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TERRA DO SOL - 01 (REPRISE)

 





CENA 1: EXTERIOR. KAMAKURA/JAPÃO. VISTA AÉREA. DIA

A IMAGEM ABRE COM A CÂMERA A BELÍSSIMA IMAGEM DE UM CAMPO

ABERTO. EM UMA TRANSIÇÃO RÁPIDA SOMOS APRESENTADOS A

MORADORES E TRABALHADORES DA REGIÃO, TURISTAS QUE VISITAM

PONTOS TURÍSTICOS DA CIDADE COMO: O TEMPO BUDISTA KŌTOKU-IN,

O SANTUÁRIO TSURUGAOKA, O JARDIM NATURAL HASE-DERA E POR

ÚLTIMO O LOCAL HISTÓRICO KENCH-JI. LOGO DEPOIS A CÂMERA VAI SE

APROXIMANDO DE UM TEMPLO BUDISTA ONDE AS PORTAS ESTÃO

ABERTAS. AO ADENTRAR NESSE TEMPLO BUDISTA SOMOS

APRESENTADOS A DIVERSOS COSTUMES DA CULTURA JAPONESA QUE

SÃO TRANSPORTADOS DIRETO PARA O LEITOR.

 

�� KAMAKURA — JAPÃO, 1989



[Obs: Primeiro a legenda aparece em Japonês e depois muda para o

Português]

 

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CENA 2: INTERIOR. TEMPLO BUDISTA. DIA

NO CENTRO DA CENA PODEMOS VER UM HOMEM MADURO FAZENDO AS

SUAS ORAÇÕES DIÁRIAS. NESSE MOMENTO UMA JOVEM ENTRA EM

DEVAGAR PARA NÃO ATRAPALHAR O HOMEM QUE PARECE PERCEBER A

PRESENÇA DELA ALI. ELE APAGA UM INCENSO E OLHA FIXAMENTE PARA

A JOVEM QUE ABAIXA A CABEÇA EM RESPEITO.

 

KENJI (enfurecido): — Eu posso saber onde você estava? Pense duas

vezes antes de mentir para mim. (P) Já faz tempo que você não é a

mesma. Até parece que a nossa cultura não significa nada para você.

AIKO (séria): - Você sabe que isso não é verdade, Otōsan. Mas tem uma

coisa que eu preciso falar com você, mas eu não sei como falar.

KENJI: - Se for para falar sobre aquele Gaijin nem precisa perder o meu

tempo. Você sabe muito bem o que eu penso a respeito disso.

 

AIKO FICA EM SILÊNCIO ABSOLUTO. KENJI A OLHA COM DESPREZO.

 

KENJI (nervoso): - O que foi que houve com você, Musume? Eu não estou

mais te reconhecendo. Você desrespeitou a nossa família se envolvendo

com esse Gaijin. Eu não acredito que você foi capaz disso.

AIKO (chorando): - Porque você não pode entender que eu me apaixonei

por ele, Otōsan. E além do mais eu estou grávida. Era isso que eu queria

tanto te contar. Eu precisava tirar esse peso de mim.

 

O OLHAR DE KENJI VAI FICANDO CADA VEZ MAIS SÉRIO.

 

KENJI: - Eu não posso acreditar no que eu estou ouvindo. Olha só o que

você fez, sua Uragirimono. Esqueça que você é minha filha.

 

KENJI SAI DO TEMPLO BUDISTA TOTALMENTE DESCONTROLADO. A

CÂMERA MOSTRA QUE AIKO CAI DE JOELHOS CHORANDO MUITO.

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CENA 3: EXTERIOR. KAMAKURA. CAMPO ABERTO. DIA

EM UM PLANO ABERTO A CÂMERA MOSTRA QUE AIKO ESTÁ ANDANDO DE

UM LADO PARA O OUTRO DEBAIXO DE UMA ENORME ÁRVORE. LOGO

DEPOIS UM HOMEM (OCIDENTAL) VEM SE APROXIMANDO E ELE SORRI

DE UM JEITO BEM CÍNICO. ELE É CELSO CIPRIATIS.

 

CELSO (cínico): - Eu sabia que você não iria conseguir ficar muito tempo

longe de mim, Aiko. Já pensou sobre a proposta que eu te fiz?

AIKO (séria): - Era sobre isso mesmo que eu queria falar com você, Celso.

Eu não posso ir embora com você. Eu estou grávida.

CELSO: - O que você está falando? Isso só pode ser brincadeira. (P) Quem

é o pai dessa criança? Não vai me dizer que sou eu?!

 

O OLHAR DE AIKO FICA MUITO SÉRIO. ELA DÁ UM TAPA EM CELSO.

 

AIKO (nervosa): - Você não pode estar falando sério. Eu não posso

acreditar que o homem que eu amo está duvidando de mim. (T) Eu

sacrifiquei tudo que eu tinha por você. É isso que eu ganho em troca?

CELSO (enfático): - Como eu posso saber se esse filho realmente é meu.

Eu não posso e não quero esse tipo de responsabilidade.

 

AIKO FICA MAIS NERVOSA E TENTA AGREDIR CELSO. ELE A SEGURA.

 

CELSO: - Como você é ingênua, Aiko. Mas se isso te serve de consolo eu

jamais me casaria com uma Japa como você. Você para mim não passou

de uma aventura da qual eu não irei guardar nada de bom.

AIKO (gritando): - Como eu pude me enganar tanto assim com você, seu

Gaijin maldito. Eu nunca mais quero te ver na minha frente.

 

CELSO SAI ANDANDO SORRINDO CINICAMENTE ATÉ SUMIR NO

HORIZONTE. A CÂMERA MOSTRA O DESESPERO NO OLHAR DE AIKO.

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�� ALGUNS MESES DEPOIS



CENA 4: INTERIOR. CASA DE AIKO E KENJI. QUARTO. NOITE

CENA BEM INTIMISTA. AIKO ESTÁ DEITADA NA CAMA SENTINDO MUITAS

CONTRAÇÕES. EM SUA FRENTE ESTÁ UMA PARTEIRA TIPICAMENTE

JAPONESA QUE ESTÁ TENDO MUITAS DIFICULDADES EM REALIZAR O

PARTO. AIKO GRITA COM MUITA DOR.

 

PARTEIRA (figurante): - Você precisa ser forte, Aiko. Esse momento é o

mais precioso na vida de uma mulher. (P) Força… Você consegue.

 

AIKO COMEÇA A FAZER FORÇA. NESSE MOMENTO A CÂMERA MOSTRA

QUE KENJI ESTÁ PARADO NA PORTA DO QUARTO. O SEU SEMBLANTE É

UMA MISTURA DE AFLIÇÃO E DECEPÇÃO.

 

AIKO (gemendo de dor): - Eu não vou conseguir. Está doendo muito. (T)

Eu sinto muito, Otōsan. Eu não queria ser a sua maior vergonha.

PARTEIRA (figurante): - É claro que você vai conseguir, Aiko. Você precisa

ter mais força pelo seu filho que está para nascer. Vamos!

KENJI: - Ela está certa, Musume. Não podemos ficar presos no que

aconteceu, e o que realmente importa é o seu filho.

 

A CÂMERA MOSTRA UM BRILHO DIFERENTE NO OLHAR DE AIKO. ELA FAZ

MAIS FORÇA ATÉ QUE UM CHORO PODE SER OUVIDO.

 

PARTEIRA (figurante): - Nasceu!!!! É uma menina linda. Você quer pegar

ela, Aiko? (P) Eu sei tudo que você passou. Mas você não pode esquecer

que essa menina não tem culpa de nada.

 

AIKO OLHA PARA A SUA FILHA E COMEÇA A CHORAR. KENJI OLHA

FRIAMENTE PARA AIKO E DEPOIS SAI DO QUARTO.

 

AIKO (triste): - Eu não consigo…. Eu olho para ela e lembro de tudo que

houve comigo. Por mais que eu tente esquecer eu não consigo.

PARTEIRA (figurante): - É claro que você consegue,Aiko. Eu sei a dor que

você está sentindo, mas você precisa ser forte.

AIKO (se negando): - Leve ela embora daqui. Eu quero ficar sozinha.

 

A PARTEIRA VAI SAINDO DO QUARTO COM A BEBÊ EM SEUS BRAÇOS. A

CÂMERA SE APROXIMA DE AIKO, E MOSTRA A TRISTEZA PROFUNDA EM

SEU OLHAR.

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�� SÃO PAULO — BRASIL



CENA 5: INTERIOR. MANSÃO DA FAMÍLIA DUBOIS. SALA DE ESTAR.

NOITE

A CÂMERA VAI PERCORRENDO TODOS OS AMBIENTES DA CASA, E

PODEMOS VER CLARAMENTE QUE ESTÁ ACONTECENDO UMA FESTA FINA

E ELEGANTE. OS GARÇONS PASSAM OFERECENDO CHAMPAGNE PARA

UMA MULHER MUITO BEM VESTIDA. É ESTELA E ELA É A ANFITRIÃ DA

FESTA. LOGO DEPOIS UM HOMEM VAI SE APROXIMANDO.

SENADOR TAVARES (cordial): - Você nunca consegue decepcionar, Estela.

Mas eu quero saber onde está o seu novo que eu não vi até agora. (P) Eu

me recuso ir embora sem conhecer ele pessoalmente.



ESTELA (sorrindo/aflita): - Ele ainda não chegou, Senador Tavares. Mas eu

tenho certeza que ele deve ter algum bom motivo para ter se atrasado. À

sua espera não será em vão. Isso eu lhe prometo.

 

NESSE MOMENTO UM HOMEM VEM SE APROXIMANDO DE ONDE ESTELA E

O SENADOR TAVARES ESTÃO. A CÂMERA FOCA EM SEU ROSTO, E

PODEMOS VER QUE SE TRATA DE CELSO QUE SORRI.

 

SENADOR TAVARES (alegre): - Então esse é o famoso Celso Cipriatis?!! É

uma honra finalmente estar te conhecendo. Eu ouvi falar muito bem de

você. Isso é algo de se orgulhar.

CELSO (cínico): - Para mim vai ser uma hora fazer com uma figura pública

tão respeitável. (P) A minha noiva está aqui que não me deixa mentir.

ESTELA: - O Celso está coberto de razão, Senador Tavares. Agora eu vou

deixar vocês conversarem. Eu acredito que queiram ficar sozinhos.

 

ESTELA SAI ANDANDO PELA SALA DE ESTAR DA MANSÃO. DE LONGE ELA

FAZ UM BRINDE PARA CELSO QUE RESPONDE COM UM SORRISO.

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CENA 6: INTERIOR. CASA DE MITSUKO E SHIN. SALA. MANHÃ

A CÂMERA MOSTRA QUE A CASA ESTÁ EM TOTAL SILÊNCIO. DEPOIS DE

ALGUNS INSTANTES UM HOMEM VEM DESCENDO AS COM O MENINO EM

SEUS BRAÇOS. ELE TENTA CAMINHAR SEM FAZER MUITO BARULHO.

 

SHIN (sussurrando): - Nós precisamos ir embora desse lugar, meu filho.

(T) Essa é a nossa única chance. Se não for agora não será nunca mais.

 

QUANDO SHIN ESTAVA PRESTES A ABRIR A PORTA ELE É SURPREENDIDO

COM A CHEGADA DE MITSUKO QUE O OLHA COM MUITO ÓDIO.

 

MITSUKO (esbravejando): - Onde você pensa que está indo com o meu

filho? Não me obrigue a fazer algo que eu não quero, Shin.

SHIN (sério): - Nos deixe ir embora, Mitsuko. Eu não quero que o meu filho

esteja envolvido em toda essa sujeira que você faz. É melhor assim.

MITSUKO: - Se você quiser ir embora então vá, mas o meu filho fica

comigo. Eu jamais vou deixar ele conviver com um um homem tão fraco

como você. Isso jamais vai acontecer.

 

SHIN FICA SEM PALAVRAS. MITSUKO SE APROXIMA E PEGA O SEU FILHO.

 

MITSUKO (fria): - Você sempre foi um homem fraco e muito previsível.

Essa é a sua última chance de ir embora. Se você não fosse o pai do meu

filho você já estaria morto. Agora vá embora.

SHIN: - Eu sinceramente espero que você se arrependa de tudo que está

fazendo. (T) Você vai transformar o nosso filho em uma versão pior do que

você é, e isso é uma coisa que eu jamais irei perdoar.

SHIN DÁ UM BEIJO SUAVE EM SEU FILHO E VAI EMBORA COM MEDO E

FRUSTRAÇÃO. A CÂMERA MOSTRA QUE MITSUKO FICA PARADA COM O

SEU FILHO NOS BRAÇOS E COM UM SEMBLANTE AMEAÇADOR.

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CENA 7: EXTERIOR. KAMAKURA. PENHASCO. MANHÃ

EM PLANO ABERTO PODEMOS VER CLARAMENTE QUE AIKO ESTÁ NA

BEIRA DO PENHASCO OLHANDO PARA O HORIZONTE. NESSE MOMENTO

KENJI SE APROXIMA DE AIKO QUE O OLHA COM CERTA TRISTEZA.

 

AIKO (triste): - Olha só como o Sol brilha no horizonte. É tão triste saber

que eu desonrei o nome de nossa família. Isso não tem perdão, meu pai.

KENJI (sério): - Você não deveria estar pensando nisso agora, Aiko. Eu

posso imaginar o que você está pensando, mas você tem que depositar a

sua fé de dias melhores em sua filha. Isso que você deve fazer.

 

AIKO VAI CAMINHANDO CADA VEZ MAIS EM DIREÇÃO À BEIRA DO

PENHASCO. KENJI VAI FICANDO CADA VEZ MAIS PREOCUPADO.

 

AIKO: - Por mais que eu tente nada vai reparar todos os erros que eu

cometi, meu pai. (T) Eu sei que você vai cuidar da minha filha da melhor

forma possível. Eu peço que me perdoe por não ser uma boa filha.

KENJI (suplicando): - Não faça isso, Aiko. Você não precisa fazer isso.

AIKO (decidida): - A minha decisão não tem mais volta, meu pai. Eu só

peço que o senhor possa me perdoar por tudo que eu estou fazendo.

 

AS LÁGRIMAS ESCORREM PELOS OLHOS DE AIKO. SEM PENSAR DUAS

VEZES ELA SE JOGA DO PENHASCO DEIXANDO KENJI TOTALMENTE

IMÓVEL DIANTE DA SITUAÇÃO. EM SEGUIDA ELE CAI DE JOELHOS E

GRITA DE DESESPERO.

ELE SE LEVANTA E VAI ATÉ À BEIRA DO PENHASCO. ELE AINDA ESTÁ INERTE DIANTE DA

TRAGÉDIA QUE ACABA DE ACONTECER.

 

KENJI (chorando/inconformado): - Porque??!! Porque você teve que fazer

isso, minha filha? (P) Eu não queria que isso tivesse acontecido.

 

KENJI FICA TOTALMENTE INCONSOLÁVEL. A CÂMERA VAI SE

APROXIMANDO DE SEU ROSTO, E PODEMOS VER CLARAMENTE A

TRISTEZA PROFUNDA EM SEU OLHAR. KENJI FICA PARADO SEM SABER O

QUE FAZER.

 

�� ALGUNS ANOS DEPOIS



CENA 8: INTERIOR. KAMAKURA. CASA DE KENJI E KEIKO. SALA. DIA

CLOSE NO ROSTO DE UMA MENINA DE UNS 10 ANOS DE IDADE VENDO

AS FOTOS EM UM ÁLBUM BEM ANTIGO. A CÂMERA SE APROXIMA DO

ROSTO DA MENINA E PODEMOS VER QUE SE TRATA DE KEIKO. LOGO EM

SEGUIDA KENJI ENTRA NA SALA E OLHA FRIAMENTE PARA KEIKO QUE

FECHA O ÁLBUM DE FOTOS RAPIDAMENTE.

 

KENJI (nervoso): - Eu não acredito que você está vendo esse maldito

álbum de novo? Quantas vezes que tenho que dizer que eu não quero ver

você vendo essas fotos, Keiko? Você deveria respeitar o que eu digo.

KEIKO (de cabeça baixa): - Me desculpa, Sobo. Não era a minha intenção

te desrespeitar. Mas eu quero saber como era a minha mãe.

KENJI: - Eu entendo a sua curiosidade, minha neta. (P) A sua mãe era uma

mulher lindíssima e muito especial, e você é igual a sua mãe.

OS OLHOS DE KEIKO BRILHAM DE UM JEITO DIFERENTE. ELA SE

APROXIMA AINDA MAIS DE KENJI E O ENCARA SERIAMENTE.

 

KEIKO (curiosa): - Porque o senhor nunca falou do meu pai, Sobo? Eu

acho que eu mereço saber quem é o meu verdadeiro pai. Não acha?

KENJI (enfurecido): - Chega de todas essas perguntas, Keiko. Não vale a

pena você querer saber de um homem que nunca se importou com você.

KEIKO: - Eu não consigo entender todo esse seu ressentimento quando

você fala do meu pai, Sobo. O que é que você está escondendo de mim?

KENJI (irritado): - Já chega dessa conversa, Keiko. Eu não quero ter que

lembrar daquele maldito que infelizmente é seu pai. Já chega.

 

KENJI SAI DA SALA TOTALMENTE DESCONTROLADO. CLOSE EM KEIKO

QUE NÃO CONSEGUE ENTENDER A REAÇÃO DE SEU AVÔ.

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�� SÃO PAULO — BRASIL



CENA 9: INTERIOR. CASA DE VALÉRIA. SALA. TARDE

A CÂMERA MOSTRA QUE CELSO ESTÁ ANDANDO DE UM LADO PARA O

OUTRO COMO SE ALGO O INCOMODASSE. EM SUA FRENTE ESTÁ VALÉRIA

QUE O ENCARA BEM SÉRIA. SEM QUE ELES PERCEBAM ELES SÃO

VIGIADOS POR SARITA, A FILHA DE VALÉRIA QUE FICA ESCONDIDA

ATRÁS DA PORTA.

 

CELSO (nervoso): - Você ficou louca, Valéria? Quantas vezes que já não

falei para você nunca me procurar? Acho que você está querendo que a

Estela descubra tudo sobre nós, não é mesmo?

VALÉRIA (respirando fundo): - Para te falar a verdade eu queria isso

mesmo. Eu estou cansada das suas promessas vazias. Eu estou farta.

CELSO: - Não me faça rir, Valéria. Quem você seria sem a minha ajuda?

Quando eu te conheci você não era ninguém. (P) Se a Estela descobrir a

verdade eu juro que eu acabo com você e com a sua filha.



VALÉRIA FICA FORA DE SI. ELE TENTA AVANÇAR EM CELSO, MAS ELE LHE

DÁ UM TAPA QUE FAZ VALÉRIA CAIR NO CHÃO.

 

CENA 10: INTERIOR. MANSÃO DA FAMÍLIA DUBOIS. QUARTO DE LUCAS.

TARDE

NO CENTRO DA CENA ESTÁ LUCAS QUE ESTÁ TERMINANDO DE ARRUMAR

AS SUAS MALAS. NESSE MOMENTO ESTELA ENTRA NO QUARTO, E FICA

ENCARANDO LUCAS QUE A OLHA COM MUITA SERIEDADE. CLOSE NOS

OLHARES DE AMBOS OS PERSONAGENS.

 

ESTELA (séria): - Então quer dizer que você não desistiu dessa ideia

absurda de seguir carreira na polícia? O que eu preciso fazer para que você

mude de ideia? (P) Você não entende como isso é perigoso.

LUCAS (firme): - Parece que você não entende que essa é a minha

vocação, mãe. Eu quero ajudar as pessoas, e é isso que eu vou fazer.

ESTELA: - Sinceramente eu não consigo entender a sua teimosia. Eu e o

Celso sempre te demos tudo, mas parece que isso não é o suficiente.

LUCAS TERMINA DE ARRUMAR A MALA. ELE ENCARA ESTELA BEM SÉRIO.

LUCAS (alterando a voz): - Quando é que você vai entender que aquele

homem que você chama de marido nunca vai ser nada para mim? Nada

me tira da cabeça que ele só está com você por causa do seu dinheiro.

ESTELA (gritando): - Lave essa sua boca lada falar do Celso. Ele é um bom

homem e ele foi um pai mesmo você não querendo admitir isso.

LUCAS: - Eu ainda não sei porque eu perco o meu tempo tentando te fazer

ver a verdade. Você está cega, mas eu só espero que quando você

descobrir a verdade não seja tarde demais. (P) Adeus, mãe!

 

LUCAS PEGA A MALA SOBRE A CAMA E SAI DO QUARTO. A CÂMERA

MOSTRA O SEMBLANTE DE ESTELA QUE ESTÁ MUITO NERVOSA.

 

CENA 11: EXTERIOR. CAFETERIA. ÁREA EXTERNA. FIM DE TARDE

O FOCO ESTÁ EM UM HOMEM SENTADO EM UMA MESA SOZINHO. ELE É

LUCAS DUBOIS QUE É UM DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL. LOGO

DEPOIS UM TÁXI PARA EM FRENTE A CAFETERIA E UMA MULHER DESCE E VAI INDO AO SEU ENCONTRO. ELA É ALICE A NOIVA DE LUCAS. ELE TENTA A BEIJAR, MAS ELA PARECE MUITO NERVOSA.

 

LUCAS (intrigado): - O que foi que aconteceu, Alice? Eu estou sentindo

você muito indiferente comigo. Eu sei que está acontecendo alguma coisa.

ALICE (nervosa): - Você quer mesmo saber, Lucas?! EU estou cansada de

toda essa história de você correr risco investigando essa quadrilha

japonesa de tráfico de drogas. Você precisa parar com isso. Eu te peço.

LUCAS: - Eu não posso fazer isso, Alice. Eu estou tão perto de descobrir

quem é a mente por trás dessa organização criminosa. Por favor, entenda.

 

ALICE OLHA DE UM JEITO DECEPCIONADO PARA LUCAS. ELA TIRA SUA

ALIANÇA DE NOIVADO E COLOCA SOBRE A MESA.

 

ALICE (abalada): - Eu te amo Lucas, mas eu não posso fechar os meus

olhos para os seus erros. Se você quer isso então acabou tudo entre nós.

LUCAS (firme): - Eu queira que você entendesse os meus motivos, Alice.

Milhares de mulheres serviram como mulas para essa organização

criminosa e morreram por isso. Eu não posso desistir agora. Não posso.

ALICE: - Se essa é a sua última palavra então eu só posso lamentar muito,

Lucas. (T) Só lembre que tudo que eu estou fazendo é para o seu bem.

Adeus.

 

ALICE DÁ AS COSTAS PARA LUCAS, E COMEÇA A ATRAVESSAR A RUA.

NESSE MOMENTO UM CARRO EM ALTA VELOCIDADE ACERTA ALICE QUE

CAI NO CHÃO E ELA NÃO RESISTE. LUCAS FICA ATÔNITO COM O

ACONTECIDO E NOTA QUE O MOTORISTA É UM HOMEM ASIÁTICO QUE

FOGE DO LOCAL COM MUITA PRESSA.

 

A IMAGEM CONGELA NO OLHAR ATÔNITO DE LUCAS. AOS POUCOS A

IMAGEM GANHA UM TOM ALARANJADO COMO SE O SOL ESTIVESSE

NASCENDO NO HORIZONTE.




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