LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
REBECA
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
FÁTIMA
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA
VANESSA
Participação Especial:
ANA, CLARA, PACIENTE, CATARINA, PEDESTRE, RAFAEL
CENA 01/ EXT/COLÉGIO CENTRAL/
PÁTIO/ DIA
O pátio do colégio está animado, cheio de
estudantes que conversam e riem enquanto aproveitam o intervalo. Pandora
caminha ao lado de Maria em direção ao grupo de colegas que estão reunidos.
ANA
(sorrindo)
- Maria, cê estudou para a prova?
SÉRGIO
(brincalhão)
- É claro que estudou, né Ana?
Maria é uma CDF!
MARIA
(confusa)
- Desculpe gente, mas nem sei de
que provas cês tão falando.
CLARA
(incrédula)
- Sério que cê não estudou? É a
prova de matemática, Maria. A gente vai fazer agora.
PANDORA
(percebendo)
- Nossa, verdade! Com tantas coisas
acontecendo, esqueci completamente dessa prova.
MARIA
(desesperada)
- Ave Maria, preciso estudar! Não
posso ir mal nessa prova! Venha Pandora, vamos tentar estudar um pouco antes de
começar prova.
Nesse momento Darlan vai chegando. Pandora.
PANDORA
(disfarçando)
- Maria, vai na frente, eu preciso
conversar com uma certa pessoa. Não demoro!
Maria, um pouco enciumada, segue em direção à
sala de aula. Enquanto isso, Darlan se aproxima de Pandora.
DARLAN
- Estranho, Maria saiu correndo. O
que aconteceu?
PANDORA
- Ah, não é nada demais. Ela ficou
preocupada porque não estudou pra prova de matemática. E você, Darlan, estudou?
DARLAN
(rindo)
- Estudei, mas não sei se tô
preparado pra prova não.
Os dois riem e começam a conversar.
CENA 02/ INT/ FEIRA DE SANTANA/
OFICINA DO JORGE/ DIA
Jorge e Roseno estão sentados em bancos de trabalho,
tendo uma conversa.
JORGE
(indignado)
- Tô lhe falando, Roseno. Criei
coragem e fui lá no apartamento dela e me declarei pra ela. Estava
disposto a largar tudo por ela, meu casamento, minha vida...
ROSENO
- Rapaz, perdeu as estribeiras
foi? Cê não acha que tá indo longe demais?
JORGE
- Perdi não, mas tava disposto, viu
Roseno? Se ela dissesse sim, não pensava duas vezes. Mas aí chego lá, um macho
de cueca no apartamento dela. É barril, viu véi, fiquei virado na desgraça!
ROSENO
- Nego véi, presta atenção, né?
Essa doutora não quer saber de casamento. E ela já lhe deixou isso bem claro.
Ela gosta de viver relações livres, sem se comprometer. É tão difícil de
entender isso, rei?
JORGE
- E cê acha isso certo, Roseno?
Mulher tem que casar, cuidar da casa, do marido, dos filhos. É assim que tem
que ser.
ROSENO
- Oxente Jorge, e não é isso que
Fátima faz. E cê faz o quê? Larga a pobrezinha em casa pra sair atrás de rabo
de saia. Tá certa é Beatriz, viu?
JORGE
- Lá vem cê com essas comparações
bestas. Homem é homem, Roseno. E Mulher é mulher. Desde que o mundo é mundo que
as coisas são assim, agora o povo resolveu mudar.
ROSENO
- Olhe Jorge, vou nem discutir com
cê, senão sou eu que vou perder as estribeiras, não sabe? Cabra véi machista da
moléstia, moço!
CENA 03/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/
DIA
Estudantes conversam e riem enquanto aproveitam
o intervalo. Pandora e Darlan estão em um canto mais tranquilo.
PANDORA
- Darlan, eu... Nem sei como dizer
isso, mas acho que tô gostando de você.
DARLAN
(confuso)
- É sério isso, Pandora? Oxe, nem
sei o que dizer... pensei que cê gostasse só de menina.
PANDORA
- Bem Darlan, cresci acreditando
que era lésbica, fui ensinada que nenhum homem prestava. Era o que mãe Ravena
sempre dizia. Mas, desde que lhe
conheci, tudo começou a mudar. Entendi que gosto de cê de uma forma que
nunca gostei de ninguém antes. E queria muito tentar algo... Cê quer namorar
comigo, Darlan.
DARLAN
(confuso)
- Ave Maria, Pandora! Nem sei o que
dizer, sabe? É melhor a gente ir com calma, né? Vamos deixando as coisas
acontecer, e só for pra gente ficar juntos, isso vai acontecer naturalmente.
Pandora baixa o olhar, suas palavras a
atingindo profundamente.
PANDORA
- Me desculpe, viu Darlan? Nossa,
nem sei se cê tem alguém ou gosta de alguém. Já cheguei me oferecendo assim. Mas
é que nunca senti isso que tô sentindo agora, fiquei sem saber como lidar.
Darlan se aproxima e alisa o rosto de Pandora.
DARLAN
- Ei, tá tudo bem. Eu não disse que
não aceito. Só acho que devemos dá um passo de cada vez. Vamos nos permitindo e
ver o que rola, sem se comprometer por enquanto.
PANDORA
- Está bem.
Os dois se beijam, sem perceber que, da sala de aula, Maria observa pela janela, seus olhos carregados de ciúmes.
CENA 04/ INT/
CONSULTÓRIO DO RAUL/ DIA
Giovana termina de atender o último paciente de
Raul.
PACIENTE
- Muito agradecida, viu doutora! Nossa,
cheguei aqui parecendo que o mundo tava desabando sobre minha cabeça. Mas agora
tô me sentindo bem melhor.
GIOVANA
- Que bom, segue direitinho tudo o
que conversamos. Vou marcar um retorno pra semana que vem, viu?
PACIENTE
- Obrigada! Com licença!
Após o paciente sair, ela caminha lentamente em
direção à mesa de Raul, onde um porta-retratos exibe uma foto deles no dia do
casamento. Seus olhos estão cheios de saudades e ternura enquanto ela relembra.
O celular toca, ela olha no identificador de chamada e percebe que é Kira do
outro lado da linha.
GIOVANA
(preocupada)
- Oi Kira, aconteceu alguma coisa?
KIRA
- Não aconteceu nada, nega. Só tô
com saudades, mesmo. E aí como cê tá?
GIOVANA
- Bem, bem não tô, né? Tenho me
sentido sobressaltada ultimamente. É difícil encontrar paz até termos alguma
definição sobre o estado de saúde de Raul. Cê entende, né?
KIRA
(com compreensão)
- Lhe entendo, sim. Não se preocupe
com o trabalho do CAMPA, viu? Tô cuidando direitinho, exatamente como cê me
ensinou. Torcendo aqui para que tudo dê certo por aí, pra que a gente possa se
ver logo.
GIOVANA
- Fico muito grata pelo o apoio,
viu? Assim que possível vou lhe ver. Agora vou cuidar aqui, porque ainda vou voltar
pro hospital.
KIRA
- Cheiro!
GIOVANA
- Outro, tenha um bom dia.
CENA 05/ INT/
COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA
A sala de aula está silenciosa, exceto pelo som
das canetas riscando o papel durante a prova. Maria está inquieta, tentando se
concentrar, mas sua mente está focada em Pandora e Darlan. Pandora entra na
sala apressada, atrasada para a prova. Catarina, olha para ela com reprovação.
CATARINA
(firme)
- Pandora, cê tá atrasada! A prova
já começou faz é tempo, viu?
PANDORA
- Desculpe, Catarina, tive um contratempo.
Catarina suspira, claramente contrariada, e
entrega a prova para Pandora. Nesse momento, Darlan entra na sala, também
atrasado.
DARLAN
(apressado)
- Com licença, Catarina, perdi a
hora.
CATARINA
(irritada)
- Oxente, isso aqui virou bagunça,
foi? Só desta vez que permito, mas na próxima, não farei concessões.
Darlan agradece e pega a prova, enquanto Maria
observa a entrada dos dois, seus olhos carregados de ciúmes.
CENA 06/ INT/
CASA DOS SIRQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ DIA
Raimunda está sentada na poltrona costurando um
vestido. Laura entra na sala animada.
LAURA
- Bom dia minha mãe! Acho bom
colocar mais água no feijão, viu?
RAIMUNDA
(entusiasmada)
- Laura! Que bom lhe ver, minha
filha!
LAURA
(sorrindo)
- Oi, mainha. Também tô feliz em tá
aqui. Aproveitei que painho foi pro congresso de pastores e vim aqui lhe ver, né?
As duas se abraçam.
RAIMUNDA
- E Pandora? Ondé que tá?
LAURA
- Ela tá na escola agora. Pode ser
que passe aqui mais tarde, depois das aulas. Eu disse a ela que estaria aqui. E
Rebeca, cadê?
RAIMUNDA
(preocupada)
- Oh filha, desde que o circo saiu
da cidade, que sua irmã tá trancada no quarto, tá de um jeito que dá dó. Nunca
vi Rebeca desse jeito.
LAURA
(intrigada)
- Oxe, tô entendendo não. O que tem
a ver Rebeca com circo? O que aconteceu?
RAIMUNDA
- É uma longa história. Venha cá,
sente aqui que vou lhe contar.
Laura se senta e Raimunda começa a contar a
história para Laura.
CORTA
PARA:
CENA 07/ INT/
CASA DOS SIRQUEIRAS/ QUARTO DE REBECA/ DIA
Laura entra no quarto, preocupada com a
tristeza da irmã. Rebeca está sentada na cama, com os olhos vermelhos,
claramente abatida.
LAURA
(com carinho)
- Oi! Posso entrar?
REBECA
- Oi Laura! Entre!
LAURA
- Mainha me contou tudo. Então minha
irmãzinha tá apaixonada, é isso?
Rebeca soluça antes de responder, segurando um
ursinho de pelúcia com força.
REBECA
(triste)
- Eu perdi meu pirulito, Laura!
LAURA
(sem entender)
- É o quê? Cê tá triste porque
perdeu um pirulito? Eu pensei que fosse por causa do circo.
REBECA
- Pirulito é o palhaço do circo. O
nome dele de verdade é Júnior, mas o nome de artista é Pirulito.
LAURA
(emocionada)
- Oh meu Deus! Mainha me contou que
irmã Eliete estragou tudo, né?
REBECA
- Júnior queria que eu fugisse com
ele no circo. Mas tava errado, né Laura? Deus não iria gostar. Eliete fez foi
me salvar.
LAURA
- Não, que isso? Não há nada de
errado nisso. E irmã Eliete também não fez certo. Não podemos sair por aí
tacando fogo nas coisas dos outros. Oh minha bichinha, cê gosta mesmo dele, né?
REBECA
- Eu gosto sim. Ele me faz rir, me
faz me sentir bem. Mas painho nunca que iria deixar, né?
LAURA
- Painho sempre quer controlar
nossas vidas. Mas isso não tá certo. Se cê gosta desse Pirulito, tem que ir atrás
dele. Cê não tem um telefone, não sabe a rede social dele, ou algo que possamos
entrar em contato?
REBECA
- Não! Tenho nada disso não.
LAURA
- Qual o nome do circo dele?
REBECA
- Sei também não. Naquele circo só enxergava meu pirulito.
LAURA
- Oh minha linda, aí fica difícil,
né?
CENA 08/ INT/
COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA
A sala de aula está quase vazia no final da
aula. Maria se aproxima de Pandora, que está sozinha arrumando sua mochila.
MARIA
(tentando parecer casual)
- E aí, como foi sua conversa com Darlan?
PANDORA
(sorriso tímido)
- Bem, fui sincera com ele, Má.
Contei sobre meus sentimentos. Ele agradeceu pela honestidade, mas... ele ainda
não tem certeza do que sente. Por um lado acho que antecipei, deveria ter
esperado um pouco mais. Mas pelo o outro lado, foi bom ter colocado pra fora
tudo o que sinto aqui dentro.
MARIA
- Então cês dois não tão junto?
PANDORA
- Rolou um beijo, acredita? Estranho,
nunca tinha beijado um garoto antes. Mas foi bom, melhor beijo que já
experimentei. Combinamos de nos ver mais tarde. Vamos deixar as coisas
acontecerem, o que tiver que ser vai ser.
MARIA
(com ciúmes)
- Que bom, tomara que dê tudo certo
entre cês dois.
Enquanto ela diz isso, Maria sente um nó se
formar em seu estômago, uma mistura de felicidade por Pandora e tristeza por si
mesma.
CENA 09/ INT/
CASA DOS FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Eliete está sentada em uma poltrona, quando
algo extraordinário acontece. Eliete, subitamente, começa a ter uma visão. Seus
olhos se arregalam, e sua expressão se transforma em choque e reverência. Na
penumbra da sala, uma figura se materializa vagamente. Um homem, irradiando uma
luz divina que preenche o ambiente.
ELIETE
(sussurrando, maravilhada)
- Meu Senhor, veio me buscar, foi? Chegou
a hora de eu ser arrebatada.
Eliete cai de joelhos, lágrimas de emoção
escorrendo por seu rosto. Ela tenta tocar a figura divina, mas suas mãos passam
pelo vulto como se fosse fumaça.
ELIETE
- Me leva Jesus, me leva deste
mundo cheio de pecados!
Em êxtase, ela se levanta e caminha em direção
à porta, como se estivesse sendo guiada pela presença divina.
ELIETE
- Tô vendo uma luz, tô indo meu
Jesus.
Na rua, os faróis brilhantes de um caminhão se
aproximam rapidamente. Um pedestre que passa pela calçada percebe o perigo
iminente e corre para ajudar Eliete, empurrando-a para o lado justo a tempo.
PEDRESTE
- A senhora tá bem?
ELIETE
- Seu demônio! Jesus se foi. Cê me
tocou com sua mão suja de pecado, Jesus não quis me arrebatar! Fique longe de
mim!
Eliete corre de volta para dentro de sua casa,
seu rosto contorcido por uma mistura de raiva e decepção. A presença divina
desaparece, deixando a sala silenciosa e escura mais uma vez.
CENA 10/ INT/
HOSPITAL/ DIA
Giovana está sentada em uma sala de consulta, preocupada.
Rafael com um olhar sério, entra na sala, segurando um relatório médico em suas
mãos.
RAFAEL
(sério)
- Giovana, analisei o mielograma de
Raul. Infelizmente, ele não respondeu ao primeiro ciclo da quimioterapia como
esperávamos. Estou pensando em levar o caso dele para ser discutido com a
equipe de transplante. A situação do Raul é grave, e apenas um transplante de
medula óssea pode salvá-lo agora.
Giovana fecha os olhos brevemente, absorvendo a
gravidade da situação.
GIOVANA
(temerosa)
- Mas... Raul não tem nenhum
parente próximo consanguíneo. Como encontrar um doador compatível?
RAFAEL
- Infelizmente isso torna a busca
por um doador ainda mais difícil. Ele vai ficar no banco de espera, o que nos
resta é aguardar um doador que seja compatível.
Giovana baixa o olhar, tentando conter as
lágrimas e a tristeza que a consomem.
RAFAEL
(com empatia)
- Vamos começar um novo ciclo de
quimioterapia para manter Raul estável enquanto procuramos opções. Entretanto,
é crucial entender que o tempo está se esgotando. Cada sessão de quimioterapia
é uma corrida contra o relógio, e precisamos encontrar um doador compatível o mais
rápido possível para aumentar as chances de sucesso no transplante.
Giovana abaixa a cabeça e começa a chorar.
CENA 11/ EXT/
PRAIA/ TARDE
A praia está tranquila, Darlan sai do mar, a
água escorrendo de seu corpo, e se aproxima de Pandora, que está sentada na
areia, olhando o horizonte. Ele sorri ao se aproximar, tentando afastar o frio
da água com o calor do sol.
DARLAN
(rindo)
- A água tá mais fria do que eu
esperava hoje.
PANDORA
(sorrindo)
- Se eu já tava com preguiça de
entrar, agora que não entro mesmo.
Darlan se senta ao lado dela, olhando o mar
enquanto engata a conversa.
DARLAN
- Cê tem falado com Maria ultimamente?
PANDORA
(séria)
- Tenho, sim. Mas as coisas tão
diferentes desde que começamos a namorar.
DARLAN
(incomodado)
- Não queria ser o pivô disso tudo.
Não quero causar problemas entre cês duas.
Pandora, olhando nos olhos de Darlan, o beija
suavemente.
PANDORA
- Se preocupe não, meu lindo! Cê não
tem culpa de nada disso. Estamos bem, mas Maria é retraída, daquele jeito, como
se tivesse algo que ela escondesse.
DARLAN
(pensativo)
- Sempre senti que havia algo com
Maria. Algo relacionado ao pai dela. Ele é um sujeito bem estranho.
CENA 12/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ TARDE
Maria está sentada em sua escrivaninha,
estudando, quando Genivaldo entra no quarto com um olhar sério.
GENIVALDO
(sereno)
- Maria, tô indo lá no hospital,
viu? Visitar seu tio Raul.
Maria para por um instante e fica pensativa.
MARIA
- Espere um tiquinho voinho, vou
com o senhor.
Ela fecha seus livros rapidamente e guarda. Os
dois saem juntos do quarto.
CORTA
PARA:
CENA 13/ INT/
CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ TARDE
Genivaldo e Maria chegam na sala. Paulo tá na
sala mexendo no celular.
GENIVALDO
- Estamos indo no hospital, visitar
Raul.
PAULO
- Tá certo! E cê vai também Maria?
MARIA
- Vou sim.
PAULO
- Se quiserem posso levar no meu
taxi.
MARIA
- Não precisa, vou pedir um carro
de aplicativo.
PAULO
- Oxente Maria, tenho uma frota de taxi e cê prefere ir
de carro de aplicativo, filha?
MARIA
- Prefiro.
GENIVALDO
- Não se preocupe, vou no meu
carro. Bora Maria!
Após Genivaldo e Maria saírem, Paulo fica na
sala, com uma expressão pensativa em seu rosto. Ele decide investigar um pouco
e vai até o quarto de Maria.
CENA 14/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO
DE MARIA/ TARDE
Paulo entra no quarto de Maria e vai direto
para a escrivaninha. Ele abre a gaveta onde o diário de Maria costumava ficar,
mas para sua surpresa, não encontra nada lá.
PAULO
(pensativo)
- Desgraça! Onde ela colocou esse diário?
Preciso saber o que ela escreveu ali. Ninguém pode pegar esse diário, senão tô
fudido.
Ele olha em volta do quarto, tentando encontrar.
CENA 15/ EXT/
RUA/ TARDE
Vanessa e Rebeca estão paradas na calçada, enquanto
conversam.
VANESSA
- E aí nega, teve alguma notícia de
Júnior?
REBECA
(desanimada)
- Nenhuma. Ele simplesmente me
bloqueou de todas as redes sociais. Acho que ele ficou com raiva de mim, viu
Vanessa? E olha que sinto tanta falta do meu Pirulito.
VANESSA
(irritada)
- Mas que porra, né véi? A culpada
de tudo isso é de irmã Eliete. Tô com um ódio tão grande dessa mulher, sabe? Cê
acredita que ela saiu por aí espalhando que mainha é mãe de santo? Agora o povo
da igreja passa perto de mim como se eu fosse o próprio demônio.
REBECA
- Valha- me Deus! Mas sua mãe é
mesmo mãe de santo?
VANESSA
- E o que tem isso a ver, Rebeca? Entenda
uma coisa, viu minha linda? Todo mundo tem o direito de seguir a fé que lhe
convém. E se alguém desrespeitar isso é intolerância religiosa. E isso é crime,
viu?
REBECA
- Ai Vanessa! Tô tão triste, queria
tanta ficar com Júnior.
VANESSA
- Agora ficou difícil, né nega? Mas
a gente vai dá um jeito. A gente vai encontrar seu pirulito.
CENA 16/ INT/
HOSPITAL/ CORREDOR/ TARDE
Giovana está visivelmente abalada, seu rosto
carregado de preocupação, enquanto caminha pelo corredor do hospital acompanhada
de Genivaldo e Maria.
GIOVANA
- Não sei o que vamos fazer, painho.
Se não conseguirmos encontrar esse doador, o que será de Raul?
GENIVALDO
- Nós precisamos permanecer fortes,
minha filha. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para encontrar um
doador. Esses parentes de Raul, será eles não seriam compatíveis? Sabemos que a
possibilidade é pequena, mas temos que tentar de tudo.
GIOVANA
- Senhor tá certo, não sabe? Vou
entrar em contato com esses parentes dele.
MARIA
- Se não encontrar doador, tio Raul
pode morrer?
GIOVANA
- Ave Maria, posso nem pensar nessa
possibilidade!
GENIVALDO
- Sem tratamento, a leucemia poderá
sim levar a morte, filha. Mas isso não vai acontecer. Raul tá fazendo a
quimioterapia, vamos encontrar um doador e vai dá tudo certo. Temos que ter fé
e apoiar em pensamentos positivos.
CENA 17/ INT/
CLÍNICA BIO IN VITRO/ TARDE
Beatriz sorri para Fátima, que está
visivelmente nervosa e ansiosa.
BEATRIZ
- Parabéns, viu Fátima, seus exames
mostram que cê tá grávida! A fertilização deu tudo certo.
FÁTIMA
(emocionada)
- Ave Maria, sério isso doutora? Agora não tem pra amante nenhuma, Jorge não me
larga. Muito agradecida, viu Dra. Beatriz, a senhora me ajudou e foi muito.
BEATRIZ
- Agora é repouso e cuidado. Cê tem
uma gravidez de risco. Ainda mais que cê
teve dois abortos.
FÁTIMA
- Vou ter total repouso. Jorge agora vai cuidar de mim.
Obrigado pelo seu comentário!