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ENTRRE MÁSCARAS - Capítulo 7

 

Capítulo 07


CENA 1/ CASA DE MIRO/ SALA/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Tenso Leve - Alberto Rosenblit 



Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Marisa fica surpresa ao ver quem a mandou sequestrar. Takes alternados entre Marisa e Glauco. 

MARISA (Exaltada) — Eu chorei horas pensando em você, me preocupei… me culpei até por ter colocado você em uma situação como essa. E tudo isso foi armado por você! 

GLAUCO — Você não acha que eu ia largar uma relação de décadas com a minha esposa para viver com você, acha? Como você pode ter sido tão ingênua? Até parece que um dia eu ia me casar com você. Nenhum homem que se preze, casaria com uma vagabunda feito você. 

MARISA (Exaltada) — Como você pode ter jogado tão sujo e tão baixo? Já havia constatado que você não era uma pessoa confiável, mas chegar a esse ponto de sadismo eu não imaginava. 

GLAUCO — Você achou que podia comigo, mas se enganou. Ninguém pode comigo. 

MARISA — Você é um covarde! Bem que eu fui alertada, mas não dei ouvidos à minha melhor amiga. 

GLAUCO — Não fui eu que enganei você, mas foi você que me enganou… na verdade, tentou. Mas eu fui mais rápido e logo tratei de fazer o que deveria ser feito. Você nunca me amou! Só queria meu dinheiro. Trabalhar que é bom você não quis. Ganhar dinheiro fácil? Se eu insistisse mais um pouco no nosso romance não duvido que você apareceria grávida. Golpistas só mudam de endereço, mas as táticas são as mesmas e previsíveis. 

Marisa tenta esbofeteá-lo, mas Glauco impede segurando seu braço. 

MARISA — Se você não queria nada comigo, pelo menos fosse honesto! Não armasse essa coisa ridícula. Simular um sequestro? Se fingir de vítima? Eu chorei achando que tinham te apagado. 

GLAUCO — Que comovente essa sua fala! Estou emocionado. Como você pode ser tão ridícula? Até parece que ia fazer muita falta para você se eu tivesse morrido.

MARISA — Ridículo é você, seu canalha! Bem que eu podia ter desconfiado das suas falsas promessas. Nada do que vem de você é verdadeiro. 

Glauco dá um tapa no rosto de Marisa. 

A música se encerra por aqui.

GLAUCO — Você não passa de uma vagabunda! Das piores que eu já conheci. 

MARISA — O que você vai comigo? Me mata! Pelo menos acaba com esse meu sofrimento. 

GLAUCO — Não, não será preciso… não agora! (P/Miro, Pardal e Bigode). Podem levá-la de volta ao cativeiro!

Pardal e Bigode algemam Marisa, que não oferece resistência. 

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CENA 2/ MANSÃO MORAIS/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Yolanda entra em casa. A sala estava vazia. Na sua companhia apenas os móveis. 

YOLANDA (Gritando) — Marcos! Marcos! 

Marcos desce as escadas. 

MARCOS — Eu imagino que a senhora deve ter ficado sabendo do que aconteceu, mas eu posso explicar tudo. 

YOLANDA — Eu quero uma explicação muito bem dada. Eu não sou tão cabeça dura quanto seu pai. Inclusive, já defendi muitas vezes. Acho bonito o seu envolvimento com causas sociais. É um orgulho para mim ter um filho que pensa assim. 

Frente a frente com Yolanda. 

MARCOS — Que bom, mãe! Eu já não tenho o apoio do meu pai. Não ter o seu seria muito decepcionante. 

YOLANDA — Mas isso não quer dizer que eu tenha que concordar com tudo que você faz e tenha que discordar de tudo que o seu pai acha a respeito das suas escolhas. Acho que tudo tem limites. Se envolver numa briga e expôr, de certa forma, a nossa família não é uma atitude correta. Isso mancha os objetivos que você quer alcançar e mancha o nosso sobrenome. 

MARCOS — Eu fiz o que eu achei que fosse certo! Eu não estou preocupado com a minha exposição e muito menos com o sobrenome da família. Eu não ia deixar um mendigo ser agredido por vândalos que julgam donos da verdade. Não só defendi um mendigo, como ajudei a polícia a prender três agressores, sendo dois reincidentes por agressão à mulher. 

YOLANDA — Mas de qualquer forma, meu filho, eu fico preocupada! Não é boa essa exposição toda. Para a sua segurança também. Podem qualquer dia desses bater aqui na porta da nossa casa. 

MARCOS — Que se dane tudo! Eu não estou preocupado. Já passou toda a confusão. Não estou devendo nada à justiça. 

YOLANDA — Eu não quero que nada de ruim aconteça com você. 

MARCOS — Eu entendo você, mãe! Mas eu sei me defender.

Marcos abraça a mãe. 

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CENA 3/ APARTAMENTO DE DIEGO E THALES/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Diego está sentado à sua mesa de trabalho. Ele está editando as fotos no seu notebook. Nesse instante, Thales entra no apartamento, vestindo roupa de ginástica.

THALES — Fazia um tempo que eu não saia para caminhar. Estava precisando respirar novos ares. 

DIEGO — Queria eu estar com toda essa sua disposição, mas o trabalho tem me tomado muito tempo. 

Thales se aproxima do namorado e o abraça. 

THALES — Você está mergulhado no trabalho porque você quer. Seu expediente já acabou há algumas horas. 

Diego entra em um site de compra e venda. 

DIEGO — Eu estava vendo aqui esse site de compras. Estava pensando em vender a minha câmera e comprar outra. Com o dinheiro que ganhei lá na agência já é suficiente para comprar uma câmera nova. 

THALES — Realmente essa sua câmera está um pouco velha. 

Diego põe a sua câmera fotográfica à venda em um site de venda e compras online. Thales e Diego se beijam, apaixonados. 

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CENA 4/ CASA DE MIRO/ SALA/ NOITE/ INT. 

Glauco, Bigode, Pardal e Miro tomam Whisky. Eles estão sentados à mesa. 

MIRO (P/Glauco) — Eu não sei como o senhor aguenta aquela mulher. Ela é insuportável! A minha mão está coçando para matá-la. 

GLAUCO (P/Miro) — Vamos com calma! Atitudes precipitadas não levam a nada. Eu ainda preciso dela viva. Até a minha ordem, vocês não façam nada com ela… nem mesmo aquilo que eu sei que vocês já fizeram. (Mudando de assunto). Vocês poderiam ter pegado um pouco leve também. Os meus braços e minhas costas estão doendo um pouco.

BIGODE (Interrompe) — Tínhamos que fazer tudo com a maior naturalidade e realismo possível. Não podíamos dar brecha para que ela desconfiasse que foi tudo feito por ordem do senhor. 

GLAUCO (P/Bigode) — Uma notícia boa é que pelo menos ninguém nos seguiu, nem mesmo aqueles seguranças. 

MIRO (P/Glauco) — Tudo saiu perfeito! 

GLAUCO (P/Miro) — Eu vou ligar para a minha esposa. Ela não sabe que eu vim para cá. Eu deixei um aviso com a minha secretária de que eu ia fazer uma viagem de negócios e pelo visto Yolanda já deve ter ligado uma dezena de vezes. 

Glauco tira o celular do bolso e vê a notícia que está estampada nos sites. 

GLAUCO — “Marcos Morais, atleta e filho de famoso empresário, se envolve em confusão ao tentar defender morador de rua de uma suposta agressão. Veja o vídeo a seguir”. (Balança a cabeça para os lados, incrédulo). Não, eu não estou lendo isso! Meu filho está envolvido em uma briga para defender um mendigo? Mendigo? Se fosse pelo menos para defender a honra da minha família era aceitável, mas um indigente. Eu nunca pensei que o Marcos fosse se prestar a isso! Eu vou ter que pegar a estrada para tirar essa história a limpo. Amanhã de manhã eu pego estrada. É melhor assim. 

Os quatro continuam a tomar Whisky. 

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CENA 5/ APARTAMENTO DE RODRIGO/ SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Trilha sonora: Tenso Leve - Alberto Rosenblit

Sabrina está de pé, com os braços encostados no encosto do sofá, no instante em que Rodrigo, antes no quarto, entra. Dá um abraço na Sabrina. 

RODRIGO — Talvez eu não reagi como você esperava à notícia da gravidez. Está tudo muito confuso na minha mente. Já vinha de antes. 

SABRINA — Desde que eu te conheço, eu nunca vi você tão cheio de dúvidas. Parece até que não me ama mais. 

RODRIGO — Eu cheguei a um ponto da minha vida em que nada faz sentido para mim e eu não queria te ver sofrer. 

SABRINA — Sofrer? Por que sofrer? Você está querendo me dizer… Ah, não! Você não vai me dizer que está gostando de outra mulher. (Exaltada). Quem é a vagabunda? Fala! Quem é a vagabunda?

RODRIGO — Não tem nenhuma mulher! O problema está comigo. Unicamente comigo. 

SABRINA — Eu não estou te entendendo! Achei que com o passar do tempo o nosso amor fosse se fortalecer. 

Rodrigo leva as mãos à cabeça, após sentir uma forte dor. 

RODRIGO — Eu nunca tinha sentido isso antes. Mas é uma sensação de vazio. 

Sabrina o beija na boca. 

SABRINA — Vamos esquecer essas bobagens. 

Eles se abraçam e se beijam novamente. 

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CENA 6/ APARTAMENTO DE ERIC/ QUARTO DE ERIC.SALA DE ESTAR/ NOITE/ INT. 

Eric, antes dormindo um sono profundo, se mexe na cama, passando a mão por entre os lençóis. 

ERIC — Aline! Aline! Aline!

Eric abre os olhos e percebe que Aline não está na cama. 

ERIC — Onde ela está? 

Ele se levanta e procura ela pelo quarto. 

ERIC — Aline! Aline! Aline, que brincadeira é essa? Onde está você, meu amor?

Eric sai do quarto e vai à SALA DE ESTAR, onde a cena continua. Ela caminha por toda a sala. 

ERIC — Onde foi que foi parar essa vagabunda? 

Ele observa que a porta da sala está entreaberta e olha fixamente naquela direção. 

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CENA 7/ PRAIA DE IPANEMA/ NOITE/ EXT. 

Trilha sonora: Não Sei Dançar - Marina Lima



Aline caminha pelo calçadão, solitária. Ele olha para o céu estrelado. Lágrimas caem dos seus olhos. 

ALINE — Nada deu certo na minha vida! Não tive a família que queria, não tive o namorado queria, não tive a vida que queria. A sorte realmente bateu a porta na minha cara. Os meus irmãos foram as únicas coisas boas que apareceram na minha vida. 

Ela passa os dedos por entre a areia da praia e se senta para olhar a sua cheia que ilumina o movimentar das ondas. 

Trilha sonora: Radar - Alberto Rosenblit 



A filha de Glauco tira a sandália e sente a areia da praia. Ela anda lentamente na direção do mar. Ela olha para os lados e têm vertigens. As ondas do mar, que antes cobria os seus pés, se confundiam agora com as ondas do mar, assim como as lágrimas que se misturavam com a água do mar. Takes alternados entre Aline e Ivan, que está um pouco distante e que havia acabado de chegar na praia. 

IVAN — Tem uma moça ali sozinha? Será que está acontecendo alguma coisa? 

Alternar take com Aline, envolvida pelas ondas do mar. O vestido estava completamente molhado. Ela delira. Vê Glauco, Eric e Yolanda. 

ERIC (off) — Prostituta! Prostituta!

GLAUCO (off) — Prostituta! (Ri). Vagabunda!

YOLANDA (off) — Prostituta! Prostituta! 

Aline leva as mãos aos ouvidos, ainda com delírios. Alternar take com Ivan,  que demonstra um ar de preocupação, ainda sem perceber que é Aline que está no mar. 

IVAN — Aquela moça não está nada bem! Preciso fazer alguma coisa. 

Ele corre na direção do mar. 

IVAN — Ei! Ei! 

Aline desaparece em meio às águas e aos delírios. 

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CENA 8/ CARRO DE ERIC. CALÇADÃO DE COPACABA/ NOITE/ INT. EXT.

Trilha sonora: Suspense - Alberto Rosenblit



Eric, com as mãos trêmulas de nervoso e de raiva, dirige pelas ruas da cidade à procura de Aline. 

GLAUCO — Aquela piranha me paga! Vagabunda! Vagabunda! 

Ele desvia de duas motos que aparecem no seu caminho. 

ERIC — Aquela vagabunda não me conhece! Não me conhece! 

Ele olha para os lados na tentativa de ver Aline, mas consegue achá-la. Ele freia o carro bruscamente ao ver uma amiga de Aline atravessando a rua. 

ERIC — Sônia! Sônia! 

Ele abre a porta do carro e vai até o CALÇADÃO DE COPACABANA, onde a cena continua. O vigarista puxa Sonia pelo braço. 

ERIC — Você não está me escutando não, sua vagabunda ordinária? 

SÔNIA — Que moral você acha que tem para falar assim comigo? 

ERIC — Você sabe onde está a Aline? Já procurei ela praticamente por toda a cidade. O único canto que ela pode estar é aqui. 

Ele força ela a entrar no CARRO, onde a cena continua. O carro acelera. 

A música se encerra por aqui. 

SÔNIA — Eu não sei de nada! A Aline nunca mais apareceu por aqui. Fica lá por Ipanema mesmo. Nem sabia que vocês tinham voltado. 

ERIC — Aonde será que aquela vagabunda foi? 

SÔNIA — Ela deve ter ido para casa dos pais. 

ERIC — Não, duvido muito que ela tenha ido. Ela está em crise com os pais. Sei lá… Não sei! É difícil entender a cabeça dela. Eu preciso relaxar! Pelo que eu suponho, ela não deve ter voltado para o apartamento. 

Eric pisa com mais força no acelerador. 

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CENA 9/ PRAIA DE IPANEMA/ MADRUGADA/ EXT. 

Ivan continua a mergulhar no mar à procura de Aline, que volta a emergir, um pouco distante de onde Ivan está. Ele percebe que ela voltou a ficar aparente em meio às ondas. 

IVAN — Aline? É a Aline. O que é que ela veio fazer na praia a essa hora e sozinha? 

Ele nada até onde Aline está e nota meio fraca e desorientada e nadando descompassado. Ele segurava ela pelos cabelos e volta caminhando até terra firme, colocando Aline deitada sobre a areia. Aline, que está fraca, não consegue dizer uma palavra. 

IVAN — Aline? Aline? 

Aline está desorientada e com a visão turva. Tenta identificar que a salvou, mas a visão está cada vez mais embaçada, até que escurece totalmente. Ivan coloca o seu ouvido direito sobre o peito da herdeira dos Morais, para sentir os batimentos e percebe que as batidas estão irregulares. Ele faz pressão com as mãos sobre o peito dela, para regular os batimentos de Aline. Ela volta a ficar consciente e cospe a água, que estava entalada na sua garganta. O nervosismo, que tomou conta de Ivan, se desfaz ao perceber que ela está bem. 

ALINE — O que foi que aconteceu? Como você veio parar aqui?

IVAN — Estava andando pela praia quando vi você desnorteada entrando no mar. 

ALINE — Eu não sei onde eu estava com a cabeça. Nem me lembro direito como vim parar aqui. Acho que é estresse. Minha vida tem sido um inferno.

Aline se levanta com ajuda de Ivan. Apesar de ainda um pouco fraca, ela consegue ficar de pé e caminha com ajuda de Ivan, até o carro dele. 

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CENA 10/ APARTAMENTO DE RODRIGO/ QUARTO DE RODRIGO/ MADRUGADA/ INT. 

Rodrigo abre os olhos. A tentativa de dormir não tinha dado certo. Em contrapartida, Sabrina está com um sono profundo. Ele observa a noiva dormindo com tranquilidade e passa a mão por entre seus cabelos. 

RODRIGO — Que inveja, meu amor! Que inveja desse seu soninho gostoso. O meu sono resolveu me abandonar hoje. 

Ele se senta na cama. Na sua mente, vem a lembrança da conversa que tivera com Aline logo cedo. Insert Flash da cena 21 do capítulo 6:

Rodrigo fica um pouco pensativo, no instante em que vê Aline andando sozinha na rua e cobrindo a cabeça com o casaco. Ele buzina para chamar atenção dela. 

RODRIGO (P/Aline) — Entra, maninha! Sai dessa chuva. 

Rodrigo abre a porta para que a irmã entre. Aline entra no carro. Rodrigo acelera o carro. 

RODRIGO — Parece até que foi Deus que fez eu cruzar o teu caminho hoje. Estava precisando desabafar com você. 

ALINE — Estou vendo que você está preocupado! O que foi que houve? 

RODRIGO — A Sabrina está grávida!

ALINE — A Sabrina grávida? Mas qual é a sua preocupação? 

RODRIGO — Você está certa… Na verdade, você sempre esteve certa. Eu não amo a Sabrina. No momento em que fui me abrir, ela me deu a notícia que estava grávida. 

ALINE — Filho complica tudo agora… Ele não tem culpa de nada, mas agora tudo fica mais complicado. Você não acha que ela pode ter forjado essa gravidez? Sei lá… Ela pode ter descoberto que você iria terminar tudo e armou tudo isso para segurar você, não acha? Eu sei que ela é sua noiva, mas eu nunca fui com a cara dela. 

RODRIGO — Eu acho que não! Ela não seria capaz de fazer uma coisa dessas. E ela nem sabia que eu iria terminar tudo. Não comentei com ninguém. 

ALINE — É… Talvez eu fui um pouco injusta com ela, mas se eu fosse você, colocava ela contra a parede para confirmar a história da gravidez. Mulher quando se desespera com alguma coisa, é capaz de tudo. 

RODRIGO — Eu vou fazer isso!

Eles continuam conversando. 

Fim do insert. 

Ele volta a realidade de sua vida monótona e percebe que Sabrina abriu os olhos. 

SABRINA — Que horas são, meu bem? 

RODRIGO — São 2 horas da madrugada!

SABRINA — Você já está acordado? 

RODRIGO — Sim, na verdade, nem dormi ainda. 

Sabrina se senta na cama. 

SABRINA — Fala a verdade! O que está acontecendo? 

RODRIGO — Tem uma coisa que está martelando na minha cabeça. Você está realmente grávida? 

SABRINA (Exaltada) — Você está duvidando de mim? 

RODRIGO — Eu só fiz uma pergunta e você ainda respondeu!

SABRINA (Exaltada) — Eu nunca pensei que eu fosse passar por tamanha humilhação. Perdi até o sono!

RODRIGO — Está ou não está? (Exaltado). Eu quero provas! 

SABRINA — Eu juro que eu não estou conhecendo mais. Depois de todos esses anos de relacionamento eu achei que você confiasse em mim, mas me enganei. 

RODRIGO — Eu confio em você, mas o que é que custa mostrar um exame de gravidez, um teste de farmácia. 

SABRINA — Já que você insiste tanto, eu vou mostrar! 

Sabrina se levanta e vai até a bolsa que está em cima da escrivaninha. Ela bre a bolsa e pega o exame. Em seguida, joga o papel na cama. 

SABRINA — Está aí a prova! 

Sabrina sai do quarto, enraivecida, enquanto Rodrigo abre o exame. 

RODRIGO — É verdade mesmo!

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CENA 11/ CASA DE IVAN/ SALA DE ESTAR/ MADRUGADA/ INT. 

Aline, vestindo um roupão de banho, aparece na sala. Ivan a abraça e a beija.

IVAN — Ainda bem que agora está tudo bem. Eu fiquei muito preocupado com você. 

ALINE — Muito gentil da sua parte, mas eu precisava te dizer uma coisa. Queria te pedir desculpas pelo transtorno que eu te causei naquele dia no motel. 

IVAN — Não, não precisa se desculpar! Já até tinha esquecido o que aconteceu naquela noite. Eu não fico martelando as coisas. 

ALINE — Acho que já dei trabalho demais para você. Vou me vestir e ir para casa. 

IVAN — Não, você não me deu trabalho… Você não me dá nenhum trabalho. Muito pelo contrário, a sua companhia é sempre bem vinda. (Beija as mãos de Aline). É sempre um prazer estar ao seu lado. 

Ivan pega uma garrafa de vinho, que estava em cima da mesa. Ele enche duas taças e dá uma delas a Aline. Eles bebem e sorriem um para o outro. 

IVAN — Parece até que foi Deus que me colocou naquela praia naquele momento. Precisava muito de uma companhia como você. Estou me sentindo sozinho. 

ALINE — Eu também. Só que eu vivo rodeada de pessoas e mesmo assim me sinto sozinha. 

IVAN — Os seus irmãos não te apoiam?

Eles se sentam no sofá. 

ALINE — Eles têm os problemas dele e não quero preocupá-los com os meus problemas. 

IVAN — A vida colocou dois solitários frente a frente. 

ALINE (Triste) — Ninguém da minha família sabe que eu me prostituo. 

IVAN — Mas você não está aqui hoje como prostituta e sim como uma amiga. Não fique triste. 

Ivan a beija na boca e ela abre um sorriso. 

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CENA 12/ RUAS DA CIDADE/ MANHÃ/ EXT. 

Trilha sonora: Daily Low - Alberto Rosenblit



Mostrar as ruas da cidade movimentada. Pessoas andando de bicicleta. Vistas do Cristo Redentor, bondinho. Pessoas andando na praia. 

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CENA 13/ APARTAMENTO DE ERIC/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ/ INT. 

Aline está sentada à mesa, sem a companhia de Eric, que ainda não chegou. 

ALINE — Eu não posso mais me sujeitar às chantagens de Eric. Eu tenho uma vida toda pela frente. Não posso viver presa numa vida sem amor em que eu tenho que sair às escondidas para ganhar o meu sustento. 

Ela toma um pouco de suco, no instante em que Eric entra. 

ERIC — Te procurei por toda a cidade e você não tinha aparecido. 

ALINE — Fui tomar um pouco de ar. A atmosfera daqui me sufoca. 

ERIC — Eu até posso imaginar onde você foi tomar um pouco de ar. Na cama de seus clientes, não foi? 

ALINE — O que eu faço da minha vida ou quem eu saio não lhe diz respeito!

ERIC — Olha.. 

ALINE — Eu não tenho mais medo de suas ameaças! 

 ERIC — Devia!

Aline sai da mesa e Eric abre um sorriso sínico. Aline sai do apartamento. 

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CENA 14/ MANSÃO DA FAMÍLIA MORAIS/ SALA DE ESTAR/ MANHÃ/ INT. 

Glauco entra, no instante em que Yolanda está no sofá sofá. Ao escutar os passos do marido. Antes dela questionar o motivo dele ter chegado somente aquela hora, ele se adianta. 

GLAUCO — Acho que eu te devo algumas explicações. A minha secretária deve ter dito que eu viajei a negócios. (Mente). Fui fechar um acordo importante com uma fornecedora da empresa. 

YOLANDA — Eu entendo! (Beija Glauco). Só fiquei preocupada porque você não me avisou nada. 

GLAUCO — Eu devia ter avisado a você, meu amor! Mas acabei me esquecendo. Eu vim até antes do previsto por causa da aberração que eu vi na internet. Cadê o Marcos? Eu preciso falar com ele. 

YOLANDA — Ele ainda está dormindo. Tem treino hoje de tarde uma competição em que ele vai participar. 

GLAUCO — Eu sonhei em ter filhos para me orgulhar e para me suceder na empresa. Mas só me trazem problema. Com que cara eu vou olhar para os funcionários, para meus sócios. Um filho baderneiro! Defendendo um qualquer na rua? Isso foi o limite da irresponsabilidade desse garoto. 

YOLANDA — Eu já conversei e já falei tudo que penso. 

GLAUCO — Você sempre passou a mão na cabeça dos nossos três filhos. As consequências estão vindo agora. O mais correto é o Rodrigo. Não me desafia, mas também não dá importância à empresa. 

YOLANDA — Por falar em Rodrigo, nós temos um almoço na casa de Alberto hoje. É bem importante. 

Neste instante, Marcos desce as escadas e fica frente a frente ao pai. 

MARCOS — Antes de qualquer coisa, eu não me arrependo de nada do que fiz. Muito pelo contrário. 

GLAUCO — Você só pensa em si. 

MARCOS — Pai, você está redondamente enganado. Eu penso muito mais nos outros do que você imagina. Se bobear, penso e faço mais pelos outros que por mim mesmo. 

GLAUCO — Como eu vou aparecer na empresa? Como as pessoas vão me olhar agora? 

MARCOS — O senhor faz coisa muito pior e não sente vergonha. Eu vou sair, pois não estou com saco para discutir. 

Marcos sai. 

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CENA 15/ CALÇADÃO DE IPANEMA/ TARDE/ EXT. 

Trilha sonora: Tô que tô - Simone 



Pessoas caminhando no calçadão. Pássaros voando no céu. Pessoas caminhando no calçadão. Mauro e Ivone caminham em lados opostos do calçadão. O amigo de Eric de fone de ouvido. Eles se esbarram. 

IVONE — É cego? 

MAURO — Não, e com uma escultura assim na minha frente Deus teria sido muito injusto se tivesse me deixado cego. 

Ivone balança a cabeça em sinal de negação.

IVONE — Me poupe das suas cantadas! 

Ivone volta a caminhar, enquanto Mauro fica parado e abre um sorriso. 

A música se encerra por aqui.

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CENA 16/ MANSÃO CAVALCANTI/ SALA DE JANTAR/ TARDE/ INT. 

Glauco e Yolanda entram em cumprimentam Alberto e Guiomar. Sabrina e Rodrigo os cumprimentam também. Todos se sentam à mesa. Glauco quebra o silêncio. 

GLAUCO — Confesso que fui pego de surpresa com esse convite. 

ALBERTO — Nem eu mesmo sei o motivo desse almoço, meu amigo! 

GUIOMAR — A novidade está por conta de Rodrigo e Sabrina.

SABRINA — Hoje é um dia muito especial para mim. Na verdade, para mim e o Rodrigo. O nosso amor, que antes era apenas uma abstração, se materializou na forma de filho. Estou grávida! 

Focar na expressão de surpresa de Glauco, Yolanda, Alberto e Guiomar. A imagem congela e é coberta por uma máscara.




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