ESPERANÇA
Capítulo 09
Novela criada e escrita por
Wesley Franco
CENA 1. EXT/INT.
MANSÃO DE FLÁVIO – DIA
Ernesto
dirige um luxuoso Ford Mercury preto pelas estradas arborizadas da cidade. Ao
seu lado, Flávio observa a paisagem, pensativo. O carro passa pelos portões
imponentes da mansão da família, onde o porteiro os recebe e abre o portão.
Eles dirigem pelo vasto jardim até parar em frente à entrada principal, com uma
grande fonte de água ao centro.
FLÁVIO
(OLHANDO EM VOLTA) – Como é bom estar em casa.
Os dois
descem do carro e entram na mansão. Logo na entrada, eles colocam seus chapéus
no cabide de chapéus. Magali, a empregada, aparece para recebê-los.
MAGALI
- Senhor Flávio, como foi a viagem?
FLÁVIO
– Cansativa! O Rio de Janeiro está uma verdadeira loucura,
não se fala em outra coisa a não ser nessas eleições convocadas pelo Vargas,
mas a pior parte Magali foi a comida. Nada como estar de volta e comer sua
comida.
MAGALI
(SORRINDO) – Eu preparei um almoço delicioso.
Sabia que o senhor não deve ter se alimentado bem na viagem, fiz aquele almoço
caprichado.
Magali
entrega uma carta a Flávio, que a observa com curiosidade.
MAGALI
– Enquanto o senhor estava fora, chegou essa carta de
Esperança.
Flávio
abre a carta e começa a ler com atenção. À medida que lê, sua expressão muda
para surpresa e choque. Magali e Ernesto o observam, preocupados.
ERNESTO
– Pai, aconteceu alguma coisa?
FLÁVIO
(SERÍSSIMO) – Francesca...Francesca morreu. A
fazenda dos Bellini pegou fogo, e o Matteo está preso de forma injusta. Eu
preciso viajar para Esperança, hoje mesmo.
MAGALI
– Meu Deus! Quanta tragédia na vida dos Bellini.
FLÁVIO
– E não faz muito tempo que meu compadre Giuliano e filho
dele Vittorio morreram. Como deve estar a cabeça desses meninos, com isso tudo
que está acontecendo...Preciso ir até lá, ajuda-los.
ERNESTO
- Eu vou com você pai, se o Matteo está preso, ele vai
precisar de um advogado.
FLÁVIO
– Então vá depressa arrumar uma mala, nós vamos pegar o primeiro
trem para Esperança, quero chegar lá ainda hoje.
CORTA
PARA:
CENA 2. INT.
BANCO DA CIDADE – SALA DA PRESIDÊNCIA – DIA
No centro
da sala, Almeida e Homero estão sentados em confortáveis poltronas de couro,
com uma grande garrada de champanhe recém-aberta sobre a mesa. Homero, de terno
impecável, serve champanhe em duas taças, enquanto Almeida sorri, satisfeito
com o resultado do leilão. Homero entrega uma taça a Almeida, com um sorriso
malicioso.
HOMERO
– Ao sucesso, meu amigo. Conseguimos o que queríamos.
ALMEIDA
(ERGUENDO A TAÇA) – Ao sucesso e à influência. Eu sabia
que essa fazenda seria minha, era uma questão de tempo, mas graças ao juiz da
comarca que é meu amigo, adiantamos todo esse processo, e agora a fazenda Bellini
é minha, e o melhor de tudo por um preço ridículo.
Os dois
brindam e bebem o champanhe, saboreando a vitória.
HOMERO
– Nós dois saímos ganhando, você conseguiu a fazenda que
tanto queria e a dívida do Giuliano Bellini está quitada. Meu banco está livre
desse fardo.
ALMEIDA
(RINDO COM DESDÉM) – O Matteo achava que podia se manter
com essa fazenda, mesmo com as dívidas. Agora, a família Bellini perdeu tudo, eles
não têm mais nem onde caírem mortos.
HOMERO
– É impressionante como tudo se alinhou. O incêndio devastou
as terras, mas com a influência certa...bom, agora você pode reerguer a fazenda
como quiser.
ALMEIDA
– Vou reconstruir a fazenda. Ela será ainda maior e mais
lucrativa do que nunca. As terras são boas, o solo é rico. Com um pouco de
investimento, farei fortuna.
Eles bebem
mais champanhe, enquanto Almeida faz planos.
ALMEIDA
– Primeiro, vou começar com as plantações. Vou precisar de
bastante trabalhadores, isso vai aumentar a minha influência e apoio, ainda
mais agora que os ares de mudança na política circulam por aí e eleições devem
acontecer.
HOMERO
– Você sempre soube enxergar as oportunidades onde outros só
viam problemas, é uma característica sua.
ALMEIDA
(LEVANTANDO A TAÇA) – Ao futuro, Homero. Ao nosso sucesso.
Eles
brincam novamente, bastante satisfeitos.
CORTA PARA:
CENA 3.
INT. CASA DE HOMERO – QUARTO DE NATÁLIA – DIA
Dirce, a
empregada da casa, entra silenciosamente no quarto, como de costume, para
checar como está Natália. Ao entrar, Dirce fica surpresa ao ver Natália em pé,
ao lado da cama, olhando pela janela com um sorriso radiante.
DIRCE
(SURPRESA) – Dona Natália! A senhora está...de
pé?
Natália
vira-se para Dirce com um sorriso cheio de energia.
NATÁLIA
– Sim, Dirce. Hoje me sinto renovada. Eu acordei tão bem, tão
disposta e estou me sentindo tão bem, como há muito tempo não me sentia.
DIRCE
(SORRINDO) – Que alegria estar vivenciando isso,
eu orava todos os dias para que a senhora melhorasse.
NATÁLIA
(SORRINDO) – Quero tomar um banho. Um banho de
banheira, daqueles que eu costumava tomar antes de tudo isso.
DIRCE
– Claro, claro, eu ajudo a senhora com o que for preciso.
Dirce,
visivelmente emocionada, entra no banheiro, deixando a porta aberta e começa a
preparar a banheira, enquanto Natália se aproxima do espelho, passando as mãos
pelo rosto e pelo cabelo, como se quisesse recuperar sua antiga vitalidade.
NATÁLIA
– Hoje eu quero ficar linda, Dirce. Como nos velhos tempos,
quero me sentir viva novamente. Usar um lindo vestido, me maquiar e ocupar o
meu lugar de senhora desta casa.
Dirce
corre para encher a banheira com água morna, enquanto Natália escolhe um
vestido elegante no guarda-roupa. Dirce a observa com admiração, sem acreditar
na melhora repentina.
DIRCE
– A senhora está realmente melhor. É um milagre.
NATÁLIA
(SORRINDO) – Hoje eu sinto que tudo vai ser diferente.
Só preciso de um dia assim, um dia para me lembrar de quem eu era.
CORTA PARA:
CENA 4.
INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – DIA
Em um
quarto da casa, antes usado como depósito. Há caixas e móveis amontoados pelos
cantos. No centro, Jerônimo está de joelhos, montando uma cama nova. Martina
entra no quarto, observando curiosa o que ele está fazendo.
MARTINA
(CURIOSA) – Jerônimo, o que você está fazendo
aqui? Está desocupando o depósito?
Jerônimo
se levanta e limpa as mãos na calça.
JERÔNIMO
(SORRINDO) – Resolvi transformar esse depósito
em um quarto, será mais útil. Pensei em dar um espaço para Isabella, para que
ela tenha o próprio quarto. Ela já é mulher e não deveria mais dividir o quarto
com o Rodolfo. Assim, deixo o outro quarto apenas para ele e o Matteo...quando
ele sair da cadeia.
MARTINA
(SURPRESA) – Isso é muito gentil da sua parte,
meu amor. A Isabella vai gostar de ter um espaço só dela. Mas você acha que ela
não vai se sentir isolada? O quarto dela seria o único no andar de baixo.
JERÔNIMO
– Não acho. Aos poucos, ela pode ir ajeitando o quarto do
jeito que quiser, deixando mais confortável. E, claro, ela sempre pode ir para
o andar de cima quando quiser companhia.
MARTINA
(SORRINDO) – Você tem um bom coração, Jerônimo.
Obrigada por cuidar tão bem dos meus sobrinhos.
JERÔNIMO
(SORRINDO) – Eles são parte da nossa família
agora. Quero que eles se sintam em casa.
Martina o
abraça, emocionada.
CORTA PARA:
CENA 5.
INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – ESCRITÓRIO – DIA
Almeida
está sentado atrás de sua mesa de madeira maciça, ainda com a expressão de
satisfação após sua reunião com Homero. Dorotéia entra no escritório.
DOROTÉIA
– Eu não ouvi você chegar. Estava no banco com Homero?
ALMEIDA
(SORRINDO) – Sim, estávamos comemorando. O
leilão foi um sucesso, a fazenda Bellini é finalmente minha.
DOROTÉIA
– Você conseguiu o que tanto queria. A fazenda...sempre
consegue o que quer, não é?
ALMEIDA
– Sempre, Dorotéia. Sempre.
DOROTÉIA
– E quanto ao menino Matteo, por quanto tempo mais você
pretende deixa-lo preso?
ALMEIDA
– Assim que a Camila for embora, mando soltá-lo.
DOROTÉIA
– A Nina já está arrumando as malas da Camila. Ela vai estar
pronta para viajar hoje como você deseja. Mas...você tem certeza dessa decisão?
Mandar a nossa filha para tão longe da gente?
ALMEIDA
– Tenho sim. É o melhor para ela e para nós. A Camila precisa
aprender a respeitar a minha autoridade, e além disso ela precisa aprender a
escolher melhor os seus pretendentes, não se envolver com qualquer um.
DOROTÉIA
– E quanto ao Marcos? Até quando prende deixa-lo naquela
clínica?
ALMEIDA
(SÉRIO) – Estive pensando sobre o Marcos e
cheguei à conclusão que a única solução para ele se curar é se casando com uma
mulher.
DOROTÉIA
(SURPRESA) – Casamento? Mas, Almeida, Marcos é...você
sabe. Ele gosta de homens. Quem aceitaria se casar com ele depois de tudo que
aconteceu? Todos sabem do relacionamento dele com o Vittorio.
ALMEIDA
– Tenho a pessoa certa em mente. Helena, a filha de Ezequiel
e Nina.
DOROTÉIA
(CONFUSA) – Helena? Mas ela é tão jovem. Você realmente
acha que isso vai funcionar?
ALMEIDA
– Ela é bonita, jovem e de família humilde. Para ela,
casar-se com Marcos seria o casamento dos sonhos. Um homem rico, com um nome de
peso e posses. Nem nos maiores sonhos da vida dela ela poderia pensar nisso,
ela não vai recusar essa oportunidade. E para mim, que tenho o Ezequiel como um
funcionário de confiança e a filha dele como minha nora significa manter tudo
em família.
DOROTÉIA
(PENSATIVA) – Você acha mesmo que isso vai curar
o Marcos?
ALMEIDA
– Ou isso, ou ele passará o resto da vida naquela clínica,
porque eu jamais vou aceitar um filho que se deita com homens. Não há outra
saída.
DOROTÉIA
– Se você acha que é o melhor, então
eu apoio sua decisão.
CORTA PARA:
CENA 6. INT.
DELEGACIA – SALA DO DELEGADO – DIA
Flávio e
Ernesto chegam à delegacia da cidade de Esperança. Flávio, determinado entra na
delegacia seguido por Ernesto. Eles se deparam com o delegado Afrânio sentado á
sua mesa, folheando alguns papéis.
FLÁVIO
(FIRME) – Eu quero ver o meu afilhado, Matteo
Bellini. Onde ele está?
AFRÂNIO
(SEM LEVANTAR OS OLHOS DOS PAPÉIS) – Matteo não
está recebendo visitas.
FLÁVIO
(IRRITADO) – Isso é um absurdo! Eu exijo falar
com ele agora!
AFRÂNIO
(COM DESDÉM) – Aqui você não exige nada, quem é
você?
FLÁVIO
(ENFRENTA) - Você está falando com Flávio
Matarazzo. E você quem é?
Afrânio se
levanta irritado, mas antes que ele possa falar algo, Ernesto dá um passo à
frente e interrompe.
ERNESTO
– Delegado, boa tarde. Eu sou Ernesto Matarazzo, advogado. E
tenho plena ciência de que a prisão de Matteo Bellini é ilegal. Manter um menor
de idade preso por tanto ainda, ainda mais por um motivo fútil, é crime. E o
senhor está cometendo um. E sabe que está errado.
Afrânio,
visivelmente desconsertado, começa a suar.
ERNESTO
– Nós viemos aqui para tentar resolver essa situação com civilidade,
estamos apelando para o seu bom senso. O senhor é delegado da cidade, tem o
dever de cumprir a lei. Se não libertar o Matto imediatamente, eu terei que ir
ao juiz com um pedido de soltura, e você sabe que diante da situação, não será
difícil conseguir. Mas, além disso, farei uma denúncia à secretária de
segurança pública do estado contra o senhor por abuso de autoridade. Não
acredito que queira enfrentar essa situação.
FLÁVIO
– Conheço pessoalmente o secretário de segurança pública.
Posso garantir que sua carreira será destruída, delegado. Agora, você vai
liberar meu afilhado ou quer que eu faça uma ligação?
Afrânio,
apavorado, hesita por um momento antes de ceder.
AFRÂNIO
(PARA O GUARDA) – Vá buscar o Matteo!
Um guarda
vai até a cela e, momentos depois, Matteo entra na sala, visivelmente abatido,
mas um sorriso toma conta de seu rosto ao ver Flávio e Ernesto. Matteo, emocionado,
abraça Flávio.
MATTEO
(EMOCIONADO) – Padrinho! Ernesto! Que bom ver
vocês!
FLÁVIO
(ABRAÇANDO MATTEO) – Meu garoto, você está livre agora.
Viemos tirar você daqui!
MATTEO
(EMOCIONADO)- Obrigado, padrinho. Eu pensei que
nunca mais ia sai dali, foram dias e dias preso naquela cela escura.
FLÁVIO
– Vamos para casa. Sua tia Martina ficará feliz em te ver.
AFRÂNIO
– Se comporta garoto, não quero ter que te prender novamente.
Matteo
olha para Flávio com um olhar de ódio, mas logo sai da delegacia junto com
Flávio e Ernesto.
CORTA PARA:
CENA 7. INT.
FAZENDA ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – DIA
Na sala de
estar da casa dos Almeida, Dorotéia, Eulália e Almeida esperam por Camila. A
sala está silenciosa e o clima é pesado. Camila finalmente aparece, carregando
uma mala e com uma expressão de resignação.
CAMILA
(DESANIMADA) – Estou pronta. Podemos ir.
ALMEIDA
– Finalmente! Levarei você e sua avó até a estação.
DOROTÉIA
(EMOCIONADA) – Eu prefiro não ir. Já é difícil demais
me despedir de você aqui...Na estação seria ainda pior.
Camila
emocionada, abraça a mãe.
CAMILA
– Eu vou sentir saudades, mãe. De você, de casa e da cidade.
DOROTÉIA
– Não deixe de dar notícias, está bem? Escreva para mim
sempre que puder.
CAMILA
– Prometo que vou escrever e espero voltar logo.
Almeida, Eulália
e Camila saem, eles descem as escadas da casa. Dorotéia acompanha de longe. No topo
da escada, Helena e Nina observam silenciosamente a partida de Camila. Camila,
Eulália e Almeida entram no carro e partem rumo à estação de trem.
CORTA PARA:
CENA 8. INT.
CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA – DIA
Martina
abre a porta da casa, ao abrir a porta, fica surpresa e emocionada ao ver seu
sobrinho solto, Ernesto e Flávio.
MARTINA
(ABRAÇANDO MATTEO) – Matteo! Meu querido! Eu esperei
tanto que você saísse daquele lugar.
Isabella e
Rodolfo aparecem correndo e abraçam Matteo com entusiasmo.
ISABELLA
(FELIZ) – Matteo! Eu não acredito que você
está aqui! Eu estava morrendo de saudades.
MATTEO
(SORRINDO) – Estou aqui, finalmente livre.
JERÔNIMO
– É bom ver você livre, rapaz.
MARTINA
– Flávio, obrigada. Eu sabia que podia contar com você.
FLÁVIO
– Matteo é meu afilhado, eu não podia deixar de ajuda-lo. Eu
fiz uma promessa ao Giuliano. Se um dia ele ficasse ausente, como infelizmente
aconteceu, eu me tornaria um pai para o filho dele e é que estou fazendo.
MATTEO
(EMOCIONADO) – Obrigado padrinho e a você também
Ernesto. Eu não teria saído de lá sem vocês. Foram dias terríveis...
Matteo se
emociona ao lembrar da mãe, Francesca.
MATTEO
(COM VOZ EMBARGADA) – Não me deixaram nem ir ao enterro
da minha mãe. Eu...eu nem pude me despedir.
MARTINA
(CONSOLADORA) – Ela sabia que você a amava, Matteo.
Isso é o que importa. E agora ela está lá de cima junto com teu pai e teu irmão
cuidando de nós.
MATTEO
– Quero voltar à fazenda e reconstruí-la, mais do que nunca
agora eu preciso trabalhar para sustentar meus irmãos e continuar o legado do
meu pai.
JERÔNIMO
– Matteo...tem algo que você precisa saber. A fazenda foi a
leilão enquanto você esteve preso e o Coronel Almeida a arrematou, a fazenda
agora pertence a ele.
MATTEO
(EM CHOQUE) – Ele o quê? Ele tomou tudo da minha
família?
MARTINA
– Infelizmente sim, agora a fazenda é dele.
Matteo
começa a chorar, frustrado e com raiva.
MATTEO
(DESOLADO) – Então não temos mais nada...Perdemos
tudo. Perdi meu pai, minha mãe, meu irmão, minha casa, a fazenda. O que vai ser
de mim e dos meus irmãos?
FLÁVIO
– Nem tudo está perdido Matteo, você ainda tem um futuro
brilhante pela frente. Venha comigo para São Paulo, lá você poderá estudar,
cursar uma universidade e se tornar um grande homem.
MARTINA
– Aceite a sugestão do Flávio. Aqui em Esperança você não
terá paz, o Almeida vai te perseguir de todas as formas, e todos têm medo dele,
você não iria conseguir nada por aqui.
MATTEO
– E meus irmãos?
MARTINA
– Eu vou cuidar deles como se fossem meus filhos. Prometo.
JERÔNIMO
– Aqui eles terão todo o cuidado que precisam. Eu e a Martina
não tivemos filhos, mas a vida trouxe o Rodolfo e a Isabella para nós e vamos
cuidar deles como se fossem nossos filhos.
MATTEO
(RESPIRA FUNDA) – Então...eu aceito! Eu vou para São
Paulo.
FLÁVIO
(SATISFEITO) – Partimos amanhã, eu vou dar um
tempo para que você possa ficar mais com seus irmãos hoje e amanhã logo cedo viajamos.
MATTEO
– Antes de partir, preciso ir a um lugar.
MARTINA
– Onde?
MATTEO
– Preciso ver a Camila antes de partir. Eu a amo e preciso me
despedir dela.
MARTINA
(TENSA) – É arriscado, Matteo...
MATTEO
(FIRME) – Eu sei, mas não posso ir embora sem
vê-la.
CORTA PARA:
CENA 9.
INT. CASA DE HOMERO – SALA - DIA
Fernando ao
entrar em casa, percebe um clima diferente na casa. Ao subir alguns degraus da
escada, ele vê sua mãe, Natália, descendo as escadas, vestida em um lindo vestido,
radiante e sorridente.
FERNANDO
(SURPRESO) – Mãe? É você?
Natália
desce as escadas devagar, com um sorriso leve no rosto, mostrando uma vitalidade
que Fernando não via há muito tempo.
NATÁLIA
(ALEGRE) – Sim, meu filho. É sua mãe. Acordei
hoje me sentindo tão bem, resolvi me arrumar para você e para seu pai.
Fernando
sorri, claramente emocionado, com os olhos marejados.
FERNANDO
– Você está linda! Eu nem acredito que você está bem, ontem
mesmo você estava tão mal...
NATÁLIA
– Eu sei, meu querido. Mas hoje é diferente, eu acordei com
uma força nova que não consigo explicar. Quero aproveitar esse momento para
estar com você e com o Homero...em família. Pedi para Dirce preparar um jantar
especial para nós três.
Fernando a
observa por um momento, sentindo uma mistura de alegria e alívio. Ele a abraça
com carinho.
FERNANDO
(EMOCIONADO) – Eu sempre sonhei com isso, mãe.
Sempre soube que você iria se recuperar. Estava esperando pelo dia que pudesse
ver você assim, de pé, com esse sorriso lindo que você sempre teve.
NATÁLIA
– Você nunca deixou de acreditar em mim, e isso me deu força.
Hoje vamos jantar juntos, como antes.
Fernando
sorri, claramente feliz. Os dois caminham lado a lado em direção à sala.
CORTA PARA:
CENA 10. EXT.
FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – DIA
Matteo
escondido atrás de um arbusto, observa a casa com atenção, procurando a janela
de Camila. Ele pega algumas pedrinhas do chão e as joga em direção à janela
dela, esperando que ela apareça, mas não obtém resposta. Ele tenta mais algumas
vezes, até que sente a presença de alguém ao seu lado. Matteo se vira
rapidamente e vê Helena parada ao seu lado, o olhando curiosamente.
HELENA
– Procurando a Camila?
MATTEO
(ASSUSTADO) – Sim, estou. Onde ela está?
HELENA
– A Camila foi embora, Matteo.
MATTEO
(CONFUSO) – O quê? Como assim foi embora? Para
onde?
HELENA
– O Coronel Almeida a mandou para longe. Ele soube de vocês
dois e achou melhor afastá-la.
MATTEO
– Para onde ele a mandou? E quando foi isso?
HELENA
– Eu não sei ao certo para onde ela foi, mas eles saíram
agora há pouco, a caminho da estação de trem.
MATTEO
(DESESPERADO) – Tenho que alcança-la!
Matteo
corre rapidamente em direção à estrada, sem olhar para trás. Helena observa,
silenciosa.
CORTA PARA:
CENA 11.
INT. ESTAÇÃO DE TREM ESPERANÇA – PLATAFORMA DE EMBARQUE – DIA
O apito do
trem anuncia a sua partida. Matteo chega à estação no exato momento em que o
trem começa a se mover lentamente nos trilhos. Ele olha em volta
freneticamente, buscando Camila entre os passageiros que estão nas janelas. Finalmente,
ele a ver, sentada perto de uma janela, com uma expressão triste e pensativa. Rapidamente,
Matteo grita, tentando chamar sua atenção.
MATTEO
(GRITANDO, EM DESESPERO) – Camila! Camila!
SONOPLASTIA ON: CLOSE
TO YOU – CIDIA E DAN
Camila
ouve a voz dele e se vira rapidamente. Ao vê-lo, seus olhos se enchem de
surpresa e alegria. Ela coloca a mão na janela, como se pudesse tocá-lo.
CAMILA
(SORRINDO) – Matteo!
O trem
começa a se mover mais rápido, e Matteo corre ao lado da plataforma, tentando
acompanhar o ritmo do trem. Ele estende a mão em direção a ela, mas a distância
entre eles aumenta a cada segundo.
MATTEO
(CORRENDO E GRITANDO) – Eu te amo, Camila! Não
importa quanto tempo passe, eu nunca vou te esquecer! Um dia...um dia nós vamos
nos reencontrar.
Camila,
com lágrimas nos olhos, pressiona a mão contra o vidro da janela, tentando
desesperadamente prolongar aquele momento. Ela também grita.
CAMILA
(GRITANDO E CHORANDO) – Eu também te amo,
Matteo! Vou esperar por você...eu prometo!
O trem
começa a se distanciar mais rápido, e Matteo, exausto, finalmente para de correr.
Ele observa impotente enquanto o trem desaparece no horizonte, levando seu amor
embora. Matteo cai de joelhos no chão da plataforma, seu rosto está marcado
pela angústia e pelas lágrimas, ainda olhando fixamente na direção em que o
trem se foi.
SONOPLASTIA OFF
Matteo
tenta recuperar o fôlego, quando percebe uma presença ao seu lado. Matteo
levanta a cabeça e vê o Coronel Almeida parado ali, observando-o com um olhar
frio. Matteo se levanta e encara frente a frente o Coronel Almeida.
FIM DO
CAPÍTULO
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