesta tem várias doces, tortas, compotas... uma cesta de gostosuras. 


Narcisa - Tem tudo o que você gosta, que eu fazia pra você, desde quando era um gurizinho. 

Pedro - (brinca) Nossa, assim vou acabar cometendo o pecado da gula. 

Narcisa - Inclusive trouxe também a geleia de jabuticabas, que o padre Januário fez questão de mandar pra você, quando soube que eu vinha te visitar. 

Pedro - Essa geleia é uma perdição! 

Narcisa - Mas como está sua nova vida, Pedro? 

Pedro - Levando uma vida simples, me ligando mais a Deus do que nunca. Vendo essas pessoas tão simples, mas tão devotas, religiosas, que mesmo cheio de dificuldades, não deixam de frequentar nenhuma das missas. (t) Mas estou feliz. Está sendo muito importante pra mim a experiência que estou adquirindo. 

Narcisa - É bom ouvir isso, meu menino! E vejo nos seus olhos que realmente está em paz e feliz! 

Pedro - A paz e tranquilidade que precisava. 

Narcisa - Ah, já ia me esquecendo... 

Narcisa tira da bolsa um embrulho. 

Pedro - Mais doce?


Narcisa entrega pra Pedro o embrulho de um livro. 


Narcisa - Abre. É um presente muito especial, de alguém que te quer muito bem. 


Pedro abre. Livro: “Pássaros feridos”, de Colleen McCullough.


Pedro - Pássaros feridos... eu já ouvi falar dessa história. 

Narcisa - Conta a história de amor de um padre e o de uma jovem, em meio a muitos dilemas e conflitos...


Pedro reage ao que escuta. 


Pedro - (intrigado) A senhora disse que foi presente de alguém que me quer muito bem. Essa pessoa é a...(engole seco) Rebeca?

Narcisa - Logo você vai descobrir, meu menino. Mas leia o livro, se encante com essa história encantadora e emocionante. (t)


 Agora deixa eu ir. Tenho que preparar o jantar...

Narcisa abraça Pedro, que está muito pensativo.


Cena 02/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Tarde 

Rebeca e Jeferson continuam conversando.  


Jeferson - Tive tanto medo de te perder. 

Rebeca - Mas não perdeu, Jeferson. Ou melhor dizendo, não me perdeu no acidente, mas no nosso relacionamento sim, já que terminou tudo comigo. 


Jeferson se aproxima mais de Rebeca e pega na sua mão.


Jeferson - Foi só com esse acidente, que eu pude constatar algo que meu coração já sabia: eu não sei viver sem você, Rebeca. Você é a mulher da minha vida.../

Rebeca - (corta) Mas.../

Jeferson - Por favor, deixa eu terminar. (continua) E tudo aquilo que eu disse, aquela nossa discussão, vamos colocar uma pedra em cima, passar uma borracha, como se nenhuma daquelas palavras tivessem sido ditas. 

Rebeca - Acho que não sou a mulher certa pra você, Jeferson. Você merece alguém melhor do que eu, alguém especial, que possa te amar de forma plena e completa como merece!

Jeferson - Mas eu quero seu amor, independente da forma, da intensidade. Mesmo que seja do tamanho de um grão de arroz, eu quero ele pra mim, Rebeca. Pois eu te amo e não sei viver sem ter você do meu lado. (t) Quero me casar, ter filhos e ficar bem velhinho do seu lado!

Rebeca - Você me ama dessa forma, Jeferson? 

Jeferson - Não duvide do meu amor. Vamos reatar nosso relacionamento e nosso noivado... Vou pedir pro padre Januário acelerar a papelada do nosso casamento, que quero que aconteça o mais rápido possível. 


Rebeca fica pensativa. 


Insert apenas com áudio:

Betânia- (baixo) Abre seu coração e esqueça tudo o que aconteceu. Seja feliz!

Fim do insert.


Jeferson - Fala alguma coisa, Rebeca. Não me deixa nessa angústia... 

Rebeca - Te respondo, com uma pergunta: você me aceita de volta, Jeferson?


Jeferson sorri e abraça Rebeca. Rebeca taciturna.


Cena 03/Casa Gorete/Int/Tarde

Gorete entra e deixa Scarlet. 


Gorete - Não posso intervir no destino, Scarlet. Tudo acontece, porque tem que acontecer! (t) Mas nada fica impune nessa vida. A mão do juízo final pesará sobre cada um quando chegar o momento...   


Cena 04/Bar de Turíbio/Int/Tarde

Turíbio serve alguns clientes. No balcão Isabel e Filipa. 


Filipa - Mas não rolou nada? 

Isabel - Aquele avô, louco dele, entrou no quarto, em mais um dos seus devaneios como Napoleão. 

Filipa - (rindo) Seria trágica se não fosse cômica. 

Isabel - Deu vontade de levantar daquela cama e estrangula-lo. 

Filipa - Por que você não foca na sua carreira de modelo, como tanto quer, e deixa o Jeferson um pouco de lado. (t) Agora que e o Pedro virou padre e a Rebeca sobreviveu ao acidente, não vai demorar pra que eles voltem a se amarem. 


Turíbio se aproxima. 


Turíbio - Posso saber o que tanto conversam?

Filipa - Coisas de mulheres, meu amor! 

Isabel - Fofoca! Falando de novelas, da vida dos artistas... 

Turíbio - Deixa eu trabalhar que ganho mais. 


Turíbio dá um beijo em Filipa e vai pra cozinha. 


Turíbio - (off) Qualquer coisa me chama...


Isabel verifica se Turíbio se afastou e só assim fala: 

Isabel - A Rebeca não ama o Jeferson. Ela ama o Pedro. Isso é fato!

Filipa - Mas o amor que o Jeferson sente por ela é algo que você não conseguira mudar e fazê-lo deixar de gostar dela. 

Isabel - O destino tentou uma vez, quem sabe em uma segunda oportunidade não consegue levar a Rebeca pro quinto dos internos... (sorriso diabólico) 

Filipa - O que você está querendo dizer com isso? 

Isabel - Quero dizer que eu não desisti e não desistirei do Jeferson, Filipa. Não deu certo aquela vez, por culpa do velho, mas na próxima eu vou conseguir aquele homem pra mim. 


Cena 05/Praia/Ext/Tarde

Licurgo está sentado, segurando suas pernas, balançando, pensativo, muito nervoso.  Licurgo pega o frasco que Rufino lhe deu e fica observando. 


Licurgo - Não posso! Não posso fazer isso! 


Licurgo começa a chorar, copiosamente, muito angustiado, confuso, realmente perturbando com a missão que Rufino lhe incumbiu.







Cena 06/Casa Rufino/Sótão/Int/Tarde

Eva e Narcisa. 


Eva - Então, me conta como foi? Não aguentava de ansiedade de saber tudo. 

Narcisa - Fiquei tão emocionada. Foi tão bonito ver o nosso menino como padre. Mesmo sendo algo que tenha acontecido dessa maneira meio torta.

Eva - Como eu queria ver o Pedro, Narcisa. Ver meu filho, saber como ele está, depois de todos esses anos... 


Eva começa a chorar.  


Narcisa - (pegando na mão de Eva) Eu sei, minha amiga. Mas não se preocupe, que o Pedro está bem! (t) É uma igreja simples, um povoado humilde, mas que tem um calor humano tão forte, uma energia tão boa, que pelo que senti, está fazendo muito bem ao Pedro. 

Eva - Não sabe como fico feliz em ouvir isso, saber que meu menino está bem. E que todo meu sofrimento é pra que ele fique bem, que nada de mal lhe aconteça. 

Narcisa - A senhora é a melhor mãe do mundo. Mesmo não tendo cuidado dele, está passando por todo esse sofrimento, durante todos esses anos, pra que ele fique bem, livre de qualquer mal. 

Eva - E o que Pedro achou do livro que mandei você comprar pra ele? 

Narcisa - Como eu não podia dizer quem mandou, ele está achando que foi a Rebeca quem mandou. 

Eva - Esse amor que nunca vai morrer... (t) espero que Pedro leia o livro e quem sabe resolva de forma definitiva sua situação. 

Narcisa - A senhora acha que ele ainda pode voltar atrás, agora que é padre, pra viver o amor que sente pela Rebeca?

Eva - Nada nessa vida é impossível, minha amiga. E assim como eu acredito que um dia vou conseguir me livrar do Rufino, acredito que o amor do Pedro e da Rebeca, ainda tem uma página todinha em branco, pra ser escrita. 


Cena 07/Casa Rufino/Escritório/Int/Tarde

Rufino está sentado em sua cadeira. 


Rufino - Vai dar certo... vai dar certo! Porque é isso que Deus quer! 


Rufino fecha seus olhos e quando abre vê uma mulher, usando uma burca preta, lhe observando de volta. Rufino se assusta e quando olha de volta não vê mais a mulher. Rufino pega seu terço e beija a cruz. 


Cena 08/Jandaia/Ext/Anoitecendo

Corta para:


Cena 09/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Noite

Rebeca está deitada. Música: Run to you – Whitney Houston. 

Rebeca fica tirando e colocando o anel de noivado, que voltou a usar, do seu dedo. Até que se ajeita nos travesseiros e acaba cochilando. 


Cena 10/Lugar escuro

Sonho de Rebeca. 

Rebeca está perdida, nesse lugar desconhecido, escuro, inóspito. Ela caminha mais um pouco e uma luz acende. Uma enorme cruz, com a imagem de Cristo crucificado aparece. Do outro lado, Rufino aparece, de repente, vindo da escuridão. Tudo muito rápido, marcado por uma música pesada, gregoriana talvez. Rebeca está muito atormentada, abalada, sem entender o que está acontecendo. 


Rufino - Ele é padre. Não pode se casar com você! 

Rebeca - Mas eu o amo! 

Rufino - Você não pode amar um padre. 


Jeferson aparece em outro ponto. Rebeca fica cercada por Rufino e Jeferson, com a cruz no meio, sempre atormentada, chorando, querendo fugir dali, mas sem saber como. 


Jeferson - Te amo, Rebeca. Você tem que se casar comigo. Eu sou o homem da sua vida! 

Rebeca - Eu não te amo, Jeferson. Eu amo o Pedro.

Rufino - O Pedro não te ama. Nunca te amou! Ele fez os votos, pertence a Deus agora. Deixou de ser um homem, pra ser um instrumento do Altíssimo! 

Rebeca - (p/Rufino) Cala a boca! Você obrigou seu filho a ser padre. O Pedro não queria. Ele me ama, íamos ser felizes juntos, nos casar, ter filhos... Eu te odeio, Rufino. Eu te odeio!


Pedro aparece e fica parado, observando Rebeca.


Rebeca - Fala alguma coisa, Pedro. Fala pro seu pai que você me ama, que você ainda quer se casar comigo, que não desistiu do nosso amor... 


Rebeca se aproxima de Pedro, que não reage. Continua parado, imóvel.


Jeferson - Vamos ter muitos filhos, sermos muito felizes, Rebeca... eu e você! 


Cena 11/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Noite

Rebeca acorda assustada. Se recupera do sonho estranho. 


Rebeca - Eu queria te amar, Jeferson. Mas não consigo! Meu coração é do Pedro e sempre será!


CORTA PARA


FIM DO CAPÍTULO 11






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