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Entre Laços Quebrados - Capítulo 17

 

 



ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 17

Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos

Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada.



CENA 01: INT. CAPELA HOSPITAL VITAL ROSSI. 

[ TRILHA ON: A Viagem | Trilha Instrumental | Vale dos Suicidas ]

Heloísa permanece de joelhos, seu olhar fixo no altar, onde a luz dourada parece dançar ao ritmo de suas preces. O silêncio da capela é quebrado pela voz grave de Iná, que ecoa como um trovão dentro daquele espaço sagrado.


INÁ: Heloísa?


Heloísa se vira abruptamente, seus olhos arregalados refletem o choque ao ver Iná ali, parada como uma sentença divina diante dela.


HELOÍSA: Dona Iná! O que... o que faz aqui?


Iná avança com uma determinação que parece cortar o ar, seus passos ressoando como os tambores de uma guerra iminente.


INÁ: Eu precisava falar com você. E sabia que iria encontrar você aqui.


Heloísa se levanta lentamente, seu coração batendo descompassado, como se temesse o que estava prestes a ouvir.


HELOÍSA: (Voz trêmula) Falar comigo? Mas o que…


Iná a interrompe, sua expressão grave e decidida deixando pouca margem para dúvidas.


INÁ: Decidi aceitar sua proposta.


Um arrepio percorre a espinha de Heloísa, seus olhos se arregalam em descrença diante da revelação que ecoa como um trovão em sua mente.


HELOÍSA: (quase sussurrando) Você... aceita?


Iná assente com uma firmeza que parece cortar o ar como uma lâmina afiada.


INÁ: Sim. Cheguei à conclusão de que é o melhor para todos nós.


{ Um sorriso sinistro se desenha nos lábios de Heloísa, onde um close é dado. }


CONTINUAÇÃO. 

CENA 02: INT. CAPELA HOSPITAL VITAL ROSSI. 

Heloísa e Iná estão sentadas nos bancos da capela. Heloísa parece agitada, enquanto Iná mantém uma postura firme.

HELOÍSA : (empolgada) Iná, eu não posso acreditar que você concordou! Isso é maravilhoso! Eu estava tão preocupada...

INÁ: (serena, mas firme) Eu sei que você está feliz, Heloísa. E eu também estou aliviada com essa decisão.

HELOÍSA: (sorri) Obrigada, Iná. Você não faz ideia do quanto isso significa para mim e para meu filho. Ele vai ter uma vida tão melhor agora.

INÁ: (assentindo) Eu entendo. Mas é importante deixar claro que isso é uma transação. Eu espero que tudo seja feito conforme o combinado.

HELOÍSA: (assente, um pouco mais séria) Claro, Iná. Eu garanto que tudo será feito conforme o combinado. Eu já tenho um médico excelente que vai cuidar de tudo, e um advogado para nos ajudar com os papéis.

INÁ: (observa Heloísa por um momento) Você parece muito agitada, Heloísa. Está tudo bem?

HELOÍSA: (suspira) É só que... É um grande alívio, sabe? Eu estava tão preocupada com meu filho, com o futuro dele. E agora... (sorri) Parece que finalmente estamos no caminho certo.

INÁ: (coloca a mão no ombro de Heloísa) Eu entendo. E fico feliz por poder ajudar de alguma forma.

HELOÍSA: (emocionada) Você é um anjo, Iná. Não sei como agradecer o suficiente.

INÁ: (sorri gentilmente) Não precisa agradecer. Estamos fazendo o que é melhor para todos nós.


CENA 03: INT. CASARÃO DE LEONA.  COZINHA - MANHÃ

Leona, prepara o café da manhã na ampla cozinha do casarão. Tigre, está sentado à mesa, folheando o jornal. E Rubi, emerge do corredor, visivelmente de ressaca.


RUBI: (gemendo) Bom dia...

TIGRE: (ergue uma sobrancelha) Você está péssima.

RUBI: (com um sorriso forçado) Agradeço pelo elogio.

LEONA: (colocando uma xícara de café na frente de Rubi) Tome isso. Vai ajudar.

RUBI: (bebe um gole de café e faz uma careta) Aah, isso é forte.

LEONA: (sentando-se à mesa) Rubi, querida, o que aconteceu ontem à noite? Você estava completamente fora de si na boate.

RUBI: (abaixando o olhar) Eu... eu e Otávio brigamos.

TIGRE: (franzindo a testa) Otávio? O cara que você está saindo?

RUBI: (assentindo) Sim, ele me deixou lá, sem dizer uma palavra.

LEONA: (colocando a mão sobre a de Rubi) Sinto muito, querida. Mas isso não justifica você se embebedar e arrumar confusão.

RUBI: (encarando seu café) Eu sei, Leona. Eu só... não sei lidar com isso.

TIGRE: (com um suspiro) E a parte de beijar todo mundo?

RUBI: (corando) Eu... eu não sei. Acho que só queria me sentir viva, sabe?

LEONA: (com um sorriso gentil) Rubi, querida, você é jovem. E vai aprender que não pode deixar alguém te derrubar assim. Você é forte.

RUBI: (engolindo em seco) Eu espero que você esteja certa.

TIGRE: (levantando-se) Vou dar uma volta lá fora. Preciso espairecer.


Tigre sai da cozinha, deixando Leona e Rubi a sós.

LEONA: (colocando uma mão reconfortante no ombro de Rubi) Vai ficar tudo bem, querida. Estamos aqui para você.

Rubi sorri fracamente, agradecendo silenciosamente o apoio de sua família improvável. A câmera se afasta enquanto elas continuam a conversar.


CENA 04: INT. CONSULTÓRIO. HOSPITAL VITAL ROSSI.

Virginia, entra em seu consultório com pressa, carregando sua bolsa e alguns documentos. Ao fechar a porta, ela se surpreende ao encontrar Heloísa, sentada em uma das cadeiras.

VIRGINIA: (surpresa) Heloísa? O que você está fazendo aqui?

HELOÍSA: (com um sorriso sinistro) Virginia, querida! Que bom que você chegou. Precisamos conversar.

Virginia sente um arrepio percorrer sua espinha ao ver a expressão determinada nos olhos de Heloísa. Ela instintivamente tranca a porta do consultório.

VIRGINIA: (nervosa)  O que está acontecendo? Por que você está aqui?

HELOÍSA: (com falsa doçura) Oh, não se preocupe, Virginia. Eu só queria compartilhar uma boa notícia com você.

Virginia franze a testa, desconfiada.

VIRGINIA: Boa notícia?

HELOÍSA: (com um brilho nos olhos) Sim, eu finalmente consegui! Comprei um bebê, Virginia. 

Virginia fica chocada, horrorizada com a revelação de Heloísa. Ela dá alguns passos para trás, tentando processar o que acabou de ouvir.

VIRGINIA: Você... você comprou um bebê?

HELOÍSA:  (com um sorriso cruel) Sim, e agora preciso da sua ajuda mais do que nunca, querida amiga. Você não vai me abandonar, vai?

Virginia sente-se encurralada, presa entre sua ética profissional e a manipulação de Heloísa. Ela sabe que não pode compactuar com esse crime, mas também teme as consequências de confrontar a vilã.

VIRGINIA: (com determinação) Eu sinto muito, Heloísa, mas não posso fazer parte disso. Você está errada e eu não vou ajudar você a continuar com essa farsa.

HELOÍSA: (com raiva) Vai me abandonar assim? Você vai se arrepender, Virginia. Eu garanto.


Heloísa se levanta, bate a porta e sai. 


CENA 05: INT. CASA DE DÉBORA E OTÁVIO. COZINHA. 

A cozinha está iluminada pelo suave brilho do sol da manhã que se filtra pelas cortinas. A mesa está posta para o café da manhã, com uma jarra de suco de laranja fresco, uma cesta de pães e uma variedade de frutas. Otávio, de semblante sério, e Débora, com um leve sorriso no rosto, estão sentados à mesa.

OTÁVIO: (desculpando-se) Débora, eu sei que tenho estado ausente ultimamente. Eu prometo que vou fazer um esforço real para ser mais presente. Para ser um marido melhor, um pai melhor.

DÉBORA: (colocando a mão sobre a dele) Eu sei que você tem se dedicado muito ao trabalho, Otávio. Mas o que mais importa é estarmos juntos como uma família. Eu aceito suas desculpas, e estou disposta a trabalharmos juntos para mantermos nossa família unida.

Um olhar de alívio e gratidão atravessa o rosto de Otávio. Ele aperta suavemente a mão de Débora, reconhecendo o peso de suas palavras.

OTÁVIO: (obrigado) Obrigado, Débora. Eu não sei o que faria sem você ao meu lado.

DÉBORA: (sorrindo) Nós somos uma família, lembra? Juntos podemos superar qualquer coisa.


CENA 06: INT. LEITO UTI. HOSPITAL VITAL ROSSI. 

Iná, com olhos cansados, está sentada ao lado da cama de sua filha Luciana, que está em coma. Dr. Guilherme, está explicando a situação para Iná.

DR. GUILHERME: ...e é importante que a senhora entenda que o estado da Luciana ainda é muito delicado. Estaremos monitorando-a de perto.

Iná assente, absorvendo as informações, enquanto mantém um olhar fixo em Luciana.

INÁ: Eu entendo, doutor. Farei o que for necessário pela minha filha.

Dr. Guilherme se retira do quarto, deixando Iná sozinha com Luciana.

Iná olha para Luciana por mais um momento antes de se levantar e decidir sair do quarto. 


CENA 07: ALA NEONATAL. INT. 

Ela caminha pelo corredor do hospital, passando por várias enfermarias até chegar à ala neonatal.

Iná para em frente a uma incubadora e olha através do vidro. Lá dentro está seu neto, frágil e pequeno.


INÁ: (sussurrando para si mesma) Meu Deus...

Enquanto Iná está absorta na visão do bebê, Serginho, um homem de aproximadamente trinta anos, se aproxima. Há uma tensão evidente entre ele e Iná.

SERGINHO: (observando o bebê) Ele é incrível, não é?

INÁ: (surpresa ao vê-lo) Serginho...

Iná hesita por um momento, olhando para Serginho com uma mistura de emoções.

SERGINHO: (sério) Iná...

O silêncio paira entre os dois por um momento, carregado de anos de ressentimento e mágoa.

INÁ: (desculpando-se friamente) Eu não esperava te encontrar aqui.

SERGINHO: (nervoso) Você não esperava...? Como a senhora pode dizer isso depois de tudo que aconteceu?

Iná desvia o olhar, parecendo desconfortável com a conversa.

INÁ: (nervosa) Eu sei que cometi erros, Serginho. Mas... eu não posso mudar o passado.

SERGINHO: (com amargura) Não, você não pode. Mas talvez pudesse ter feito algo para ajudar a Luciana antes que isso acontecesse.

Iná parece visivelmente abalada pelas palavras de Serginho.

INÁ: (com sinceridade) Eu sei... Eu sei que falhei com ela. E agora, olhando para o meu neto aqui... sinto mais do que nunca o peso das minhas escolhas.

Iná continua a observar o bebê na incubadora.

SERGINHO: (com um suspiro) Bem, pelo menos isso é um começo.

O clima entre os dois permanece tenso, enquanto observam juntos o bebê na incubadora, ambos pensando nas escolhas que os trouxeram até ali.


CENA 08: EXT. FAVELA DO RIO DE JANEIRO. 

Otto, adentra as sinuosas vielas da favela. O sol escaldante lança sombras irregulares entre os barracos de tijolos e o concreto rachado. Ele passa por grupos de crianças brincando descalças e adultos conversando em roda.

Finalmente, Otto chega a um beco apertado, onde uma atmosfera pesada paira no ar. No final do beco, uma pequena multidão se aglomera em torno de um casebre deteriorado. Otto se aproxima cautelosamente.

CENA 09: INT. CASEBRE. CONT. 

Dentro da casa, a atmosfera é carregada com fumaça de cigarro e olhares desconfiados. Celsão, um homem robusto, está sentado em uma cadeira no centro da sala, cercado por seus capangas.

Quando Otto entra, os olhares se voltam para ele. Celsão reconhece Otto e esboça um sorriso.

CELSÃO: Otto, faz tempo, cara!

Otto retribui o sorriso com um aceno de cabeça.

OTTO: Celsão, como vai?

Os dois se abraçam brevemente.

CELSÃO: O que te traz aqui, irmão?

Otto olha em volta, verificando se ninguém está ouvindo.

OTTO: Preciso falar contigo sobre negócios. Coisa séria.

Celsão franze o cenho, mas faz um gesto para que Otto o siga até uma sala adjacente. Lá dentro, eles se sentam em cadeiras velhas.

OTTO: É o seguinte, Celsão. Preciso de mais grana. aconteceu uma parada.

Eu engravidei uma mulher, mano. E preciso mandar ela e a criança pra longe daqui, saca?

Celsão franze o cenho novamente, desconfiado.

CELSÃO: E por que eu deveria te ajudar com isso, hein? Tu já deu trabalho demais pra mim, Otto. Já tive que tirar tua bunda da mira da polícia mais de uma vez.

OTTO: Eu sei, eu sei. Mas dessa vez é diferente, Celsão. Eu tô falando sério.

Celsão pondera por um momento, então suspira.

CELSÃO: Tá, vou te dar uma chance. Mas se tu me der dor de cabeça de novo, não vai ser só a polícia que tu vai ter que encarar.

Celsão se levanta e vai até uma mesa, onde há pacotes de drogas empilhados.

CELSÃO: Aqui está. É o máximo que posso te dar por enquanto.

Ele empurra os pacotes na direção de Otto, que os apanha com as mãos trêmulas.

OTTO: Valeu, Celsão. Você não vai se arrepender, eu prometo.

Os dois se encaram por um momento tenso, antes de Celsão finalmente assentir.

CELSÃO: Eu espero que não, Otto. Eu espero que não.


CENA 10: ZONA PORTUARIA. EXT.

No coração do Rio de Janeiro, a zona portuária ganha vida com as luzes da cidade refletindo nas águas tranquilas do rio. Ao longo das margens, edifícios históricos se misturam com estruturas modernas, criando uma paisagem urbana fascinante. 


CENA 11: INT. RUA NOTURNA - NOITE

Rubi, uma prostituta jovem e bonita, está de pé na calçada, observando os carros passarem lentamente. Ela acende um cigarro, sua expressão cansada evidenciando o peso do trabalho noturno.

Sandy, sua colega de trabalho, se aproxima, vestida de maneira chamativa, com um sorriso radiante.

SANDY: E aí, Rubi? Como estão as coisas hoje?

Rubi força um sorriso, mas seus olhos traem uma tristeza latente.

RUBI:  Ah, você sabe como é, Sandy. Noites como esta... nem sempre são fáceis.

SANDY: (Vendo através dela) Você tá bem? Parece meio pra baixo hoje.

Rubi baixa o olhar, incapaz de esconder completamente sua dor.

RUBI: É... só um daqueles dias, sabe? Nada demais.

Dois homens se aproximam, olhando Rubi e Sandy com interesse.

HOMEM 1: Ei, garotas! O que acham de uma noite divertida? Conhecemos um lugar incrível ali adiante.

SANDY: (Olha para Rubi) Que tal, Rubi? Vamos nos divertir um pouco?

Rubi hesita por um momento, mas finalmente concorda com um aceno de cabeça.


CENA 12: INT. MOTEL. COPACABANA- NOITE

Sandy dança animadamente com um dos homens, enquanto Rubi está sentada à beira da piscina da área externa, olhando para o nada, perdida em seus pensamentos. Sandy nota a expressão melancólica de Rubi e se aproxima, sorrindo.


SANDY: (Empolgada) Ei, amiga! Vamos lá, se anima! Essa noite é nossa!

Rubi tenta forçar um sorriso, mas é claro que sua mente está longe dali.

RUBI: (Suspira) É, eu sei, Sandy. Só não tô muito no clima hoje.

SANDY: (Sugestiva) Bem, você precisa se animar! É teu trabalho, Rubi! Vamos gatinha, isso talvez anime você.

Sandy tira um pequeno embrulho de cocaína de sua bolsa e oferece a Rubi, que fica surpresa.

RUBI: (Indecisa) Não sei, Sandy... não é minha praia.

SANDY: (Insistente) Vai, Rubi! Você precisa se soltar um pouco. Olha só como aqueles dois, já estão se divertindo! 

Rubi olha ao redor e vê os homens dentro do quarto, já semi-nus brindando com espumantes, e uma pequena faísca de desejo de escapar de sua tristeza surge dentro dela.

RUBI: (Toma uma decisão) Tudo bem, só desta vez.

Com uma mistura de ansiedade e excitação, Rubi aceita a oferta de Sandy. Sandy então abre o embrulho e coloca a cocaína sobre a mesa, arrumando para fazer uma carreirinha de pó. Primeiro, Sandy retira dos seus uma nota de dinheiro, ela enrola e usa a droga. Em seguida os dois homens chegam ao local da piscina, animados, um beija Sandy e passa a droga sob os lábios dela. O outro cheira, enquanto Rubi observa claramente desconfortável. Nesse momento, Rubi congela.



INÍCIO DO FLASHBACK. 

FUNDOS DA BOATE DE LEONA. EXT.


OTÁVIO: (cabisbaixo) Eu... eu não me sinto bem aqui, Rubi. Esse ambiente... não é para mim.

Rubi olha para Otávio, surpresa com a revelação, mas logo sua surpresa se transforma em tristeza e incredulidade.

RUBI: (com a voz embargada) Como assim, Otávio? Você... você está dizendo que não suporta estar em um lugar com pessoas gays

FIM DO FLASHBACK.

Rubi observa a atmosfera que o ambiente está ficando. Ela então dá um sorriso forçado para todos ali, e olha novamente para droga. Rubi então, pega o dinheiro usado para cheirar a droga. Enquanto Sandy segura os cabelos de Rubi para trás, Rubi experimenta a droga, sentindo um calor instantâneo percorrer seu corpo. Ela fecha os olhos por um momento, permitindo-se perder na sensação de euforia.

SANDY: (Satisfeita) Isso aí, Rubi! Agora sim, vamos curtir essa noite como deve ser!


CENA 13: INT. APARTAMENTO DE RAUL - SALA DE ESTAR - NOITE

Raul, está sentado em um sofá, folheando um jornal, quando a Eulália abre a porta, e Heloísa, entra com duas garrafas de champanhe nas mãos.

HELOÍSA: (entusiasmada) Raul querido! 

Raul olha para cima, surpreso com a chegada inesperada de Heloísa.

RAUL: (com um ar de desconfiança) Heloísa, o que você está fazendo aqui? E com champanhe?

HELOÍSA: (sorrindo maliciosamente) Ah, Raul, não é óbvio? Estou comemorando!

Raul franze a testa, sem entender.

RAUL: Comemorando o quê, exatamente?

HELOÍSA: (triunfante) Consegui! Finalmente consegui o que mais desejava. Eu sou mãe!

Raul se levanta abruptamente, perplexo com a revelação de Heloísa.

RAUL: (incrédulo) Você está indo longe demais com essa história, Heloísa. Não brinque comigo.

HELOÍSA: (com um sorriso cínico) Não estou brincando!  (pausa dramática) Comprei um bebê.

Raul fica chocado com a confissão de Heloísa.


CENA 14: CIDADE DE PETRÓPOLIS. MANHÃ

Ao amanhecer em Petrópolis, as montanhas recebem uma luz dourada, enquanto a cidade desperta lentamente. Nas ruas históricas, o aroma do café paira no ar, acompanhado pelo canto dos pássaros. O Palácio de Cristal brilha sob os primeiros raios de sol, anunciando o início de um novo dia nesta cidade encantadora.


CENA 15: CASA DE DÉBORA E OTÁVIO. INT. DIA

Débora e Otávio estão de pé, abraçados, junto à porta de entrada da casa. Há uma atmosfera de ternura entre eles, misturada com uma ponta de tristeza.

DÉBORA: (com um sorriso forçado) Eu vou sentir sua falta, sabia?

OTÁVIO: (segurando as mãos de Débora) Eu também, amor. Mas prometo que vou voltar em breve e te levarei comigo. 

DÉBORA: (olhando nos olhos dele) E dessa vez, por favor, tente não se perder tanto no trabalho.

OTÁVIO: (com um sorriso fraco) Eu sei, eu sei. Eu vou tentar me desconectar mais. Você é minha prioridade, Débora.

Os dois se beijam suavemente antes de Otávio pegar sua mala e sair pela porta.


CENA 16: EXT. ESTRADA DA SERRA DE PETRÓPOLIS.

Otávio está dirigindo seu carro pela estrada, com uma expressão pensativa. Ele passa a mão pelo rosto, claramente perturbado com algo.

{ *INICIO DO FLASHBACK:*} 


BOATE. EXT.  NOITE

Otávio e Rubi estão no meio de uma discussão acalorada. Rubi parece frustrada, enquanto Otávio está defensivo.

RUBI: (com voz exasperada) Você não entende, Otávio! Seu preconceito está afetando nosso relacionamento!

OTÁVIO: (com tom defensivo) Eu não tenho preconceito, Rubi! Mas eu não me encaixo nisso.


{ * FIM DO FLASHBACK * } 


Otávio suspira pesadamente, perdido em seus pensamentos, enquanto a estrada se estende à sua frente.

OTÁVIO: (sussurrando para si mesmo) Será que estou sendo justo com ela? Eu vou consertar isso. 


CENA 17: SALA DE REUNIÕES DO HOSPITAL VITAL ROSSI - TARDE

A sala de reuniões é espaçosa, com paredes brancas e uma longa mesa de mogno no centro. Stenio, Hilda, Guilherme, Heloísa e Otávio, discutem questões sobre o hospital. Todos estão sentados, tensos, enquanto Otávio, observa a cena com uma expressão ansiosa.

HILDA: (com firmeza) Obrigada por estarem aqui. Como todos sabem, estamos enfrentando uma situação delicada.

GUILHERME: (franzindo a testa) Mas mãe, por que toda essa pompa para uma simples reunião familiar?

HILDA: (olhando diretamente para Guilherme) Porque não se trata de uma simples reunião familiar. Trata-se do caso da jovem Luciana.

A expressão de Guilherme se transforma em uma mistura de surpresa e preocupação.

GUILHERME: (incredulamente) Você convocou uma reunião por causa da Luciana? Mãe, isso é absurdo.

HILDA: (com frieza) Absurdo é o custo exorbitante que o hospital está tendo para manter Luciana em coma. Estamos gastando recursos preciosos que poderiam ser melhor empregados em outros pacientes.

Otávio abaixa os olhos, visivelmente desconfortável com a conversa.

GUILHERME: (indignado) Mas mãe, estamos falando da vida de uma pessoa aqui!

HILDA: (inflexível) Estamos falando também da responsabilidade financeira deste hospital para com a comunidade. É hora de sermos pragmáticos.

Antes que Guilherme possa replicar, Heloísa se manifesta, surpreendendo a todos.

HELOÍSA: (com determinação) Não, dona HIlda. Não é hora de sermos pragmáticos. É hora de sermos humanos. Eu não posso ficar aqui sentada e aceitar essa decisão sem lutar.

Todos na sala olham Heloísa, atônitos.

GUILHERME: (em choque) Heloísa, o que você está dizendo?

HELOÍSA: (com firmeza) Estou dizendo que vou arcar com todos os custos do tratamento de Luciana. E do bebê prematuro que ela teve.

O silêncio na sala é palpável. Hilda olha para Heloísa, atônita, enquanto Guilherme parece emocionado com a atitude de sua esposa. Otávio parece aliviado, mas ainda cauteloso.


CENA 18: INT. RESTAURANTE - HORAS DEPOIS.

Arnaldo e Otávio estão sentados em uma mesa de restaurante, almoçando.

ARNALDO: E aí, Otávio? Como anda a vida amorosa?

Otávio hesita por um momento, olhando para o prato antes de responder.

OTÁVIO: Bem, na verdade... Eu fiz as pazes com a Débora.

Arnaldo sorri, encorajador.

ARNALDO: Isso é ótimo, cara! Fico feliz por vocês.

OTÁVIO: (suspira) Sim, é um alívio. Mas, sabe, Arnaldo, ainda não consigo tirar a Rubi da minha cabeça.

Arnaldo franze a testa, preocupado.

ARNALDO: Rubi? Mas vocês terminaram, não terminaram?

OTÁVIO: Eu sei, eu sei. Mas toda vez que penso que superei, algo me faz lembrar dela novamente.

Arnaldo coloca a mão sobre a de Otávio, em um gesto reconfortante.

ARNALDO: Talvez seja um sinal, Otávio. Talvez seja hora de você confrontar esses sentimentos de vez.

OTÁVIO: (olhando para baixo) Você acha que eu deveria procurá-la?

ARNALDO: Eu acho que você merece fechar esse capítulo da sua vida, seja qual for o desfecho. Você precisa de paz de espírito, meu amigo.

Otávio olha para Arnaldo com determinação, tomando uma decisão.

OTÁVIO: Você está certo. Eu vou procurá-la. É hora de resolver essa história de uma vez por todas.

Os dois se entreolham, um sorriso de compreensão passando entre eles enquanto continuam a aproveitar o almoço juntos.


CENA 19: INT. CONSULTÓRIO MÉDICO - DIA

Heloísa e Iná entram no consultório de Raul. O ambiente é acolhedor, com móveis confortáveis e uma leve música ambiente. Raul, levanta-se de sua mesa ao ver as duas mulheres entrando. Ele sorri calorosamente e estende a mão em cumprimento.


RAUL: Bem-vindas, Heloísa e Iná. É um prazer recebê-las aqui.

Heloísa sorri e aperta a mão de Raul, enquanto Iná o cumprimenta timidamente.

HELOÍSA: Raul, gostaria de apresentar-lhe minha querida amiga Iná. Ela está aqui porque precisamos do seu apoio e expertise no processo médico da compra do neto dela.

Raul assente com compreensão, dirigindo-se a Iná com gentileza.

RAUL: É um prazer conhecê-la, Iná. Estou aqui para ajudá-la no que precisar. Por favor, sintam-se à vontade.

Iná sorri timidamente, sentindo-se um pouco mais confortável com a recepção calorosa de Raul.

INÁ: Obrigada, doutor Raul. Agradeço muito pela sua disposição em nos ajudar nesse momento tão importante.

RAUL: Não há de quê, Iná. Estou aqui para fornecer todo o suporte necessário. Por favor, tomem assento e podemos começar a discutir o plano de ação.

Os três se sentam ao redor da mesa, prontos para dar início ao processo que os espera. O clima no consultório é de determinação e confiança, enquanto trabalham juntos para alcançar o objetivo comum de ajudar Iná em sua jornada.


CENA 20: LEITO HOSPITALAR. HOSPITAL VITAL ROSSI. INT.

[TRILHA ON: Kelly Clarkson - Because of You (Audio)]

Serginho caminha até o leito de Luciana, seu coração apertado de tristeza. Ele se aproxima lentamente, como se temesse perturbar a quietude do quarto. Seus olhos se enchem de lágrimas ao ver Luciana naquele estado.

SERGINHO: (com voz embargada) Eu preciso de você, Lu. Mais do que nunca. Não sei como continuar sem você ao meu lado. Você é... é como uma parte de mim está faltando, agora que você está assim. Por favor, Lu, acorde. Me mostre que você está lutando. Me mostre que ainda está aqui.

Ele se inclina para frente, encostando a testa na dela, como se buscasse desesperadamente algum sinal de vida.

SERGINHO: (sussurrando) Eu prometo, Lu... Eu prometo que estarei aqui, todos os dias, até que você acorde. Eu não vou desistir de você. Nunca.

Com um suspiro pesaroso, Serginho fecha os olhos por um momento, permitindo-se sentir a dor e a angústia que o consomem. Ele permanece ali, ao lado de Luciana, segurando sua mão, esperando por um milagre que possa trazer sua amiga de volta à vida.


CENA 21: CASARÃO DE LEONA. INT. MAIS A TARDE

Rubi, está deitada na cama, com os lençóis bagunçados e uma expressão de dor no rosto. Ela segura a cabeça, como se estivesse tentando conter uma dor de cabeça lancinante. O quarto está escuro, apenas iluminado pelo fraco brilho da lua que entra pela janela entreaberta.


RUBI: (gemendo) Ahh, minha cabeça…

Ela tenta se sentar, mas imediatamente é atingida por uma onda de náusea. Seu rosto fica pálido e ela rapidamente se inclina para o lado, vomitando em um balde ao lado da cama. O vômito é silencioso, mas a angústia em seu rosto é evidente.

RUBI: Merda...

Depois de alguns momentos, ela consegue controlar a náusea o suficiente para se recostar na cabeceira da cama. Ela passa a mão pela testa suada e nota algo molhado. Ao olhar para sua mão, vê sangue.

RUBI: (alarmada) O que...?

Ela rapidamente toca seu nariz e sente a textura úmida do sangue. Uma mistura de pânico e confusão cruza seu rosto.

RUBI: Isso não pode estar acontecendo...

Ela se levanta, cambaleando até o banheiro. Ao se olhar no espelho, vê seus olhos vermelhos e inchados, evidências claras de uma noite de excessos. Sua aparência é de alguém que mal dormiu e ainda está sob o efeito do álcool.

Ela se vira bruscamente, mas sua visão fica turva e ela tropeça, caindo de joelhos no chão frio do banheiro. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto enquanto ela luta para se levantar, lutando contra a mistura de euforia e agressividade que a consome.


No banheiro, Leona adentra, tirando Rubi do chão.

 

LEONA: (com preocupação) Rubi, você está bem?

RUBI: (em lágrimas) Nunca mais... eu prometo... nunca mais...

LEONA: Se acalma! Você deve ter passado do ponto ontem, vou te dar um banho.

Leona coloca Rubi no chuveiro, enquanto Rubi permanece com o olhar perdido em pensamentos e sentindo todos os efeitos da cocaína. 


CENA 22: RIO DE JANEIRO À NOITE.

À noite, as luzes brilham na zona portuária do Rio de Janeiro. Os navios deslizam silenciosamente pela água escura enquanto guindastes movimentam contêineres sob um céu estrelado. Ao longo do cais, a música suave do samba se mistura com o murmúrio das ondas. O Museu do Amanhã, iluminado por dentro, destaca-se como uma visão futurística no horizonte. É uma cena de beleza e movimento, onde o Rio revela sua energia mesmo quando o sol se põe.


CENA 23 : PIER. ZONA PORTUÁRIA DO RIO. NOITE

Rubi está parada na calçada, olhando ao redor nervosamente. Nítidamente, vemos Rubi eufórica. Ela termina de fumar um cigarro, e logo acende outros.  A luz amarelada dos postes cria sombras alongadas ao seu redor. Ela parece tensa. Ao longe, um carro se aproxima lentamente.

O carro para ao lado de Rubi, e a janela do passageiro se abaixa, revelando Otávio. Ele está encostado no banco do motorista, olhando para ela com uma expressão hesitante, misturada com um toque de tristeza.

OTÁVIO: (suavemente) Rubi...

Rubi olha para Otávio por um momento, seu rosto indeciso refletindo a luta interna que ela está travando. Ela parece prestes a recusar, mas algo a impede.

RUBI: (suspira, relutante) Oi, Otávio...

Há um breve momento de silêncio tenso entre eles, carregado com a história não resolvida de seu relacionamento. É evidente que ambos estão lutando contra sentimentos conflitantes.

OTÁVIO: (com cuidado) Você... quer entrar?

Rubi hesita por um momento, olhando para o carro e depois para Otávio. Ela parece prestes a recusar novamente, mas algo na maneira como ele a olha a faz reconsiderar.

RUBI: (resoluta) Tudo bem. Mas tem uma condição.

Otávio arqueia uma sobrancelha, curioso.

OTÁVIO: (sorrindo de leve) E qual seria essa condição?

RUBI: (firmemente) Você vai ter que pagar pela minha companhia.

Um sorriso irônico surge no rosto de Otávio, e ele assente, concordando com a proposta de Rubi.

OTÁVIO: Está feito. Entra aí.

Rubi hesita por mais um momento, mas então se dirige para o carro e entra no banco do passageiro. Otávio olha para frente, dando partida no carro


CENA 24: INT. RESTAURANTE CHIQUE - NOITE

[TRILHA ON:Whitesnake - Is This Love]

Rubi e Otávio estão sentados em uma mesa elegantemente decorada, desfrutando de um jantar romântico à luz de velas. Otávio parece nervoso enquanto espera o momento certo para surpreender Rubi.

OTÁVIO: (sorrindo nervosamente) Rubi, eu tenho algo para você.

Ele tira uma caixa de jóias de veludo de dentro do bolso e a coloca delicadamente diante dela. Rubi abre a caixa e seus olhos se iluminam ao ver um deslumbrante colar de pedras de rubi.

RUBI: (incrédula) Oh, Otávio, é lindo...

OTÁVIO: (olhando para ela com ternura) Você merece o melhor, Rubi.

Rubi sorri, emocionada, e permite que Otávio coloque o colar em volta de seu pescoço.


CORTA PARA:

CENA 25: INT. APARTAMENTO DE OTÁVIO - NOITE

[TRILHA CONT.]


Rubi e Otávio entram no apartamento, suas mãos entrelaçadas. Rubi mantém os olhos fechados enquanto Otávio a conduz pelo espaço.

OTÁVIO: (animado) Pode abrir os olhos agora, Rubi.

Rubi abre os olhos e fica completamente chocada ao ver o apartamento totalmente adaptado para um casal. Flores frescas enfeitam a mesa de centro, velas perfumadas iluminam o ambiente e uma música suave preenche o ar.

RUBI: (incrédula) Otávio, isso é...

OTÁVIO: (sorrindo) Eu queria que você se sentisse em casa aqui, Rubi.

Rubi olha para Otávio, com lágrimas nos olhos, sem palavras para expressar sua gratidão.

OTÁVIO: (olhando nos olhos dela) Rubi, eu amo você. Eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Eu não quero mais vê-la nas ruas, como uma prostituta. Eu quero que você venha morar comigo.

Rubi fica sem palavras, completamente atordoada pela declaração de Otávio.

RUBI: (emocionada)

Otávio, eu... Eu...

OTÁVIO: (pedindo desculpas) Eu sei que isso é repentino e talvez um pouco assustador, mas eu só quero o melhor para nós dois.

Rubi olha para Otávio com amor nos olhos e sorri.

RUBI: (abraçando-o) Eu amo você, Otávio. E eu aceito.


Os dois se abraçam ternamente, selando o momento com um beijo apaixonado.


FIM DO CAPÍTULO


Agradecimentos especiais a Babu Santana como Celsão e a Heslaine Vieira por sua brilhante interpretação como Sandy. Participações especiais  que enriqueceram o capítulo de hoje! 








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