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ENTRE MÁSCARAS - Capítulo 2

 ENTRE MÁSCARAS 



Capítulo 02

CENA 1/ RODOVIA PRESIDENTE DUTRA/ NOITE/ EXT

Trilha sonora: Come as you are – Nirvana 



Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. A câmera vai se afastando do carro e o mostra completamente destruído. Pessoas começam a se aproximar e ambulâncias chegam para socorrer Marcos e Beatriz. 

Obs: A música se encerra por aqui. 

Corta para:

CENA 2/ MANSÃO MORAIS/ QUARTO DE GLAUCO E YOLANDA/ MADRUGADA/ INT. 

Glauco e Yolanda estão deitados. O patriarca da família Morais conclui a leitura do capítulo de um livro. Ele coloca os óculos e o livro sobre uma banquinha ao lado da cama. Antes de Glauco desligar o abajur, Yolanda quebra o silêncio. 

YOLANDA — Eu não estou conseguindo dormir. Estou preocupada com Marcos! Ele nunca chegou tão tarde assim. 

GLAUCO — Os tempos mudam. Ele está na fase de passar dias fora de casa. Nós já vivenciamos essa época. A única diferença é que naqueles tempos o Rio era bem menos violento que hoje. 

YOLANDA — Admiro muita a sua tranquilidade. 

GLAUCO — Éd porque provavelmente ele não vai voltar para casa hoje. Tivemos uma briga feia e ele está com muita raiva de mim. 

YOLANDA — Vocês antes se davam tão bem. Hoje em dia, é só brigas, brigas e mais brigas. 

GLAUCO — Ele está se curvando às maricas! Vive falando de veganismo, de direitos humanos, de proletariado. A história já nos mostrou o que aconteceu com pessoas que tem esse tipo de pensamento

YOLANDA — Eu não vejo problema em ele fazer o que ele faz. 

GLAUCO — Você não tem o conhecimento de mundo que eu tenho. As ideias defendidas pelo nosso caçula são perigosíssimas. 

Yolanda fica pensativa. 

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CENA 3/ PRAIA DE COPACABANA/ MADRUGADA/ EXT. 

Trilha sonora: Não sei dançar – Marina Lima  



Aline caminha sozinha pela areia da praia. O seu vestido balança conforme o vento vem em sua direção. Ela enxuga as lagrimas. 

ALINE — Meu Deus, não foi essa vida que eu te pedi. Sei que muita gente está em uma situação muito pior que a minha, mas é humilhante ter que sair com um homem diferente toda noite! Não é do meu feitio fazer isso, mas foi a única forma que eu achei de não depender do meu pai. 

Ela deixa a sua bolsa sobre a areia e vai na direção do mar molhar os pés em seguida mergulha por completa. Algum tempo depois, ela volta a areia e pega a sua bolsa. Ela percebe uma claridade vindo do interior da bolsa e conclui que é seu celular. Ela pega o celular e observa que um número da qual ela não tem conhecimento está lhe telefonando. 

Obs: a música se encerra por aqui.

ALINE — Quem será que está me ligando essas horas? (Atende). Alô?

MULHER (off) — Alô? Eu falo com quem? Com Aline?

ALINE — Sim, é ela mesmo que está falando! Quem é?

MULHER (off) — Boa noite! Desculpe pela hora em que estamos ligando. Você é parente do Marcos Araújo Cavalcante e de Beatriz Varela?

ALINE — Sim, sou a irmã de Marcos e cunhada de Beatriz! Aconteceu alguma coisa? 

MULHER (off) — Somos do hospital Lírido Naves! O seu irmão encontra-se internado aqui na unidade de terapia intensiva e precisamos que alguém da família esteja por aqui para atualizarmos os familiares sobre o estado de saúde e explicar o que aconteceu com ele. 

ALINE — Estou indo aí agora. 

Encerra a ligação e coloca o celular. Os olhos se enchem de lágrimas e ela coloca o celular na bolsa. Sai da praia desnorteada e acena para um táxi, que para e o motorista abre a porta para que ela entre. 

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CENA 4/ MANSÃO VARELA/ COZINHA/ MADRUGADA/ INT. 

Wilma, a empregada da casa, está na cozinha terminado de lavar os pratos. Ágata, sentindo calafrios, anda de um lado para o outro. 

WILMA — O que houve, patroa? Estás tão entranha! 

ÁGATA — Não consigo dormir. Não sei o que é, mas eu não estou conseguindo pregar os olhos! 

WILMA — Isso é estresse! A senhora precisa descansar um pouco. Estresse e trabalho causam insônia!

ÁGATA — Acho que você tem razão!

Ágata se prepara para subir para o quarto. Neste instante, o telefone toca. Ágata e a empregada se assustam. 

WILMA — Quem será que está ligando essa hora? 

ÁGATA — Deixa que eu vou atender!

Ágata vai ao telefone e atende. 

ÁGATA — Alô? Quem fala?

ALINE (off) — Alô, quem fala é Aline, cunhada de Beatriz. Eu não sei se o que eu vou falar deve ser dito por telefone, mas...

ÁGATA (Assustada) — Pode falar! O que aconteceu com a minha filha?

ALINE (off) — A sua filha e meu irmão sofreram um acidente de carro!

ÁGATA (Aflita e Exaltada) — Como foi isso? Como eles estão?

ALINE (off) — Tudo ainda está muito confuso! Estou no Lírido Naves!

ÁGATA (nervosa) — Eu e meu marido estamos indo para aí!

Desliga o telefone. 

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CENA 5/ MANSÃO MORAIS/ QUARTO DE GLAUCO E YOLANDA/ MADRUGADA/ INT. 

Glauco e Yolanda já estão dormindo. A câmera foca no celular ao lado cama. O celular toca. Glauco está mais próximo do celular, acorda por alguns segundos, mas ignora as “chamadas”. Depois de alguns minutos em que o celular está a tocar, Yolanda acorda e vai ao celular. 

YOLANDA — 20 chamadas não atendidas de Aline! O que será que aconteceu? (Liga para Aline). Alô? O que foi que houve, Aline? 

ALINE (off) — Mamãe, estou há quase meia hora tentando falar com a senhora! Marcos sofreu um acidente de carro! 

YOLANDA ¬(Assustada) — O quê? 

Com as mãos trêmulas, Yolanda acaba deixando cair o celular no chão. Em seguida, ela mesma cai aos prantos. Glauco acaba se acordando com o barulho. 

GLAUCO — O que foi isso? 

Yolanda, chorando, não consegue falar para o marido. Glauco vai à porta do quarto para chamar a empregada. 

GLAUCO — Cida! Cida! Traga água para Yolanda! Ela não está muito bem!

Glauco acena para que a esposa se sente na cama. A empregada entra no quarto com o copo d’água e entrega a patroa, que se acalma. 

YOLANDA (P/Cida) — Muito obrigada, Cida!

A empregada agradece com um simples inclinar de cabeça. Glauco se senta ao lado da esposa. 

GLAUCO — Agora você pode me explicar o que aconteceu?

YOLANDA — Se acontecer alguma coisa de grave com meu filho, eu não vou te perdoar pelo resto da minha vida!

GLAUCO — Continuo sem entender absolutamente nada!

YOLANDA — Marcos sofreu um acidente!

GLAUCO — Como ele está? 

YOLANDA — Eu não sei! Não deu tempo eu falar com ela. O baque foi grande quando ela disse!

GLAUCO — Eu vou ligar para ela!

Glauco pega o celular, que está caído no chão, e liga para Aline. 

GLAUCO — Minha filha, explique direito o que aconteceu! A sua mãe está me olhando aqui com ódio. 

ALINE (off) — Marcos sofreu um acidente. Não dá para explicar tudo pelo telefone! A família de Beatriz já está aqui. Estamos no Lírido Naves. 

GLAUCO — Estamos indo para aí!

Glauco desliga o telefone. 

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CENA 6/ HOSPITAL LÍRIDO NAVES/ RECEPÇÃO/ MADRUGADA/ INT. 

Ágata anda de um lado para o outro preocupada. Virgílio tenta acalmá-la. 

VIRGÍLIO — Não fica assim, meu amor! Vai ficar tudo bem com a nossa filha!

ÁGATA — Ainda está difícil de entender como tudo aconteceu. 

VÍRGILIO — Vamos rezar, que a nossa filha vai ficar bem. 

Ágata começa a chorar abraçada ao marido. 

Aline se afasta um pouco. 

ALINE (P/si) — Alguma coisa deve ter acontecido antes do acidente. O Marcos é muito, muito responsável. E algo me diz que o papai tem algo a ver com isso. 

Aline se senta na cadeira da recepção e adormece. 

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CENA 7/ CARRO DE GLAUCO/ MADRUGADA/ INT. 

Ele dirige em alta velocidade, enquanto a memória da última conversa que teve com o filho vem à mente. Insert flash da cena 23 do capítulo 1: 

Glauco está de pé na sala, no instante em que Marcos e Beatriz entram. 

GLAUCO — Achei que tinha esquecido que morava aqui!

MARCOS — Não estou com paciência para escutar seus sermões!

GLAUCO — E quem disse que eu vou dar sermão?

MARCOS — Ultimamente é a única coisa que o senhor tem feito em relação a mim!

GLAUCO — Eu me importo com meus filhos! 

MARCOS — O senhor se importar com os filhos é uma novidade! 

GLAUCO — Eu exijo respeito!

MARCOS — Eu não consigo ter respeito por alguém que não me respeita. Realizei uma ação beneficente hoje. O senhor compareceu? Me deu parabéns? Não! É esse o tipo de pai que se importa com os filhos que você diz que é? Você pode se importar com o Rodrigo e com a Aline, mas comigo o senhor nunca se importou!

GLAUCO — Por um bom tempo achei que você fosse a pessoa ideal para me suceder na empresa, mas eu estou vendo que não. Você prefere investir em coisa sem futuro. 

MARCOS — Sem futuro é manter um casamento falido como você mantém e ainda sustentar uma amante! Marisa o nome dela, não é? É esse tipo de pessoa “exemplar” que você quer que eu seja? 

Glauco estende a mão e esbofeteia o rosto do filho com violência. 

GLAUCO — Me respeite! 

Marcos leva as mãos 

MARCOS — Isso não vai ficar assim! Você não tinha o direito de fazer isso. (Segura na mão de Beatriz). Vamos, meu amor! Eu não fico mais nem um minuto dentro desta casa!

Marcos e Beatriz saem. Glauco, com os olhos fixos no filho, o observa sair de casa. 

GLAUCO — Aline me paga!

Fim do insert. 

Glauco limpa os olhos emocionando. 

YOLANDA — Vá de vagar, Glauco! Você não quer que a gente sofra um acidente também, quer? 

GLAUCO — Estou me sentindo culpado por tudo que aconteceu com nosso filho!

YOLANDA — É bom a gente pensar antes de falar. Palavras machucam, dependendo de como é falada. Vocês já não estão se dando bem há um bom tempo. 

GLAUCO — Ele sempre ousa me desafiar!

YOLANDA — Vá mais devagar, meu amor! Eu estou implorando. 

Glauco acata o pedido da esposa e reduz a velocidade. 

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CENA 8/ BOATE NIGHT FEVER/ MADRUGADA/ INT. 

Trilha sonora: Free My Mind – Alok



Rodrigo e Sabrina dançam e bebem muitas bebidas alcoólicas. Em seguida se beijam. 

RODRIGO — Sabe... vou ser sincero com você, Sabrina. É... Esses dias eu estive refletindo sobre minhas escolhas sobre tudo. Mas agora tenho certeza em ter escolhido você. 

SABRINA — Eu que tive a sorte de encontrar uma pessoa como vocês. (Toma um pouco de Wisky). As nossas famílias sempre se entenderam muito bem..., Mas por que depois de tanto tempo você veio com essa reflexão só agora?

RODRIGO — Nada não... Na verdade, é porque sempre tem aquele momento da nossa vida que a gente acha que não fizemos a escolha certa, mas tudo é só uma crise existencial que passa logo. 

SABRINA — Eu entendo!

Eles se beijam mais uma vez. 

RODRIGO — Te amo! Vou te levar para um lugar bem romântico!

Eles saem da boate. 

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CENA 9/ HOSPITAL SOUZA AGUIAR/ RECEPÇÃO/ MADRUGADA/ INT. 

Glauco e Yolanda vão ao encontro de Aline. 

YOLANDA (Aflita) — Como Marcos está?

ALINE — Ele está passando por uma cirurgia nesse exato momento, mas o médico disse que nem Marcos e Beatriz correm risco de vida. 

YOLANDA — Graças a Deus!

ALINE — Vai ficar tudo bem. 

GLAUCO — Vou tentar falar com Alberto. Ele é médico e vai saber nos orientar, mas pela manhã eu falo. A assistência que Marcos está recebendo aqui é boa. 

ALINE (P/Glauco) — Faz bem. 

GLAUCO (P/Aline) — Mudando de assunto, onde a senhorita estava essa hora da madrugada?

ALINE (P/Glauco) — Estava andando sozinha na praia quando recebi a ligação daqui. 

Glauco se silencia, mas fica intrigado com a resposta de Aline. Yolanda vai ao encontro dos pais de Beatriz. A câmera a segue, enquanto deixa de focar em Aline e Glauco. 

YOLANDA (P/Ágata) — Oh, minha amiga, nunca pensei estar passando por esse momento com você.

Elas se abraçam e se consolam. Virgílio se aproxima da esposa. 

VIRGÍLIO (P/Yolanda) — O seu filho foi uma das melhores coisas que aconteceu na vida de minha filha. 

YOLANDA (P/Virgílio) — Eu acho que eu sei o que deve ter acontecido, mas é melhor falarmos disso agora. 

VIRGÍLIO (P/Yolanda) — Concordo com você!

A câmera se afasta e volta a focar em Aline e Glauco. 

GLAUCO (P/Aline) — Não é porque o seu irmão está nessa situação agora que eu vou defendê-lo. Ele é muito irresponsável!

ALINE (P/Glauco) — Ele pode ter vários defeitos, mas irresponsável ele não é. 

GLAUCO (P/Aline) — Você nunca concorda comigo, mas depois vocês vão me dar razão. 

ALINE (P/Glauco) — Quem é o senhor para falar de irresponsabilidade? Mantem uma mulher fora do casamento!

GLAUCO (P/Aline) — De novo você com essa história! 

Aline se afasta do pai e vai ao encontro da mãe. 

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CENA 10/ MOTEL/ QUARTO 4/ MADRUGADA/ INT. 

Trilha sonora: Earned it – The Weeknd



Rodrigo e Sabrina estão deitados na cama. Rodrigo despe Sabrina, e ela o despe. Eles, abraçados, sentem um o calor do corpo do outro. Eles têm uma noite de relações sexuais. 

SABRINA — É assim que é o amor?

RODRIGO — É assim que é o amor! 

Ele passa seus lábios úmidos por todo o corpo da namorada. Morde a orelha de Sabrina e envolve com seu corpo. 

SABRINA — Te amo! (Geme). Te amo!

Ela passa com suas unhas pelos braços do amado e o deixa arrepiado. Ele morde os lábios dela. Ela geme novamente. A câmera vai se afastando e vai mostrando uma visão aérea da cama e vai ofuscando os dois jovens nus tendo relações sexuais.

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CENA 11/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: Paisagem – BR 3



Imagens da cidade. Pessoas caminhando, outras tomando água de coco na praia. Imagens do Cristo Redentor. Ruas movimentadas e engarrafadas de carros. 

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CENA 12/ MANSÃO CAVALCANTE/ SALA DE JANTAR/ MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: mesma música da cena anterior

Alberto, Guiomar e Clarice estão sentados à mesa tomando café. 

ALBERTO — Saudades de quando essa mesa era cheia de gente. A cada dia esses cômodos estão mais vazios e solitários. 

GUIOMAR — Eu pelo menos estou feliz em saber que nossos filhos estão cada um trilhando seus caminhos. 

ALBERTO — Não sei se estou tão feliz assim não. E eu não estou nem falando com relação a Sabrina e sim com relação ao Arthur. A única amizade dele que eu ainda achava que ia render bons frutos é com Marcos, mas hoje eu já nem tenho tanta certeza assim. 

Obs: A música se encerra por aqui.

GUIOMAR — Mas a gente sempre foi próximo da família do Marcos. Ele é cunhado da nossa filha e é filho de um dos nossos grandes amigos. 

ALBERTO — É só um pressentimento ruim que eu estou, mas devo estar enganado. 

CLARICE (Interrompe) — Eu também já me enganei com muitas coisas, meu filho, mas graças a Deus todos os mal-entendidos foram resolvidos. 

Alberto pega o celular e clica na notificação das notícias do dia. 

ALBERTO — “Casal de jovens sofrem acidente de carro. O carro em que Marcos, filho do empresário Glauco Morais, e Beatriz Varela capotou e caiu na ribanceira. Segundo o último boletim, o estado deles é estável, mas inspira cuidados”. 

GUIOMAR — Nossa! Nem quero imaginar como devem estar Glauco e Yolanda neste momento. 

ALBERTO — Eu vou ligar para eles para perguntar se eles querem transferir Marcos e a namorada para o nosso hospital. Seria mais interessante!

GUIOMAR — Faz bem. Eles sempre foram tão prestativos com a gente. 

ALBERTO — São nossos amigos! 

GUIOMAR — A gente poderia ir lá ao encontro deles, não acha?

ALBERTO — Você tem razão. 

Alberto liga para Glauco. 

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CENA 13/ MOTEL/ QUARTO 4/ MANHÃ/ INT 

Rodrigo e Sabrina acordam abraçados. 

SABRINA — Que noite maravilhosa tivemos!

RODRIGO — Mas os dias não param e eu tenho que voltar ao trabalho!

SABRINA — Você deveria tirar férias, meu amor! (Agarra-o e o beija). Trabalhos e mais trabalhos!

RODRIGO — Mais férias do que eu já tenho tirado ultimamente impossível. Dinheiro não cai do céu, meu amor! A gente já passou essa noite e outras várias juntos. Eu não vou deixar você. Só que a minha renda depende de desfiles, modelagens, ensaios fotográficos. 

SABRINA — Você deveria escolher outro emprego, não?

RODRIGO (Pensativo) — O meu pai queria que eu seguisse outro caminho, mas eu nunca levei jeito para ser empresário, nem farmacêutico. Você sabe muito bem como é porque não quis seguir a profissão de seus pais. 

SABRINA — Mas, sei lá... É diferente! Momentos como esse que tivemos são raríssimos. 

RODRIGO — Eu conheço várias de suas faces, mas não sabia da sua face dramática. A gente vai se casar e nós não nos desgrudaremos mais nunca.

SABRINA — Promete?

RODRIGO — Você não confia em mim?

SABRINA — Promete ou não promete?

RODRIGO — Prometo!

Eles dão-se as mãos. 

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CENA 14/ HOSPITAL LÍRIDO NAVES/ LANCHONETE/ MANHÃ/ INT. 

Glauco e Alberto tomam café sentados à mesa. 

ALBERTO — O melhor seria transferir os dois para o Santa Mônica. Aqui alguns serviços são muito escassos. 

Glauco fica pensativo, mas se mantém em silêncio. 

ALBERTO — Você me parece muito preocupado e não é com Marcos!

GLAUCO — Se lembra daquela história que eu te contei, da mulher que eu me relacionava?

ALBERTO — Que vocês estavam tendo alguns encontros e muitos beijos. (Ri). O que houve com ela? Vocês não tinham terminado?

GLAUCO — Tínhamos terminado, mas nós voltamos a nos encontrar. 

ALBERTO — Você tem que dar um jeito nessa mulher! Um chá de sumiço. 

GLAUCO — Você está sugerindo que eu a mate?

ALBERTO — Não, não chega a tanto! Só dá um dinheiro para ela que ela some. Conheço bem gente assim. Interesseira, oportunista. 

GLAUCO — Mas eu sinto que o que a gente sente um pelo outro é diferente. Eu não consigo viver sem ela e nem ela sem mim. 

ALBERTO — Se eu fosse você, abria o olho. Tem muita gente que não devemos confiar piamente. 

GLAUCO — Mas eu não confio piamente nas pessoas. Só que estou carente. Na minha casa só tem problemas e mais problemas. A minha filha está desconfiada do meu caso com Marisa.

ALBERTO — O que vai fazer?

GLAUCO — Enquanto eu puder vou inventando desculpas, mas não até quando isso vai se sustentar. 

Eles continuam a conversar. A câmera vai se afastando. 

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CENA 15/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ TARDE/ EXT. 

Mostrar imagens das ruas da cidade inundadas pela chuva. Pessoas tentam se proteger. Carro avança o sinal e quase atropela uma mulher. O carro de Rodrigo passa pelas ruas. 

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CENA 16/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE ESTAR/ TARDE/ INT. 

Cida está espanando o sofá, no instante em que Rodrigo e Sabrina entram. 

RODRIGO — Que chuva, Cidinha! Que chuva! Cadê todo mundo dessa casa?

CIDA — Você ainda não ficou sabendo? 

RODRIGO — De quê? O que houve?

CIDA — O seu irmão sofreu um acidente!

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CENA 17/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE ESTAR/ TARDE/ INT. 

Rodrigo cai no sofá do susto.

RODRIGO — Como foi isso? Onde ele está!

CIDA — Eu não sei em que hospital ele está. 

RODRIGO (P/Sabrina) — Talvez ele esteja no Santa Mônica!

SABRINA (P/Rodrigo) — Eu vou ligar para meu pai. (Pega o celular e liga para o pai). Alô? Pai, o senhor com Glauco e Yolanda?

ALBERTO (off) — Estou sim. Estamos acompanhando a transferência de Marcos e Beatriz para o Santa Mônica. 

SABRINA — Ficamos sabendo agora do acidente de Marcos! Ele está bem?

ALBERTO (off) — Vão para o Santa Mônica! Estamos indo para lá. 

SABRINA — Nós estamos indo para lá! Beijos, pai. 

ALBERTO (off) — Beijos, minha filha!

Sabrina encerra a ligação. Rodrigo leva as mãos a cabeça. 

RODRIGO — Essa família já é cheia de problemas e agora mais esse. O tanto que eu peço para Marcos ter cuidado no trânsito. 

SABRINA — Ele estava tão bem ontem. Deu tudo certo no evento que ele promoveu. 

RODRIGO — Pelo visto a comemoração deve ter ido além do limite. 

Sabrina e Rodrigo ficam pensativos e se abraçam. 

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CENA 18/ DIVERSOS/ CLIPE HOSPITAL SANTA MÔNICA/ TARDE/ EXT. INT

Trilha sonora: Mozart: Symphony No. 25 in G Minor, K. 183 - I. Allegro con brio





Enfermeiros descem da ambulância com as macas de Marcos e Beatriz. A câmera vai acompanhando eles entrarem no hospital, onde a cena continua. O tempo vai passando. Mostra o ponteiro do relógio movimentando com rapidez, enquanto as horas passam. Alberto analisa os exames de Beatriz e Marcos. Eles são levados para fazer mais exames. Os dias passam. Yolanda chora abraçada ao marido. Marcos e Beatriz são levados para o quarto. 

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CENA 19/ HOSPITAL SANTA MÔNICA/ CONSULTÓRIO DE ALBERTO/ TARDE/ INT. 

Alberto, Glauco e Yolanda estão sentados ao birô. O patriarca da família Cavalcante decide então quebrar. 

ALBERTO — Depois desses dias de exames e observações posso afirmar que o acidente não foi nada grave. Eles tiveram poucas fraturas, mas nada que gerasse grandes sequelas. Preciso que eles fiquem mais uns pelo menos três dias em observação só por precaução.

GLAUCO — Ainda bem que eles estão bem. Não quero passar por esse sofrimento nunca mais. Apesar de que ele continua sem querer falar comigo. 

YOLANDA — As minhas rezas deram resultados!

ALBERTO — Era somente isso que eu tinha para falar hoje. 

Yolanda se levanta. 

YOLANDA (P/Alberto) — Muito obrigado, Dr. Alberto! Você sempre fazendo muito para minha família. 

ALBERTO (P/Yolanda) — Não precisa agradecer! Vocês são meus grandes amigos!

YOLANDA (P/Glauco) — Vamos!

GLAUCO (P/Yolanda) — Pode ir indo, meu amor! Eu vou ficar mais um tempo conversando com Alberto. 

YOLANDA — Então eu vou falar com Marcos, enquanto vocês conversam. 

Yolanda sai. 

ALBERTO — Resolveu a situação com a tal Marisa?

GLAUCO — Resolvi nada! Ela me liga todo dia, mas eu não tive ainda cabeça para atender. E ela faz isso sabendo que meu filho está hospitalizado. Os jornais e as colunas sociais não cansam de noticiar tudo sobre meu filho. 

ALBERTO — Pensou no que eu te disse sobre dá um chá de sumiço nela?

GLAUCO — Eu até estive pensando sobre isso esses dias, mas eu não sei se será melhor ou pior. 

ALBERTO — Eu faria o que estou te aconselhando. 

GLAUCO — Não é uma coisa tão simples assim. 

ALBERTO — Não é tão simples porque você está dificultando as coisas sem necessidade. Só é você refletir a nossa parceria também depende da sua união com Yolanda. Então, você só tem a perder com sua relação com essa Marisa. 

GLAUCO — Não quero tomar atitudes precipitadas para não me arrepender depois. 

ALBERTO — Faça o que acha melhor, contanto que sua decisão não prejudique nossa parceria. 

Eles continuam conversando. 

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CENA 20/ APARTAMENTO DE MARISA/ SALA/ TARDE/ INT. 

Trilha sonora: A loba – Alcione 



Marisa e Yvone bebem Whisky sentadas no sofá, enquanto conversam. 

MARISA — A minha vida agora se resume a isso. Quarto e sala, sala e quarto. 

YVONE — Mas você está assim porque quer. Tem que parar de ficar se humilhando para homem, principalmente para homem que não te merece. 

MARISA — Mas eu amo o Glauco!

YVONE — Mas ele não te ama. Faz mais de uma semana que ele não aparece aqui. 

MARISA — Eu vi nesses sites de notícia que o filho e a nora deles sofreram um acidente. 

Obs: A música se encerra aqui. 

YVONE — Mas ele não te dá satisfação bem antes disso. 

MARISA — Eu sei que ele me ama também. 

YVONE — Apôs fica aí se iludindo que eu vou andar na praia ou sei lá... passear no shopping, mas ficar enclausurada aqui eu não fico. 

MARISA — Faça o que você achar melhor, mas daqui eu não saio hoje. 

YVONE — Apôs, Tchau!

Yvone se levanta e sai. 

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CENA 21/ DIVERSOS / PARIS/ TARDE.NOITE/ EXT.

Trilha sonora: Santé – Stromae



Mostra um clipe das ruas de Paris. Pessoas tomando sorvete. Diego e Thales tirando foto em frente à Torre Eiffel. Eles tomam sorvete e tiram mais fotos. Agora, em frente ao Louvre. Riem. 

Corta para:

CENA 22/ CARROUSEL DU LOUVRE/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Confident – Demi Lovato (versão instrumental)



Modelos desfilam pela passarela com suas roupas estravagantes, enquanto o público, admirando o que assistia, aplaude. Thales e Diego são presenças vip e estão tendo uma vista privilegiada de todo o evento. Thales faz algumas anotações e rabiscos, enquanto abraça o marido. Eles se beijam. 

DIEGO — Assistir um desfile aqui tem uma emoção diferente!

THALLES — Imagina ter um vestido, um blazer, uma criação sua passando por essa passarela. É o sonho de qualquer estilista. 

DIEGO (Pensativo) — O sonho de qualquer modelo também. 

Eles continuam a conversar, enquanto apreciam as modelos na passarela. 

Corta para:

CENA 23/ HOSPITAL SANTA MÔNICA/ QUARTO DE MARCOS/ NOITE/ INT. 

Marcos está dormindo e sonha com a cena do acidente. Insert flash da cena 24 do capítulo 1:

Marcos e Beatriz entram no carro. Marcos acelera. 

MARCOS — Ele não podia ter feito isso. 

BEATRIZ — Vá com mais calma, meu amor! Você também queria o quê? Fala do jeito que falou com seu pai e esperava que ele fosse fazer o quê?

MARCOS — Eu não falei nenhuma mentira, falei?

BEATRIZ — Vá mais devagar!

Marcos acelera ainda mais e desvia de dois carros. 

BEATRIZ — Você está de cabeça quente! A gente vai acabar se acidentando. Para onde a gente está indo?

Marcos desvia de mais um carro. 

MARCOS — Para um lugar bem distante daquela merda de casa, merda de família. 

Marcos desvia de mais um carro e não percebe que um caminhão vem em sua direção. Ele vê um forte clarão, mas não há tempo de desviar. Eles gritam. O carro bate de frente com o caminhão e capota três vezes na avenida, caindo na ribanceira.

Fim do insert. 

Sentindo que alguém se aproxima, ele acorda ofegante e se depara com o pai o encarando.

MARCOS — O que você está fazendo aqui? Eu te proibi de entrar aqui. Enfermeira! (Grita). Enfermeira! 

GLAUCO (Irritando) — Deixe de escândalo, que eu vim em missão de paz. 

MARCOS (rindo ironicamente) — Você vindo em missão de paz? É para rir? 

GLAUCO — Você nunca reconhece os meus esforços para ser um bom pai para você. 

MARCOS — Que bom pai você é? O senhor nunca foi um bom pai e nem um bom marido. Sempre foi ausente!

 GLAUCO — Eu posso ter sido ausente em alguns momentos, mas eu fiz o possível para dá o melhor para você e seus irmãos. 

MARCOS — Eu sei muito bem onde o senhor estava e está nos momentos de ausência da nossa família. 

GLAUCO — Do que você está falando?

MARCOS — Da sua amante, o senhor esqueceu?

GLAUCO — De novo você com essa história! Eu não tenho amante!

MARCOS — O senhor acha que me engana? Eu conheço o pai que eu tenho!

GLAUCO — Eu já estou vendo que foi uma péssima ideia ter vindo aqui. 

MARCOS — E foi uma péssima ideia mesmo. 

Glauco leva as mãos ao rosto e tenta respirar fundo, ficando alguns segundos em silêncio. 

GLAUCO – Ok, ok. Eu não deveria ter vindo. 

Glauco sai, enquanto Marcos o olha fixamente. 

Corta para:

CENA 24/ PARIS/ RESTAURANTE/ NOITE/ INT.

Diego e Thales estão sentados à mesa, enquanto os garçons passam por entre as mesas. Os dois rapazes apaixonados brindam. 

DIEGO — Sabe... Eu sou uma pessoa que sempre acho que a minha vida nunca está completa e que sempre está faltando alguma coisa. Nunca estou satisfeito. Entende?

THALES — Entendo, mas a gente já construiu tanta coisa juntos. 

DIEGO — Eu sei que não falta nada na minha vida, mas eu ainda me sinto incompleto. Estar do seu lado tem me feito muito bem e foi a melhor coisa que aconteceu na vida. Mas...

Thales interrompe a fala do namorado e o surpreende com um beijo. 

THALES — Não fale mais nada!

DIEGO — Acho que estou reclamando demais atoa! Bobagem. 

THALES — Esqueça tudo e só pense em nós dois. Somos o que há mais de importante na vida um do outro. 

DIEGO — Você tem total razão!

Eles se abraçam. 

Corta para:

CENA 25/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Glauco entra e encontra Aline de costas e em pé. Ela se vira na direção dele ao perceber que ele se aproxima. 

GLAUCO — Eu acabo de sair de um local bem estressante e me deparo com você desse jeito. O que foi agora? 

ALINE — Pai, você sabe muito bem o que eu tenho para tratar com o senhor. Já pôs fim na sua relação com a vagabunda?

GLAUCO — Não, não tive cabeça para isso. 

ALINE — Seja verdadeiro pelo menos uma vez na vida. 

GLAUCO — Você não tem o direito de fazer o que está fazendo comigo!

ALINE — Você que não tem o direito de fazer o que está fazendo com a minha mãe, com a minha família! (Exaltada). Fica brincando de casinha com a minha mãe e mata a fome com aquela vagabunda!

GLAUCO (Dando um tapa no rosto de Aline) — Cala essa sua boca!

Neste instante, Yolanda desce as escadas. 

YOLANDA — O que está acontecendo aqui?

GLAUCO (P/Yolanda) — Nada! Aline já está subindo para o quarto. 

Aline, encarando o pai, começa a chorar de raiva e sobe as escadas passando a mão no rosto. Yolanda a observa com estranheza a filha e desce ao encontro do marido. 

GLAUCO — Quando eu penso que boa parte dos meus problemas estão no trabalho, percebo que lá é tranquilo perto do terremoto que eu enfrento diariamente nesta casa. Não tenho nem mesmo o respeito dos meus filhos. (Abraça a esposa).  Marcos não me respeita, Aline não me respeita, e Rodrigo, apesar das divergências, pelo menos me respeita. 

YOLANDA — Fique calmo. (faz um carinho no ombro do marido). Eu faço aquela massagem que só eu sei fazer e que você sempre gosta. 

GLAUCO — Eu estou precisando mesmo de uma bela massagem. 

Trilha sonora: Me faz bem – Gal Costa

Glauco se senta no sofá, enquanto a esposa faz massagem em suas costas. 

Corta para:

CENA 26/ PARIS/ MOTEL/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Mise à nu — Pauline Croze



Diego está deitado na cama somente de cueca, enquanto Thales enche duas taças de champagne e vai na direção do amado. Eles se beijam. Thales derrama o champagne pelo corpo de Diego. 

THALES — Quanta falta estava sentindo de nosso momento tão íntimo. Você é irresistível! (Morde os lábios do namorado). É assim que eu sei amar!

DIEGO — Eu te amo!

Eles se rolam na cama. 

Corta para:

CENA 27/ HOSPITAL SANTA MÔNICA/ QUARTO DE MARCOS/ NOITE/ INT.

Marcos percebe que alguém se aproxima e abre um sorriso quando vê que é o irmão e a cunhada. 

RODRIGO — Como está o meu irmão querido?

MARCOS — Melhorando na medida do possível!

RODRIGO — Você vai ficar bem!

MARCOS — Mas eu não volto para aquela casa de jeito nenhum! (Segura a mão de Rodrigo). Eu não sou bem-vindo naquela casa! 

RODRIGO — Deixe de falar bobagem! Está certo que a sua relação com o papai nunca foi das melhores, mas não para chegar a esse ponto. 

MARCOS — Não existe a menor possiblidade de mim e papai convivermos no mesmo ambiente!

RODRIGO — Vocês estão de cabeça quente! Pense bem antes de tomar qualquer atitude!

MARCOS — A minha decisão já está tomada! Eu não vou para aquela casa. Sabe por que estou nessa situação? Por causa do papai! Ele não gostou que eu joguei umas verdades na cara dele. 

RODRIGO — A gente tem que ter cuidado com o que a gente fala! 

MARCOS — Mas tem certas verdades que precisam ser ditas!

SABRINA (Interrompe) — Na minha família não existe esse tipo de problema. As vezes o Arthur se estranha com o papai, mas são coisas de adolescente. 

MARCOS — Papai tem vergonha do que eu sou e aparentemente tem vergonha da família que ele formou. Sacia a fome na casa da amante, na cama da amante! Aí estou errado em falar isso? Não, né? Paciência tem limite!

RODRIGO — Os nossos pais são de uma outra época. É natural pensarmos diferentes dos nossos pais. 

MARCOS — Mas isso não tem nada a ver. Infidelidade sempre existiu e sempre foi errado. Pelo menos é assim que eu acho. Eu não consigo imaginar um casamento sem amor dá certo. E a nossa mãe está iludida achando que vive o melhor dos casamentos. 

RODRIGO — A gente não está na cabeça da mamãe para saber o que ela está sentindo. 

MARCOS — Você não percebe que o nosso pai usa a nossa mãe. É um casamento de fachada. Ele sabe que vai perder muito com uma separação e um possível divórcio. Afinal, esse império que ele tem não foi construído somente por ele. A nossa mãe foi de fundamental importância para a solidez e consolidação da empresa da nossa família. 

RODRIGO — Você tem total razão. 

Eles continuam a conversar. 

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CENA 28/ HOSPITAL SANTA MÔNICA/ QUARTO DA BEATRIZ/ NOITE/ INT. 

 Beatriz acordada percebe a aproximação de uma pessoa. Ele reconhece a voz. 

BEATRIZ — É você, Arthur?

ARTHUR — Sou eu sim, Beatriz! Vim ver como você estava. 

BEATRIZ — Eu estou bem... Na verdade, estou melhorando. 

ARTHUR (Pega nas mãos de Beatriz) — Fico feliz em saber!

BEATRIZ — Não quero esse tipo de intimidade com você! Somos apenas amigos. 

ARTHUR — E quem disse que eu quero algo além de uma amizade?

Com os olhos fixos em Beatriz.

BEATRIZ — Você me olhando assim não parece!

ARTHUR — Nós sempre fomos bons amigos e confidentes. Sei de coisas suas que nem o seu namorado sabe!

Beatriz beija a mão do amigo. 

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CENA 29/ MANSÃO MORAIS/ ESCRITÓRIO/ MADRUGADA/ INT. 

Glauco, sentado na sua cadeira, está pensativo e leva as mãos à cabeça. O celular toca e ele observa que se trata de Marisa. 

GLAUCO — Alô? Quando é que você vai parar de infernizar minha vida?

MARISA (off) — Estou com saudades de você, meu amor!

GLAUCO — Quantas vezes eu já falei para não me ligar quando eu estiver em casa? Você quer que tudo entre a gente seja descoberto?

MARISA (off) — Jamais, meu amor! Liguei porque você não me liga mais, não vem aqui em casa...

GLAUCO — Estou com problemas na minha família! Será que você não entende?

MARISA (off) — A sua diversão é me enganar! Diz que vai largar a sua esposa para viver comigo e nunca cumpre a promessa...

GLAUCO — Qual parte da história você não entendeu que eu estou problemas na minha família?

MARISA (off/ Gritando) — Você é um covarde!

GLAUCO — Você não tem o direito de falar comigo desse jeito, sua piranha! (Gritando). Você vai para a cama com um e com outro todo dia e o besta aqui que te banca, mas eu vou acabar com a sua farra!

MARISA (off) — Você não tem o direito de me tratar dessa forma! Eu sei de muita coisa sua e posso colocar a boca no trombone!

GLAUCO — Você acha que me intimida com suas ameaças? Acha mesmo que pode comigo? Você não tem onde cair morta! Eu vou desligar porque eu não estou com paciência para você!

Glauco desliga o telefone. 

Corta para:

CENA 30/ APARTAMENTO DE MARISA/ QUARTO/ MADRUGADA/ INT. 

Trilha sonora: A loba — Alcione



Marisa joga um vaso de planta na parede, enquanto chora de raiva. 

MARISA (Gritando) — Idiota! Idiota! É isso que eu sou. Homem é tudo igual mesmo. Só sabe prometer e prometer. 

Se deita e cheira uma camisa que Glauco deixou na última que foi no apartamento. 

MARISA — Eu não consigo esquecer aquele homem! (Estapeia o rosto). Eu não posso ficar dependente emocionalmente de macho.

Joga mais um vaso na parede.

Corta para: 

CENA 31/ RIO DE JANEIRO/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: De Bem com a Vida - Alberto Rosenblit



Vistas da cidade. Pessoas caminhando na rua, tomando água de coco. Pessoas andando de bicicleta. Vista aérea do Cristo Redentor, bondinho. Calçadão de Ipanema. 

Corta para:

CENA 32/ MORAIS FARMACÊUTICA/ RECEPÇÃO MANHÃ/ INT. 

Trilha sonora: A mesma da cena anterior

Marisa entra na recepção. Ela vai até Irene, a recepcionista, que estava ao telefone. 

MARISA — Bom dia, o senhor Glauco Morais está?

IRENE — Ele ainda não chegou! É algo urgente?

MARISA — Não, eu posso esperar! Eu vou resolver umas coisas. Quando ele chegar avisa que é Marisa que quer falar com ele.

Neste instante, Aline entra e vai até Irene. 

IRENE (P/Aline) — Ah, Aline, que bom que você apareceu! Essa mulher quer falar com seu pai. 

ALINE (P/Irene) — Daqui a pouco ele chega, Irene! (P/Marisa). É algo relacionado a emprego ou algo do tipo? Como é o seu nome?

MARISA (P/Aline) — Eu só sou uma amiga de infância dele! Estava de passagem pelo Rio e vim aqui me despedir. (Estende a mão para cumprimentar Aline). Ah, eu não me apresentei ainda! Eu me chamo Marisa!

ALINE (P/Marisa) — Marisa? 

A câmera foca na expressão intrigante de Aline.

 A imagem congela e é coberta por uma máscara.




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