PARTES DE MIM
Capítulo 04
Criada e escrita por: Thiago Celestino
Produção Executiva: Ranable Webs
ABERTURA:
CENA 01. JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO. INT. TARDE
Gael começa a rir e caminha devagar.
GAEL: Bela maneira de seduzir alguém.
Enrique também começa a andar e fica ao lado de Gael.
ENRIQUE: Só estava tentando ser educado.
GAEL: Não julgo, mas eu reparei na maneira que você olhou, seus olhos dizem coisas totalmente diferente do que ser educado.
ENRIQUE: E se eu tentar isso?
Enrique puxa Gael e o beija intensamente. Ao som de Forever Young – Alphaville
Carla de longe ver a cena e não vai até ele simplesmente fica feliz pelo acontecimento, Gael se solta dos braços de Enrique e lhe mete um tapa.
GAEL: Você é louco!
ENRIQUE: Desculpe, não consegui me controlar, peço desculpas.
GAEL: Eu que te peço desculpas, fiquei sem jeito e não sabia o que fazer.
ENRIQUE: Entendo... Não, não tudo bem.
GAEL: Foi bom te conhecer.
Gael caminha a procura de Carla e Enrique vai atrás e para na frente dele.
GAEL: Você não desiste mesmo, né?
ENRIQUE: Impossível, não canso fácil até ter o que quero.
GAEL: E o que você quer?
ENRIQUE: Como se chama?
GAEL: Me chamo Gael, e você?
ENRIQUE: Enrique Sandoval.
GAEL: O sobrenome não me é estranho.
ENRIQUE: Sou bem conhecido na região.
GAEL: Interessante, mas sério mesmo, preciso ir pra casa.
ENRIQUE: Só mais uma coisa.
GAEL: O que seria?
ENRIQUE: Sei que acabamos de se conhecer, mas gostaria de te conhecer melhor.
GAEL: Vai, fala.
ENRIQUE: Não me leve com má intenção, mas te achei superlegal. Estou numa fase um tanto conturbada na minha vida ultimamente, quero conhecer pessoas, fazer amizades.
GAEL: Pra quem acabou de me beijar dizer que isso se trata de amizade? Foi totalmente o contrário, logo mais que somos completamente desconhecidos. Ficou parecendo que eu sou um objeto, um pedaço de carne que a toda hora tá rodeado de predadores e eu odeio causar essa impressão nas pessoas. Esse não sou eu, não sou algo fácil e descartável ao mesmo tempo. Eu só queria que as pessoas, assim como você entendessem isso.
ENRIQUE: Sinto muito, fui um completo idiota por isso. Me perdoe se agi feito um imbecil e tarado, tá?
GAEL: Tudo bem, mas já passou. Sorte que você beija bem, viu? Por isso vou deixar passar.
Os dois caem na gargalhada.
ENRIQUE: Já posso te considerar um amigo?
GAEL: Acho tão cedo pra isso... Vai depender de como será nossa relação daqui pra frente. Foi ótimo está com você, Enrique, mas preciso ir de verdade.
ENRIQUE: Então isso é um sim?
Gael concorda com a cabeça um pouco nervoso, mas disfarça olhar para o homem que desperta sua atenção.
ENRIQUE: Qual nossa próxima parada de encontro?
GAEL: Olha, eu vou te passar meu número, qualquer coisa é só entrar em contato.
ENRIQUE: Não quer que eu te leve? Vou passar no Centro, aproveito e te levo pra sua casa...
GAEL: Não, obrigado, já estou acompanhado. Tchau!
Gael sai às pressas atrapalhado. Enrique abre um sorriso.
ENRIQUE: E... Garoto, garoto, você é sensacional! Incrível!
Enrique observa o jardim com um brilho nos olhos.
CENA 02. PRAIA DE MARESIAS. CASA DE JUREMA. INT. SALA. TARDE
Jurema e Padre Olavo em conversa já iniciada. Ela o serve com café e bolo.
JUREMA: Sabe, Padre esses dias tão muito difícil! A morte do meu marido, a partida de Gael e o gênio difícil de Helena. Tudo tão misturado que não estou dando conta.
PADRE OLAVO: Minha filha, entregue essa angústia a Deus! Ore.
JUREMA: Que bom que tenho o senhor para me orientar!
PADRE OLAVO: E Helena? Ela está bem?
JUREMA: Cada dia que passa mais rebelde, raivosa. Ela pegou uma pinimba, acusa o Gael de ter destruído a vida dela.
PADRE OLAVO: Preciso conversar com essa menina. Pode deixar!
JUREMA: Tenho medo de que descubra sobre seu passado.
PADRE OLAVO: Passado? Descobrir o que?
JUREMA: Aí Padre fico com medo dela ficar pior que tá depois de contar que eu a encontrei no lixão.
HELENA: Lixão?
Padre Olavo e Jurema surpresos. Helena agressiva.
HELENA: Que história é essa, mamãe?
CENA 03. SÃO PAULO. MANSÃO RANGEL. INT. QUARTO DE CARLA E LUCAS. TARDE
Carla está sentada com Arthur. Eles veem um vídeo no celular. Eles riem. Batidas na porta. Gael põe a cabeça para dentro do quarto. Carla vai até ele. Gael se mostra aflito, apreensivo.
GAEL: Posso falar com você um minutinho.
CARLA: Sim, meu amigo. (P/ Arthur) Filho, termina de ver esse vídeo lá no jardim, por favor.
O menino assente afirmativo com a cabeça sem desgrudar os olhos do visor.
Gael adentra totalmente o quarto e acaba deixando a porta entreaberta.
CARLA: Pois não? O que foi?
GAEL: Você... Você é a pessoa em que mais confio aqui. Posso me abrir com você?
CARLA: Claro! estou aqui.
Ela põe sua mão sobre a de Gael. Gael se enche, algo libertador.
GAEL: Eu... Eu estou apaixonado! Aconteceu algo hoje lá no Jardim botânico. Eu estou louco por um carinha!
Eduardo que passa pelo corredor acaba ouvindo.
CARLA: Como assim? Você? Gay?
GAEL: Pensei que tinha percebido!
Corta para Eduardo surpreso.
EDUARDO: Gay!?
Eduardo sorri com malícia.
CENA 04. PRAIA DE MARESIAS. CASA DE JUREMA. INT. SALA. TARDE
Helena esperando uma reposta. Tensão.
HELENA: Quem você encontrou no lixão, mamãezinha? Fala!
JUREMA nervosa: Filha, fica calma! Você ouviu errado. Foi isso.
HELENA: Não seja sonsa! Fala!
PADRE OLAVO: Menina, não fale assim com sua mãe.
HELENA: Ah! Diga a verdade. Acho que eu nasci em um covil de mentiras, só pode!
JUREMA: Eu te achei no Lixão. Eu encontrei você chorando dentro de uma sacola de lixo.
HELENA: Não, não pode ser! É mentira, não é?! Diz que você tá delirando!
JUREMA: Não estou. É verdade o que eu disse.
Helena transtornada joga tudo que vê pela frente no chão e começa a gritar.
JUREMA: Filha!
Jurema tenta pôr as mãos na filha, mas ela rejeita.
HELENA: Não me chama de filha! Eu não sou sua filha. Eu sou um lixo. (t) É por isso que vocês nunca me trataram como filha. Vocês amavam mais o Gael do que a mim por que eu vim do lixo, não é? Não sou sangue de vocês, sou esgoto, não é?
Helena sai desequilibrada. Jurema aos prantos, ela é abraçada por Padre Olavo.
CENA 05. SÃO PAULO. TRIPLEX DE ENRIQUE. INT. SALA. TARDE.
Rebeca está deitada no sofá lendo uma revista de moda. Enrique chega e abre à porta, Rebeca avista Enrique.
REBECA: Como foi o passeio?
ENRIQUE: Foi excelente, foi ótimo respirar um pouco de ar puro, conhecer novas pessoas.
Rebeca estranha a mudança de Enrique.
REBECA: O que fizeram com você?
ENRIQUE: Como assim?
REBECA: Eu nunca te vi desse jeito.
ENRIQUE: De que jeito?
REBECA: Mais iluminado, feliz.
ENRIQUE: Impressão sua, só o passeio que foi revigorante.
REBECA: Entendi. Mas é ótimo ver você assim.
A conversa é interrompida por uma pessoa batendo forte na porta.
ENRIQUE: Quem será?
Enrique abre a porta e Frida entra em pedir licença.
REBECA: Oi Frida, aconteceu alguma coisa?
FRIDA: Sim, isso.
Frida mete um forte tapa na cara de Rebeca. Enrique e Rebeca fica sem entender.
CENA 06. CLÍNICA. INT. TARDE.
Genésio impaciente sentado junto de Lucrécia à espera de ser chamado.
GENÉSIO: Não me conformo que estou me sujeitando a isso por causa do Eduardo.
LUCRÉCIA: Entendo, meu amor. Eu sei que Gael é seu filho, mas é prudente para você mesmo. As coisas aconteceram rápido demais: a investigação, a revelação e agora Gael em nossa casa. Eu não duvido da investigação, da sua intuição, mas é necessário.
GENÉSIO: Obrigado por sempre está do meu lado e me fazer enxergar as coisas do melhor jeito possível.
Ele beija a mão de Lucrécia. Recepcionista aparece.
RECEPCIONISTA: Genésio Rangel.
Genésio se levanta e acompanha a recepcionista até o laboratório.
CENA 07. SÃO PAULO. TRIPLEX DE ENRIQUE. INT. SALA. TARDE
Rebeca está com a mão no rosto.
ENRIQUE: Frida, o que está acontecendo?
Frida tira de sua bolsa um envelope com fotos e entrega para Enrique.
REBECA: Você só pode está louca.
Enrique tira do envelope fotos que revelam a traição de Rebeca. Enrique fica magoado e ao mesmo tempo feliz.
REBECA: Enrique, não acredita nela, por favor.
Enrique olha fixamente para Rebeca.
ENRIQUE: Você tem ainda hoje para tirar todas as suas coisas e sair daqui, com licença.
Enrique pega as chaves de se carro e sai.
FRIDA: Não se atreva a aparecer na agência.
Frida sai e Rebeca fica sozinha.
CENA 08. PRAIA DE MARESIAS/ SÃO PAULO. TARDE/NOITE.
Ao som de The Best - Tina Turner
Imagens da Orla da Praia de Maresias se funde com a da Cidade de São Paulo. Pôr-do-sol misturado com as luzes do engarrafamento.
LEGENDA: DIAS DEPOIS
CENA 09. MANSÃO RANGEL. INT. SALA DE ESTAR. DIA.
Genésio impaciente andando de um lado para outro. Eduardo desce o lance de escadas bem sereno. Ele nota o pai aflito.
EDUARDO: Que preocupação é essa, hein? Daqui a pouco fará um buraco no chão.
GENÉSIO: Cala a boca, Eduardo! A culpa é sua! Estou nesse estado por tua causa.
EDUARDO (irônico): Tá com medo de se decepcionar com o bastardo que pode não ser um bastardo e sim um golpista?
GENÉSIO: Basta!
Nesse momento, Gael vem da rua com um envelope.
GAEL: Aqui está o resultado! Todo seu.
Gael entrega o envelope para Eduardo. Em tom desafiador. A cena escurece.
ENCERRAMENTO:
Obrigado pelo seu comentário!