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Entre Laços Quebrados - Capítulo 15

 

 



ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 15
Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada.


ANTERIORMENTE:

Numa noite chuvosa e escura, um ônibus desliza perigosamente em uma estrada molhada, desviando de um carro antes de capotar. Os passageiros gritam em pânico enquanto o veículo gira descontroladamente, deixando destroços na estrada. Após o acidente, reina um silêncio tenso, com os passageiros lentamente se recuperando do choque, enquanto um close é dado no rosto de Luciana desacordada.


CONTINUAÇÃO:


CENA 01: EXT. ESTRADA DE BÚZIOS - RIO. AMANHECER.

Ao amanhecer, ainda nublado, equipes de resgate chegam ao local do acidente ao amanhecer. Entre destroços retorcidos, sobreviventes são retirados com cuidado. Luciana é encontrada e levada para a ambulância, enquanto os socorristas continuam seu trabalho incansável, trazendo alívio em meio à tragédia.


CENA 02: INT. MANSÃO ROSSI. 


Guilherme está sentado no sofá da sala, ao lado de sua esposa Heloísa. Sua mãe, Hilda, e seu pai, Stenio, estão conversando animadamente quando os telefones começam a tocar freneticamente. Todos olham uns para os outros, preocupados.


HELOÍSA: (alarmada) O que está acontecendo?


Guilherme pega o telefone e atende rapidamente. Sua expressão muda drasticamente conforme ouve as informações do outro lado da linha.


GUILHERME: (sério) É do hospital!  Parece que há uma emergência grande. Preciso ir imediatamente.


Todos se levantam, seguindo Guilherme para fora de casa.


CENA 03: INT. HOSPITAL VITAL ROSSI. RECEPÇÃO. NOITE


A equipe médica está em uma correria frenética, enquanto pacientes chegam em ambulâncias e carros particulares. O clínico geral está coordenando os esforços.


MÉDICO GERAL: (para a equipe) Acabou de chegar uma leva de vítimas do acidente de ônibus. Precisamos de todos os braços disponíveis! Vamos salvar vidas! Vão! 


Guilherme entra com sua equipe, assumindo o comando da situação. Ele ouve atentamente enquanto o médico parceiro relata a gravidade da situação.


MÉDICO GERAL: (urgente) Temos uma vítima em estado crítico. Pele branca, cabelos negros, aparenta ter um pouco mais de vinte anos, desacordada e grávida de 7 meses. Precisamos fazer o possível para salvá-la e ao bebê.


Uma enfermeira se aproxima com uma prancheta e algumas informações.

ENFERMEIRA: Doutores, a equipe de resgate encontrou informações da vítima. Luciana dos Santos González. Natural de Búzios. Já estamos entrando em contato com a família.  


Guilherme olha determinado para sua equipe, pronto para enfrentar o desafio.


GUILHERME: (virando-se para a equipe) Vamos lá, pessoal! Todos focados e concentrados! Temos vidas para salvar! 


Todos se preparam para o procedimento, enquanto a câmera foca em Guilherme, mostrando a determinação e a responsabilidade pesando sobre seus ombros enquanto ele se prepara para a cirurgia de alto risco.


CENA 04: INT. CASA DE MARLENE - MANHÃ


Marlene, está na cozinha preparando o café da manhã enquanto seu filho, Serginho, se arruma para sair. O sol mal despontou no horizonte, e a casa ainda está envolta em uma aura sonolenta.


MARLENE: (com voz sonolenta) Bom dia, filho. Você vai precisar de uma blusa mais quente hoje, está fazendo frio lá fora.

SERGINHO: (com um bocejo) Tudo bem, mãe. Eu já vou indo. 


O telefone da casa começa a tocar, interrompendo a tranquila rotina matinal. Marlene hesita por um momento antes de atender, um pressentimento angustiante tomando conta dela.


MARLENE: (ao telefone, preocupada) Alô?


Seus olhos se arregalam, e ela segura o telefone com mais força, como se temesse que pudesse escapar de suas mãos a qualquer momento.


MARLENE: (com a voz trêmula) O quê? Como assim? Onde ela está?


Serginho, percebendo a mudança repentina no semblante de sua mãe, se aproxima rapidamente, preocupado.


SERGINHO: (ansioso) O que foi, mãe? O que aconteceu?


Marlene desliga o telefone e se vira para Serginho, as lágrimas já começando a inundar seus olhos.


MARLENE: (com a voz embargada) É a Luciana, Serginho... Ela sofreu um acidente de ônibus chegando no Rio de Janeiro.


O coração de Serginho parece congelar em seu peito, uma mistura de choque e pânico inundando seu rosto.


SERGINHO: (em choque) Meu Deus... Luciana...


Ele olha em volta freneticamente, como se buscasse uma resposta para essa terrível situação.


SERGINHO: (com determinação) Eu tenho que ir para o Rio. Preciso estar lá com ela.


Ele começa a se vestir apressadamente, suas mãos tremendo enquanto tenta abotoar a camisa.


MARLENE: (desesperada) Eu vou com você, filho. Precisamos ir até o hospital, ver como ela está.


Marlene pega uma caneta e um papel, escrevendo apressadamente o endereço do hospital.


MARLENE: (entregando o papel para Serginho) Aqui está. Vou até a Iná, ela precisa saber do que está acontecendo.


Enquanto Serginho termina de se vestir, Marlene pega o telefone novamente, mãos trêmulas, e começa a discar o número de Iná.



CENA 05: INT. PENSÃO DE INÁ - QUARTO DE LUCIANA - DIA

Iná está sentada na beira da cama de sua filha Luciana. O quarto está permanece arrumado, mas há uma tristeza palpável no ar. Ela segura uma foto antiga de Luciana, seus olhos cheios de angústia e remorso.

INÁ: (sussurrando para si mesma) Como pude deixar tudo chegar a esse ponto?

Um soluço escapa dos lábios de Iná enquanto ela olha para a foto, perdida em pensamentos. Lentamente, ela se levanta e sai do quarto, descendo as escadas.


CORTA PARA: 

CENA 06: INT. PENSÃO DE INÁ - SALA - DIA

Iná entra na sala e é surpreendida ao encontrar Marlene parada ali, com uma expressão preocupada.

MARLENE: Iná, graças a Deus você está em casa.

Iná fica chocada ao ver Marlene ali, claramente não esperava por sua presença.

INÁ: Marlene? O que está fazendo aqui? Lhe disse que não queria você aqui. 

Marlene se aproxima de Iná com compaixão evidente em seu olhar.

MARLENE:  Eu preciso falar com você. É sobre a Luciana.

Iná franze a testa, um nó se formando em seu estômago.

INÁ:  O que aconteceu com a Luciana?

Marlene segura suavemente o braço de Iná, olhando-a nos olhos.

MARLENE: Ela sofreu um acidente de ônibus. Está no hospital no Rio.

Iná congela e fica pálida ao ouvir as palavras de Marlene, seu coração apertando de pavor.

INÁ: Não pode ser...

Marlene olha para Iná com esperança em seus olhos.

MARLENE: Iná, precisamos ir até lá. Ela precisa de nós agora mais do que nunca.

Iná recua, uma mistura de emoções passando por seu rosto.

INÁ: Eu... Eu não posso.

Marlene parece perplexa com a resposta de Iná.

MARLENE: Como assim, não pode? Ela é sua filha, Iná!

Iná endurece, sua expressão se tornando fria e distante.

INÁ: Eu disse que não posso! Que droga! Agora, por favor, vá embora.

Marlene fica indignada, suas palavras transbordando de frustração.

MARLENE: (irada) Você não pode simplesmente virar as costas para sua própria filha em um momento como este! Você vai se arrepender amargamente se não for! 

Iná se levanta abruptamente, encarando Marlene com fúria nos olhos.

INÁ: Não me dê lições, Marlene! Você não tem ideia do que eu passei!

Marlene não recua, sua voz carregada de determinação.

MARLENE: Iná, eu entendo todo o seu descontentamento, mas se comporte como uma adulta! Eu sei que você está sofrendo, porém Luciana precisa de você agora. Não deixe que seu orgulho a impeça de estar ao lado dela quando mais precisa!

Iná respira fundo, uma batalha interna evidente em seu rosto.

INÁ: Eu... Eu não consigo.

Marlene olha para Iná com um misto de pena e desapontamento.

MARLENE: Então que assim seja. Mas saiba que isso vai assombrá-la pelo resto de sua vida.

Com um último olhar de desgosto para Iná, Marlene deixa a casa, deixando Iná sozinha com seus pensamentos sombrios e a terrível solidão que a consome


CENA 07: INT. REFEITÓRIO DO HOSPITAL VITAL ROSSI. 

O refeitório é calmo, mas a tensão paira no ar enquanto Otávio e Arnaldo conversam em uma mesa.

ARNALDO: Otávio, preciso te perguntar... Sobre aquele dia, o do leilão... Eu vi você lá com... com aquela criatura. O que estava acontecendo, meu amigo?

O semblante de Otávio se endurece por um momento antes de ele responder, tentando manter a compostura.

OTÁVIO: Ah, Rubi! Ela... ela é uma amiga, Arnaldo. Nada mais que isso.

ARNALDO: (franzindo a testa) Uma amiga? Otávio, eu te conheço se faz pouco tempo, mas sei o cara que você é. Você nunca teria uma amiga que frequentasse esse tipo de evento, que não fosse sua esposa.

Otávio olha ao redor, nervoso, antes de suspirar e se recostar na cadeira.

OTÁVIO: Tudo bem, Arnaldo. Eu confio em você. Rubi não é apenas uma amiga. Ela... ela é minha amante.

Arnaldo fica chocado, mas tenta manter a calma.

ARNALDO: (sussurrando) Seu... quero dizer, sua amante?

OTÁVIO: Sim. E não é só isso... Ela é... ela é transsexual, Arnaldo. Uma garota de programa, transsexual.

Arnaldo tenta processar a informação, olhando para Otávio com mistura de surpresa. 

ARNALDO: Meu Deus, Otávio... Eu não sabia. Mas... mas você está bem com isso?

OTÁVIO: (com tristeza) Eu... eu amo minha esposa, Débora. Mas não consigo dizer a ela a verdade. Estou preso em uma mentira que parece que nunca terá fim.

A tensão entre os dois homens é palpável enquanto a conversa se desenrola, revelando segredos e dilemas pessoais.

ARNALDO: Sinto muito, Otávio. Se precisar de alguém para conversar...

Antes que Otávio possa responder, uma enfermeira o chama, interrompendo a conversa e deixando Arnaldo sozinho com seus pensamentos..

OTÁVIO: (sussurrando para si mesmo, irônico) Então, o galã é realmente uma bichona? 


CENA 08: CIDADE DE PETRÓPOLIS. AINDA PELA MANHÃ.

[TRILHA SONORA:Maria Creuza - Com Açúcar, Com Afeto (Pseudo Video)]

O sol dourado ilumina as ruas estreitas. O aroma de café fresco flutua no ar enquanto os moradores saem de suas casas. Turistas exploram o centro histórico enquanto grupos de amigos desfrutam das praças.


CENA 09: INT. COZINHA - DIA

Débora está na cozinha de sua casa mexendo panelas enquanto seu pequeno filho brinca em um cercadinho ao lado. Joana, sua mãe, está sentada à mesa, observando-a atentamente.


DÉBORA: (suspirando) Mãe, as coisas com o Otávio... continuam estranhas.


JOANA: (olhando preocupada para Débora) Estranhas como, minha filha?


DÉBORA: Ele... já não me procura mais. Parece que estamos tão distantes.


JOANA: (séria) Débora, você tem certeza de que não tem outra mulher na vida do Otávio?


DÉBORA: (abaixando o olhar) Não sei, mãe. Mas algo está diferente, isso eu sinto.


JOANA: (com um olhar de preocupação) Se ele não te valoriza mais, talvez seja hora de seguir em frente, minha filha. Você é jovem, bonita, e não merece viver assim.


DÉBORA: (insegura) Mas e o nosso filho, mãe? E se ele sentir falta do pai?


JOANA: (carinhosa) Você sempre será uma ótima mãe para ele, Débora. E merece ser feliz também. Não deixe que o Otávio te faça infeliz.


DÉBORA: (pensativa) Você acha mesmo que devo considerar seguir em frente com outra pessoa?


JOANA: (sorrindo) Eu só quero te ver feliz, minha filha. E se o Otávio não te faz mais feliz, quem sabe outra pessoa não possa?


Débora olha para o pequeno filho, e depois para sua mãe, ponderando sobre as palavras dela.


CENA 10: INT. SALA DE CIRURGIA. HOSPITAL VITAL ROSSI. INICIO DE TARDE.


[ INSTRUMENTAL ON: 04 Movimento de Primavera - Alexandre Guerra]

O ambiente está impregnado de tensão. Guilherme, um médico experiente, lidera uma equipe de cirurgiões enquanto operam Luciana, uma paciente grávida em estado crítico. Os monitores cardíacos emitem sons alarmantes, e os rostos dos membros da equipe refletem preocupação intensa.


Guilherme, suando sob a máscara cirúrgica, está focado, mas há um traço de ansiedade em seus olhos. Ele se inclina sobre Luciana, concentrando-se em cada movimento, cada decisão.


CORTA PARA:


O som de um bebê chorando enche a sala. A tensão parece se dissipar momentaneamente enquanto todos os olhares se voltam para o recém-nascido, segurado pelos assistentes. Guilherme, ainda com as mãos ensanguentadas da cirurgia, observa com uma mistura de alívio e emoção.


GUILHERME: (um sussurro, quase para si mesmo) Ele está bem.


A equipe ao redor de Guilherme dá um suspiro coletivo de alívio, mas a tensão ainda está presente. Luciana está inconsciente, e o trabalho da equipe ainda não acabou.


GUILHERME: (erguendo o bebê para que Luciana possa ver quando acordar) Você tem um lindo filho, Luciana. Você está segura agora, ambos estão.


Enquanto a equipe continua a trabalhar para garantir que Luciana se recupere, a câmera se afasta lentamente, deixando-os imersos na luta contra o tempo e a incerteza que acompanha cada cirurgia.



CENA 11: INT. SALA DE DESCANSO DO HOSPITAL - HORAS MAIS TARDE.

Guilherme está sentado em uma cadeira, visivelmente cansado, ainda trajando suas vestes cirúrgicas. Dra. Virginia está de pé, próxima a ele, com um olhar preocupado, mas reconfortante.

DRA. VIRGINIA: Você fez um trabalho incrível hoje, Guilherme. Luciana e o bebê estão bem por sua causa.

Guilherme esboça um sorriso fraco, mas seus olhos refletem uma preocupação latente.

GUILHERME: (abraçando-se, cansado) Eu só fiz o que precisava ser feito. Mas algo me diz que isso não acabou.

Antes que Virginia possa responder, a porta se abre abruptamente. Um funcionário do hospital entra apressado, com uma expressão grave.

FUNCIONÁRIO: Desculpe interromper, doutores, mas a família de Luciana acabou de chegar. Estão na recepção e parecem bastante agitados.

Guilherme se levanta rapidamente, a preocupação estampada em seu rosto se intensifica.

GUILHERME: (sério) Precisamos encontrá-los imediatamente. Algo me diz que isso não é apenas uma visita de rotina.

Ele e Virginia saem apressados da sala, deixando para trás a tensão palpável.


CENA 12: INT. SALA DE ESPERAS. HOSPITAL. 

Serginho e Marlene entram na sala de espera do hospital, ambos parecendo angustiados e inquietos. Marlene segura firmemente a mão de Serginho, enquanto olha ao redor, procurando por algum sinal de esperança.

MARLENE: (com a voz trêmula) Meu Deus, Serginho, como será que ela está?

SERGINHO: (tentando manter a calma) Vai ficar tudo bem, mãe. Temos que acreditar nisso.

O ambiente está tenso quando  Guilherme, entra na sala de espera, vestido com um jaleco branco e segurando um prontuário. Ele se aproxima de Serginho e Marlene com um olhar sério, mas compassivo.

DR. GUILHERME: Boa tarde, meu nome é Dr. Guilherme Rossi. Eu sou o neurologista e neurocirurgião responsável pelo caso da Luciana. Vocês são os familiares dela?

Serginho assentem, ansiosos por notícias.

SERGINHO: Sim, somos amigos e minha mãe, é como uma mãe para ela. Por favor, doutor, como ela está?

DR. GUILHERME: (com uma expressão cuidadosa) A situação dela é delicada, mas estamos fazendo tudo o que podemos. Neste momento, ela está sendo preparada para uma cirurgia emergencial.

Antes que Serginho e Marlene possam reagir, a Dra. Virgínia entra na sala de espera ao lado do Dr. Guilherme. Ela para abruptamente ao ver Marlene, seu rosto mostrando surpresa e reconhecimento.

DRA. VIRGÍNIA: Marlene? É você?

O choque de reconhecimento se espalha pela sala enquanto Marlene olha para a Dra. Virgínia, seus olhos se arregalando com o reconhecimento.

MARLENE: Virgínia? Querida, eu não acredito! Há quanto tempo!

As duas se aproximam e se abraçam emocionadas, enquanto Serginho e Dr. Guilherme observam a cena com curiosidade.

GUILHERME: Desculpem-me atrapalhar esse momento encantador! (p/ Marlene e Serginho) Queiram me acompanhar até a minha sala, por favor.

MARLENE | SERGINHO:  Claro!

GUILHERME: Bom, Luciana deu à luz prematuramente. O bebê está sob cuidados intensivos, mas o parto foi bem-sucedido.


Um suspiro de alívio escapa dos lábios de Marlene e Serginho, mas a sombra do desconhecido ainda paira sobre eles.


GUILHERME: Entretanto, o estado dela  é grave. Ela sofreu um traumatismo craniano no acidente.


O semblante de Marlene se contorce em agonia, enquanto Serginho luta para conter a torrente de emoções.


SERGINHO: (com a voz trêmula)  O que isso significa?


Guilherme assente, suas palavras ecoando como sentença de morte.


GUILHERME: Sim, Luciana está em estado vegetativo. O trauma foi significativo.

O choque permeia o ar, envolvendo a sala em um silêncio sepulcral.


MARLENE: (com lágrimas nos olhos)  Meu Deus, não pode ser...


Marlene afunda na cadeira, enquanto Serginho encara Guilherme com olhos suplicantes.


SERGINHO: (com a voz embargada)  Ela vai acordar, não vai?


Guilherme enfrenta Serginho com um olhar pesaroso, compartilhando sua dor.


GUILHERME: Estamos fazendo todo o possível, mas o dano cerebral é extenso. Não posso dar garantias.


O desespero paira no ar, envolvendo todos em um abismo de incerteza e desolação.


MARLENE: (suplicante)  Doutor, por favor, salve minha filha.


Guilherme segura delicadamente o ombro de Marlene, uma oferta de apoio em meio ao caos.


GUILHERME: Farei tudo ao meu alcance, Marlene.


O silêncio que segue é ensurdecedor, ecoando a fragilidade da vida e a impotência diante do destino.


CENA 13: RECEPÇÃO DO HOSPITAL VITAL ROSSI

Iná adentra a recepção do hospital com passos firmes e uma expressão fria estampada em seu rosto. Ela se dirige diretamente ao balcão de atendimento, onde uma recepcionista a observa com cautela.

INÁ: (em um tom impaciente) Boa tarde. Quero informações sobre Luciana. Ela deu entrada aqui após um acidente de ônibus.

RECEPCIONISTA: (com gentileza, mas cautelosa) Claro, senhora. Poderia me informar o nome completo da paciente?

Iná suspira, parecendo irritada com a pergunta.

INÁ: Luciana dos Santos González. Não vejo a necessidade de repetir.

A recepcionista digita algo no computador, consultando os registros.

RECEPCIONISTA: (após alguns segundos) Ah, sim. Encontrei. Luciana dos Santos González, está em estado crítico. Os médicos estão fazendo o possível...

INÁ: (interrompendo, com um olhar gélido) O possível não é o suficiente. Onde está o responsável por este hospital?

A recepcionista engole em seco diante da intensidade do olhar de Iná.

RECEPCIONISTA: Ele está em uma reunião, senhora. Mas posso chamar um médico para lhe fornecer mais informações, se desejar.

INÁ: (com desdém) Não será necessário. Vou até a ala de emergência.

Iná vira as costas, deixando a recepcionista perplexa com sua atitude. Ela atravessa os corredores do hospital, determinada, ignorando os olhares curiosos dos presentes. Ao chegar à ala de emergência, ela para diante de uma porta com uma placa que indica "Cuidados Intensivos". Iná respira fundo antes de entrar.


CORTA PARA: 

CENA 14: INT. CORREDORES DO HOSPITAL.


Iná percorre os corredores do CTI com passos rápidos e determinados. Dra. Virginia segue-a de perto, tentando alcançá-la.

DRA. VIRGINIA: (tentando chamar a atenção de Iná) Ei, você não pode estar aqui! Esta é uma área restrita!

Iná ignora as palavras de Dra. Virginia e continua avançando. Finalmente, ela para abruptamente ao dobrar um canto e seu olhar se fixa em sua filha, Luciana, deitada na maca do leito, cercada por equipamentos médicos.


Iná se aproxima da maca, suas mãos tremendo enquanto ela alcança a mão de Luciana.


DRA. VIRGINIA: (em um sussurro) Quem é você?

INÁ (com frieza) Sou a mãe dela. 


Dra. Virginia parece chocada com a revelação, mas antes que ela possa dizer mais alguma coisa, Iná volta sua atenção para a filha.


[ TRILHA ON: Hallelujah]

Iná não emite som algum, apenas um olhar distante, repleto de remorsos, tristeza e amargura. Lágrimas começam a brotar em seus olhos enquanto ela se inclina sobre a filha inconsciente.

Os monitores ao redor da maca emitem sons intermitentes, adicionando uma tensão palpável ao ambiente.

[Efeito de som: o som dos monitores pulsando]

Naquele momento, no silêncio opressivo do CTI, mãe e filha novamente confrontam a fragilidade da vida.


CENA 15: INT. FLAT DE LUXO - SALA - DIA

Otto, está sentado em um sofá de couro branco, folheando um jornal com uma expressão relaxada. Ele para de folhear quando seus olhos se fixam em uma manchete na primeira página.

MANCHETE (Jornal): "Acidente Trágico na Cidade deixa uma mulher em estado crítico"

Otto franze a testa, uma sombra de preocupação atravessa seu rosto. Ele olha mais de perto e vê a foto da mulher no acidente:

OTTO: (sussurrando para si mesmo) Luciana...

Ele congela quando ouve passos se aproximando. A porta se abre e entra Hilda.

HILDA: Otto, querido, você está em casa.

Otto rapidamente dobra o jornal e o coloca ao lado, tentando esconder sua expressão de choque.

OTTO: (forçando um sorriso) Sim, mãe. Acabei de chegar.

Hilda percebe a tensão no ar e se aproxima dele, mas sua expressão é fria e distante.

HILDA: Algum problema, filho?

Otto olha para baixo, lutando contra suas próprias emoções.

OTTO: (com a voz trêmula) É a Luciana, mãe... Aquela mulher na notícia. Eu a conheço.

Os olhos de Hilda se estreitam em desdém.

HILDA: Luciana? A mesma Luciana que você mencionou algumas vezes?

Otto assente, incapaz de encontrar as palavras certas.

OTTO: (com pesar) Eu a deixei, mãe. E agora... agora ela está em um estado crítico por causa de um acidente.

Hilda dá de ombros, desinteressada.

HILDA: Bem, não é surpreendente. Mulheres como ela, sempre se metendo em problemas.

Otto olha para sua mãe, uma mistura de tristeza e raiva em seus olhos.

OTTO: Ela está lutando pela vida, mãe!  Poderia mostrar um pouco de compaixão?

HILDA cruza os braços, indiferente.


CENA 16: EXTERIOR DO HOSPITAL VITAL ROSSI - DIA

Rubi está de pé em frente ao Hospital Vital Rossi, o vento sopra levemente, bagunçando seu cabelo enquanto ela fuma um cigarro, exalando uma aura de confiança. Seus olhos se iluminam quando ela avista Otávio, que se aproxima em seu carro. Seu sorriso se alarga.

OTÁVIO: (desesperado) Rubi, o que você está fazendo aqui?

Rubi olha para Otávio com uma mistura de diversão e desdém.

RUBI: (com um sorriso irônico) Apenas passando o tempo, querido. E você, está me seguindo?

Arnaldo, observa a interação com interesse, saudando Rubi antes de entrar no hospital. Otávio parece nervoso.

OTÁVIO: Não brinca, Rubi. Isso é sério. Você não deveria estar aqui.

RUBI: (entristecida) Ah, Otávio, sempre tão preocupado comigo. Mas não se preocupe, estou bem. Só vim dar um oi.

OTÁVIO: (frustrado) Rubi, nós precisamos conversar sobre isso. Mas não aqui! 

RUBI: (mudando de assunto) Bom, já que está aqui, que tal mudarmos o clima? Leona está inaugurando sua boate hoje à noite. Você vai?

Otávio parece desconfortável com a mudança de assunto, mas acaba concordando rapidamente.

OTÁVIO: (a contragosto) Claro, eu irei.

Otávio entra no hospital, deixando Rubi para trás. Ela assiste ele se afastar com uma expressão melancólica antes de apagar o cigarro e se afastar na direção oposta


CENA 17: INT. SALÃO PRINCIPAL DA BOATE. MAIS TARDE. 

O salão principal da boate está iluminado por luzes coloridas, refletindo-se no chão recém-lustrado. Mesas e cadeiras alinhadas, uma pista de dança espaçosa no centro, e um palco montado ao fundo, tudo pronto para a grande inauguração.

Rubi ajusta os últimos detalhes da decoração com precisão, enquanto Leona, observa com um brilho nos olhos, ansiosa pela abertura do local. 


RUBI: (animada) E está pronto! Não poderia ter ficado melhor, Leona. Tenho certeza de que esta boate será um sucesso!

LEONA: (sorrindo) Obrigada, Rubi. Não teria conseguido sem você e o Tigre. (olha para Tigre) Como está indo, Tigre? Precisamos que tudo esteja perfeito hoje à noite.

TIGRE: (meio nervoso) Está tudo nos conformes, Leona. As luzes estão funcionando perfeitamente.


Rubi percebe a inquietação de Tigre e sorri de canto.


RUBI: (com um ar travesso) Ah, vejo que alguém está um pouco nervoso hoje, hm?


TIGRE: (sem jeito) Eu... não estou nervoso. Só quero que tudo saia conforme o planejado.


Leona e Rubi trocam olhares cúmplices, entendendo a situação.


LEONA: (gentilmente) Não se preocupe, Tigre. Vai dar tudo certo. E o Otávio? Ele confirmou presença?


Tigre se contrai ligeiramente ao ouvir o nome de Otávio, mas tenta disfarçar.


TIGRE: (com um leve tom de ciúmes) Sim, ele disse que estará aqui para a inauguração.


RUBI: (provocativa) Hum, parece que alguém está com ciúmes.


Tigre cora levemente e desvia o olhar.

TIGRE: (embaraçado) Não é ciúmes, é só... preocupação de que tudo corra bem.


Rubi e Leona trocam olhares divertidos enquanto Tigre tenta se concentrar em sua tarefa.


LEONA: (sorrindo) Bom, seja como for, estou feliz que ele venha. Esta noite será especial para todos nós.


A tensão se dissipa, substituída por um clima de expectativa e animação enquanto os três amigos finalizam os últimos preparativos para a grande inauguração da boate de Leona.


CENA 18: BOATE LEONA’S PRIDE. LAPA. INT. NOITE

[ TRILHA SONORA:15 || ABBA - Gimme (looped intro) (remake)] 

O ambiente está repleto de cores vibrantes e luzes pulsantes. O ar está impregnado com o som contagiante da música dance. As paredes estão adornadas com bandeiras do arco-íris, glitter e arte que celebra a diversidade. Drag queens deslumbrantes desfilam pelo espaço, irradiando energia e brilho.

A pista de dança, onde pessoas de todas as cores, gêneros e orientações se misturam, celebrando a vida e a liberdade. A câmera se afasta lentamente, capturando a essência da Boate Leona's Pride.

Tigre, está ocupado atrás do bar, preparando coquetéis com habilidade e eficiência. Ele sorri para os clientes, contagiando-os com sua energia positiva.

Na entrada, Rubi  aguarda ansiosamente, vestida em um deslumbrante vestido vermelho que realça sua beleza exuberante. Ela observa cada pessoa que entra, procurando alguém em especial.


RUBI: (suspirando) Onde ele está?


ELA ENTRA. Enquanto isso, no meio da multidão, Otávio surge e entra na boate com um sorriso radiante. Seus olhos se iluminam ao avistar Rubi.

OTÁVIO:  (gritando acima da música) Rubi!


Rubi se vira e seus olhos se encontram. Um brilho de felicidade se espalha por seu rosto.


RUBI: (correndo em direção a Otávio) Finalmente! Pensei que você não fosse chegar.


Eles se abraçam ternamente, compartilhando um momento de carinho.

OTÁVIO: Não poderia perder essa noite por nada no mundo. Você está incrível.

Eles trocam um olhar cheio de significado antes de entrar juntos na boate, imersos na atmosfera vibrante e acolhedora.


CORTA PARA:

CENA 19: INT. UTI DO HOSPITAL VITAL ROSSI. NOITE

[ INSTRUMENTAL ON: Dark Piano - Schizophrenia]


Iná, exausta, retira-se por um breve momento, deixando Luciana, frágil e imersa em fios e monitores, sozinha no leito da UTI. O ambiente é opressivo, com o som constante dos aparelhos monitorando cada batimento cardíaco. Heloísa, uma figura sinistra, adentra furtivamente o quarto, seu olhar carregado de inveja e uma aura maligna pairando ao seu redor. Ela se aproxima da jovem Luciana, observando-a com uma mistura de fascínio e cobiça.


HELOÍSA: (sussurrando, com sorriso maligno) Ah, Luciana... tão jovem, tão cheia de vida. E tão ingênua...


Luciana, inconsciente, parece captar os sussurros de Heloísa em um nível subconsciente, sua respiração irregular ecoando pelo quarto silencioso.


HELOÍSA: (continuando) Se ao menos você soubesse, minha querida. Se ao menos pudesse compreender o que está em jogo.


Um sorriso maligno se desenha nos lábios de Heloísa enquanto ela se inclina até deitar-se no rosto pálido de Luciana, seus olhos brilhando com uma determinação sinistra.


HELOÍSA: (sussurrando) Seu filho, Luciana. Seu precioso filho... ele é a chave para tudo. A chave para a minha salvação.


O brilho nos olhos de Heloísa se intensifica enquanto ela continua a sussurrar para a inconsciente Luciana, mergulhando cada vez mais fundo na escuridão de seus próprios desejos perversos.


FIM DO CAPÍTULO







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