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ESPERANÇA - CAPÍTULO 31 (PENÚLTIMO CAPÍTULO)


ESPERANÇA

Capítulo 31 – Penúltimo Capítulo

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

CENA 1. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA DE JANTAR – NOITE

Martina serve a comida enquanto Jerônimo está sentado. Ela vai até a cozinha, serve dois copos de suco, e em um deles ela coloca veneno. No copo envenenado ela mistura para que o veneno se dissolva a bebida. Ela volta para sala com os dois copos, colocando o envenenado diante de Jerônimo.

MARTINA – Aqui está, querido.

JERÔNIMO – Até que não demorou hoje.

Martina senta-se a mesa e Jerônimo começa a comer.

MARTINA – Como você teve coragem, Jerônimo? Como conseguiu fazer aquilo com a Isabella?

JERÔNIMO (IRRITADO) – Que conversa é essa?

MARTINA – Eu ouvi tudo. Matteo e Rodolfo vieram aqui nesta tarde e te confrontaram.

JERÔNIMO – Tudo mentira daquela ingrata! Isabella sempre foi problemática.

MARTINA – Eu sabia...Sempre soube. Você destruiu a vida dela, foi por causa de você que ela foi viver no bordel.

JERÔNIMO (FURIOSO) – Cala essa boca, Martina!

MARTINA – Você vai pagar, Jerônimo. Tenha certeza que você vai pagar.

JERÔNIMO (DEBOCHA) – É a palavra dela contra a minha. Eu sou advogado, minha palavra tem mais valor, do que a palavra de uma puta.

MARTINA (DESAFIA) – Você pode não pagar nas leis dos homens, mas nas leis de Deus você pagará.

JERÔNIMO (RINDO) – Deus? Eu não pretendo morrer tão cedo para ter que acertar as contas com ele.

Jerônimo bebe o suco envenenado, mas logo começa a sentir falta de ar. Ele coloca a mão do peito, em pânico.

JERÔNIMO (OFEGANTE) – O que você colocou nesse suco?

MARTINA (CHORANDO) – Eu coloquei um fim no seu mal.

Jerônimo se levanta, segurando o peito, demonstrando estar sentido muita dor, ele dá um gemido e cai no chão, morto. Martina tremendo, se levanta da mesa e observa o corpo dele, lágrimas escorrem pelo rosto de Martina.

MARTINA (CHORANDO) – Acabou! Estou livre de você. Todos estão livres de você.

Martina passa as mãos sobre os olhos de Jerônimo, fechando-o.

                                                         CORTA PARA:

CENA 2. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE – SALÃO – DIA

Robervaldo está sentado no balcão, segurando uma carta com um selo elegante. Ele abre a carta com cuidado e começa a ler. Carolina se aproxima com curiosidade.

CAROLINA (CURIOSA) – Recebendo cartas, Robervaldo? Parece importante, tem até selo.

ROBERVALDO – É do Jean, um amigo meu que abriu uma casa de shows em Paris. Ele está me convidando para trabalhar com ele.

CAROLINA (EMPOLGADA) – Paris? Meu Deus, Robervaldo! Isso é um sonho! Você tem que aceitar!

ROBERVALDO (HESITANTE) – Eu não sei...Sai daqui, deixar tudo para trás...

CAROLINA (INCRÉDULA) – Deixar o quê? Esse bordel? Tudo bem aqui que aqui também é um ótimo lugar, mas nem de longe é Paris.

ROBERVALDO – Mas não é só do bordel que eu estou falando. Tem ele.

CAROLINA – Ah, claro. O seu amante.

ROBERVALDO (DEFENSIVO) – Você sabe como essas coisas são complicadas. Não queria ter que deixa-lo.

CAROLINA – Eu vou ser bem sincera. Você não acha que você se entrega demais a ele e recebe pouco em troca? Se ele realmente te amasse ele enfrentaria o que fosse preciso para ficar com você.

ROBERVALDO – Não é tão simples. Tem o trabalho dele...

CAROLINA (INTERROMPENDO) – Isso é só a desculpa que ele dá. Ele só aparece aqui quando quer, e você fica aqui esperando por migalhas de atenção. O trabalho dele também impede dele te ver?

ROBERVALDO – Ele tem medo. Medo do que as pessoas vão pensar.

CAROLINA – Você está deixando de viver a sua vida, por conta de alguém que tem medo de viver o que realmente é. Agora você tem uma chance de ir para Paris, começar de novo, em um lugar onde ninguém vai julgar você, e está abrindo mão disso por um cara que não te ama.

ROBERVALDO (ABAIXANDO A CABEÇA) – Você acha mesmo que ele não me ama?

CAROLINA – Eu acho que ele gosta de você, mas não o suficiente para te dar o que você merece.

Robervaldo fica em silêncio, olhando para a carta. Ele solta um suspiro profundo, claramente em conflito.

ROBERVALDO – Talvez você esteja certa.

CAROLINA – Conversa com ele, deixe tudo bem claro sobre o que você sente e sobre suas expectativas. Se ele não topar caminhar com você, amigo. Vá embora, você merece o mundo, não se prenda a ninguém.

Robervaldo olha para Carolina e sorri.

                                                         CORTA PARA:

CENA 3. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA DE ESTAR – DIA

A casa está silenciosa. Martina está sentada em uma poltrona, segurando um lenço, enquanto Matteo e Rodolfo estão ao lado dela, tentando consolá-la.

MATTEO – Tia, estamos aqui para o que você precisar.

MARTINA – Obrigada, meus meninos. Mas, sinceramente, eu não me sinto triste, na verdade me sinto aliviada.

Martina se levanta.

MARTINA – O Jerônimo era um peso. Durante anos suportei um casamento que não dava mais certo, tudo em nome de uma promessa, de amá-lo e respeitá-lo até que a morte nos separasse.

Isabella entra na casa, ela está hesitante por estar novamente no lugar que a fez tanto mal, mas ao ver Martina, ela vai diretamente até ela e a abraça com força.

ISABELLA (CHORANDO) – Tia Martina...

MARTINA (CHORANDO) – Minha querida...Me perdoe. Eu deveria ter te protegido.

ISABELLA – Você não tem culpa de nada, tia. Você é tão vítima dessa história quanto eu fui.

As duas continuam abraçadas, chorando juntas, enquanto Matteo e Rodolfo observam comovidos.

RODOLFO – Agora poderemos viver em paz, sem os fantasmas do passado.

MATTEO – Tia, você quer continuar vivendo aqui nessa casa? Se quiser, minha casa está aberta para você.

MARTINA (SORRINDO) – Obrigada, Matteo. Mas essa ainda é a minha casa, quero ficar aqui. Só peço que vocês me visitem mais, quero ter a minha família sempre por perto.

RODOLFO (SORRINDO) – Pode deixar, tia. Nós vamos te visitar sempre.

MATTEO – Você não ficará mais sozinha.

Isabella, Rodolfo, Matteo e Martina se abraçam todos juntos.

                                                         CORTA PARA:

CENA 4. EXT. ESTRADA DE TERRA – DIA

O sol forte ilumina a estrada empoeirada que conecta a cidade à fazenda de Fontes. Vicente caminha com atenção, observando o chão e os arredores. Afrânio, desinteressado, segue atrás, limpando o suor com um lenço.

VICENTE – Não há nenhum rastro. Nem marcas de pneu, nem qualquer coisa que possa dar um indicio de onde podem tê-lo levado.

AFRÂNIO (IRÔNICO) – Eu avisei, Vicente. É impossível encontra-lo. Fontes sumiu sem deixar pistar.

VICENTE – Você como delegado deveria saber que nenhum crime é perfeito. Sempre há algo que escapa. Uma falha, um detalhe.

AFRÂNIO – E se ele não foi vítima de crime algum? Vai ver ele resolveu ir embora por conta própria.

VICENTE – Não acredito nisso. Ele fez uma denuncia dias antes de que estava sendo perseguido a mando do coronel Almeida, que virou seu inimigo político, depois que ele resolveu apoiar outro candidato. Coincidência, não?

AFRÂNIO – Essa perseguição era coisa da cabeça dele.

VICENTE – O carro dele desapareceu junto com ele. Nós precisamos encontrar o carro. Esse deve ser o primeiro passo, a partir daí, teremos um ponto de partida.

AFRÂNIO – Boa sorte. Você sabe quantas estradas e trilhas existem por aqui?

VICENTE – Então é melhor começarmos a procurar. Quanto mais rápido agirmos, maiores serão as chances de descobrir o que aconteceu.

Vicente volta a olhar o terreno com seriedade, enquanto Afrânio segue atrás, relutante.

                                                         CORTA PARA:

CENA 5. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – DIA

O sino da igreja soa ao longe, enquanto Mariana caminha devagar. Henrique aparece do outro lado da rua e se aproxima dela com um sorriso.

HENRIQUE – Mariana!

MARIANA (SORRI) – Henrique! Que surpresa.

HENRIQUE (BRINCA) – Surpresa boa, eu espero.

MARIANA (RINDO) – Sempre boa.

HENRIQUE – Eu queria te convidar para ir comigo a um lugar especial.

MARIANA (CURIOSA) – Que lugar?

HENRIQUE – É segredo. Mas prometo que você vai gostar.

MARIANA (HESITANDO) – Não posso demorar muito. Você sabe que minha mãe não gosta que eu fique fora por muito tempo.

HENRIQUE – Confie em mim. Prometo que não vamos demorar.

Mariana reflete por um momento, mas cede, sorrindo.

MARIANA – Tudo bem. Confio em você.

                                                         CORTA PARA:

CENA 6. EXT. CACHOEIRA – DIA

Henrique guia Mariana entre as árvores. Quando chega à clareira, Mariana para, deslumbrada. A cachoeira cai em um pequeno lago, cercada por uma linda vegetação.

MARIANA (ENCANTADA) – Que lugar lindo!

HENRIQUE (SORRINDO) – Eu sabia que você ia gostar. Sempre venho aqui quando preciso pensar ou me sentir em paz.

MARIANA (IMPRESSIONADA) – É um lugar mágico, nunca imaginei que existisse um lugar assim por aqui.

Henrique começa a tirar os sapatos.

HENRIQUE – Quer entrar na água?

MARIANA (HESITANDO) – Eu não trouxe roupa de banho.

HENRIQUE – Não precisa. Fique com a roupa de baixo. Não tem ninguém aqui além de nós.

Mariana hesita, olhando para o lago e depois para Henrique. Ele a tranquiliza com um olhar genuíno. Depois de alguns segundos, ela sorri timidamente e começa a tirar os sapatos.

MARIANA (BRINCANDO) – Você é impossível, Henrique.

Mariana e Henrique entram na água vestidos apenas com a roupa íntima, eles riem e espirram água um no outro.

MARIANA – Você tinha razão. A água é maravilhosa.

HENRIQUE – Eu sabia que você ia gostar.

Os dois param de nadar e ficam frente a frente. Henrique olha nos olhos de Mariana, que desvia o olhar, tímida. Ele levanta delicadamente o queixo dela, fazendo-a encará-lo.

HENRIQUE – Mariana...Eu estou completamente apaixonado por você.

Mariana, impressionada com que ouve, abre um pequeno sorriso. Henrique se inclina lentamente e a beija. Ela retribui imediatamente, fechando os olhos e se entregando ao momento.

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. EXT. FAZENDA DOS ALMEIDA – ANTIGA FAZENDA BELLINI – DIA

Coronel Almeida está parado ao lado de Homero, observando o local com um misto de nostalgia e desdém.

HOMERO (SARCÁSTICO) – Engraçado, não é? Vender justo a antiga fazenda Bellini. Quem diria que você, Almeida, precisaria se desfazer dela, depois de todo o esforço que teve para tê-la.

ALMEIDA – Essa fazenda foi um troféu. Um símbolo da minha vitória sobre aquela maldita família Bellini. Ela me rendeu muitos frutos. E agora, mesmo vendendo, ao menos tenho a satisfação de saber que nunca voltará para as mãos de nenhum deles.

HOMERO (SORRINDO) – Ao menos isso.

Um automóvel se aproxima e estaciona próximo a Homero e Almeida. Felício, um senhor por volta dos 50 anos, desce acompanhado de um tabelião e caminha em direção a Almeida e Homero.

FELÍCIO – Coronel Almeida. Homero. Desculpem pela demora.

ALMEIDA – Sem problemas, Felício. Vamos resolver isso logo.

Homero abre a pasta e entrega os documentos ao tabelião.

HOMERO – Aqui estão os papéis.

O tabelião revisa os documentos enquanto Almeida e Felício trocam olhares rápidos.

TABELIÃO – Está tudo em ordem. Assim que ambos assinarem, a propriedade será oficialmente transferia.

Almeida pega a caneta e assina os papéis. Felício em seguida também assina. O tabelião entrega uma cópia a Felício.

TABELIÃO – Parabéns, senhor Felício. A fazenda agora é oficialmente sua.

Almeida força um sorriso e cumprimenta Felício com um aperto de mão.

ALMEIDA – Espero que cuide bem dela.

Um som de motor ecoa ao longe. Todos olham na direção do barulho. Um Rolls-Royce elegante se aproxima lentamente e para perto deles. Dele descem Matteo, Isabella e Rodolfo. Almeida fica visivelmente surpreso e irritado ao vê-los.

MATTEO (SORRINDO) – Felício, obrigado pelo serviço. Você fez um excelente trabalho.

Matteo cumprimenta Felício com um aperto de mão.

ALMEIDA (FURIOSO) – O que significa isso?

MATTEO – Significa que estou aqui para tomar posse da minha fazenda. A mesma que você comprou por um preço de banana depois de tocar foco nela e destruir minha família.

ISABELLA – E agora ela volta para o lugar de onde nunca deveria ter saído.

ALMEIDA (INDIGNADO) – Homero, que história é essa?

HOMERO (CONFUSO) – Eu não sabia de nada disso!

MATTEO (RINDO) – Claro que não sabia, nem poderia. Felício é um amigo meu de São Paulo. Trouxe-o aqui apenas para ser o intermediário porque eu sabia que você, Almeida, jamais venderia a fazenda diretamente para mim.

Almeida fica cheio de raiva, encarando Matteo com uma expressão de ódio. Matteo aproxima-se de Almeida e o encara.

MATTEO – Eu prometi há dez anos, quando deixei essa cidade que eu voltaria para recuperar o que era meu. Essa primeira parte acabo de concluir. Agora, vou cumprir a segunda: derrubá-lo e tirar o poder que você exerce sobre Esperança.

ALMEIDA (RINDO) – Você vai fracassar. Pode até ter recuperado a fazenda, mas não vai me derrubar. Você não passa de um sonhador, o povo dessa cidade jamais irá te eleger como prefeito.

MATTEO – Você pode continuar se enganando como quiser, mas no dia das eleições você verá como um sonhador pode transformar essa cidade. Quando o povo lhe virar as costas, você não será nada além de um homem pequeno. Pequeno o suficiente para ser esmagado como uma barata.

Os dois se encaram por um longo momento. Almeida vira-se para Homero, e os dois entram no automóvel de Homero e vão embora.

FELÍCIO (SORRINDO) – Missão cumprida. Agora essa terra é sua de novo.

MATTEO (AGRADECIDO) – Obrigado, Felício. Você fez mais do que podia pedir.

Felício e o tabelião partem. Matteo, Rodolfo e Isabella ficam olhando para a fazenda em silêncio por alguns instantes.

RODOLFO (EMOCIONADO) – Eu me lembro quando brincávamos aqui com o Vitorio...Mamma preparando o almoço e o papà cuidando das plantações.

ISABELLA – Onde quer que estejam agora, tenho certeza de que estão felizes por ver essa terra voltar para nossa família.

MATTEO – E não só isso. Vamos reconstruir a casa e devolver á fazenda o brilho que ela perdeu.

Os três irmãos se abraçam com emoção.

                                                             CORTA PARA:

CENA 8. INT. CASA DE LEDA – SALA – DIA

Mariana entra em casa sorrateiramente, tentando não fazer barulho. Seus cabelos estão molhados. Assim que fecha a porta, Leda aparece do nada, cruzando os braços e encarando com severidade.

LEDA – Mariana, onde você estava? E por que está com os cabelos molhados?

MARIANA (GAGUEJANDO) – Eu...eu estava...Ah, mãe, começou a chover. Acabei me molhando no caminho.

LEDA – Chovendo? Não está chovendo!

MARIANA (NERVOSA) – Estava sim! Pelo menos lá onde eu estava, começou a chover de repente. Uma chuva rápida, sabe?

Leda dá um passo à frente e puxa a orelha de Mariana

LEDA – Mentira tem perna curta, menina! Fale a verdade! Onde você molhou esse cabelo?

Mariana tenta se soltar.

MARIANA – Ai, mãe, para com isso! Já falei que foi a chuva!

LEDA – Última chance, Mariana. Onde você estava?

De repente, um trovão abala as janelas e a chuva começa a cair forte lá fora. As duas olham para a janela. Leda, desconcertada, solta a orelha de Mariana.

MARIANA (SORRINDO) – Tá vendo, mãe? Eu falei que estava chovendo.

LEDA (DESCONFIADA) – Mas eu ainda acho que tem algo estranho nisso. Estou de olho em você, mocinha.

MARIANA – Não tem nada de estranho. Agora eu vou me enxugar, se não pego uma gripe.

Mariana sobe correndo as escadas enquanto Leda olha pela janela, ainda desconfiada, mas sem provas.

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE – QUARTO DE ROBERVALDO – NOITE

Robervaldo está seitado na beira da cama, segurando a carta que recebeu nas mãos. Ele parece pensativo. A porta do quarto se abre lentamente, e o amante de Robervaldo entra no quarto.

ROBERVALDO (SORRINDO) – Estava esperando você chegar, demorou.

ROBERVALDO – Ainda bem que veio. Eu preciso conversar com você. Hoje eu recebi essa carta de um amigo, ele abriu uma casa de shows em Paris e quer que eu vá trabalhar lá. Sempre foi meu sonho, morar fora, você sabe.

ROBERVALDO (HESITANTE) – Mas eu não queria ir e deixar você aqui. Você tem vindo cada vez menos, eu sinto que algo mudou. Você ainda gosta de mim.

Robervaldo olha para seu amante, que suspira profundamente.

AUGUSTO – Eu gosto de você, Robervaldo, mas não na mesma intensidade e nem da mesma forma que você gosta de mim.

Robervaldo olha para Augusto com o coração partido.

AUGUSTO – Você foi o primeiro homem com quem me envolvi. Antes de você, eu não tinha coragem nem aceitar que eu pudesse gostar de outro homem. Você me ajudou a abrir os olhos e me entender melhor. Mas, hoje, eu vejo você mais como um amigo. Um grande amigo. E eu não sabia como te dizer isso sem te magoar.

ROBERVALDO – Então é por isso que você tem se fastado...vindo cada vez menos.

AUGUSTO – Você merece alguém que te ama de verdade, do jeito que você merece. E por isso, acho que você deve ir para Paris. Viva o seu sonho!

ROBERVALDO – Eu queria tanto que você fosse esse alguém...

AUGUSTO – E eu queria conseguir ser, mas não seria justo te prender aqui.

Os dois se abraçam com força, em um gesto de despedida silenciosa. Robervaldo enxuga as lágrimas e sorri.

ROBERVALDO – Paris, então lá vou eu! Eu vou viver meu sonho, mas saiba que, apesar de tudo, eu torço para que você encontre alguém que te faça feliz.

AUGUSTO (EMOCIONADO) – E eu torço para que Paris seja tudo o que você sempre quis.

Os dois se abraçam novamente.

                                                         CORTA PARA:

CENA 10. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – DIA/NOITE

SONOPLASTIA: SPERANZA – LAURA PAUSINI

Tomada de vários pontos da cidade de Esperança, mostrando o cotidiano da cidade, com as ruas tomada de pessoas durante o dia e o vazio da noite.

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 11. INT. MANSÃO DE INÁCIO – SALA – DIA

Marcos entra na casa de Inácio. Inácio desce as escadas com um sorriso dissimulado, ajeitando o paletó.

INÁCIO (FINGINDO ENTUSIASMO) – Marcos! Que honra o receber, meu cunhado. A que deve sua visita?

MARCOS (SÉRIO) – Eu quero ver a Camila. Minha mãe já tentou várias vezes visita-la, mas ela nunca está disponível

INÁCIO (SORRINDO) – Ah, sua irmã anda muito cansada ultimamente. A gravidez, você sabe...alias não sabe, porque nunca foi pai. Mas grávidas são assim mesmo, precisam de descanso.

MARCOS – Cansada ou não, eu quero vê-la agora.

INÁCIO – Marcos, não é o melhor momento. Camila está dormindo, ela precisa descansar.

Marcos ignora Inácio e sobe as escadas. Inácio corre atrás dele, visivelmente tenso.

INÁCIO (IRRITADO) – Marcos! Eu não autorizo você a subir! Desça imediatamente!

Marcos ignora Inácio e começa a abrir as portas dos quartos, um por um, gritando o nome da irmã.

MARCOS (GRITANDO) – Camila! Camila! Onde você está?

Camila, presa no sótão, ouve a voz do irmão. Ela corre para a porta e começa a bater, com a barriga de grávida visivelmente grande.

CAMILA (GRITANDO DESESPERADA) – Marcos! Estou aqui! Estou presa no sótão!

Marcos para ao ouvir a voz de Camila e olha em direção ao sótão.

MARCOS (GRITANDO) – Você a trancou no sótão? Que tipo de monstro faz isso com a própria mulher?

INÁCIO – Isso não é da sua conta! Camila está sob os meus cuidados, e eu faço o que for melhor para ela e nosso filho.

MARCOS – Você é um canalha! Isso vai acabar agora!

INÁCIO (IRÔNICO) – E o que você vai fazer? Um boiola como você não dá ordens na minha casa!

Marcos aponta o dedo na cara de Inácio, com os olhos cheios de ódio.

MARCOS – Eu vou voltar aqui com a polícia. E vou tirar a Camila daqui, nem que seja à força.

Camila ouve tudo do sótão e grita, desesperada.

CAMILA (GRITANDO) – Marcos, por favor, me tire daqui!

MARCOS (GRITANDO) – Calma, Camila! Eu vou resolver isso, prometo.

Marcos desce as escadas com raiva, ignorando as provocações de Inácio. Inácio permanece na escada, tentando recuperar a calma, mas claramente preocupado.

                                                         CORTA PARA:

CENA 12. INT. MANSÃO DE INÁCIO – SÓTÃO – DIA

Inácio abre a porta do sótão com violência. Camila está sentada no canto, abraçando a barriga, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela se levanta ao ver Inácio, cheia de coragem e desespero.

CAMILA (NERVOSA) – Eu ouvir o Marcos. Ele sabe que estou aqui e vai voltar com a polícia. Isso vai acabar!

INÁCIO – Ah, minha querida. Seu irmãozinho pode até voltar com a polícia, mas você não vai contar nada a eles.

CAMILA (GRITANDO) – Vou sim! Vou contar tudo! Vou acabar com isso!

Inácio dá um passo em direção a Camila.

INÁCIO (AMEAÇADOR) – Se você abrir a boca, eu prometo que você nunca verá seu filho.

CAMILA (ASSUSTADA) – Você não seria capaz.

INÁCIO – Ah, seria. Você ainda tem dúvidas do que sou capaz? E tem mais, além de não ver o seu filho, terá que ver uma bala atravessando a cabeça do seu grande amor, o Matteo. Sabe que ele tem se exposto bastante nessa campanha política, né? Nada me impede de aproveitar o momento para mata-lo.

Camila recua, chocada e em pânico. Ela coloca as mãos na barriga, tentando se proteger.

CAMILA (NERVOSA) – Você é um monstro.

INÁCIO – Faça o que eu mando, e nada vai acontecer ao seu bebê, ao seu amorzinho e nem a você.

Camila desaba no chão, em lágrimas. Inácio a observa de cima, com expressão vitoriosa.

INÁCIO – Agora, seja uma boa garota. Eu vou te levar para o quarto, você vai tomar um banho, vai se vestir bem linda e quando alguém te perguntar alguma coisa, você vai dizer que não está acontecendo nada.

Camila chora, desesperada, enquanto acaricia a barriga.

                                                         CORTA PARA:

CENA 13. INT. MANSÃO DE MATTEO – SALA – DIA

Flora está em pé, acariciando sua barriga que parece estar bem avançada. Ela exibe um sorriso radiante enquanto conversa com Matteo, Patrícia e Flávio, que estão sentados no sofá.

FLORA (ANIMADA) – Eu mal posso acreditar que o casamento é amanhã. Parece um sonho!

PATRÍCIA (ORGULHOSA) – Segure a ansiedade, minha filha. Tudo já está planejado para ser perfeito. Você será a noiva mais linda que Esperança já viu.

FLORA – E você, Matteo? Está tão ansioso quanto eu?

MATTEO (SORRI FORÇADAMENTE) – Ansioso? Não. Estou até bem tranquilo.

FLORA – Tranquilo? Nossa, pensei que você estaria mais empolgado.

FLÁVIO (RINDO) – Não se preocupe, Flora. Matteo sempre foi assim, meio controlado. O dia do casamento pode ser amanhã ou daqui a uma hora, e ele ainda vai parecer que está indo comprar pão.

Todos riem, exceto Flora, que tenta manter o sorriso enquanto observa Matteo.

PATRÍCIA – O que importa é que amanhã minha filha será uma senhora Bellini!

Antes que a conversa continue, Hismeria, Augusto e Henrique entram na sala, animados.

HISMERIA – Prontos para mais um dia de campanha?

AUGUSTO – Matteo, futuro prefeito de Esperança, sua presença é requisitada nas ruas!

Matteo se levanta com um sorriso confiante.

MATTEO – Vocês não param, hein? Vamos lá, o povo nos espera.

Flora segura o braço de Matteo antes que ele saia.

FLORA – Não volte muito tarde, Matteo. Amanhã é um dia especial, e você precisa descansar.

MATTEO – Não se preocupe, voltarei e tempo.

Matteo sai acompanhado de Hismeria, Augusto e Henrique.

                                                         CORTA PARA:

CENA 14. INT. CASA DE CANDOCA – SALA – DIA

Chandra Dafni está diante de uma máquina de costura, ajustando uma peça de tecido que simula uma barriga falsa. Angislanclécia entra apressada, com um lenço amarrado no cabelo.

ANGISLANCLÉCIA (INTRIGADA) – O que é isso que você está costurando? Uma barriga?

CHANDRA DAFNI – É exatamente isso. Uma barriga falsa.

ANGISLANCLÉCIA (CONFUSA) – Pra que diabos você quer uma barriga falsa?

CHANDRA DAFNI – É para uma peça que vamos fazer na igreja. Vamos simular a Virgem Maria grávida.

ANGISLANCLÉCIA (DESCONFIADA) – Não sabia que a igreja agora promovia peças de teatro.

CHANDRA DAFNI (DESCONVERSANDO) – Se você fosse mais a missa, saberia.

ANGISLANCLÉCIA – Pra ficar assim igual a você? Não, obrigada.

Angislanclécia sai, mas ainda lança um olhar curioso para a barriga falsa antes de fechar a porta. Chandra Dafni respira fundo, olhando para a peça em suas mãos com um misto de culpa e preocupação.

                                                         CORTA PARA:

CENA 15. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – DIA

A cidade está tomada por dois grupos diferentes de apoiadores. De um lado, os simpatizantes do Coronel Almeida com bandeiras vermelhas e brancas, exibem faixas com slogans e cantam jingles ensaiados. Do outro lado, o grupo de Matteo, com faixas azuis e amarelas, também agitam a rua com seu jingle e mensagens de esperança. Matteo está presente, acompanhado de Angislanclécia, Eriberto, Augusto, Rodolfo, Isabella e Carolina.

GRUPO DE ALMEIDA (CANTANDO EM CORO) – “Põe o cravo na lapela,

Um sorriso na janela,

Almeida confirmou que vai voltar.

A cidade de Esperança sempre foi seu bem querer,

E quem gosta dessa terra quer Almeida,

Governando Esperança, pra tristeza ter um fim,

Com a proteção do senhor do Bonfim.”

GRUPO DE MATTEO (CANTANDO EM CORO) – “Eu quero ver um tempo novo,

De crescer e construir,

Esperança vai mudar,

Trabalhando com Matteo.”

MATTEO (SORRINDO) – Vamos continuar espalhando a mensagem! A cidade precisa ouvir que a mudança está chegando!

ANGISLANCLÉCIA – Isso mesmo, pessoal! É hora de fazer história1

Angislanclécia ergue uma bandeira com a foto de Matteo.

ISABELLA – Vocês perceberam como os jingles deles são repetitivos? Parece até uma marchinha de circo.

ERIBERTO (RINDO) – Com Almeida como maestro, não esperava algo diferente.

Do outro lado da rua, Homero, observa o grupo de Matteo e se aproxima da viúva Leda.

HOMERO – Eles estão ganhando força, Leda. Cada dia mais gente nas ruas com eles.

LEDA – Eu vou bater em porta em porta para convencer as mulheres de bem dessa cidade a votarem no coronel Almeida.

À medida que as duas campanhas continuam se cruzando nas ruas, o clima de rivalidade aumenta, mas ambos os grupos se mantêm firmes em suas estratégias.

                                                         CORTA PARA:

CENA 16. INT. MANSÃO DE INÁCIO – SALA – DIA

Inácio está na sala, ajustando a gravata, quando a porta abre bruscamente. Delegado Afrânio entra acompanhado de Marcos, Dorotéia, e Almeida, todos com expressões sérias. Inácio se volta surpreso.

INÁCIO (SORRINDO) – Mas que honra receber todos aqui.

MARCOS (IRRITADO) – Não se faça de desentendido, Inácio. Você sabe muito bem por que estamos aqui.

DOROTÉIA – Quero ver minha filha agora!

ALMEIDA – O que está acontecendo aqui, Inácio? Explique-se.

AFRÂNIO – Recebi uma denúncia de que você está mantendo sua esposa presa. É melhor cooperar, Inácio.

INÁCIO (SORRINDO) – Denúncia? Isso é absurdo! Camila está bem, descansando no quarto. Vou chama-la agora.

Inácio sobe calmamente as escadas, mas antes que possa chega no meio dela, Camila aparece e desce as escadas com o semblante calmo, embora seus olhos demonstrem certa tensão. Ela tenta sorrir para a mãe.

CAMILA – O que está acontecendo aqui? Que surpresa ver vocês todos reunidos aqui.

MARCOS – Camila, estamos aqui para te ajudar. Conte-nos o que aconteceu.

CAMILA – Não sei do que você está falando, Marcos. Eu não preciso de ajuda. Estou muito bem e feliz com meu marido, não há nada de errado.

Dorotéia abraça Camila com força.

DOROTÉIA – Minha filha, você tem certeza disso? Você sabe que pode conosco para qualquer coisa.

CAMILA (FORÇANDO UM SORRISO) – Estou bem, mãe. Não precisa se preocupar.

ALMEIDA (IRRITADO) – Mais uma das suas tentativas de criar confusão, não é Marcos? Parece que você não tem nada melhor para fazer.

MARCOS – Vocês não percebem que ela está sendo ameaçada por ele? Ele estava mantendo ela presa no sótão!

ALMEIDA – Você deveria cuidar mais da sua própria vida. Agora se me derem licença, tenho uma campanha para vencer.

Almeida se vira e sai, o delegado Afrânio o acompanha.

                                                         CORTA PARA:

CENA 18. INT. CASA DE CANDOCA – SALA – DIA

Patrícia está parada ao lado de Chandra Dafni, que entrega um embrulho contendo a barriga a falsa. Patrícia pega o pacote com um sorriso de cumplicidade.

PATRÍCIA – Você fez um trabalho impecável. Obrigada.

CHANDRA DAFNI – Só fiz o que me pediram. Espero que funcione.

PATRÍCIA (SORRI) – Vai funcionar.

Patrícia sai apressada. Antes de Chandra Dafni fechar a porta, Angislanclécia aparece vinda da cozinha e cruza os braços com expressão desconfiada.

ANGISLANCLÉCIA – O que foi isso aqui? Você não me disse que essa barriga falsa era pra uma peça da igreja?

CHANDRA DAFNI – Eu...Eu disse isso? Deve ter sido um mal-entendido.

ANGISLANCLÉCIA – Mal entendido? Eu vi você entregando o embrulho para Patrícia, a mãe da Flora. Não tem anda a ver com a igreja, tem?

CHANDRA DAFNI – Ai, acho que estou ficando tonta...Ai meu Deus!

Ela leva a mão à testa e começa a cambalear dramaticamente, e finge desmaiar.

                                                         CORTA PARA:

CENA 19. INT. MANSÃO DE MATTEO – QUARTO DE HÓSPEDES – DIA

Flora está diante do espelho, vestida com um vestido de noiva luxuoso e exibindo a barriga falsa sob o tecido branco. Ela alisa o ventre com as mãos, sorrindo de maneira vitoriosa.

FLORA – Nós conseguimos, mamãe. Finalmente vou me casar com o Matteo.

PATRÍCIA – Tudo está saindo exatamente como planejamos. A vitória é apenas uma questão de tempo.

FLORA – Mas estou preocupada com o bebê, porque ele não vai nascer. O que vamos fazer?

PATRÍCIA – Disso cuidamos depois, vamos nos atentar ao mais importante, que é o casamento de hoje.

FLORA – Você acha que algum dia ele vai se apaixonar por mim de verdade?

PATRÍCIA – Os homens se acostumam, querida. E com o tempo, quem sabe? O importante agora é garantir o casamento.

Elas saem do quarto e descem as escadas da mansão onde Flávio as espera no hall.

                                                             CORTA PARA:

CENA 20. INT. CASA DE CANDOCA – SALA – DIA

Angislanclécia segura Chandra Dafni pelos ombros após ela fingir desmaiar.

ANGISLANCLÉCIA – Ah, não vem com essa! Eu não vou cair nesse teatro barato! Me diz a verdade agora, ou eu mesmo vou atrás da Patrícia!

CHANDRA DAFNI – Eu não posso, é um assunto delicado.

ANGISLANCLÉCIA (IMPACIENTE) – Complicado é lidar com as suas mentiras! Fala logo!

Chandra Dafni solta um suspiro e volta ao normal, percebendo que não vai conseguir fugir da conversa.

CHANDRA DAFNI – Essa barriga falsa é para Flora, ela não está grávida.

ANGISLANCLÉCIA (SURPRESA) – O quê? O Matteo precisa saber disso agora mesmo.

CHANDRA DAFNI (NERVOSA) – Não! Você não pode contar.

ANGISLANCLÉCIA – Mas é claro que eu vou contar, ele só está se casando com a Flora porque ela está grávida dele, se a barriga é falsa, a gravidez também é. Eu vou lá agora mesmo!

                                                         CORTA PARA:

CENA 21. INT. IGREJA – DIA

A igreja está lindamente decorada com flores brancas. Matteo está de pé no altar, com um semblante distante. O coral começa a cantar a marcha nupcial. Todos se viram para ver Flora, que entra acompanhada de Flávio que a leva até o altar. Flávio entrega Flora a Matteo com um sorriso cordial, mas Matteo apenas assente, tentando disfarçar sua frieza.

PADRE OLAVO – Caros irmãos e irmãs, estamos reunidos hoje para testemunhas a união sagrada entre Matteo Bellini e Flora.

O padre continua o rito. Matteo responde com hesitação aos votos, enquanto Flora está radiante.

PADRE OLAVO – Se alguém souber de algo que possa impedir esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre.

O silêncio domina por alguns instantes, mas é interrompido quando Angislanclécia surge na porta da igreja.

ANGISLANCLÉCIA – Eu tenho algo a dizer!

A igreja inteira começa a murmurar, Flora fica pálida e Matteo com uma cara confusa.

ANGISLANCLÉCIA – A Flora não está grávida, Matteo. Ela mentiu para você esse tempo todo. Essa barriga que você vê aí é falsa.

FLORA (NERVOSA) – Isso é mentira! Ela está inventando isso para acabar com nosso casamento.

MATTEO (DESCONFIADO) – É verdade, Flora? Responda!

Matteo coloca a mão na barriga de Flora e, com um movimento rápido, puxa o tecido. Ele sente a textura da esponja e percebe que Angislanclécia está dizendo a verdade.

MATTEO (FURIOSO) – Você é uma mentirosa, Flora! Eu confiei em você e você me enganou!

Flora começa a chorar desesperada.

FLORA – Matteo, por favor, deixe eu explicar! Eu fiz isso porque te amo, eu não queria te perder.

MATTEO – Não há mais nada a explicar. Padre, esse casamento não vai acontecer.

Matteo sai da igreja apressado. Flora corre atrás dele, chorando, mas Matteo não olha para trás.

                                                         CORTA PARA:

CENA 22. INT. MANSÃO DE MATTEO – SALA – DIA

Matteo está parado ao lado de Flávio, com os braços cruzados. Flora e Patrícia suplicam para que Matteo as perdoe.

FLORA (EM PRANTOS) – Matteo, por favor, me escute! Eu sei que errei, mas fiz isso porque te amo! Eu estava desesperada!

MATTEO – Amor? Você chama isso de amor, Flora? Mentir, enganar, manipular? Você só queria o meu nome e o meu dinheiro!

PATRÍCIA – Matteo, por favor, pense melhor. Nós podemos resolver isso de outra forma.

MATTEO – Vocês duas me enojam. Saiam da minha casa agora mesmo!

Flora cai de joelhos, chorando ainda mais forte.

FLORA (IMPLORANDO) – Por favor, Matteo, não me deixe assim! Eu faço qualquer coisa!

MATTEO (GRITA) – Vá embora daqui!

Flávio observa tudo em silêncio, mas Patrícia se vira para ele em desespero.

PATRÍCIA – Flávio, você não vai fazer nada? Vai nos deixar na rua?

FLÁVIO – Vocês estão colhendo o que plantaram.

Magali aparece carregando as malas de Patrícia e Flora.

MATTEO – Sumam daqui!

Flora e Patrícia pegam suas malas e saem da casa cabisbaixa, carregando suas malas. Matteo permanece imóvel, até que a porta se fecha.

                                                         CORTA PARA:

CENA 23. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – DIA

                  SONOPLASTIA: LINDA FLOR (AI YÔ, YÔ) – FAFÁ DE BELÉM

Tomada de vários pontos da cidade de Esperança mostrando a passagem de tempo.

ALGUNS DIAS DEPOIS

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 24. INT. JORNAL O AMIGO DO POVO – REDAÇÃO - NOITE

A redação está cheia de pessoas ansiosas pelo resultado das eleições. Matteo está sentado ao lado de Rodolfo e Isabella, com um semblante tenso. Padre Olavo caminha de um lado para o outro, segurando um rosário, enquanto Angislanclécia tenta animar o ambiente que está tenso. No centro da sala, um rádio em cima da mesa transmite os primeiros anúncios da apuração eleitoral.

ERIBERTO – As urnas acabaram de fechar! Agora começa a contagem, pessoal!

MATTEO – É agora...meses de trabalho resumidos em alguns números.

ANGISLANCLÉCIA – O povo de Esperança sabe quem merece essa vitória.

MARCOS – É, mas não dá para subestimar o meu pai. Ele tem muita influência.

CAROLINA – Influência e medo, né? Porque voto mesmo, acho que ele não tem.

Todos riem, mas a tensão é evidente. Dr. Romeo se aproxima do rádio e aumenta o volume quando o locutor começa a falar.

LOCUTOR – Boa noite, Esperança! Começaremos agora a apuração das eleições municipais. O primeiro boletim parcial será divulgado em instantes.

HENRIQUE (NERVOSO) – Alguém tem água? Minha boca tá seca!

Hismeria traz um copo de água.

HISMERIA – Toma, Henrique. E tenta não cair, hein?

Todos riem para aliviar a tensão. Flávio se levanta e coloca a mão no ombro de Matteo.

FLÁVIO – Independente do resultado, Matteo, saiba que você fez uma campanha limpa e honesta. Isso já é uma vitória.

MATTEO – Obrigado, padrinho. Mas vamos ser sinceros...eu quero ganhar.

A rádio volta a transmitir e o locutor tem as primeiras atualizações.

LOCUTOR – E o primeiro boletim parcial da cidade de Esperança já chegou. Com 10% das urnas apuradas, temos o seguinte resultado: Almeida com 55% dos votos e Matteo Bellini com 45%.

Todos ficam apreensivos com o resultado parcial.

DR. ROMEU – Calma, pessoal. Ainda é cedo. Vamos aguardar.

RODOLFO – Não é possível que esse homem vá ganhar.

                                                         CORTA PARA:

CENA 25. EXT. ESTRADA DESERTA – NOITE

O Delegado Vicente e outro policial estão em um carro patrulha, seguindo informações sobre o possível paradeiro do carro desaparecido de Fontes. De repente, eles veem um carro semelhante estacionado na beira da estrada.

VICENTE – É ele! É o carro do Fontes!

O carro reduz a velocidade e para o próximo ao veículo. Diego, o motorista que está com o carro de Fontes, percebe a aproximação e tenta ligar o carro, mas é tarde demais. Vicente e o policial descem rapidamente com armas no punho.

VICENTE – Polícia! Saia do veículo com as mãos para o alto!

Diego desce do carro com as mãos levantadas, tentando disfarçar o nervosismo.

VICENTE – Você está dirigindo o carro do prefeito desaparecido de Esperança. Onde ele está?

DIEGO (GAGUEJANDO) – Eu não sei do que vocês estão falando. Achei esse carro abandonado na estrada.

VICENTE – Você está encrencado. Não invente histórias. É melhor você cooperar ou vai ser pior.

DIEGO – Eu só estava obedecendo ordens!

VICENTE – De quem? Quem te deu essas ordens?

FIM DO CAPÍTULO




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