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Maré Alta - Capítulo 04



MARÉ ALTA 

CAPÍTULO 4


Criada e escrita por: Luan Maciel 

Produção Executiva: Ranable Webs



CENA 01. HOSPITAL. CORREDOR. INTERIOR. DIA

Continuação imediata do capítulo anterior. CASSIANO e LÍVIA continuam se beijando apaixonadamente. O corredor do hospital começa a encher de funcionários e pacientes que vão aplaudindo o ato de amor de nossos protagonistas. Tempo. Logo depois CASSIANO e LÍVIA param de se beijar e eles ficam se olhando em misto de vergonha e felicidade. 


Lívia — (com muita vergonha) Eu não sei onde enfiar a minha cara. Eu estou com tanta vergonha. Mas eu não me arrependo. 

Cassiano — Eu também não me arrependo, Lívia. Você apareceu na minha vida elno momento que eu mais precisava. Isso me deixa feliz.

Lívia — Eu só vou precisar enfrentar o Tom. Eu já deveria ter acabado com esse noivado há muito tempo. Ele não vai aceitar nada bem.

Cassiano — Eu vou com você, Lívia. Eu vou te ajudar a enfrentar essa fera que deve ser ele. 


LÍVIA tem um breve momento de lucidez. Ela está decidida.

Lívia — Eu acho melhor não, Cassiano. Eu conheço o Tom. Ele é totalmente imprevisível. É melhor eu ir sozinha. 

Cassiano — (preocupado) Você tem certeza disso, Lívia? Eu estou com um mal pressentimento. 

Lívia — Não precisa se preocupar, Cassiano. O Tom não vai fazer nada comigo. Eu tenho certeza. Ele não é uma má pessoa. 


CASSIANO continua preocupado. LÍVIA dá mais um beijo em nosso protagonista. O semblante de CASSIANO não muda. 

INSTRUMENTAL: Tensão 


Cassiano — Promete que você toma cuidado, Lívia. Tem algo que não está me cheirando bem nessa história. Eu não confio nesse Tom. 

Lívia — Eu entendo a sua preocupação, Cassiano. Mas não vai acontecer nada.


LÍVIA dá um outro beijo em CASSIANO. Logo depois sai do hospital. A câmera fica no semblante sério de CASSIANO. 

CORTA PARA/


CENA 02. GRUPO “PESCADOS MARÍTIMOS”. SALA DE GREGÓRIO. INTERIOR. DIA

GREGÓRIO está em reunião com um INVESTIDOR muito bem elegante. A porta da sala vai se abrindo e TOM entra na sala. O clima vai ficando cada vez mais imponente. TOM se senta ao lado do INVESTIDOR e ele percebe que tem uma mala cheia de dólares em cima da mesa de GREGÓRIO. 


Tom — (sem entender) Porque foi que você me chamou até a sua sala, Gregório? Quem é esse home? E o que é essa mala? 

Gregório — Você é mais inteligente do que isso, Tom. Você sabe muito bem o que está acontecendo aqui. Esse senhor é um investidor que quer construir uma hidroelétrica em nossa cidade. Mas para isso a vila dos pescadores tem que sumir.

Investidor — (figurante) É isso mesmo, Tom. Com a construção dessa hidroelétrica em Porto da Areia todos saem ganhando. Inclusive você.

Tom — Isso muito me interessa. Me conte mais.


TOM esboça um sorriso. GREGÓRIO abre a mala. 


Gregório — É de muito dinheiro que nós estamos falando, Tom. 50 milhões de dólares. O grupo de investimentos fica com 40%. Eu com 45% e você com 15%. O que me diz?

Tom — 15%? Isso daria por volta 7 milhões e meio de dólares. Isso é muito dinheiro. 

Investidor — (figurante) É uma pequena fortuna, Tom. Mas para isso acontecer nós temos que acabar com a influência dos pescadores da região. Isso pode empacar com o projeto.


GREGÓRIO e TOM ficam em total silêncio.


Gregório — Com isso você não precisa se preocupar, Investidor. Pode considerar esse problema resolvido. Não vai ser isso que vai atrapalhar esse projeto tão importante. 

Investidor — Eu acho bom mesmo. Agora eu preciso ir. 


O INVESTIDOR sai da sala. GREGÓRIO encara TOM. 


Gregório — (alterando o tom de voz) Você ouviu muito bem, Tom. Dê um jeito de acabar com essa baderna do Sandoval e dos outros pescadores. Eu não vou perder milhões de dólares por causa desse tipo de gente. 


TOM sai da sala de GREGÓRIO fervendo de ódio. A câmera fica em GREGÓRIO que fica contando os dólares da mala. 

CORTA PARA/


CENA 03. VILA DE PESCADORES. CAIS. EXTERIOR. DIA

Ao fundo da cena podemos ver que muitos barcos estão ancorados no cais da cidade. E em frente ao cais está formado uma roda de pescadores que estão discutindo de forma acalorada. O homem mais enérgico é ENRICO (Pedro Neschling) que está incitando uma revolta. Quem observa tudo é FRANCHICO que olha bem sério para ENRICO. 


Enrico — (discursando) É isso aí mesmo, minha gente. O Sandoval prometeu que ia nos ajudar, mas até agora nada. Ele não é o nosso líder? Onde está ele agora? 


Os pescadores começam a gritar. FRANCHICO fica no meio de todos os pescadores. Ele enfrente ENRICO. 


Franchico — Me respondam uma coisa, meus amigos. Quantos de vocês já não foram ajudados pelo Sandoval? É assim que vocês agradecem? Virando as costas para ele. 

Enrico — Você não entende mesmo, Franchico. Todos nós temos família. Até quando vamos ter que viver a base das promessas vazias do Sandoval. Nós estamos cansados. 

Franchico — Você acha que eu não sei disso, Enrico? Mas isso é graças a pessoas muito poderosas. O Sandoval não tem culpa. 


ENRICO fica cara a cara com FRANCHICO. 

Enrico — (venenoso) Você acha que eu não sei porque você está defendendo o Sandoval? Você é igual ele, Franchico. É um vendido. 

Franchico — Cala a sua boca, Enrico. Você sempre quis ser o líder da vila de pescadores. Mas você nunca enganou o Sandoval. E a mim também não. Eu sei o que você fez. 

Enrico — É isso mesmo que você e o Sandoval são, Franchico. Dois vendidos. Vocês deveriam ter vergonha de ser assim. 


FRANCHICO perder a cabeça e dá um murro em ENRICO.


Franchico — Nunca mais fale assim, Enrico. Você deveria ter provas para acusar alguém. Mas isso com certeza você não tem..Eu sei disso. 

Enrico — Você vai se arrepender de fazer isso, Franchico. Disso eu posso te dar certeza. 


ENRICO vai saindo do cais se sentindo muito humilhado. Ele olha agora trás com muito para FRANCHICO e vai embora.

CORTA PARA/


CENA 04. CASA DE ZÉ BATALHA E ONDINA. QUARTO DO CASAL. INTERIOR. DIA 

ONDINA está sentada na cama vendo alguma fotos de quando ANA ROSA e FRANCHICO eram crianças. Ela não percebe, mas ZÉ BATALHA está parado na porta do quarto. Ele vem de aproximando e se senta ao seu lado da cama. ONDINA se assusta e eles olham para as fotos. 


Zé Batalha — O que você está fazendo aqui sozinha, minha velha? Eu não acredito quem e você ainda está pensando nas bobagens que a Ana Rosa disse. A nossa filha não vai mudar. Ela infelizmente é irrecuperável. 

Ondina — (chorando) Eu me recuso a acreditar nisso, Zé. Mesmo com todos os defeitos ela ainda é nossa filha. Nada vai mudar isso. 

Zé Batalha — Parece que você não aprende, Ondina. A Ana Rosa sempre faz de tudo para humilhar a nós e ao Franchico. Mas você a defende. 

Ondina — O que eu posso fazer, meu velho? A Ana Rosa parece não querer se ajudar. (P) Ela despreza essa vida que a gente leva, Zé. 


ZÉ BATALHA se levanta da cama. Ele e ONDINA se olham. 


Zé Batalha — (sério) Eu não consigo te entender, Ondina. A nossa filha jamais vai mudar. 

Obdina — Eu não quero mais discutir com você, Zé. Você pode até não entender, mas o meu amor por nossos filhos é maior que tudo. 

Zé Batalha — Faça como você quiser, mulher. Mas eu não gosto de te ver chorando prlos cantos. Se a Ana Rosa continuar fazendo isso ela vai embora da nossa casa o quanto antes. 


ONDINA fica sem palavras. ZÉ BATALHA está muito sério. 


Ondina — Você não pode estar falando sério, Zé. A Ana Rosa é nossa filha. Por pior que ela seja nós não podemos virar as costas para ela.

Enrico — (decidido) Eu já tomei a minha decisão Ondina. Ou as coisas mudam por aqui ou a Ana Rosa vai para o olho da rua. 

Ondina — Eu não vou abandonar a minha filha, Zé. Eu sinto muito, mas eu não vou abandonar a a minha filha. Eu não vou mesmo.


ONDINA fica em silêncio. ZÉ BATALHA saindo quarto deixando O DINA sozinha. Ela fica bastante emotiva.

CORTA PARA/


FORTALEZA, CEARÁ.


CENA 05. FORTALEZA . CLIPE. EXTERIOR. DIA

Em forma de CLIPE a câmera vai mostrando várias imagens da cidade de FORTALEZA. O sol está brilhando no céu e está muito vibrante. A câmera vai mostrando vários pontos turísticos da cidade de FORTALEZA como: MERCADÃO CENTRAL, a IGREJA METROPOLITANA, a ARENA CASTELÃO, A PRAIA DO FUTURO e também uma zona muito rica com diversos edifícios. A última imagem é na fachada de um hotel de luxo e muito requinte.

FUNDE PARA/


CENA 06. HOTEL DE LUXO. PISCINA. EXTERIOR. DIA

Em plano aberto a câmera mostra a enorme piscina do hotel de luxo. A câmera vai se aproximando de uma jovem que está deitada em uma cadeira de praia tomando banho de sol. Ela é BABY (Valentina Herszage) que é nitidamente uma patricinha mimada e fútil. Um funcionário do hotel se aproxima de BABY deixando ela muito incomodada. 


Baby — O que você acha que está fazendo? Está atrapalhando o meu ganho de sol. (P) Aproveite e me traga um champanhe. 

Funcionário — Isso não será possível, senhorita. Eu vim aqui apenas para te dar uma notificação. A sua reserva no hotel foi cancelada. Eu quero pedir que você pegue as suas coisas e vá embora do nosso hotel agora mesmo.

Baby — (irritada) Que brincadeira é essa? Você sabe quem eu sou? Isso não está certo. 

Funcionário — Eu não quero discutir com a senhorita. Eu apenas vim te trazer essa notificação. 


O FUNCIONÁRIO do hotel dá as costas e vai indo embora da área da piscina. Sem pensar duas vezes BABY se levanta e empurra o funcionário do hotel que olha sério para ela.


Baby — (escandalosa) Olha para mim. Eu sou linda, elegante e muito rica. Vocês não podem fazer isso com alguém como eu. 

Funcionário — Não interessa quem a senhorita é. A gerência do hotel quer que você vá embora antes que a situação fique ainda pior.

Baby — Isso só pode ser um engano. Eu sei que deve estar acontecendo algo de errado. 


O FUNCIONÁRIO do hotel não se importa e dá as costas para BABY. Ela fica nervosa e o empurra na piscina. O funcionário do hotel fica nervosa e BABY sorri. 


Funcionário — Sua louca!!! Olha só o que você fez. 

Baby — (sorrindo) Isso é o que um abusado igual você merece. Agora fique aí dentro da piscina que eu vou para o meu quarto.


BABY vai indo embora da área da piscina se sentindo bem leve. O FUNCIONÁRIO do hotel fica muito possesso.

CORTA PARA/


PORTO DA AREIA, CEARÁ.


CENA 07. GRUPO “PESCADOS MARÍTIMOS”. SALA DE TOM. INTERIOR. DIA

A porta da sala de TOM se abre e o vilão entra entra. Ele fica extremamente surpreso ao ver LÍVIA ali sentada à sua espera. Ela se levanta e olha na direção de TOM. Ele tenta dar um beijo em nossa protagonista, mas ela se recusa. TOM vai ficando bastante nervoso. LÍVIA se aproxima dele.


Tom — (nervoso) O que é que está acontecendo aqui, Lívia? Você nunca vem até a empresa. E agora está recusando o meu beijo. Eu não estou gostando nada dessa história. 

Lívia — Você tem razão, Tom. Eu preciso falar algo sério com você. Espero que entenda.

Tom — Do que você está falando, Lívia? Seja o que for diga logo de uma vez. Estou ficando angustiado com todo esse mistério.

Lívia — Tudo bem, Tom. A verdade é que eu quero acabar com o nosso noivado. Eu pensei muito antes de vir aqui. Eu não te amo mais. Devemos seguir nossos caminhos. Você precisa me entender. 


LÍVIA coloca a aliança de noivado em cima da mesa. A câmera mostra o olhar de ódio de TOM. Ele está furioso.


Tom — Eu preciso entender? Você acha que eu não sei porque você está fazendo isso? O seu avô já me contou toda a verdade. Você está jogando fora tudo por causa de um vagabundo que você mal conhece. 

Lívia — (séria) Eu não vou admitir que você fale assim do Cassiano. Você é igual ao meu avô. Agora eu vejo que eu fiz a coisa certa. 

Tom — Você não sabe o que está fazendo, Lívia. Está cometendo o maior erro da sua vida.


LÍVIA encara TOM sem medo. Ela está decidida.


Lívia — Quem você pensa que é para falar assim comigo, Tom? Eu nunca abaixei a minha cabeça para homem nenhum. E não vai ser você que vai conseguir fazer isso. 

Tom — Eu espero que você tenha alguma lucidez, Lívia. Esse tipo de gente não é confiável. É igual aquele povo da vila. 

Lívia — Já chega, Tom. Você está passando de todos os limites. Eu não sabia que você era tão preconceituoso assim. Estou decepcionada com você. Adeus!!!


LÍVIA sai da sala de TOM. O vilão fica totalmente descontrolado. Ela destrói tudo que encontra pela frente.

CORTA PARA/


CENA 08. HOSPITAL. ENTRADA. EXTERIOR. DIA

A câmera mostra através de um plano aberto que CASSIANO está saindo do hospital e ele finalmente respira o ar puro da cidade. Nesse momento um carro de luxo para bem em frente de CASSIANO deixando ele atônito. Em questão de segundos GREGÓRIO sai do carro e o confronta.


Gregório — (autoritário) Está lembrado de mim? Eu sou o homem que você enfrentou para proteger a minha neta. (P) Quem é você? E o você está querendo com a Lívia? 

Cassiano — Eu só tenho ótimos sentimentos pela sua neta. Eu não consigo entender como um anjo que nem a Lívia pode ser sua neta.

Gregório — Eu vou te dizer apenas uma vez. Você tem até o final da noite para sair da minha cidade. Ou então eu farei da sua vida um verdadeiro inferno. É isso que você quer? 

Cassiano — Ao contrário de todos nessa cidade eu não tenho medo de você. Eu não vou embora. Tem algo que eu preciso fazer. 


GREGÓRIO fica fora de si. Ele fica bastante ameaçador. 


Gregório — (sussurrando) Entre no carro. Nós vamos ter uma conversa bastante séria. E eu acredito que você não vai se arrepender.

Cassiano — Eu não vou a lugar nenhum com você. Pessoas do seu tipo eu quero distância. 

Gregório — Eu não perguntei se você quer ir. Eu estou dizendo que você vai. Ou então quer que a Lívia fique sabendo que você foi o responsável pela morte do piloto do helicóptero. Agora entre nesse carro. 


CASSIANO fica totalmente sem escolha. 


Cassiano — (sério) Você não seria fosse de fazer isso. Eu sou inocente. Eu não tenho culpa . 

Gregório — Você não me conhece, garoto. Aqui em Porto da Areia quem faz a lei sou eu. Agora entre nesse carro. Vai ser melhor assim.


Mesmo contra sua vontade CASSIANO entra no carro de GREGÓRIO. O vilão também entra no carro que depois parte em alta velocidade. 

CORTA PARA/


CENA 09. VILA DOS PESCADORES. CASA DE ENRICO E AÇUCENA. INTERIOR. DIA

ENRICO entra em sua casa e podemos ver que ele ainda está com o nariz sangrando. Uma mulher vem ao seu encontro com o semblante preocupado. Ela é AÇUCENA (Débora Nascimento) que tenta ajudar ENRICO, mas ele ajude com estupidez deixando AÇUCENA sem reação.


Açucena — O que foi que aconteceu com você, meu marido? Olhe só isso. Você está sangrando. 

Enrico — (nervoso) Você acha que eu não sei disso, Açucena? Você não consegue falar nada que preste mesmo. Sai da minha frente que agora eu tenho mais o que fazer. 

Açucena — Mas, Enrico…. Deixa eu te ajudar.

Enrico — Você só poderia me ajudar se tivesse muito dinheiro. (P) Aquele infeliz do Sandoval está prejudicando toda a vila. E mesmo todos preferem defender ele.


AÇUCENA fica de cabeça baixa. ENRICO está mais nervoso. 


Açucena — O Sandoval deve saber o que está fazendo, meu marido. Ele é o líder da vila. 

Enrico — Você vai ficar defendendo aquele maldito do Sandoval na minha frente? Está vendo porque eu perco a paciência com você? Nunca fala nada e quando resolve falar é para defender aquele infeliz. 

Açucena — Mas amor…. Eu só queria….

ENRICO interrompe a fala de AÇUCENA com um tapa na cara que faz ela cair no chão. AÇUCENA fica com medo.


Enrico — Eu não quero mais saber de você ficar defendendo o infeliz do Sandoval. Ele é nosso inimigo. Você entendeu, Açucena? 

Açucena — (apavorada) Eu entendi amor. Eu vou seguir o que está falando. Eu prometo.

Enrico — Eu acho bom mesmo. Para o seu bem. 


ENRICO sai de casa. AÇUCENA chora se sentindo totalmente humilhada. O seu olhar demostra muito medo.

CORTA PARA/


CENA 10. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. COZINHA. INTERIOR. DIA

Sentado à mesa está DIRCEU que está com os seus pensamentos bem longe. Uma das empregadas da mansão se aproxima dele. Ela é sia esposa EULÁLIA (Ana Lúcia Torre) que entrega uma xícara de chá para seu marido. Ela percebe a preocupação de DIRCEU. 


Eulália — Posso saber o que está perturbando os pensamentos desse meu marido? Deixa eu adivinhar. Você está preocupado com a Lívia? Ela não é mais uma criança, Dirceu. 

Dirceu — (aflito) Não tem como eu não me preocupar, Eulália. Nós vimos a Lívia crescer. E o patrão não dará sossego a ela. 

Eulália — Eu sei que você ama a Lívia como se fosse a nossa filha, Dirceu. Eu só lamento nunca ter sido capaz de ter te dado uma filha. As vezes perturba meus pensamentos. 

Enrico — Eu nunca te cobrei isso, Eulália. Mas eu sei que isso ainda te machuca muito. Mas eu sinto que precisamos proteger a Lívia. Eu conheço o senhor Gregório. Ele vai fazer a vida dela um inferno. 


EULÁLIA concorda. Nesse instante ELEANOR entra na cozinha deixando DIRCEU e EULÁLIA sem jeito.


Dirceu — Eu sinto muito, patroa. Não queríamos falar falar do seu marido. Estávamos apenas dizendo que queremos proteger a Lívia. 

Eleanor — Vocês não me devem desculpas, Dirceu. Eu apenas estou apavorada depois da visita que o Sandoval acabou de fazer. Sinceramente eu estou com medo da Lívia descobrir toda a verdade. 

Eulália — O que a senhora pretende fazer, dona Eleanor? Essa visita do Sandoval não pode ter sido coincidência. Ele quer alguma coisa. 

Eleanor — Você tem razão, Eulália. Mas eu não sei o que eu vou fazer..o Sandoval está disposto a falar toda a verdade para a Lívia. Mas o Gregório não vai deixar isso acontecer. 


ELEANOR fica muito nervosa. EULÁLIA lhe traz um copo de água. DIRCEU ajuda ela a se acalmar mas sem sucesso. 


Eleanor — Eu estou com medo do que o meu marido possa fazer. Essa guerra entre o Gregório e o Sandoval vai trazer muitos problemas para a minha neta. E isso me aflige. 

Eulália — Eu concordo com a senhora, patroa. Quando temos segredos eles não perseguem. A senhora sabe do que eu estou falando, dona Eleanor. 

Dirceu — Infelizmente eu deixei escapar algo que aconteceu há 25 anos atrás. Eu sinto muito. 

Eleanor — (sem acreditar) Isso não puder a acontecer, Dirceu. Esse segredo precisa ser esquecido. Ninguém pode saber mais sobre essa história. A Lívia nunca entenderia.


ELEANOR fica muito abalada. Ela sai da cozinha bem perturbada. DIRCEU fica se sentindo culpado enquanto EULÁLIA tenta confortar o seu marido.

CORTA PARA/

CENA 11. VILA DOS PESCADORES. BARCO DE SANDOVAL. EXTERIOR. DIA 

SANDOVAL vem adentrando na proa de seu barco quando ele fica surpreso com a presença de FRANCHICO ali. O semblante de SANDOVAL é de muita aflição. Ele tenta ficar sozinho, mas FRANCHICO está bem sério. SANDOVAL percebe que tem alguma coisa errada acontecendo. 


Sandoval — O que foi que aconteceu com você, Franchico? Eu nunca te vi desse jeito.

Franchico — (sério) Eu sei que você deve ter mais com o que se preocupar, Sandoval. Mas nós temos um problema para resolver. O Enrico está querendo jogar todos os pescadores contra você. Eu não confio nele.

Sandoval — Isso não pode ser , Franchico. O Enrico é um dos nossos. Ele jamais faria isso.

Franchico — Eu também me recusei a acreditar, Sandoval. Mas eu vi isso com os meus próprios olhos. O Enrico sempre foi um invejoso. Ele sempre quis ser o líder dos pescadores da vila. Ele é sujo demais.


SANDOVAL fica em estado de negação. 


Franchico — E isso ainda não é o pior, Sandoval. Eu desconfio que o Enrico é o informante do Gregório e do Tom aqui na vila. Eu estou com um pressentimento que estou certo. 

Sandoval — Isso é muito sério, Franchico. Se isso for verdade nós temos que fazer algo a respeito. O Enrico não pode continuar fazendo esse jogo sujo que está fazendo. 

Franchico — Pode contar comigo, Sandoval. Eu vou te ajudar no que for preciso, meu amigo. 


SANDOVAL está bem sério. FRANCHICO o observa.


Sandoval — Eu já sei o que nós vamos fazer, Franchico. Reúna todos os pescadores na vila ao anoitecer. Nós vamos tirar essa história a limpo. Eu não vou deixar que ninguém destrua essa vila. 

Franchico — Pode deixar comigo, Sandoval. Eu vou reunir todos. Vamos revelar a verdade.


SANDOVAL e FRANCHICO acertam as mãos bem firme.

CORTA PARA/


CENA 12. PENSÃO DE JOSEFA. QUARTO DE FÁTIMA. INTERIOR. DIA

Uma batida na porta pode ser ouvido. FÁTIMA se levanta da cama e abre a porta. JOSEFA entra no quarto e ela fica na frente de FÁTIMA que está confusa com a visita da dona da pensão. JOSEFA conta algo nos ouvidos de FÁTIMA que fica muito surpresa. Ela não acredita no que acaba de ouvir. 


Fátima — (confusa) Você tem certeza disso, Josefa? O Prefeito está querendo me ver? Mas isso é impossível. Eu nem o conheço. 

Josefa — Mas parece que ele quer falar com você, Fátima. Será que ele descobriu quem você é? Eu achei que ninguém se lembrava de você. Mas parece que estava errada. 

Fátima — Isso não pode estar acontecendo, Josefa. Eu jamais deveria ter voltado para essa cidade. Isso foi um total erro.

Josefa — O que você vai fazer, Fátima? Você vai ver o Prefeito? Ele está te esperando.


FÁTIMA fica indecisa. Ela respira fundo. 


Fátima — Tudo bem, Josefa. Pode dizer para o Prefeito que eu vou ir ver ele. Não tem como eu ficar fugindo do inadiável. Eu vou lá. 

Josefa — Ótimo, Fátima. Eu vou avisar o Prefeito. 


JOSEFA sai do quarto. FÁTIMA fica muito apavorada. 


Fátima — (apreensiva) Isso não pode estar acontecendo. Se o Prefeito descobrir quem o Cassiano é de verdade isso vai acabar chegando aos ouvidos do Gregório. E isso não é nada bom. 


FÁTIMA se enche de coragem. Ela sai do quarto. 

CORTA PARA/


CENA 13. PORTO DA AREIA. PENHASCO. EXTERIOR. DIA

Um carro de luxo vem chegando até a beira do penhasco. De dentro do carro saem GREGÓRIO e CASSIANO que ficam encarando um ao outro. O vilão tira uma boa quantia de dólares de seu bolso e joga em cima de CASSIANO que fica totalmente ofendido. O nosso protagonista se enfurece. 


Cassiano — (enfurecido) Eu posso saber o que significa isso, Gregório? O que você está querendo insinuar com esse dinheiro? 

Gregório — Você pode até não ser um forasteiro, mas vai aprender quem manda nessa cidade sou eu. Esse dinheiro é para você ir embora e ficar longe da minha neta. É isso. 

Cassiano — O que você pensa que eu sou? Eu não estou a venda. Você me ofende assim. 

Gregório — O que você acha que é? Eu sei que você se aproximou da minha neta por causa do meu dinheiro. Você não passa de um oportunista. Eu quero você longe daqui 

Muito consciente do que está fazendo CASSIANO pisa em cima dos dólares deixando GREGÓRIO muito furioso. 


Gregório — (gritando) O que você pensa que está fazendo, maldito? Você ficou louco? 

Cassiano — Você não me conhece, Gregório. Você é um homem corrupto e desprezível. Eu tenho peno da Lívia por ser sua neta.

Gregório — Você não sabe com quem está se metendo, seu maldito. Eu vou fazer de tudo para te destruir. Você vai para a cadeia. 


GREGÓRIO está irredutível. CASSIANO continua firme. 


Cassiano — Faça o que você quiser, Gregório. Eu não tenho medo das suas ameaças. Ouviu? 

Gregório — Isso é o veremos. Você está acabado.


GREGÓRIO entra em seu carro e vai embora. CASSIANO respira aliviado e olha para o horizonte sem reação.

CORTA PARA/


CENA 14. PENSÃO DE JOSEFA. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA

FÁTIMA vendo descendo as escadas estreitas da pensão. O PREFEITO ANÍBAL se levanta de uma poltrona e fica frente a frente com FÁTIMA. Ela fica muito apreensiva e o PREFEITO ANÍBAL a examina em total silêncio. FÁTIMA vai ficando cada vez mais tensa. O PREFEITO ANÍBAL a olha.


Fátima — A dona Josefa disse que o senhor Prefeito queira falar comigo. Em que posso fazer pelo senhor? O que deseja de mim? 

Aníbal — Eu te vi caminhando pela praça ontem a noite. Eu estava tentando me lembrar de onde é que eu te conheço. O seu rosto não me é estranho. Quem é você? 

Fátima — (apreensiva) Eu não sei do que o Prefeito está falando. Eu sou apenas mais uma turista que está visando Porto da Areia. 

Aníbal — Eu não sei porque, mas eu sinto que você está mentindo. Eu quero entender o porquê. 


FÁTIMA vai ficando mais nervosa do que o normal.


Fátima — (fingindo) Eu já disse que eu não sou ninguém de importante. Porque o senhor Prefeito insiste tanto nisso? Eunesptu dizendo a verdade. Porque não acredita? 

Aníbal — Se você não quer me contar a verdade, ótimo. Mas eu quero que você saiba que como Prefeito de Porto da Areia eu tenho como descobrir isso. 


FÁTIMA fica em silêncio. O PERFEITO ANÍBAL está bastante decidido. Ele olha para FÁTIMA de um jeito intrigado. 


Aníbal — Faça como você quiser. Eu sei que você chegou na cidade com aquele homem que sofreu o acidente de helicóptero em alto mar. Eu vou descobrir quem são vocês. 


O PERFEITO ANÍBAL vai embora da pensão. FÁTIMA fica desesperada. Ela não percebe, mas é observada por JOSEFA que fica bisbilhotando com certo interesse.

CORTA PARA/


PORTO DA AREIA, HORAS DEPOIS.


CENA 15. VILA DOS PESCADORES. ASSOCIAÇÃO. INTERIOR. TARDE 

LÍVIA está totalmente imersa em seu trabalho lendo alguns relatórios. Sem que ela pudesse perceber TOM.vai entrando na associação. Ligo depois LÍVIA se vira e fixa em choque ao ver TOM parado em sua frente com um olhar de ódio. LÍVIA tenta sair de perto de TOM, mas o vilão a impede.


Tom — Onde você pensa que está indo, Lívia? A nossa conversa ainda não acabou. Você acha que pode me dispensar quando quiser? Isso ainda não terminou. 

Lívia — Eu totalmente sincera com você, Tom. O que eu posso fazer se eu não te amo mais? 

Tom — (ameaçador) Você ainda não entendeu, Lívia. Nós vamos conversar e você vai vir comigo. Esse lugar não é para pessoas como nós. Esse lugar imundo ainda vai ser destruído. Eu não vejo a hora de ver isso.

Lívia — Do que é que você está falando, Tom? O que você e o meu avô estão planejando? 


TOM não diz nada. Ele segura LÍVIA com muita truculência. O vilão vai levando ela para até a porta. Ela fica abismada.


Lívia — Oque você vai fazer comigo, Tom? Eu não sabia que você era assim. Um verdadeiro canalha. Como eu me enganei. 

Tom  — Quer mesmo me provocar, Lívia? Tudo o que vai acontecer nesse vila nojenta vai ser merecido para esses pescadores. 

Lívia — O que de errado em ser um pescador? Você não é melhor que o meu avô. São dois homens desprezíveis. Me solta agora, Tom.


Nesse momento SANDOVAL entra na associação. Ele fica surpreso ao ver o que está acontecendo. Tensão. 


Sandoval — (surpreso) O que você está fazendo, Tom? Solte a Lívia agora mesmo. Eu não vou deixar você fazer nada com ela..

Tom — Não se ingormeta nisso, seu pescador imundo. Você teve a chance de fazer a cosia certa quando eu te ofereci aquele suborno.

Lívia — Você fez o que, Tom? Como você pode falar uma atrocidade dessa sem nenhum remorso? Você é um verdadeiro monstro. 

Tom — Se você quer ficar nessa imundície, ótimo. Mas você vai pagar caro a humilhação que me fez passar. 


TOM solta o braço de LÍVIA. O vilão vai embora sem olhar para trás. LÍVIA respira aliviada. SANDOVAL olha para ele de um jeito diferente, pois está na frente de sua filha. 

CORTA PARA/


CENA 16. PORTO DA AREIA. BEIRA-MAR . EXTERIOR. TARDE 

A câmera mostra ao longe CASSIANO caminhando pela praia a beira-mar. Quem está vindo na direção contrária de CASSIANO é ANA ROSA que esboça um sorriso malicioso. Ela vai se aproximando de nosso protagonista que fica confuso com essa aproximação. Ela o cerca. 


Ana Rosa — Olha só quem eu acabo encontrando nesse fim de mundo. Você não foi o homem que sofreu um acidente de helicóptero em alto mar? Um homem bonito assim. Seria um desperdício se morresse. 

Cassiano — (incomodado) Eu não estou gostando do rumo dessa conversa. É melhor eu ir embora. Eu não sei quem é você. Mas eu não estou gostando desse seu jeito. Tem alguém que eu preciso encontrar. 

Ana Rosa — Quem? A sonsa da Lívia? Ela não é mulher para você. Ela não é como eu.

Cassiano — Eu não admito que você fale assim da Lívia. Ela não é uma mulher que fica se esfregando em qualquer um que encontra pelo caminho. Ela é uma mulher decente.


ANA ROSA fica furiosa. Ela.olha com raiva para CASSIANO. 


Ana Rosa — Quem você pensa que é para me recusar? E tudo isso por causa de que? De alguém que não vale a pena? Me poupe. 

Cassiano — A Lívia é uma ótima pessoa. Ela salvou a minha vida. Você nunca vai ser ela.

Ana Rosa — Eu sou melhor que a Lívia em absolutamente tudo. (P) Aquela mosca morta nem imagina que o noivo dela vive trocando carícias comigo. Ela é uma tonta. 


Cassiano fica surpreso. Ana Rosa percebe que falou demais. 


Cassiano — Isso sim é uma grande novidade. Pelo o que eu estou vendo você tem muito ressentimento contra a Lívia. Esse sentimento não vai te levar a lugar nenhum. 

Ana Rosa — Eu já disse que a Lívia não passa de uma sonsa. E eu vou provar isso agora. Quer ver? 


ANA ROSA fica ainda mais perto de CASSIANO. Ela vai beijando ele de um jeito bem voraz. CASSIANO consegue soltar ANA ROSA de seu pescoço. Ela o encara.

TRILHA SONORA: Erva Venenosa - Rita Lee


A imagem congela no olhar fixo de ANA ROSA para CASSIANO. Aos poucos uma onda invade a tela dando efeito e encerrando o capítulo. 













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