O PREÇO A SE PAGAR - CAPITULO 09

 Cena 01/Igreja/Int/Dia

Continuação da última cena do capítulo anterior. 

Pedro, Rufino e Januário. Cerimônia de ordenação. 

Rufino - Chegou o momento de você se apresentar diante de Deus e se tornar padre! 

Pedro fica pensativo.

Insert rápido da cena 01, do capítulo 1.

Pedro - O que a gente faz agora?

Rebeca - Pelo que vejo nos filmes e nas novelas temos que declarar o que sentimentos um pelo outro. 

Pedro - E o que você sente por mim?

Rebeca - Eu te amo.... E você o que sente por mim? 

Pedro - Te amo!

Fim do insert.

Pedro está agoniado, sem saber o que fazer. Diácono e o presbítero olham pra ele, esperando sua manifestação. 

Rufino - Tá esperando o que, Pedro? 

Januário - (baixo, p/Pedro) Faça o que seu coração mandar. 

Todos na igreja ficam sem entender o que está acontecendo, assim como o Bispo, que olha pro diácono, querendo uma explicação. 

Diácono - Pedro, queira se apresentar. 

Pedro sente um peso enorme, ao ouvir seu nome e todos os olhares sendo direcionado pra ele. 

Rufino - (tenso) Anda logo, Pedro. É seu momento com Deus. Não vá me desapontar agora. 

Cena 02/Hospital/Corredor/Int/Dia

Enfermeiros e um médico entram empurrando a maca onde Rebeca está desacordada, em direção a sala de exames. Moisés e Betânia seguem logo atrás. 

Médico - Esperem aqui. 

Betânia - Minha irmã vai sobreviver, não vai, doutor?

Médico - É um milagre ela estar viva, pelo que soube do acidente que sofreu... 

Moisés - Nos deixe a parte de tudo. 

Médico - Assim que terminar os exames, eu volto pra dizer o real estado dela. 

Médico entra na sala. Betânia abraça Moisés. 

Betânia - Não quero perder minha irmã, tio.

Moisés - Não diga besteira, Betânia. Vai ficar tudo bem... 

Cena 03/Jandaia/Praça/Ext/Dia

Zinha vem caminhando, junto com outras duas beatas. 

Zinha - Foi castigo! 

Corta para Licurgo, passando por dona Zinha, vindo da igreja. 

Licurgo - Castigo, dona Zinha?  

Zinha - É isso mesmo, Licurgo. Castigo de Deus!

Licurgo - Mas Deus não castiga ninguém. Padre Januário sempre me disse isso. 

Zinha - Castiga sim, mas só os pecadores. Quem merece. A Rebeca fez por merecer. Onde já se viu correr atrás de um jovem, prestes a se tornar padre.

As beatas, seguidoras de Zinhas, concordam com ela. 

Zinha - (continua) Aprenda isso, Licurgo. Deus sabe e vê tudo. E nada fica impune! Nada! 

Zinha segue sem caminho, com as beatas, em direção a igreja. 

Licurgo - Padre Januário não está. Ainda não voltou.

Zinha - Eu sei, menino. Mas Deus sempre está presente. (T) Vou pedir pela alma da pecadora, como uma boa cristã que sou, mesmo sem ela merecer... vamos meninas! 

Licurgo observa por um segundos as beatas, e logo corre em direção ao bar de Turíbio.

Cena 04/Bar Turíbio/Int/Dia

Licurgo se aproxima do balcão, onde está Turíbio, lendo o jornal. 

Licurgo - Oi, seu Turíbio! 

Turíbio - Bom dia, Licurgo... Já tomou café?

Licurgo - Ainda não. Acordei bem cedinho pra abrir a igreja, como padre Januário pediu pra eu fazer. E ainda não deu tempo deu comer nada... 

Turíbio - Espere aí, que vou te dar seu café da manhã. 

Corta rápido para Licurgo comendo pão e tomando café com leite. 

Licurgo - Já soube o que aconteceu com a Rebeca? 

Turíbio - Soube sim, Licurgo. Que tragédia...

Licurgo - Ouvi dona Zinha dizer que foi castigo. Será que é isso mesmo? 

Turíbio - Não dê ouvidos pro que essa beata diz, Licurgo. Foi um acidente. 

Licurgo - Avisei padre Januário. (pega seu celular) Mandei uma mensagem pra ele... 

Turíbio - Fez bem! Agora temos é que esperar e torcer pra que a Rebeca saía dessa. 

Licurgo - Será que o Jeferson já sabe? 

Turíbio - Com certeza já. E já deve ter ido atrás da mulher que ele ama. 

Cena 05/Floresta/Ext/Dia

Gorete caminha pela floresta, colhendo algumas folhas, ervas. Um vento passa por ela. 

Gorete - Uma tragédia já aconteceu, como vocês me avisaram e a outra? Está próxima de acontecer?  

Um vento forte passa por ela. Gorete fecha os olhos. Respira fundo, como se estivesse esperando pela resposta da sua pergunta. Quando abre os olhos, Jeferson está parado na sua frente. Gorete se assusta, mas não demonstra. 

Jeferson - Como a senhora sabia do que ia acontecer? 

Gorete - Não tenho culpa nisso. Foi os espíritos da floresta que me disseram... 

Jeferson - A Rebeca vai ficar bem? Vai sobreviver?

Gorete - Não sei de nada, Jeferson. Tudo o que eu sei e eles quem me contam....

Jeferson - Pergunta pra eles. Não posso perder a Rebeca!

Gorete - Ao invés de você estar aqui, perdendo tempo comigo, devia ir atrás da mulher que ama. Antes que outro alguém chegue primeiro...

Jeferson - (sem entender) O que a senhora quis dizer com isso?

Gorete - O que você entendeu. E isso quem está lhe dizendo não é os espíritos, mas sim eu mesma!  (T) Vá, antes que o amor do passado, ganhe força e conseguia enfrentar tudo pra chegar até onde o impedimento lhe barrou. E você sabe muito bem sobre quem estou falando! 

Cena 06/Casa Patrício/Frente/Ext/Dia

Jeferson entra no seu jipe. Patrício e Vladimir. 

Jeferson - Vou pro hospital pra onde levaram a Rebeca. 

Patrício - Mas você está bem pra dirigir, filho?

Jeferson - Estou sim. Não se preocupe. 

Patrício - De notícias... 

Jeferson - Eu ligo, pode deixar!

Vladimir se aproxima de Jeferson. 

Vladimir - Não desista do seu amor. Lute até o fim, como Napoleão fez. Só entregue o jogo quando realmente não existir mais possibilidade nenhuma de luta. E assim saía de cabeça erguida, sabendo que foi até onde foi possível ir. 

Jeferson - Obrigado, meu avô. Vou guardar suas palavras, pois sinto que vou precisar delas pra enfrentar tudo o que está por vir.

Vladimir beija o rosto de Jeferson e se afasta. Jeferson liga o carro e parte. 

Vladimir - Que graça teria a vida, se não fosse o amor, pra colocar uma pimentinha e dar todo aquele sabor especial, que faz com que as coisas aconteçam, amores se realizem e loucuras se concretizem...

Patrício - Tô vendo que tomou seu remédio direitinho, como o doutor mandou. 

Vladmir - Você podia arrumar uma outra esposa, Patrício. Tem tantos anos que a mãe do Jeferson morreu...

Patrício - Deixo nas mãos de Deus. 

Vladmir - Não podemos deixar tudo nas mãos Dele também não. Temos que fazer nossa parte. 

Patrício - Só Ele sabe o que é melhor pra mim.

Vladmir - Eu também sei. E por isso vou arrumar uma esposa pra você, meu filho. 

Patrício - (surpreso) Esposa? 

Vladmir - Isso mesmo. Você precisa se casar de novo...

Patrício - Vê lá o que o senhor vai arrumar, pai. Não quero te ver envolvido em confusão. Já basta as que o senhor me aprontar, quando deixa de tomar seu remédios... 

Vladimir caminha em direção a casa, falando:

Vladmir - Deixa com seu pai, meu filho.  

Cena 07/Casa Rufino/Sótão/Int/Dia 

Eva está ajoelhada, rezando. Perto da imagem de Nossa Senhora, tem a foto de Pedro. 

Eva - Que seja feita a tua vontade... 

Cena 08/Igreja/Int/Dia

CAM em slow. Pedro levanta. Olha pra todos. Rufino não acredita no que Pedro está fazendo. Esboça uma reação. Mas Januário lhe impede. Pedro alcança o corredor e saí correndo, pela porta. Enquanto corre, vai tirando suas vestes de seminarista, até que... Corta de volta para Pedro, que abre seus olhos. Se imaginou tendo aquela reação. 

Pedro - (voz) Não posso... não consigo!

Pedro levanta. Olha pra Rufino e pra Januário, que lhe sorri. Pedro caminha até o corredor. Olha pro altar, pra porta. Momento. Até que Pedro resolve e caminha em direção ao altar, onde o bispo lhe esperando. 

Pedro - Presente!

Rufino sorri, aliviado. 

Cena 09/Hospital/Sala espera/Int/Dia

Médico se aproxima de Betânia e Moisés. 

Betânia - Então doutor...

Moisés - Não nos esconda nada. Como minha sobrinha está? 

Médico - Vamos precisar operar...  

Cena 10/Igreja/Int/Dia

Presbítero está perto de Pedro, diante do bispo. 

Presbítero - Peço que ordene esse irmão, na função de presbítero. 

Bispo - Pedro é digno desse ministério? 

Presbítero - Após ter averiguado junto ao povo de Deus e ouvido os responsáveis, com convicção declaro ser testemunha de que este candidato foi considerado digno do ministério. 

Diácono - Com o auxílio de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador, escolhemos este nosso irmão para a Ordem do Presbiterado. 

Todos - Graças a Deus.

Bispo levanta e se aproxima de Pedro, pronto pra começar o interrogatório. 

Música: Divano – Era (tocar toda)

Bispo - Queres, pois, desempenhar sempre a missão de sacerdote no grau de presbítero, como fiel colaborador da Ordem episcopal, apascentando o rebanho do Senhor, sob a direção do Espírito Santo? 

Pedro - Quero!

Bispo - Queres, com dignidade e sabedoria, desempenhar o ministério da palavra, proclamando o Evangelho e ensinando a fé católica?

Pedro - Quero!

Bispo - Queres celebras com devoção e fidelidade os ministérios de Cristo...

Bispo continua interrogando Pedro, que a toda pergunta, responde “quero”.  Quando finalizado, Pedro ajoelha-se na frente do Bispo e coloca suas mãos postas entre as suas.

Bispo - Prometes respeito e obediência ao Bispo diocesano e ao teu legítimo superior? 

Pedro - Prometo!

Bispo - Deus, que te inspirou este bom propósito, te conduza sempre mais à perfeição. 

Bispo de mãos estendidas reza:

Bispo - Ouvi-nos, Senhor, nosso Deus, e derramei sobre este vosso servo a bênção do Espírito Santo e a força da graça sacerdotal, a fim de que acompanheis com riqueza de vossos dons o que apresentamos à vossa solicitude para ser consagrada. Por Cristo, nosso Senhor. 

Todos - Amém! 

O bispo e todos os presbítero presentes pedem a Deus pelo ordenado. Pedro, continua de joelhos, em silêncio. Bispo impõem as mãos sobre sua cabeça, seguida pelos presbíteros. Sem seguida, o bispo reza ou canta a oração da ordenação. Momento.

Bispo - Dê a seus servidores a virtude sacerdotal. Renove neles o espírito de santidade. Faça, ó Deus, com que eles se atenham ao ofício que receberam da sua mão; que a vida deles seja por todos estímulo e fio condutor. Abençoe, santifique e ordene os servidores pelo Senhor. 

Corta para os momentos finais da cerimônia:

a. apresentação de alguns símbolos, ricos em significados e que indicam o ministério sacerdotal da Ordem;

b. Pedro, contando com auxílio de um ou dois presbíteros, é revestido com a estola sacerdotal e a casula; 

c. Pedro tem a palma das mãos do ordenado é ungido pelo bispo com óleo do santo Crisma;

d. Bispo amarra as mãos do ordenado. Logo em seguida é desamarrada por Januário, que vai receber a primeira bênção sacerdotal;

e. Fiéis trazem o pão na patena, o vinho e a água no cálice, para a celebração da Missa...

O diácono os recebe e entrega ao bispo, que entrega pra Pedro, ainda ajoelhado. 

Bispo - Recebe a oferenda do povo, para apresenta-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põem em prática o que vai celebrar, conformando tua vida ao mistério da cruz do Senhor. 

Cena 11/Estrada/Ext/Dia

Jeferson dirige acelerado seu jipe. 

Jeferson - Não posso te perder, Rebeca. Te amo! 

Cena 12/Hospital/Sala cirurgia/Int/Dia

A cirurgia de Rebeca tem início. Momento.

Cena 13/Terreiro/Ext/Dia

Meirinho está ajoelhado, em frente a imagem de Iemanjá, agradecendo. 

Meirinho - Iemanjá, rainha do mar... sei que foi a senhora quem salvou a vida da Rebeca e por isso eu te agradeço, minha mãe. (T) Faça com que ela se recupere e fique boa logo...  

Meirinho continua fazendo seus pedidos... CAM detalha a imagem. Momento.

Cena 14/Igreja/Int/Dia

Bispo ajuda Pedro a levantar e o abraça. 

Bispo - Deus, pastor e guia da Igreja, te guarde constantemente com sua graça para cumprirdes com fidelidade os deveres de presbítero. Amém! Ele te faça no mundo servo e testemunha da verdade e do amor de Deus e ministro fiel da reconciliação. Amém! Ele te faça verdadeiro pastor que leva ao seu povo o Pão vivo e a Palavra de vida, para que cresça na unidade do Corpo de Cristo. Amém! E a todos vós aqui reunidos, abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo, Amém! 

Bispo abraça Pedro, que recebe abraça dos outros. 

Corta para Rufino, radiante, feliz. 

Rufino - Está feito. Pedro agora é padre!

FIM DO CAPÍTULO 09