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SEM FRONTEIRAS - CAPÍTULO 03


CAPÍTULO 03 

UMA NOVELA ESCRITA E CRIADA POR: WANDERSON ALBUQUERQUE

LIMA - PERU

CENA 01 - APARTAMENTO DE FRANK - SALA - INT. - MANHÃ

MARISA - Como é? Está achando que isso aqui é o que? Você vai chegar às 14h e vai me ajudar com o jantar.

FRANK - Não vou repetir. Sempre querendo fazer o que quer. Não sei por qual razão quer fazer esse jantar, a Elena sabe muito bem que você não é uma mãe exemplar

MariSa dá um tapa em Frank 

FRANK (LEVA A MÃO AO ROSTO) - Você não tem esse direito! Não permito que você encoste as suas mãos em mim.

MARISA - Eu sou a sua mãe! Enquanto morar na minha casa e estiver sendo sustentado por mim e por seu pai, vai me obedecer!

FRANK - Tenho nojo de você. Nunca fez nada por mim, nem pela Elena e tampouco pelo Gael.

MARISA - Eu dei tudo a vocês. Muito fácil chegar perto dos 18 anos e querer insinuar que não fui uma boa mãe. Vocês sempre estudaram no melhor colégio do país! Moram em uma cobertura no melhor bairro da cidade e acham mesmo que não sou uma boa mãe?

FRANK - E isso serve de quê? Ter dinheiro e ser uma boa mãe são duas coisas completamente diferentes.

MARISA - Não queira bancar o filho ingrato agora. Não combina com você, Frank. Ressentimentos? Pois trate de cuidar disso na terapia.

FRANK - Sabe, se eu sentia algo por você, pode ter certeza que mais do que nunca é o desprezo.

Marisa dá outro tapa em Frank que leva a mão ao rosto novamente.

FRANK - Estou indo embora. 

Frank abre a porta e bate a porta fortemente

CORTA PARA: 


ARACAJU - BRASIL

CENA 02 - COLÉGIO OLIMPO REAL - BIBLIOTECA - INT. - DIA

A Biblioteca está vazia e o silêncio paira no ambiente. Chris senta-se em frente a um computador. Ele olha para os lados e verifica se ninguém está o observando. Ele acessa o msn e não vê Frank online. 

CHRIS - Por favor, Frank. Entra logo.

Karol se aproxima dele e senta-se ao lado.

KAROL - Você está entrando no msn? Ficou louco, Chris? Se algum dos inspetores te verem, te levam para diretoria.

CHRIS - É por isso que você ficará olhando para que dê tudo certo. O Frank mandou mensagem pra mim, mas estava no meio da aula e o Aerton acabou pegando meu telefone. 

KAROL - Eu não acredito. 

FRANK ENTROU

Chris liga a webcam e tenta a chamada com Frank que imediatamente aceita.

CHRIS (ESTRANHA) - Não está em casa?

FRANK - Não, estou na casa do meu amigo, Carlos. 

CARLOS (APARECE) - Hola, Chris!

CHRIS (RADIANTE) - Olá! Essa é a minha melhor amiga, a Karol

KAROL - Hola!

CHRIS - Frank, eu não tenho muito tempo, estou no colégio e posso ser pego pelos inspetores a qualquer momento.

FRANK - Sem problemas. Eu também irei sair já já com o Carlos. Agora que eu estou desabrigado, preciso encontrar um novo lugar.

CHRIS - Desabrigado? 

FRANK - Longa história. Briguei com minha mãe, mas está tudo bem. Tenho a minha irmã, ela vai me ajudar.

CHRIS - Sinto muito... 

FRANK - Está tudo bem, prometo. Minha mãe sempre foi difícil de lidar, não é a primeira vez que ela faz algo assim.

CHRIS - Toma cuidado, por favor.

Frank assente

CORTA PARA: 

CENA 03 - COLÉGIO OLIMPO REAL - QUADRA DE VÔLEI - INT.

Nayane está amarrando seu cabelo. A bola bate em seu ombro. Victor vai até ela.

VICTOR - Desculpas, Naya. Eu realmente não vi.

NAYANE - Você está me pedindo desculpas por um lance normal? Fica tranquilo.

VICTOR - Naya... Preciso conversar com você.

Nayane estranha e Victor a puxa para a arquibancada.

NAYANE - Estou começando a ficar um pouco preocupada. Aconteceu alguma coisa com a Karol?

VICTOR - Não, está tudo bem. Acho que ela está por aí com o Chris.

NAYANE - E então?

VICTOR - Nayane, está todo mundo comentando por aí e acho que você deveria saber por mim. O Gogó... Teve uma festa há dois dias e acabou que ele ficou com a Nathane.

NAYANE (SUSPIRA) - Eu já esperava... Mas não é como se eu e ele estivéssemos namorando, estávamos ficando apenas.

VICTOR - Achei que sua reação fosse outra.

NAYANE - Pensou que eu fosse surtar de alguma forma? Jamais faria isso. Se ele quer ficar com outra menina, tem todo o direito. Da mesma forma que também posso ficar com outras pessoas.

VICTOR - Não, mas você precisava saber disso. Estou falando como seu amigo.

NAYANE - Eu fico grata por ter pensado em mim, Victor. Mas tenho mais com o que me preocupar, preciso passar em uma prova que vai exigir tudo de mim no final do ano.

VICTOR - Fica tranquila, Naya. Eu tenho certeza que vai conseguir. 

Nayane assente. 

CORTA PARA: 

LIMA - PERU

CENA 04 - APARTAMENTO DE ELENA - INT. - DIA.

Elena (30) está lendo um livro. A Campainha toca. Ela vai até a porta e abre e se depara com seu irmão, Frank.

ELENA - Frank? O que está fazendo aqui?

Frank adentra o ambiente sem permissão e Elena fecha a porta. Os dois sentam-se no sofá.

ELENA - Aconteceu alguma coisa com o Gael?

FRANK - Não. Acabei tendo uma discussão com a Mariza. 

ELENA - Mais uma vez?

FRANK - Elena, ela não dá espaço. Ela sempre está pronta para brigar e estou farto disso. Quero sair imediatamente daquela casa, mas sem trabalho, não posso. 

ELENA - Acho que você precisa urgente encontrar um emprego. Não pode ficar dependente dos nossos pais a vida inteira. 

FRANK - Eu sei disso, mas não sei o que fazer e nem sei por onde começar.

ELENA - Vem morar comigo! É melhor do que você ficar naquela casa com a mamãe surtando o tempo todo por qualquer motivo.

FRANK - Está falando sério?

ELENA - Claro que sim. O que acha?

FRANK - Mas o Pedro vai permitir isso?

ELENA - Por que não? O Pedro te adora, Frank. Seus 18 anos está próximo e vamos te dar uma força. O papai vai ficar furioso por você não querer algum cargo na empresa.

FRANK - Eu jamais aceitaria. Não quero um centavo se quer deles.

ELENA - Então seja muito bem-vindo, meu irmão.

Frank sorri e abraça Elena.

CORTA PARA: 

ARACAJU - BRASIL

CENA 05 - MACEDO MÁRMORES - ESCRITÓRIO - INT.

Fernando está assinando uns papéis em sua mesa. Ele está concentrando, quando a porta abre-se e Cícero aparece.

CÍCERO - Veja só! O rei dos mármores!

FERNADO (ALEGRE) - Cícero! Há quanto tempo, rapaz.

Eles se abraçam e Fernando faz o gesto para Cícero sentar.

CÍCERO - Como é difícil de te encontrar. Acredita que já é a minha terceira tentativa de conversar com você?

FERNANDO - Estou trabalhando mais que o normal, fazendo com que a empresa prospere mais. 

CÍCERO - E faz mais do bem, Fernando. Vi outro dia o comercial da Macedo Mármores na TV e posso dizer que estou orgulhoso.

FERNANDO - Aposto que tanta babação de ovo tem alguma coisa por detrás. 

CÍCERO - Você está certo, mas não vim te pedir nada, pelo contrário. Queria saber se você não conseguiria vender a minha casa na praia, depois dos últimos acontecimentos envolvendo minha família, a situação não está nada boa.

FERNANDO - Cícero, posso tentar vender. Como está a sua família?

CÍCERO - Com vergonha, claro. Consegui salvar meu casamento, mas ainda não sei se vai durar, a Nice ainda desconfia de mim para todos os lugares que eu vou.

FERNANDO - Você deu muito azar, meu amigo. 

CÍCERO - Não acho que azar seria a palavra correta, mas eu tenho certeza que destruí meu casamento por um mero capricho momentâneo. 

FERNANDO - Não se preocupe, Cícero. Tentarei vender a casa o quanto antes e entro em contato contigo.

CÍCERO - Muito obrigado, meu amigo.

CORTA PARA: 

CENA 06 - AVENIDA BEIRA MAR 

Os carros criam um contraste entre as pessoas que estão na calçada fazendo exercício e pessoas de bike. O sol vai deixando todo o céu da Grande Aracaju alaranjado, no qual os prédios se fundem com a imensidão do céu.

CORTA PARA: 

CENA 07 - APARTAMENTO - SALA - INT. - TARDE

Elisa observa o sol se pôr da sacada. A luz do sol bate em sua pele e cria uma atmosfera calma.

ELISA - Vânia, vem ver esse pôr-do-sol. Está simplesmente divino!

Vânia se aproxima e fica ao lado de Elisa e juntas observam a paisagem.

VÂNIA - Sabe, patroa, tenho muito orgulho de dizer que trabalho aqui. Não sei o que seria de mim e dos meus meninos sem a senhora.

ELISA - O que é isso, Vânia? Sentimentalismo a essa hora? Saiba que eu te considero muito e não meço esforços para ver os seus filhos bem. 

VÂNIA - Muito obrigada... Ah, eu já deixei o jantar pronto, só o frango que a senhora vai precisar colocar no forno para assar, mas ele já está temperado e recheado. 

ELISA - Ótimo, Vânia. Você pode ir, não se preocupe com a gente.

VÂNIA - Sim, senhora.

Vânia assente e sai de cena. A porta abre e Chris adentra o ambiente. Ele joga a mochila no sofá. Elisa percebe sua chegada.

ELISA - Ei! A mochila leve para o seu quarto, aqui não é lugar. 

CHRIS - Eu vou colocar, mãe. Posso beber água antes?

ELISA - Pode sim. 

Chris vai até a copa e abre a geladeira, ele volta com um copo d'água e senta-se no sofá.

CHRIS - Nossa, mas o dia hoje foi péssimo. 

ELISA - Aconteceu alguma coisa? 

CHRIS - Simplesmente tenho uma prova na semana que vem e o professor ainda nem terminou de explicar o assunto. Estou um pouco preocupado, mas acredito que vou me sair bem.

ELISA - Vai sim, não se preocupe. Você é capaz e vai arrasar na prova.

CHRIS - Cadê a Vânia?

ELISA - Deve estar no quarto dela se arrumando. Ela vai sair mais cedo hoje.

CHRIS - Será se ela está com algum cara? Não é por nada, mas a Vânia precisa sair um pouco mais, ela só faz trabalhar e ir pra casa dela.

ELISA - Dê um desconto, Chris. Vai tomar um banho, porque você está fedendo! 

CHRIS - Não estou nada! Esse colégio deveria ser modelo internato, só assim eu não precisaria ouvir um absurdo desses.

ELISA - Dramático como sempre.

Chris sorri e levanta-se do sofá com a sua mochila.

CORTA PARA: 

LIMA - PERU 

CENA 08 - APARTAMENTO DE ELENA - SALA - INT. - NOITE. 

Elena mexe em sua bolsa, enquanto Pedro a abraça.

PEDRO - Não sei se é uma boa ideia irmos até a casa da sua mãe. Ela vai surtar quando souber que você chamou seu irmão para morar conosco.

ELENA - Pedro, eu sei que é uma situação díficil, mas eu não podia deixar meu irmão ficar mais naquele apartamento. Você conhece bem a peça, ela faz a vida de todo mundo um inferno.

PEDRO - Eu sei e entendo. Bom... Eu já estou pronto.

ELENA - Só estou procurando minhas chaves, a o outra esqueci na academia e o Frank precisa ficar com uma.

PEDRO - Ele não vem com a gente?

ELENA - Melhor não, Pedro. Eu sou a única que pode enfrentar a dona Mariza Santos Delavega. (ENCONTRA A CHAVE) ACHEI!

Frank surge na sala.

FRANK - Tem certeza que não quer que eu vá? 

ELENA - Absoluta, Frank. O melhor no momento é você ficar aqui. Pode deixar que eu cuido disso.

FRANK - O papai vai surtar.

ELENA - Ele não está nem aí, Frank. A mamãe manda e desmanda nele. Olah, nós vamos indo, qualquer coisa, me liga, tá?

Frank assente e eles saem.

CORTA PARA: 

CENA 09 - AVENIDAS DE LIMA 

O trânsito está calmo. Há pouco movimento e não há engarrafamento. De dentro do carro, Pedro dirige e segura a mão de Elena.

PEDRO - Lembra do dia que a gente foi até o shopping lacormar e compramos um sushi? Aquele dia foi péssimo.

ELENA - Claro, você nunca nem tinha experimentado sushi em sua vida, Pedro. Mas admito que foi hilário ver a sua reação e como cuspiu todo o chão.

PEDRO - Fiz aquilo para te impressionar, sabia?

ELENA - É, por quê?

PEDRO - Porque naquele dia, eu tive a certeza que faria tudo por você, porque eu percebi o quanto eu já estava apaixonado por você.

ELENA - Eu te amo, seu bobo. 

Pedro beija Elena rapidamente e não vê um carro vindo em sua direção.

ELENA (GRITA) - O CARRO, PEDRO!

Pedro se assusta e tenta frear. Ele desvia o carro que sobe em uma rampa ao lado do acostamento e acaba capotando o carro inúmeras vezes. O Barulho do carro sendo destruído cada vez mais é ensurdecedor. O carro para. 

A IMAGEM CONGELA EM ELENA COM O ROSTO MACHUCADO E O BRAÇO PRA FORA DO CARRO.

FIM DO CAPÍTULO 3








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