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Passional - Episódio 04

 



PASSIONAL


Episódio 4


Série criada e escrita por

LUAN MACIEL 




CENA 1. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. SALA. INT/ MANHà

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. MADALENA E PETRÔNIO CONTINUAM SE BEIJANDO. TEMPO. LOGO APÓS ESSE ATO DE AMOR MADALENA E PETRÔNIO SE OLHAM. ELE PERCEBE QUE TRM ALGO DE ERRADO COM MADALENA. MAIS UMA VEZ PETRÔNIO SEGURA NAS MÃOS DE MADALENA E ELR OLHA FIXAMENTE EM SEUS OLHOS. 


PETRÔNIO — O que foi que aconteceu, Madalena? Eu posso svr através do seu olhar que você está escondendo alguma coisa de mim. Você sempre pode confiar em mim. 

MADALENA — Eu fiz tudo o que eu podia pelo bem da minha família, Petrônio. Eu achava que eu deveria manter o meu casamento com o Alfredo, pois isso seria o certo a se fazer. Mas agora o que eu quro é ser feliz com os meu filhos e com você é claro. 

PETRÔNIO — Era isso que eu queria que você enxergasse, Madalena. O Alfredo nunca te mereceu. Olha como ele estragou o Gael. Isso não está certo, Madalena. 

MADALENA — Você está certo, Petrônio. Eu não ne importo mais com o que o Alfredo vá pensar de mim. Eu vou me disquitar dele o mais rápido possível. É do seu lado quero viver. (P) Eu não sei como você vai reagir, mas na noite passada ele abusou de mim. Eu sinto nojo do Alfredo. 


PETRÔNIO FICA PERPLEXO. ELE SE LEVANTA DO SOFÁ E COMEÇA A ANDAR OELA SALA DE SUA CASA ESTARRECIDO.


MADALENA — Isso não tem mais importância, Petrônio. Faz muito tempo que eu não sinto absolutamente nada pelo Alfredo. Mas com você eu sinto como uma jovem apaixonada. O que devemos fazer é seguir em frente.

PETRÔNIO — Como não tem importância, Madalena? O que o Alfredo fez com você é abominável. Alguém precisa fazer com que ele pare antes que seja tarde demais.

MADALENA — E o que você está pensando em fazer, Petrônio? Põe mais que a sua atitude seja louvável eu acho que isso não seja uma boa ideia. (P) Eu não quero que o Alfredo desconte a raiva dele em meus filhos. Eu não iria suportar se isso acontecesse. 


PETRÔNIO SE REAPROXIMA DE MADALENA. A TROCA DE OLHARES ENTRE ELES É MÚTUA. PETRÔNIO OLHA COM MUITA TERNURA PARA MADALENA.


PETRÔNIO — Sinceramente eu entendo a sua preocupação com os seus filhos, Madalena. Eu também daria tudo que eu tenho para saber como a minha Isabela está. Mas nós não podemos deixar o que o Alfredo fez com você impune. Eu vou ter uma conversa com ele, e o Alfredo vai ter que me ouvir. 

MADALENA — (respirando fundo) Eu só espero que você saiba o que está fazendo, Petrônio. O Alfredo sempre foi imprevisível e isso me dá medo do que ele possa fazer com você ou com os meus filhos. 

PETRÔNIO — Eu te prometo que o Alfredo não vai fazer nada com os seus filhos ou comigo, Madalena. Eu vou apenas conversar com ele. Ele vai ter que entender que o casamento de vocês acabou e que eu amo você.


MADALENA CONTINUA PREOCUPADA. PETRÔNIO CONFORTA MADALENA ATRAVÉS DE UM ABRAÇO. A CUMPLICIDADE ENTRE MADALENA E PETRÔNIO É BEM SINGELA.

CORTA PARA/


CENA 2. CASA DE DONA CIDINHA. SALA. INT/ MANHà

CLOSE EM DONA CIDINHA QUE ESTÁ SEBTADA NO SOFÁ DA SALA TRICOTANDO ALGO QUE NÃO CONSEGUIMOS IDENTIFICAR. TEMPO. ALFREDO ENTRA NA CASA E JOGA UM MAÇO DE DINHEIRO SOBRE UMA MESA CENTRAL. DONA CIDINHA OLHA PARA ALFREDO COM UM OLHAR DE CONFUSÃO. ALFREDO SORRI BEM CINICAMENTE. 


DONA CIDINHA — Eu posso saber o que significa isso, Alfredo? Que dinheiro é esse e o que você está fazendo em minha casa? Eu exijo uma explicação agora mesmo. 

ALFREDO — Você é mais inteligente do que aparenta ser, mãe. Você sabe muito bem o que isso significa. (P) Você achou mesmo que eu continuaria tendo essa vida miserável que eu sempre tive? Eu mereço uma vida melhor. 

DONA CIDINHA — O que foi que você fez, Alfredo? Não adianta tentar me enganar, pois eu te conheço melhor que você mesmo. Apenas eu sei de tudo que você é capaz de fazer. Comece a falar agora mesmo. 

ALFREDO — Eu fiz o que era preciso ser feito. Os últimos meses estivemos vivendo em um país ideal para quem gosta de ordem e decência. Eu entreguei a localização da filha do Petrônio para os oficiais do Doi-Codi. 


DONA CIDINHA NÃO ACREDITA NO QUE OUVE. ELA SE LEVANTA E OKHA COM MUITO CHOQUE PARA O SEU FILHO.


DONA CIDINHA — Você tem consciência do que está né dizendo, Alfredo. Eu não piso acreditar que você entregou esses jovens inocentes que só querem viver a vida da melhor forma que eles podem. Você é um maldito. 

ALFREDO — Inocentes? Eles podem ser o que for, mas inocentes eles não são. Agora eu posso contemplar o sofrimento do Petrônio. Ele vai ver como é bom nunca mais se intrometer na minha vida. 

DONA CIDINHA — Você é um monstro, meu filho. Eu vou contar para todo mundo o que você fez. Você só pode ser o informante do governo. Isso me decepciona muito. 

ALFREDO — E em quem você acha que as pessoas vão acreditar? Em mim que sou um homem bem apresentável e um chefe de família ou em você uma bêbada que não tem onde cair morta. É melhor você não me atrapalhar. 


DONA CIDINHA FICA FRENTE A FRENTE COM ALFREDO. ELA DÁ UM TAPA NA CARA DE SEU FILHO QUE FICA FURIOSO. 


DONA CIDINHA — Nunca mais ouse falar assim comigo, Alfredo. Eu tive os meus problemas com a bebida, mas eu estou recuperada. Você não tem o direito de jogar isso na minha cara. Você é asqueroso, meu filho. 

ALFREDO — Eu pensei que você estivesse do meu lado, mãe. Mas pelo o visto você não vê que tudo o que eu faço está certo..A Madalena deve ter te envenenado contra mim. Você não pode acreditar em nada que ela fala. 

DONA CIDINHA — Não foi preciso a Madalena me dizer nada, Alfredo. Eu te conheço muito bem. Não se esqueça que a Dionísia era contra o seu casamento com a Madalena. Mas eu disse a ela que você era um homem decente. Mas você não pode imaginar como eu estou arrependida. Eu tenho pena da Madalena de ser casada com um homem como você. 

ALFREDO — Eu não vou ficar discutindo isso com você, Dona Cidinha. Eu não me arrependo de nada do que eu fiz lu do que eu irei fazer. Eu só espero que você não se ¹ no meu caminho. Só isso que eu digo. 


ALFREDO PEGA O MAÇO DE DINHEIRO QUE ESTÁ SOBRE A MESA E VAI EMBORA. DONA CIDINHA FICA COM UM OLHAR DE PREOCUPAÇÃO. 

CORTA PARA/


CENA 3. SEDE DO DOI-CODI. PORÃO. SALA DE TORTURA. INT/ MANHà

A CÂMERA SE APROXIMA LENTAMENTE DE ISABELA QUE CONTINUA z zz DEPRIMENTE. O DELEGADO FLORES VAI z CADA VEZ z z z IDAVELA E ELE TEM UM INSTRUMENTO DE CHOQUE EM SUAS MÃOS. O OLHO DE ISABELA SE REGALA. ELA TENTA SE DEBATER, MAS AI DA ESTÁ MUITO FRACA PARA TENTAR FUGIR DALI.


DELEGADO FLORES — Olha só para você amarrada, fraca e totalmente a mercê da minha vontade. Sabe de um coisa, Isabela. Desde que você foi traga até mim eu pude ver o quanto a sua beleza é ímpar. Você é diferente dessas outras comunistas. 

ISABELA — (apavorada) Fica longe de mim. Eu dispenso os seus elogios. Tudo o que eu quero é que esse inferno possa acabar. Você nunca vai conseguir pegar os meus amigos. 

DELEGADO FLORES — Eu tenho que admitir que você é muito forte, garota. Mas não adianta você resistir. Ruan questão de tempo para que você possa ceder. (P) Ah…. Antes que eu me esqueça eu tive um encontro com o seu pai. Aposto que ele vai entregar a localização dos seus amigos. O seu esforço foi inútil. 

ISABELA — Você está mentindo. O meu pai jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas. Eu não acredito em você.


O DELEGADO FLROES SORRI. ISAVELA O ENCARA BEM SÉRIA.


DELEGADO FLORES — Como você pode ter tanta certeza assim? O seu pai faria qualquer coisa para te salvar. Você nem pode imaginar o que um pai ou uma mãe seria capaz de fazer por seus filhos. O seu pai não é muito diferente. 

ISABELA — Você não conhece o meu pai, seu desgraçado. Você nunca vai ser metade do homem que ele é. É só assim que você consegue chegar perto de uma mulher. Aposto que você nem deve conseguir ter o carinho de alguém. Deve pagar por isso, não é? 

DELEGADO FLORES — Você está brincando com fogo, Isabela. Você acha que me enfrentar desse jeito é ter coragem? Eu te mostrar que aqui dentro desse porão eu faço o que eu quiser. Eu vou fazer algo que você não vai esquecer. 


O DELEGADO FLORES FICA DESCONTROLADO. ELE AVANÇA EM ISABELA E TIRA TODA SUA ROUPA. A CÂMERA FOCA NO OLHAR DE DESESPERO DE ISABELA QUE NAO PODE SE DEFENDER.


ISABELA — (se debatendo) O que você pensa que vai fazer comigo? Fica longe de mim. (P) Por favor…. Eu suplico. 

DELEGADO FLORES — Agora você quer suplicar? Você vai aprender a nunca mais me desafiar. Eu vou transformar a sua vida em um verdadeiro inferno. Você vai se arrepender de um dia ter cruzado o meu caminho.

ISABELA — Você é um monstro, Flores. Eu te odeio. 

DELEGADO FLORES — Você pode gritar o quando você quiser, Isabela. Aqui nesse lugar sou eu quem mando. Ninguém nunca vai saber o que está para acontecer. 


O DELEGADO FLORES RASGA AS ROUPAS DE ISABELA QUE DIXA SOMENTE COM AS ROUPAS ÍNTIMAS. ELE ABUSA SEXUALMENTE DE ISABELA  QUE GRITA POR SOCORRO, MAS NINGUÉM A OUVE.  A CÂMERA VAI SE AFASTANDO DESSE ARO HEDIONDO AOS POUCOS ENQUANTO A IMAGEM VAI ESCURECENDO COM OS GRITOS DE ISABELA AO FUNDO.P

CORTA PARA/


CENA 4. BAIRRO DE MARECHAL HERMES. RUA. EXT/ MANHÃ

MARINA VEM ANDANDO PELA RUA TOTALMENTE DESNORTEADA. DO OUTRO LADO DA RUA VEMOS UM JOVEM RAPAZ CORRENDO EM SUA DIREÇÃO. AO SE APROXIMAR AI DA MAIS FA CÂMERA PODEMOS VER QUE SE TRATA DE PACO. ELE TENTA CONFORTAR MARINA, MAD ELA ESTÁ VISIVELMENTE INCONFORMADA. 


PACO — A minha mãe me contou que você iria até o clube dos marinheiros, Marina. Você sabe que isso foi um erro, não é mesmo? O seu irmão jamais vai admitir que armou para a Isabela. Isso é improvável de acontecer. 

MARINA — Ele olhou no fundo dos meus olhos e mentiu, Paco. Como uma pessoa pode ser tão fria assim? Eu ainda não sei como eu e o Gael podemos ser irmãos. 

PACO — Você precisa esquecer essa história, Marina. Eu sinto muito que a Marina tenha sido presa pelos oficiais da repressão, mas a essa hora eles já devem ter feito alguma maldade com ela. Nós precisamos aceitar isso.

MARINA — Eu nunca vou desistir, Paco. Nunca!! A Isabela é a minha melhor amiga. Você já se esqueceu de tudo que aconteceu com o seu irmão, Paco? Você mais do que ninguém deveria saber como eu estou me sentindo. 


PACO FICA EM SILÊNCIO E DE CABEÇA BAIXA. MARINA OLHA PARA O SEU NAMORADO COM UMA CERTA DECEPÇÃO.


PACO — (sério) Você está jogando a culpa da morte do meu irmão em cima de mim, Marina? Você não pode imaginar o quanto eu sofri. Você não deveria duvidar da minha dor. Eu não esperava isso de você.

MARINA — Você precisa entender, Paco. A Isabela sempre esteve com a gente em tudo que fizemos. Não seria justo abandonar ela quando mais precisa de nós. 

PACO — Você tem razão, Marina.  Eu sinto muito. Eu não deveria ter falado essas coisas. Mas é que eu me preocupo com você. Eu não quero que aconteça com você a mesma coisa que aconteceu com o meu irmão.

MARINA — Eu sei que você se preocupa comigo, Paco. Mas eu não posso deixar a Isabela passar por esse inferno sozinha. Ela é a irmã que eu nunca tive. Eu vou ajudar ela sempre que eu puder. Eu espero que você me entenda. 

PACO FICA PENSATIVO. ELE E MARINA SE OLHAM. 


PACO — O que você está pretendendo fazer agora, Marina? A gente não sabe para onde a Isabela pode ter sido levada. Eu não gostaria de admitir, mas nós estamos de mãos atadas. 

MARINA — Eu continuo achando que alguém deve ter entregado a localização de onde a Isabela estava. A sua mãe acha que o Gael não seria capaz de fazer algo dessa natureza, mas eu discordo. O que eu queria indo no clube dos marinheiros é confrontar o Gael e fazer ele confessar a verdade.

PACO — Talvez você não goste do que eu vou te falar, Marina. Mas eu concordo com a minha mãe. O Gael pode ter todos os defeitos do mundo, mas entregar a Isabela de mão beijada para a repressão isso eu tenho certeza que ele jamais faria. Ele ama a Isabela.

MARINA — Você e a sua mãe estão enganados, Paco. O meu irmão conseguiu enganar vocês tão bem que vocês não conseguem ver a verdade que está diante dos seus olhos. 

PACO — É isso mesmo ou então você quer colocar a culpa no seu irmão a todo custo? Isso não está certo, Marina. 


MARINA FICA IRRITADA COM AS PALAVRAS DE PACO. ELA SAI ANDANDO SEM OLHAR PARA TRÁS. PACO PENSA EM IR ATRÁS DELA, MAS ELE DESISTI.

CORTA PARA/


CENA 5. PENSÃO DE CLEONICE. SALA. INT/ MANHà

A CÂMERA ACOMPANHA OS PASSOS DE CLEONICE QUE VEM DESCENDO AS ESCADAS DA PENSÃO. ELA ESTRANHA AO VER NONATO CONVERSANDO COM UMA JOVEM QUE ELA NÃO CONHECE. AO VER CLEONICE SE APROXIMANDO NONATO E JANAÍNA SE LEVANTAM DO SOFÁ. O CLIMA FICA TENSO.


CLEONICE — (confusa) Quem é essa moça, meu irmão? Eu estou sentindo pelos seus olhares que é algo sério que está acontecendo aqui. (P) Então…. Quem é que vai começar a falar?

NONATO — Antes de qualquer coisa eu preciso que você fique calma, Cleonice. O que eu vou te contar pode parecer uma afronta, mas tudo o que eu estou fazendo é ajudar essa jovem que não tem para onde ir.

CLEONICE — Você está me deixando nervosa, Nonato. Fale de uma vez o que você quer. O que pode ser tão grave assim? Eu não estou conseguindo entender. 

JANAÍNA — A sua irmã tem razão, Nonato. Não vai adiantar ficar fazendo rodeios ou esconde a verdade. Depois de tudo que você me contou ela merece saber a verdade. 


CLEONICE VAI FICANDO CADA VEZ MAIS CONFUSA. ELA COMEÇA A FICAR AINDA AFLITA. NONATO E JANAÍNA SE OLHAM.


NONATO — O que acontece é o seguinte, minha irmã. Essa moça se chama Janaína e ela foi expulsa de cada pelo próprio pai. Ela não tem para onde ir. E o pai dela não é qualquer um. O pai dela é o Delegado Flores.



CLEONICE FICA EM CHOQUE COM O QUE NONATO LHE FALA. ELA OLHA PARA JANAÍNA COM UM MISTO DE SENSAÇÕES.


CLEONICE — (em choque/séria) Eu não posso acreditar que a filha daquele maldito está parada bem na minha frente. O destino gosta mesmo de me surpreender. 

JANAÍNA — Nonato me contou sobre o filho que você perdeu, Cleonice. Nada do que eu possa falar vai ser o suficiente para pedir desculpas pelas atrocidades que o meu pai cometeu. Eu só posso sentir muito. 

NONATO — Você não tem culpa de absolutamente nada, Janaína. A gente não escolhe quem vão ser nossos pais, não é mesmo? Eu te conheço a pouco tempo, mas já deu para perceber que você é uma jovem de bom coração.

CLEONICE — O meu irmão está certo, Janaína. O seu pai é a pior pessoa que eu já tive o desprazer de conhecer. Mas você não tem culpa de nada. Você pode ficar conosco o tempo que precisar. Será minha convidada. 


AS LÁGRIMAS ESCORREM PELO ROSTO DELICADO DE JANAÍNA. CLEONICE SEGURA AS MÃOS DELA DE UMA FORMA FRATERNAL. 


JANAÍNA — Eu nunca conheci pessoas com tanta bondade assim. E pensar que o meu próprio pau me renegou. Isso é algo que machuca sempre quando eu penso. 

CLEONICE — Não fique pensando nisso agora, menina. Você tem que seguir com a sua vida indiferente do o que o seu pai tenha falado. Você pode ser melhor do que isso.


JANAÍNA E CLEONICE SE ABRAÇAM MUITO EMOCIONADAS. NONATO RESPIRA ALIVIADO E DEPOIS ESBOÇA UM SORRISO.

CORTA PARA/


CENA 6. APARTAMENTO DE MÔNICA E ALBANO. SALA DE JANTAR. INT/ MANHà

MÔNICA ESTÁ COMPLETAMENTE SOZINHA TERMINANDO DE TOMAR UMA XÍCARA DE CAFÉ BEM QUENTE. ALBANO ENTRA NÃO DIZENDO NENHUMA PALAVRA. MÔNICA COLOCA A XÍCARA DE CAFÉ SOBRE A MESA E OLHA PARA O SEU MARIDO COM UMA CERTA FRIEZA. ELE OLHA PARA MÔNICA DE UN JEITO INTRIGANTE. A VILÃ NÃO DEMONSTRA SENTIR NADA. 


MÔNICA — (ardilosa) Eu espero que você tenha usado a noite passada para pensar no que eu te falei. Eu não posso e não irei f rixar que uma aventura de meu pai tire tudo aquilo que é meu. E você vai me ajudar, Albano. 

ALBANO — Você ainda não tirou essa ideia maluca de sua cabeça, Mônica? Porque você não esquece isso de uma vez? Essa filha ilegítima do seu pai nem deve querer algo em relação a sua herança. Você está sendo exagerada. 

MÔNICA — Exagerada? Quantas vezes eu vou ter que falar que nós estamos a beira da falência? A herança do meu pai pode ser a nossa única solução. E eu não vou dividir esse dinheiro com uma bastarda. Isso está fora de cogitação. 

ALBANO — Quando foi que você se tornou essa mulher fria e gananciosa, Mônica? Eu não consigo te reconhecer mais. Você se tornou uma pessoa tão fútil de tudo. 


MÔNICA SE LEVANTA DA MESA DE CAFÉ DA MANHÃ. ELA OLHA PARA ALBANO COM UM OLHAR DE MUITA RAIVA.


MÔNICA — Porque você não se olha no espelho, Albano? Você sempre foi um homem previsível de quem eu sinto pena. Eu só me casei com você por causa do nome da sua família. E isso nunca foi novidade nem para mim e nem para você.

ALBANO — Eu passei anos aguentando as suas humilhações, Mônica. Eu tentei de tudo para te fazer feliz. Mas a única pessoa que você se importa é consigo mesma. 

MÔNICA — Como você é ingênuo, Albano. Nunca que um homem que nem você poderia me fazer feliz. Olha só para você. Você é o exemplo de um homem fracassado. Você acha mesmo que eu quero isso para mim.

ALBANO — Se eu sou tudo isso que você está dizendo então porque a gente continua com esse casamento que não traz nada de gratificante nem para mim e nem para você? 


MÔNICA A POUCOS CENTÍMETROS DE ALBANO. A VILÃ OLHA PARA SEU MARIDO DE UMA FORMA ARROGANTE. 


MÔNICA — A sua pergunta chega a ser ridícula, Albano. Você sabe muito bem o que a sociedade pensa sobre uma mulher disquitada. Eu não vou dar esse prazer do meu hnome parar na boca da imprensa. 

ALBANO — Está vendo como eu tenho razão, Mônica. Você prefere manter a sua imagem intacta.. Você é pior do que eu imaginava, Mônica. Eu espero que a filha do seu pai consiga tudo que ela tem direito. Você não merece nenhum centavo do Omar. 

MÔNICA — (gritando) Quem você pensa que é para falar assim comigo?  Você não passa de um nada, Albano. Se você não quer me ajudar ótimo. Eu vou resolver isso sozinha. Eu espero que você não tente me impedir para o seu próprio bem. 


MÔNICA SAI DA FRENTE DE ALBANO BUFANDO SE ÓDIO. A CÂMERA FOCA NO OLHAR SÉRIO DE ALBANO.

CORTA PARA/


CENA 7. CENTRO DO RIO. RUA. EXT/ MANHà

EM UM PLANO ABERTO VEMOS TIAGO ANDAR POR UMA RUA DO CENTRO DO RIO QUE ESTÁ VAZIA. TIAGO ESTÁ TOTALMENTE PERDIDO EM SEUS PENSAMENTOS, E A ÚNICA COISA QUE ELE CONSEGUE PENSAR É ONDE ISAVELA PODE ESTAR. A CÂMERA DÁ UM CORTE SUGESTIVO E VENOS UNA VERANEIO DO DOI-CODI PARAR BEM NA FRENTE DELE.


OFICIAL — (apontando a arma)  Parado aí onde você está. Eu posso saberbondeno comunista pensa que está indo? É melhor você não querer ser o herói e nos enfrentar. Bao ser muito pior para você, rapaz.

TIAGO — Eu não estou fazendo nada demais. Até onde eu sei o toque de recolher é somente depois das 10 da noite. Vocês não podem impedir ninguém denir onde quiser. 

OFICIAL — Não tente me enfrentar, moleque. Não me custa te levar para o mesmo buraco que aquele sua amiga está. E sim eu sei onde ela está. Mas isso você nunca vai saber. 

TIAGO — Onde a Isabela está? O que vocês fizeram com ela é inaceitável. Eu vou descobrir onde ela está. Você está me ouvindo. Vocês e esse governo militar não passam de fascistas. Eu tenho nojo de viver nesse país.


O OFICIAL DO DOI-CODI DÁ UM MURRO NO ESTÔMAGO DE TIQGO QUE CAI DE JOELHOS. ELE FICA SEM AR.


OFICIAL — Isso é para você aprender a nunca mais me desafiar. Eu poderia muito bem te pr brete agora mesmo, mas eu pt firo ver você enlouquecer tentando descobrir onde a sua amiga está. Quem sabe você não se junta a ela. 

TIAGO — Seu desgraçado…. A Isabela não merece passar por esse inferno. Vocês não podem fazer isso com ela. 

OFICIAL — Isso é o que você pensa, maldito. Mas eu tenho uma opinião diferente. Mas de uma coisa você pode te17r certeza. A sua amiga já está ganhando um tratamento diferenciado. Ela nunca vai esquecer o que está acontecendo. Isso se ela sair de lá viva.


TIAGO FICA FURIOSO. ELE TENTA AVANÇAR NO OFICIAL DOI-CODI. MAS ELE ACABA RECEBENDO UMA GRAVATA DE OUTRO OFICIAL O QUE O DEIXA ATORDOADO.


OFICIAL — Você achou menso que  poderia tentar me atacar? Você não é ninguém. Você não passa de um parasita que pode achar que está fazendo o certo, mas se você insistir nesses protestos eu mesmo farei questão de fazer una visita para a sua mãe. Você entendeu?

TIAGO — Você não ouse chegar perto da minha mãe, seu maldito. Vocês dizem que querem a ordem, mas não passam de assassinos covardes. Eu vou descobrir onde a Isabela está. Disso você pode ter certeza. 

OFICIAL — Você não sabe nada da vida, garoto. Essa ideologia que você defende já matou não sei quantas pessoas ao redor do mundo. Eu não vou permitir que isso chegue até o Brasil. (P) Vá embora antes que eu me arrependa. 


UM DOS OFICIAIS DO DOI-CODI SOLTAM TIAGO QUE FINALMENTE CONSEGUE RESPIRAR ALIVIADO. TODOS OS OFICIAIS DA REPRESSÃO ENTRAM BA VERANEIO E VÃO EMBORA. TIAGO FICA NO CHÃO TOTALMENTE SEN REAÇÃO. 

CORTA PARA/


CENA 8. MANSÃO DA FAMÍLIA BIANCHINI. ESCRITÓRIO. INT/ DIA

ALGUMAS HORAS SE PASSAM. ATRAVÉS DE UMA FRESTA NA PORTA DO ESCRITÓRIO VEMOS QUW OMAR ESTÁ AO TELEFONE E O SEU TOM DE VOZ É BEM SÉRIO. CLOSE NA EMPREGADA QUE ESTÁ OUVINDO TODA A CONVERSA. ELA FICA EM SILÊNCIO PARA OMAR NÃO PERCEBER QUE ELA ESTÁ ALI. 


OMAR — (ao telefone) Você acha que eu não sei sobre isso? Mas agora não me importa o que a Mônica vai fazer quando descobrir a verdade. Ela nunca se preocupou comigo. Eu não quero que ela saiba de nada.


A CÂMERA FICA INTERCALANDO ENTRE A CONVERSA SE OMAR E COM O OKHAR FIXO DA EMPREGADA.


OMAR — (ao telefone) Eu já tomei a minha decisão e eu não vou voltar atrás. (P) É claro que eu não vou deixar a Mônica desamparada. Disso ela não vai poder reclamar. 

EMPREGADA — (sussurrando)  Do que é que o patrão está falando? Eu não vou conseguir ouvir nada trás dessa porta. E assim eu não vou conseguir fazer o que a Dona Mônica me ordenou que eu fizesse

 

OMAR DESLIGA O TELEFONE. ELE SE LEVANTA BEM AFLITO. A EMPREGADA VAI SAINDO DA FRENTE DA PORTA. 


OMAR — Eu não posso deixar que a Mônica descubra que eu tenho pouco tempo de vida. Ela pode tentar usar isso contra mim. Se depender de mim ela nunca vai saber a verdade. Não antes que o meu fim possa chegar. 


A EMPREGADA FICA SURPRESA COM A REVELAÇÃO DE OMAR. ELA SAI SORRATEIRAMENTE ANTES QUE OMAR A VEJA.

CORTA PARA/


CENA 9. BAR. INT/ DIA

A CÂMERA VAI PASSANDO POR VÁRIOS HOMENS QUE ESTÃO NO BAR ATÉ ENCONTRAR ALFREDO. ELE ESTÁ VISIVELMENTE ALTERADO POR CAUDA DA BEBDIA. ELE VAI TIRANDO VANTAGEM DE TER ENTREGADO ISABELA PARA OS OFICIAIS DA REPRESSÃO. EM UM CORTE RÁPIDO PODEMOS VER PETRÔNIO ENTRANDO NO BAR E INDO NA DIREÇÃO DE ALFREDO. ELES FICAM SE ENCARANDO DE UM JEITO SÉRIO. 


ALFREDO — Olha só quem resolveu aparecer. Agora sim a festa ficou completa. Chegou o bobo da corte. O que você está fazendo aqui, Petrônio? Não vai me dizer que você veio aqui mais uma vez se humilhar para eu deixar a Madalena. Parece que você não aprende.

PETRÔNIO — (sério) Você quer conversar em um lugar só nós dois ou quer que todos aqui saibam o que você fez com a Madalena? Não me faça ter que fazer isso em público, Alfredo. 

ALFREDO — É melhor você ir embora, Petrônio. Eu não vou falar sobre isso com você. (P) Você acha que eu não sei que você sempre viveu atrás da Madalena? Ru nunca vou dar o desquite para ela. Você não vai ter esse gostinho de tirar a minha mulher de mim.

PETRÔNIO — Qual é o seu problema, Alfredo? Você estuprou a sua mulher e acha que isso vai ficar por isso mesmo? Eu ainda acredito na justiça de Deus e dos homens. O que você fez é imperdoável. Você deveria estar preso.


ALFREDO VAI FICANDO AINDA MAIS FURIOSO. ELE AVANÇA NA DIREÇÃO DE PETRÔNIO QUE NÃO DEMONSTRA TER MEDO.


ALFREDO — Tem certeza que você quer continuar se intrometendo na minha vida, Petrônio? Olha só o que aconteceu com a sua filha. Quer que o menos aconteça com a Madalena? Eu acredito que não. 

PETRÔNIO — (estarrecido) Do que é que você está falando, Alfredo? Agora eu quero ouvir da sua boca o que você quis dizer com isso. Anda. Comece a falar.

ALFREDO — Você quer mesmo saber a verdade, Petrônio? Fui eu quem entreguei a localização da sua filha para os oficiais do Doi-Codi. Foi o dinheiro mais fácil que eu já ganhei em toda a minha vida.

PETRÔNIO — Seu desgraçado…. Por sua culpa eu não tenho a menor idéia de onde a minha filha está. Eu deveria te matar agora mesmo, Alfredo. Você é um infeliz.


ALFREDO COMEÇA A GARGALHAR. PETRÔNIO VAI SE SENTINDO CADA VEZ MAIS IRRITADO. ALFREDO SORRI. 

ALFREDO — Você não é homem suficiente para cumprir essa ameaça, Petrônio. É melhor você ir embora enquanto você pode. Não custa nada eu acabar com você agora mesmo. Você não passa de um pobre coitado. 

PETRÔNIO — Você está falando da minha filha, Alfredo. Você entregou ela para os oficiais da repressão como se ela fosse nada. Você é ser um ser repugnante, Alfredo. 

ALFREDO — Você não sabe do que eu sou capaz de fazer, Petrônio. Para o seu próprio bem é melhor você ir embora. E nunca mais procure a minha esposa. Esse é o seu último aviso.

PETRÔNIO — (sensato) Tudo bem, Alfredo. Eu irei embora. Mas de uma coisa você pode ter certeza. O que você fez com a minha filha não vai ficar por isso mesmo. Eu ainda vou te ver na cadeia. 


PETRÔNIO SE VIRA E VAI EMBORA DO BAR. TODOS PRESENTES NO BAR FICAM OLHANDO PARA ALFREDO QUE SE SENTE AMEAÇADO PELAS PALAVRAS DE PETRÔNIO. 

CORTA PARA/


CENA 10. EXÉRCITO BRASILEIRO. SEDE. SALA DO GENERAL. INT/ DIA 

REUNIÃO JÁ INICIADA. SENTADO NA FRENTE DE VÁRIOS QUADROS E MEDALHAS DE HONRA ESTÁ O GENERAL OSÓRIO. O SEU SEMBLANTE É DE QUEM NÃO ESTÁ NENHUM POUCO SATISFEITO. ELE JOGA SOBRE A MESA UM JORNAL E. A CÂMERA FOCA NO TÍTULO DA NOTÍCIA:  BADERNEIROS SÃO PRESOS NO CENTRO DO RIO. NA FRENTE DO GENERAL OSÓRIO ESTÁ ESTEVÃO QUE TEM UMA ALTA PATENTE DO EXÉRCITO BRASILEIRO. ELE ESTÁ MUITO PREOCUPADO. 


GENERAL OSÓRIO — (sério) Do que é que você estava falando mesmo, Estevão? Está vendo o que dá você ficar defendendo esses comunistas. Eles merecem ser punidos. E nada domque você me diga vai fazer que eu mude de ideia. 

ESTEVÃO — Nós cometemos um grande erro, Osório. Diversas pessoas estão morrendo nos porões do Doi-Codi. Uma hora isso vai acabar voltando contra nós. Acredite em mim. 

GENERAL OSÓRIO —Quando foi que você se tornou um medroso, Estevão? Tudo o que nós estamos fazendo nos últimos meses é para o bem do Brasil. (T) Se mais comunistas tiverem que morrer eu não vejo problema. 

ESTEVÃO — Você não pode estar falando sério, Osório. Quantos jovens não estão morrendo por acreditar que estão fazendo a cosia certa? Será que você não vê que isso está seguindo um caminho sem volta? Isso precisa acabar. 


O GENERAL OSÓRIO SE LEVANTA E OLHA FRIAMENTE PARA ESTEVÃO. O CLÍMAX ENTRE ELES VAI AUMENTANDO. 


GENERAL OSÓRIO — (alterando a voz) Até quando você vai ficar defendendo esses baderneiros, Estevão? A ordem é muito clara. Eu quero todos presos e enviados para o Doi-Codi. Eu espero ter sido claro.

ESTEVÃO — Eu não acho que isso seja a coisa certa a se fazer, General. Porque a gente não tenta um novo caminho? Assassinato nunca vai ser a solução para absolutamente nada. 

GENERAL OSÓRIO — Essa sua bondade não vai te levar a lugar nenhum, Estevão. Eu não quero ter mais essa conversa com você. Eu te dei uma ordem e eu espero que você cumpra conforme eu lhe ordenei. 

ESTEVÃO — A minha vontade era de não fazer isso. Eu sou totalmente contra essa ditadura que vocês estão insistindo em instaurar no Brasil. Mas eu vou cumprir sim as suas ordens, pois eu não tenho o que fazer.


O GENERAL OSÓRIO ESBOÇA UM SORRISO. ESTEVÃO SE SENTE ENOJADO DIANTE DO QUE ELE PRESENCIA DENTRO DO EXÉRCITO.


GENERAL OSÓRIO — (ardiloso) Acredite em mim, Estevão. Você está fazendo a coisa certa. Um dia você verá como eu vejo. E quando esse dia chegar você será um herói. 

ESTEVÃO — Eu tenho nojo de ter um comandante como o senhor, General Osório. Eu espero que um dia o senhor pague por todas essas mortes. E sinceramente eu espero que esse dia não demore a chegar.

GENERAL OSÓRIO — A sua opinião só diz respeito a você, Estevão. E quando você cumprir as minhas ordens é isso que importa. Agora saia da minha sala. É uma ordem.

ESTEVÃO — Como quiser, General. Com a sua licença. 


ESTEVÃO BATE CONTINÊNCIA PARA O GENERAL OSÓRIO. LOGO DEPOIS ELE SAI DA SALA BATENDO A PORTA COM FORÇA. O GENERAL OSÓRIO FICA PENSATIVO COM A ATITUDE DE ESTEVÃO.

CORTA PARA/


CENA 11. CASA DE DIONÍSIA E LAURINDO. SALA. INT/ DIA

SILÊNCIO. DIONÍSIA E LAURINDO SE OLHAM EM UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR. O OLHAR DELA É DE MUITA PREOCUPAÇÃO. UMA BATIDA NA PORTA PODE SER OUVIDA. LAURINDO SE LEVANTA DO SOFÁ E ABRE A PORTA. OMAR ESTÁ PARADO NA FRENTE DA PORTA E ELE ENTRA. DIONÍSIA SE LEVANTA E FICA ENCARANDO OMAR POR ALGUNS INSTANTES. TENSÃO.


OMAR — Cono você está, Dionísia? Já fazem tantos anos, não é mesmo? Eu sei que você deve me odiar, mas tem uma coisa que eu preciso contar a você e o Laurindo. Eu só peço que você possa me escutar. Apenas isso.

DIONÍSIA — (magoada) 50 anos, Omar…. Você nunca se importou com a nossa filha e porque agora você nos procura? Você me abandonou quando eu mais precisei de você. Se não fosse pelo Laurindo eu nem teria te recebido. Agradeça a ele por isso.

OMAR — (arrependido) Eu sei que eu cometi muitos erros, Dionísia. Mas eu estou disposto a arcar com as consequências dos meus erros.  (P)  Tudo o que eu quero é conhecer a nossa filha. Você não pode me tirar isso. 

LAURINDO — Eu entendo o seu lado, Omar. Mas você tem que tentar entender a minha esposa. Ela passou 50 anos longe de você, e do nada você aparece novamente na vida dela. Qualquer pessoa no lugar dela teria a mesma reação. Você não acha?


DIONÍSIO CONTINUA ENCARANDO OMAR. O CLIMA DE MÁGOA E RESSENTIMENTO VAI FICANDO MAIS EVIDENTE. 


OMAR — (enfático) Vocês acham que eu não sei dos meus erros? Eu pensei que o meu dinheiro aplicaria esse vazio que eu sinto dentro de mim, mas eu estava enganado. Eu tenho a minha filha de outro relacionamento, mas isso não impede que eu me sinta sozinho.

DIONÍSIA — Você fez a sua escolha, Omar. Agora é tarde demais para querer voltar atrás. A nossa filha é uma mulher adulta, com dois filhos lindos e nada disso você quis ter participação. Se fosse por mim a Madalena jamais saberia a verdade. Mas quem vai decidir se você vai ou não conviver com todos nós será ela. 

LAURINDO — (curioso) Agora tem uma coisa que eu não estou conseguindo tirar da minha cabeça. Qual é a coisa que você queria tanto nos contar, Omar. Agora chegou a hora de você começar a jogar limpo.

OMAR — Bom é o seguinte…. Há pouco tempo  eu descobrir que eu tenho uma grave doença que infelizmente está me matando aos poucos. E o que eu quero é incluir a Madalena no meu testamento.  Essa é a verdade. 


DIONÍSIA E LAURINDO SE OLHAM. CLOSE NO OLHAR DE OMAR QUE PASSA VERDADE E SINCERIDADE. DIONÍSIA FICA SENSIBILIZADA COM A REVELAÇÃO DE OMAR.


DIONÍSIA — (lamentando) Eu sinto muito, Omar. Eu não poderia imaginar que você estaria passando por essa situação tão delicada. Me desculpe. 

LAURINDO — A minha esposa está certa, Omar. Nós não imaginávamamos que você estaria tão doente assim. 

OMAR — Vocês não tem.nada que me pedir desculpas. Se tem alguém que deve um milhão de desculpas esse alguém sou eu. Eu quero que você me perdoe, Dionísia. 

DIONÍSIA — Eu entendo perfeitamente a situação que você está passando, Omar. Mas eu ainda eu não sei se sou capaz de te perdoar. Mas eu jamais vou impedir que você conheça a nossa filha e os nossos netos. 


OMAR FICA EM SILÊNCIO. LAURINDO OLHA PARA DIONÍSIA COM UM JEITO BEM DIFERENTE. ELA SE MANTÉM FIRME EM DUA DECISÃO.

CORTA PARA/


CENA 12. APARTAMENTO DE OLÍVIA. SALA. INT/ DIA

OLÍVIA VEM CAMINHANDO PELA SALA E ELA TRAZ UMA XÍCARA DE CAFÉ PARA DONA CIDINHA QUE ESTÁ SENTADA NO SOFÁ BEM NA SUA FRENTE. OLÍVIA SE SENTA AO LADO DELA E O SEU SEMBLANTE É DE QUEM ESTÁ VISIVELMENTE PREOCUPADA. DONA CIDINHA TOMA UM GOLE DO CAFÉ E COLOCA A XÍCARA DE CAFÉ SOBRE A MESA CENTRAL.


DONA CIDINHA — Eu posso imaginar o que deve estar passando pela sua cabeça em momentos desses, Olívia. O que a mãe do seu amante está fazendo em sua casa. Eu quero que você se acalme. Eu vim apenas conversar com você. Nós temos muito o que discutir. 

OLÍVIA — (com vergonha) Eu nem sei o que te dizer, Dona Cidinha. Nós últimos 25 anos eu fui amante do seu filho esperando que um dia ele fosse se separar da Madalena e se casar comigo. Mas isso nunca aconteceu.

DONA CIDINHA — Você não precisa dizer absolutamente nada, Olívia. Eu sei de toda a história que você teve com o Alfredo. Mesmo com isso tendo acontecido de uma forma errada vocês aí da tiveram um presente que é o meu neto. Isso é algo expendido. 

OLÍVIA — O seu filho não pensa assim, Dona Cidinha. Ele nunca quis assumiu a paternidade do Tiago. E o meu filho odeia o Alfredo acima de qualquer coisa. Eu nunca tive coragem de contar a verdade sobre a relação dele com o Alfredo. 


OLÍVIA FICA BASTANTE ABATIDA. DONA CIDINHA A CONFORTA. OLÍVIA SE LEVANTA E FICA ANDANDO PELA SALA. 


DONA CIDINHA — Você precisa se valorizar mais, Olívia. O meu filho te deu apenas migalhas nesses anos todos e você aí da continua apaixonada por ele. Você precisa sair dessa relação onde só você se dooa.

OLÍVIA — (desabafando) Eu queria tanto ter a força o suficiente para fazer isso, Dona Cidinha. Mas eu estou há tanto tempo com o seu filho que eu não sei o que seria de mim sem ele. É melhor deixar as coisas como estão. 

DONA CIDINHA — Você está ouvindo o que está dizendo, Olívia? Você não pode basear na sua vida na vida do Alfredo.  Olha como ele trata o Tiago. É isso mesmo que você quer para a sua vida? Pense melhor a respeito.


OLÍVIA FICA PENSATIVA. DONA CIDINHA SE LEVANTA VAI ATÉ UMA ESTANTE E PEGA UMA FOTO DE QUANDO TIAGO ERA UMA CRIANÇA. ELA ENTREGA PARA OLÍVIA QUE FICA SEM ENTENDER O QUE DONA CIDINHA DESEJA. 


DONA CIDINHA — Se você quer um bom motivo para deixar o meu filho de uma vez por todas, então olhe essa fotografia, Olívia. Pense em todas as vezes que você foi humilhada pelo meu filho. Isso não está certo. 

OLÍVIA — Eu sei que você está certa, Dona Cidinha. Mas eu não serei capaz de me afastar do Alfredo.Ele ainda tem muito poder sobre mim. Eu não sou tão forte.

DONA CIDINHA — É claro que você é forte, Olívia. Você precisa querer enfrentar o meu filho de frente. Eu sei que você será capaz de fazer isso. Você também precisa acreditar. 


AS PALAVRAS DE DONA CIDINHA ENTRAM PROFUNDAMENTE EM OLÍVIA. ELA PEGA A FOTOGRAFIA DE QUANDO TIAGO ERA PEQUENO E O SEU SEMBLANTE VAI MUDANDO DRASTICAMENTE. 

CORTA PARA/


CENA 13. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. SALA. INT/ DIA

PODEMOS VER PASSOS INDO DE UM LADO PARA O OUTRO. A CÂMERA VAI SUBINDO E MODTRA QUE SE TRATA DE MADALENA QUE ESTÁ MUITO NERVOSA. TEMPO. PETRÔNIO EBTRA DENTRO DE CASA TOTALMENTE TRANSTORNADO. MADALENA VAI AO SEU ENCONTRO E ELES DE ENCARAM.


MADALENA — O que foi que aconteceu, Petrônio? Como foi a sua conversa com o Alfredo? Por favor fale alguma coisa. 

PETRÔNIO — (abalado) Foi o Alfredo que entregou a minha filha para o Doi-Codi, Madalena. Aquele desgraçado confessou olhando em meus olhos. A minha vontade é de matar ele agora mesmo. 

MADALENA — Eu não posso acreditar no que você está né contando, Petrônio. Dessa vez o Alfredo foi longe demais. Ele não tinha o direito de fazer isso.

PETRÔNIO — Sinceramente eu nem sei o que fazer, Madalena. O Alfredo mexeu com algo que é sagrado para mim. Que é a minha filha. E isso eu jamais irei perdoar.


MADALENA TOCA AS MÃOS DE PETRÔNIO DE UMA FORMA BEM SUAVE. A TROCA DE OLHARES ENTRE ELES É CLARA.


MADALENA — Você é um bom homem, Petrônio. Não deixe que o Alfredo entre dessa forma dentro da sua cabeça. É exatamente isso que ele deve estar querendo.

PETRÔNIO — E como eu faço isso, Madalena? Eu não tenho idéia de como a minha filha está nesse momento. Tudo o que eu queria é tirar ela daqueles porões do Doi-Codi. Eu me sinto de mãos atadas. Eu me sinto tão fraco. 

MADALENA — Eu estou com você para o que precisar, Petrônio. Nesses últimos dias surgiu dentro de mim um sentimento que eu pensei que eu não pensei que pudesse existir. Você não sai da minha cabeça. 

PETRÔNIO — Você não sabe como eu sonhei em ouvir isso de você, Madalena. Eu sempre fui apaixonado por você. Eu só quero o seu bem. Eu quero te ver feliz. 


MADALENA ESBOÇA UM SORRISO. ELA E PETRÔNIO SE BEIJAM COM NUITA PAIXÃO. A TROCA DE CARINHO ENTRE ELES SE TORNAM CADA VEZ MAIS FREQUENTES. 

TRILHA SONORA: https://youtu.be/a3LNqdD7_lw?si=02_6GSXOr0KPPKcU 

A MÚSICA VAI FICANDO BEM MAIS LEVE. MADALENA E PETRÔNIO DESFAZEM O BEIJO APAIXONADO. 


MADALENA — O que eu preciso fazer agora é enfrentar o Alfredo. O meu casamento com ele acabou faz muito tempo. Não tem porque eu e ele vivermos no mesmo teto. 

PETRÔNIO — Eu vou com você, Madalena. Eu não vou deixar que aquele maldito te faça nenhum mal. Ele não vai poder impedir de você seguir a sua vida. Eu prometo. 

MADALENA — Obrigada, Petrônio. Você está sendo tão bom para mim. Eu nem sei se eu mereço toda essa felicidade. 


PETRÔNIO ABRAÇA MADALENA BEM FORTE. OS OLHARES DE NOSSOS PROTAGONISTAS DEMONSTRAM MUITA VERDADE.

CORTA PARA/


CENA 14. PENSÃO DE CLEONICE. CORREDOR. INT/ DIA

MARINA VEM ANDANDO PELO CORREDOR DA PENSÃO SE SENTINDO DERROTADA. NA DIREÇÃO OPOSTA VEM NONATO QUE TEM UM SEMBLANTE MISTERIOSO EM SEU ROSTO. ELE PUXA MARINA PELO BRAÇO E ELE COMEÇA A SUSSURRAR O QUE DEIXA MARINA BEM INTRIGADA. 


MARINA — O que tem de errado com você, Nonato?  Você não costuma agir dessa maneira. (P) Aconteceu alguma coisa que você está querendo me contar? 

NONATO — (sussurrando) Eu recebi uma carta de alguns companheiros de luta, Marina. Eles estão com um plano para invadir a sede do Doi-Codi. Essa pode ser a única que nós temos de tentar resgatar a Isabela. 

MARINA — (sem acreditar) Você não pode estar falando sério, Nonato. Seja como for e com quem for eu aceito. Se depender de mim a Isabela não vai ficar mais nenhum segundo naquele porão imundo. O que fazemos agora?

NONATO — Você precisa entender os riscos dessa operação, Marina. Vai ser quase impossível invadir a sede do Doi-Codi. E a gente pode não sair vivo dessa missão.


MARINA NÃO SE IMPORTA COM AS PALAVRAS DE NONATO. ELA DEMONSTRA ESTAR CERTA DO QUE ELA QUER.


MARINA — Eu não me importo com isso, Nonato. Já fazem meses que esse governo fascista vem tomando conta do nosso Brasil. Você perdeu um sobrinho para essa maldita ditadura, Nonato. Até quando isso vai continuar acontecendo?

NONATO — Eu só quero que você saiba as consequências do que estamos fazendo. O Delegado Flores é muito perigoso, Marina. 

MARINA  — Eu não tenho medo, Nonato. Eu me sinto responsável por tudo isso estar acontecendo com a Isabela. PFui eu que trouxe ela até o nosso movimento. 

NONATO — Você não teve culpa, Marina. Se tem algum culpado por ssa história é o Delegado Flores. É por isso que a missão que vamos fazer é perigosa. 


MARINA CONCORDA COM NONATO. LOGO DEPOIS PACO TAMBÉM APARECE NO CORREDOR DA PENSÃO E PEGA ALGO DIFERENTE NO AR. MARINA E NONATO TENTAM DISFARÇAR. 


PACO — (enfático)  Não adiantam focar disfarçando, eu sei muito bem que vocês estão planejando alguma coisa. Eu vou junto mesmo que vocês não queiram. 

NONATO — Eu não posso permitir que você vá conosco, Paco. Eu já perdi um sobrinho por causa dessa ditadura militar e eu não vou perder você também. A sua mãe jamais iria me perdoar. 

PACO — Eu já sou homem o suficiente para tomar as minhas decisões, tio. A Isabela também é minha amiga. Se vocês vão em uma missão para salvar ela  então eu também irei. 

MARINA — Está tudo bem, Paco. Você pode vir conosco. Eu sei que eu não vou conseguir fazer você mudar de opinião mesmo. Mas nós precisamos fazer tudo de uma forma que a Cleonice não possa desconfiar. 


TODOS CONCORDAM. MARINA, NONATO E PACO VÃO SAINDO DO CORREDOR DA PENSÃO. ELES NÃO PERCEBEM QUE ELES FORAM OBSERVADOS POR JANAÍNA QIE FICA AFLITA.

CORTA PARA/


CENA 15. CASA DE MADALENA E ALFREDO. SALA. INT/ DIA

A PORTA DA SALA SE ABRE E VEMOS MADALENA E PETRÔNIO EBTRAR JUNTOS UM DO LADO DO OUTRO. BEM NA FRENTE DELES ESTÁ ALFREDO QUE OLHA COM MUITO ÓDIO TANTO OARA MADALENA QUANTO PARA PETRÔNIO. LOGO EM SEGUIDA ALFREDO VAI SE LEVANTA E ENCARA NADALENA E PETRÔNIO. 


ALFREDO — Eu já estava me perguntando se vocês teriam coragem de aparecer juntos na minha frente. Que espécie de imoralidade é essa? Vocês dois são dois malditos traidores. 

MADALENA — (indignada) Eu já soube do que você foi capaz de fazer, Alfredo. Se não bastasse renegar a sua própria filha, abusar de mim agora você é o responsável por entregar a Isabela para os oficiais da repressão. O que tem de errado com você? 

ALFREDO — Você ainda tem coragem de perguntar, Madalena? Você nunca foi uma mãe digna para os nossos filhos. Não é a toa que a Marina se tornou essa mulher tão desprezível que não passa de uma comunista imunda. 

PETRÔNIO — Quem você pensa que é para falar assim com a Madalena, Alfredo? Você não tem moral nenhuma para falar essas barbaridades. Por sua culpa a .inja filha pode morrer, e se isso acontecer eu farei de tudo para te colocar atrás das grades.


ALFREDO VAI NA DIREÇÃO DE PETRÔNIO.  ELE DÁ UM SOCO EM SEU RIVAL DEIXANDO MADALENA EM CHOQUE. 


ALFREDO — (nervoso) Isso é o mínimo que você merece, seu desgraçado. Você acha que pode tirar a minha esposa de mim? Você ainda não sabe do que eu sou capaz de fazer, Petrônio.  Você não me conhece. 

PETRÔNIO — Você pode fazer o que quiser comigo, Alfredo. Mas uma coisa eu posso te garantir. Você nunca mais vai encostar essa sua mão imunda na Madalena. Você ouviu?

MADALENA — Você precisa entender que o nosso casamento acabou faz muito tempo, Alfredo. Eu não te amo mais. E o sentimento que eu tenho pelo Petrônio é algo puro e verdadeiro..eu nunca me senti assim antes. 

ALFREDO — (sorrindo) Era exatamente isso que eu queria ouvir de você, Madalena. (P) Gael…. Venha até aqui meu filho. Venha presenciar a falta de decência que a sua mãe está tendo comigo. Eu te avisei que ela era uma traidora. 


GAEL SAI DE TRÁS DA PAREDE E ENTRA NA SALA. O SEU OLHAR DE DECEPÇÃO VAI ATÉ ONDE ESTÁ MADALENA QUE FICA TOTALMENTE ABALADA. 


GAEL — Como você teve coragem de trair o meu dessa forma? Ele é um bom homem e não merece passar por essa situação. Eu tenho vergonha de ser seu filho.

MADALENA — (abalada) Meu filho…. Por favor não fale isso. Você não sabe da metade das coisas que o seu pai me fez passar. Ele não é esse santo que você pensa. 

PETRÔNIO — Você precisa acreditar na sua mãe, Gael. Eu e ele a gente se ama de verdade. Tudo o que o seu pai fez foi humilhar e ofender ela. Você já é um homem para entender que isso não está correto. 

GAEL — Eu não quero mais ter que ouvir nada que venha de dois traidores como vocês. (P) Eu apenas tenho pena da Isabela em ternin.pai como você, Petrônio. E quando a você Madalena. Nunca mais me chame de filho. Se alguém me perguntar eu irei dizer que você não passa de una mulher qualquer que traiu o meu pai por falta de caráter.


MADALENA DÁ UM TAPA NA CARA DE GAEL SEM PENDAR EM SUA ATITUDE. GAEL LEVA A MÃO AO ROSTO ENQUANTO MADALENA FICA ARREPENDIDA. 


A IMAGEM CONGELA COM A TELA DIVIDIDA ENTRE A TROCA DE OLHARES DE MADALENA E GAEL. AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM TOM EM PRETO E BRANCO.















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