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ESPERANÇA - CAPÍTULO 15

 


ESPERANÇA

Capítulo 15

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

CENA 1. INT. CONSULTÓRIO MÉDICO – DIA

Matteo entra apressado na sala, onde Flávio já está sentado, aguardando. Dr. Josias está sentado em sua cadeira, olhando para os papéis.

MATTEO – Desculpe o atraso. A cidade está um caos com o resultado da eleição do JK, tive uma dificuldade de chegar até aqui.

FLÁVIO (SORRINDO) – É um bom motivo para o atraso, Matteo. O povo comemorando a festa da democracia.

DR. JOSIAS – Realmente, é um dia histórico e olha que eu votei no Távora. Mas, voltando o motivo de estarem aqui.

Dr. Josias ajusta os óculos e coloca os exames sobre a mesa, encarando Flávio com uma expressão séria.

DR. JOSIAS – Os resultados dos exames mostraram uma pequena lesão no pulmão direito. Ainda está em fase inicial, mas é grave.

MATTEO (PREOCUPADO) – O que isso significa? É algo que pode ser tratado?

DR. JOSIAS – Com o tratamento adequado, podemos evitar o pior. Porém, além das medicações que deverão ser seguidas rigorosamente, seria adequado considerar mudanças no estilo de vida. Recomendo que o Flávio deixe São Paulo e vá para um lugar com um clima mais ameno e menos poluído.

FLÁVIO (SUSPIRA) – Deixar São Paulo? Mas aqui sempre foi a minha cidade, nunca pensei em deixar de viver aqui.

DR. JOSIAS – Entendo, Flávio, mas pense nisso como uma medida temporária, ou até mesmo uma oportunidade de viver em um ambiente mais tranquilo. Talvez o interior seja uma boa opção.

                                                         CORTA PARA:

CENA 2. INTERIOR DO CARRO – DIA

Flávio e Matteo estão no banco de trás de um Cadillac Eldorado. O motorista dirige pelas ruas ainda movimentadas de São Paulo, com resquícios da festa popular.

FLÁVIO (PENSATIVO) – O que você acha das recomendações do Dr. Josias?

MATTEO – Há tempos venho pensando em voltar para Esperança, padrinho. Foi lá que minha família construiu suas raízes, e eu sempre quis retomar a vida por lá. Talvez essa seja a hora certa, e a gente possa encarar isso como uma nova fase.

FLÁVIO – Mas e o grupo Matarazzo, como vamos administrar estando em Esperança?

MATTEO – Vamos expandir a empresa para a cidade, será benéfica para nós e para toda a região, uma empresa do porte do nosso grupo trará um enorme desenvolvimento para toda aquela região. Mas não pense só nisso, a cidade tem ar puro e o senhor precisa cuidar da sua saúde.

FLÁVIO – Você tem razão quanto a isso.

MATTEO – Então está decidido, vamos para Esperança.

                                                         CORTA PARA:

CENA 3. INT. ESTAÇÃO DE ESPERANÇA – PLATAFORMA – DIA

O apito distante do trem ressoa, seguido pelo barulho ritmado das rodas de ferro que se intensifica gradualmente. Na plataforma, Coronel Almeida e Dorotéia aguardam lado a lado.

DOROTÉIA (ANSIOSA) – Não acredito que finalmente ela está voltando.

O trem se aproxima, com um barulho cada vez mais estrondoso. Um último apito e o frear das rodas anunciam a chegada. As portas dos vagões se abrem, e os passageiros começam a descer. Camila, surge no alto da escada de um dos vagões, ela carrega uma pequena mala de couro, ela avista seus pais entre as pessoas que estão na plataforma. Dorotéia vê a filha e caminha com pressa em direção a ela.

DOROTÉIA (SORRINDO) – Minha menina...depois de tantos anos, você voltou!

Elas se abraçam com intensidade. Dorotéia segura o rosto de Camila com ambas as mãos, como se precisasse sentir o toque da filha para acreditar que ela realmente está ali. Almeida caminha em direção a elas.

ALMEIDA – Bem-vinda de volta, Camila.

Camila se afasta do abraço da mãe e se volta para Almeida. Eles se encaram por um instante antes que ela se jogue nos braços dele. O coronel a envolve com um abraço firme.

CAMILA – Eu não aguentava mais ficar longe de Esperança, pai. Agora eu voltei para ficar pra sempre.

Almeida a afasta delicadamente e a observa com um sorriso suave, um misto de alívio e felicidade estampado em seu rosto.

ALMEIDA – Vamos para casa, hoje será um dia especial, vamos ter um jantar em comemoração pela sua volta.

Dorotéia toma a mão de Camila, e os três saem caminhando para fora da estação de trem.

                                                         CORTA PARA:

CENA 4. INT. CASA DE CANDOCA – COZINHA – DIA

No canto da cozinha, a geladeira está envolta por uma corrente grossa e um cadeado. Chandra Dafni, com uma expressão severa, termina de trancar a corrente, enquanto Angislanclécia, com uma expressão indignada, observa a cena.

ANGISLANCLÉCIA (ALTERADA) – Você só pode ter perdido o juízo de vez! Me dá essa chave agora!

CHANDRA DAFNI (BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE) – Não vou dar, Angislanclécia. Você já está enorme de gorda, se não parar de comer, vai acabar explodindo. Precisa urgentemente fazer um regime!

Angislanclécia dá um passo à frente, apontando o dedo para Chandra.

ANGISLANCLÉCIA (FURIOSA) – Gorda tá a sua língua que não para de falar besteira! Você deveria parar de se meter menos na minha vida e cuidar mais da sua!

Chandra Dafni ergue o queixo com altivez, vai até a sala, pega uma bíblia que está sobre a mesa e coloca um véu em sua cabeça.

CHANDRA DAFNI – Vou à igreja rezar para que Deus te liberte desse pecado da gula. É o que você precisa: uma intervenção divina.

Angislanclécia revira os olhos e cruza os braços, frustrada. Chandra Dafni sai deixando-a sozinha. Angislanclécia olha para a geladeira trancada, furiosa e com fome.

                                                         CORTA PARA:

CENA 5. INT. PREFEITURA – SALA DO PREFEITO – DIA

Hismeria está em pé ao lado da mesa, onde Fontes está sentado, cansado e pensativo.

HISMERIA – O Coronel Almeida telefonou, ele exigiu uma reunião com o senhor amanhã de manhã.

FONTES (SUSPIRA) – Já até imagino qual seja o assunto, deve ser sobre as próximas eleições. Certamente ele vai impor o nome do candidato que vai me substituir, e ainda exigir que eu dê meu apoio.

HISMERIA (ACENA COM A CABEÇA) – Os preparativos para a festa de aniversário da cidade já estão prontos, só falta decidir onde será instalado o palco para o discurso do senhor.

FONTES (COM UM SORRISO CÍNICO) – Amanhã eu pergunto ao coronel onde ele prefere que montem o palco, já que, como sempre, será ele quem fará o discurso, e não eu.

HISMERIA – Por que o senhor continua aceitando as imposições dele, prefeito? Por que não rompe com isso?

Fontes se levanta da cadeira e se aproxima da janela, olhando para fora com um ar de cansado.

FONTES – Para te falar a verdade, nem eu sei. Estou cansando de ser um ventríloquo do coronel Almeida, já decidir que esse é meu último mandato, depois disso, saio de cena da política dessa cidade e não precisarei mais me curvar diariamente a esse homem.

HISMERIA – O senhor é uma boa pessoa prefeito. Vai fazer falta na política dessa cidade.

Hismeria sai da sala, fechando a porta suavemente. Ao sair, encontra Pedro no corredor, que a cumprimenta com um sorriso caloroso e um beijo na boca.

PEDRO – Vim te buscar. Vamos almoçar?

Hismeria pega a bolsa e segura a mão de Pedro.

HISMERIA (SORRI)- Vamos sim.

O casal sai de mãos dadas, caminhando pelo corredor iluminado da prefeitura.

                                                         CORTA PARA:

CENA 6. INT. MANSÃO DE FLÁVIO – SALA DE JANTAR – DIA

Matteo e Flávio estão sentados lado a lado tomando café da manhã.

MATTEO – Hoje mesmo inicio os preparativos para a viagem. Pedir a minha secretária que buscasse uma casa na cidade para morarmos.

FLÁVIO – Você está bem empenhado nessa mudança, não sabia que você queria tanto voltar a Esperança.

MATTEO – Nem eu sabia que queria tanto, padrinho, eu acho que eu só não tinha um bom motivo para isso, mas agora eu tenho, que é cuidar da sua saúde.

FLÁVIO – E a Flora, sua noiva, ela já sabe que você vai embora?

MATTEO – Ela ainda não voltou da viagem à Europa com os pais, então ainda não consegui conversar com ela.

FLÁVIO – Como que vai funcionar esse noivado com ela aqui em São Paulo e você no interior?

MATTEO – Padrinho, eu não estou muito animado com esse noivado, talvez quando eu chegar lá em Esperança, desanime de vez e acabe com esse noivado.

FLÁVIO (SURPRESO) – Depois de tantos anos enrolando a moça, Matteo.

MATTEO – Mas ela não é a pessoa que eu amo de verdade.

FLÁVIO – Depois de tantos anos você ainda pensa naquela menina que você não vê há quase dez anos?

MATTEO – Eu nunca esqueci a Camila, padrinho. Mesmo noivo da Flora, meu coração ainda é da Camila, mas eu não faço nem ideia de como ela esteja, se casou, se namora, se ainda vive lá, mas ainda a amo.

Matteo suspira ao lembrar de Camila, seu amor do passado. Magali entra na sala trazendo um frasco de leite, ela serve Flávio e Matteo.

MATTEO – Magali, tem algo que precisamos te contar.

Magali olha para Matteo, com curiosidade.

MATTEO – Estive conversando com o padrinho e decidimos nos mudar para Esperança. A situação de saúde dele está complicada e o médico acha que a mudança para um lugar com um clima melhor pode ajudar na sua recuperação

FLÁVIO – Gostaríamos que você fosse morar conosco. O que você acha?

MAGALI – Estou surpresa, sempre morei aqui em São Paulo. Mas é claro que eu vou, não conseguiria ficar longe de vocês, hoje vocês são a minha família. Seu Flávio é mais do que um patrão para mim, é um amigo. E o Matteo, se tornou como um filho para mim.

Matteo se alegra ao ouvir isso, ele se inclina um pouco mais pra frente, olhando Magali com gratidão.

MATTEO (EMOCIONADO) – Desde que eu cheguei aqui você sempre cuidou de mim como se fosse minha mãe, Magali. Isso significa muito para mim.

Magali sorri para ele e aperta seu ombro com afeto.

MATTEO – Já estou organizando tudo para a mudança. Vamos viajar dentro de alguns dias, mas não se preocupe com nada, estou cuidando de todos os detalhes.

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. INT. IGREJA – DIA

Chandra Dafni está ajoelhada em um dos bancos da igreja, com um véu na cabeça e uma bíblia aberta diante dela. Gustavo, um jovem seminarista loiro de 19 anos, caminha em direção ao altar, carregando algumas velas. Ele começa a arrumar o altar, concentrado na tarefa. Chandra Dafni, percebendo a presença dele, se levanta e caminha em sua direção. Ela ajeita o véu e desliza a mão pelo peito de forma sugestiva, aproximando-se.

CHANDRA DAFNI (COM UMA VOZ SUAVE) – Você sabe onde está o padre Olavo? Preciso falar com ele.

Gustavo continua arrumando o altar, mantendo sua atenção no que está fazendo.

GUSTAVO – O padre foi fazer visitas às paroquianas, deve demorar um pouco para voltar.

Chandra Dafni chega mais perto, tocando a mão de Gustavo de forma provocativa.

CHANDRA DAFNI (SORRINDO) – Posso te ajudar em alguma coisa? Você sempre faz tantas coisas aqui na igreja.

Gustavo afasta delicadamente sua mão de Chandra Dafni.

GUSTAVO (DESCONFORTÁVEL) – Sim...claro. Poderia buscar a tolha que esqueci na sacristia?

Chandra Dafni concorda e, sorrindo, se afasta em direção à sacristia. Gustavo observa sua saída, respirando fundo, aliviado, assim que ela sai ele faz o sinal da cruz.

                                                         CORTA PARA:

CENA 8. EXT. RIO – DIA

Rodolfo e Carolina, uma morena por volta dos 30 anos, estão submersos na água cristalina do rio, rindo e se beijando. Eles se tocam com carinho e trocam olhares intensos. Carolina começa a se afastar lentamente, indo em direção à margem.

CAROLINA – Eu tenho que ir, Rodolfo. Madame Yvette não gosta quando as meninas se atrasam, apesar dela está doente, ela continua de olho em tudo.

Rodolfo puxa Carolina de volta com delicadeza e a segura pela cintura.

RODOLFO – Fica mais um pouco, só mais um pouquinho. Prometo que vou tirar você de lá assim que eu conseguir um emprego.

CAROLINA – Eu espero que seja logo. Não aguento mais aquele lugar, ter que lidar com certos homens que aparecem por lá, é bem ruim. Se não fosse a Isabella me ajudando a afastar os piores de mim, eu já teria enlouquecido.

Rodolfo se afasta um pouco, seu semblante muda ao ouvir o nome da irmã. Ele respira fundo, tentando conter a irritação.

RODOLFO (FIRME) – Eu não gosto quando você fala sobre a Isabella, não gosto nem de ouvir o nome dela. Me dói pensar que minha irmã trabalha naquele lugar. Só de imaginar que tenho uma irmã puta, me dá raiva!

CAROLINA (FIRME) – Eu também trabalho lá, então eu também sou uma puta para você? A Isabella é uma boa pessoa, desde que eu cheguei lá, ela sempre me tratou muito bem, e a gente faz o que pode para sobreviver naquele lugar.

Rodolfo, sentindo a força das palavras de Carolina, baixa a cabeça por um momento, refletindo. Ele levanta o olhar e sorri levemente, como se tentasse afastar as preocupações. Rodolfo se aproxima novamente de Carolina, com um olhar apaixonado.

RODOLFO – Esquece isso agora, só quero aproveitar esse tempo com você aqui comigo.

Carolina sorri e os dois se abraçam com intensidade. Rodolfo a beija.

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE – NOITE

O salão do bordel está bastante animado, com homens rindo, bebendo e cantando enquanto se divertem. No palco, Zuleika, Florzinha e Mara dançam provocativamente, seminuas, ao som de um piano que toca uma melodia animada. Alguns homens ao redor do palco as cortejam, tentando chamar atenção com assobios e gestos exagerados. Isabella, agora uma mulher de 25 anos, bela e imponente, desce as escadas vestindo um lindo vestido justo de cetim vermelho que abraça suas curvas e desce até os tornozelos, com um decote ousado que atrai olhares famintos. Seu andar confiante faz com os que olhos de todos a sigam, entre eles do delegado Afrânio, que não perde tempo e se aproxima.

AFRÂNIO (SORRINDO) – Isabella, como sempre deslumbrante. Está cada dia mais bonita!

ISABELLA (SORRINDO) – Obrigada, delegado.

AFRÂNIO – E por onde a Yvette? Ela tem estado sumida, o salão parece sentir falta do brilho dela, apesar que você tem dado bastante brilho a esse lugar.

ISABELLA – Ela está acamada nos últimos dias, mas ela é forte, em breve voltará para trazer o encanto de volta ao salão.

O delegado Afrânio estende a mão para Isabella com um olhar caloroso.

AFRÂNIO – Que tal tomar uma bebida comigo? Podemos brindar à saúde de Madame Yvette.

Isabella aceita o convite e coloca a mão delicadamente sobre a dele. Eles caminham juntos em direção a uma mesa ao fundo do salão. Enquanto isso, na bancada do bar, Teodora, uma das dançarinas, observa tudo com uma expressão de desgosto. Robervaldo, limpa um copo de vidro enquanto prepara bebidas.

TEODORA (OLHANDO PARA ISABELLA) – Olha só, ela acha que é a dona do lugar desde que Madame Yvette ficou doente. Age como se fosse diferente de nós, mas é igualzinha a mim e a todas as outras meninas.

ROBERVALDO – Madame Yvette sempre tratou a Isabella como uma filha desde que ela chegou aqui. É a natural substituta dela, e você sabe disso. Acho que o que te incomoda é só inveja.

Teodora vira-se com um sorriso de desdém e joga os cabelos para trás.

TEODORA (ENFÁTICA) – Não há o que invejar! Sou muito mais bonita!

Ela sai em direção ao palco, enquanto Robervaldo balança a cabeça com um meio sorriso, voltando a preparar os drinks.

                                                         CORTA PARA:

CENA 10. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – NOITE

A sala da casa do Coronel Almeida está iluminada por um grande lustre de cristal, está decorada com vários arranjos de flores. Marcos, entra na sala de braço dado com sua esposa, Helena. Ele sorri ao ver a irmã e abre os braços para um abraço afetuoso.

CAMILA (SORRINDO) – Marcos! Finalmente estamos juntos de novo, como sentir sua falta, meu irmão.

MARCOS (SORRINDO) – E eu de você, minha irmã. Nenhum telegrama, carta e nem nossas conversar por telefone podem substituir a alegria de te ver pessoalmente. Que bom que você voltou!

Camila se vira para cumprimentar Helena, que lhe dá um beijo educado na bochecha.

HELENA – Que bom que você está de volta, agora a família está completa.

CAMILA (SORRINDO) – É muito bom estar em casa de novo.

Assim que os cumprimentam terminam, Inácio, um jovem atraente, entra na sala segurando um enorme buquê de flores. Ele se aproxima de Camila com um sorriso carismático e lhe entrega as flores.

INÁCIO – Para você, Camila. Um presente para celebrar seu retorno.

CAMILA (SURPRESA E LISONJEADA) – Oh, Inácio, são lindas! Muito obrigada, é muita gentileza sua.

INÁCIO – Nada, eu soube que você gosta de flores, imaginei que fosse gostar do presente de boas-vindas.

CAMILA – Eu adoro flores, e essas aqui então, são lindas.

O Coronel Almeida se anima ao ver Inácio e levanta-se da cadeira para cumprimenta-lo calorosamente.

ALMEIDA (ENTUSIASMADO) – Inácio, rapaz! Que bom que veio. Esta é uma ocasião muito especial, e nada melhor do que ter amigos conosco.

O Coronel Almeida lança um olhar sugestivo para Camila e depois para Inácio, tentando criar uma atmosfera de cumplicidade entre os dois.

INÁCIO – Coronel, eu não poderia deixar de vim receber a sua filha, depois de tantos anos que a gente não se vê. E posso dizer, com todo respeito, ela está ainda mais linda desde a última vez que a vi.

Camila sorri timidamente e volta a olhar para as flores em suas mãos.

CAMILA – Obrigada.

                                                         CORTA PARA:

CENA 11. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE - NOITE

Isabella e o delegado Afrânio estão sentadas em uma mesa afastada, com duas taças de vinho à frente. Isabella sorri para o delegado, enquanto ele conta uma história engraçada sobre suas aventuras.

AFRÂNIO (RINDO ALTO) – E você acredita, Isabella? O sujeito estava tão bêbado que tentou me subornar com um pedaço de queijo, achando que era uma barra de ouro.

ISABELLA (RINDO) – Essas histórias só acontecem com você, delegado.

Isabella desvia o olhar por um momento, percebendo uma expressão de preocupação se formando em seu rosto.

ISABELLA (SÉRIA) – Com licença, delegado, preciso ir até o quarto ver como está a Yvette.

AFRÂNIO – Claro, claro, vá lá. Mande meus cumprimentos a ela.

Isabella se levanta e atravessa o salão, subindo as escadas com pressa. A música e o riso ficam para trás enquanto ela avança pelo corredor silencioso em direção ao quarto de Yvette. O quarto está à meia-luz, com apenas um abajur iluminando o ambiente. Madame Yvette está deitada na cama, com a respiração pesada e irregular, parecendo quase desfalecer. Sua pele está pálida, e o suor brilha em sua testa. Isabella se aproxima rapidamente, o desespero é evidente em seus olhos, ela se ajoelha ao lado da cama.

ISABELLA – Yvette! Vou chamar um médico, você parece muito mal, espere só um pouco.

YVETTE (COM VOZ FRACA) – Não...é tarde demais, minha querida. Fique aqui...segure minha mão, tudo que eu sempre temi na vida era morrer sozinha. Não quero morrer sozinha.

Isabella segura a mão de Yvette com força, as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.

ISABELLA (CHORANDO) – Por favor, Yvette, não me deixe. Não vá agora, você ainda tem tanto para viver...

YVETTE (COM UM LEVE SORRISO) – Eu já vivi demais, minha hora chegou, Isabella. E...eu...agradeço por ter cuidado de mim...por ter sido como uma filha...

ISABELLA (CHORANDO) – Eu é que te agradeço por ter me recebido aqui no momento que eu mais precisei, por ter me ensinado tantas coisas, e por ter me ajudado a me tornar essa mulher forte que sou hoje.

Madame Yvette olha para Isabella com um olhar de cumplicidade, dá um leve sorriso e inspira profundamente uma última vez e, com um suspiro, seu corpo relaxa. Isabella, ainda segurando sua mão, soluça e se debruça sobre ela, chorando desesperadamente.

FIM DO CAPÍTULO

 

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