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ESPERANÇA - CAPÍTULO 32 - ÚLTIMO CAPÍTULO

 


ESPERANÇA

Capítulo 32 – Último Capítulo

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

CENA 1. EXT. ESTRADA DESERTA – NOITE

O Delegado Vicente e outro policial estão em um carro patrulha, seguindo informações sobre o possível paradeiro do carro desaparecido de Fontes. De repente, eles veem um carro semelhante estacionado na beira da estrada.

VICENTE – É ele! É o carro do Fontes!

O carro reduz a velocidade e para o próximo ao veículo. Diego, o motorista que está com o carro de Fontes, percebe a aproximação e tenta ligar o carro, mas é tarde demais. Vicente e o policial descem rapidamente com armas no punho.

VICENTE – Polícia! Saia do veículo com as mãos para o alto!

Diego desce do carro com as mãos levantadas, tentando disfarçar o nervosismo.

VICENTE – Você está dirigindo o carro do prefeito desaparecido de Esperança. Onde ele está?

DIEGO (GAGUEJANDO) – Eu não sei do que vocês estão falando. Achei esse carro abandonado na estrada.

VICENTE – Você está encrencado. Não invente histórias. É melhor você cooperar ou vai ser pior.

DIEGO – Eu só estava obedecendo ordens!

VICENTE – De quem? Quem te deu essas ordens?

Diego fica em silêncio sem responder. Vicente coloca as algemas em Diego.

DIEGO (HESITA) – Eu não posso falar.

VICENTE – Você vai ter bastante tempo para pensar uma resposta na delegacia.

O outro policial abre as portas do carro e coloca Diego dentro, levando-o preso.

                                                         CORTA PARA:

CENA 2. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – NOITE

A sala está tensa. Coronel Almeida está sentado em uma poltrona, segurando um copo de uísque. Dorotéia está ao lado, nervosa, apertando o lenço com suas mãos. Homero, Cândida, Delegado Afrânio e outros fazendeiros estão sentados ao redor, enquanto uma rádio em cima da mesa anuncia os números parciais da apuração.

LOCUTOR – Com mais de 70% das urnas apuradas, a disputa continua acirrada. Almeida segue com 51% dos votos, enquanto Matteo Bellini alcançou 40%.

A sala fica em silêncio por um momento, até que Homero quebra o clima.

HOMERO – É uma diferença pequena, mas ainda é uma diferença. Isso significa que a vitória é nossa.

ALMEIDA (PREOCUPADO) – Não se engane, Homero. Matteo só tem avançado ao longo da apuração. Esse número está apertado.

DOROTÉIA – Isso significa que ele vai vencer?

CÂNDIDA – Ainda tem 30% das urnas para serem apuradas, coronel, o senhor também pode avançar.

AFRÂNIO (SÉRIO) – As urnas que faltam ser apuradas é as das regiões mais rurais da cidade que estão sob o controle dos fazendeiros que estão do seu lado, coronel. Iremos levar essa.

ALMEIDA – Aqueles discursos dele cheio de palavras vazias vai ser derrotado hoje. Eu tenho anos de trabalho nesta cidade, é a mim que o povo deve escolher.

DOROTÉIA – Mas e se ele vencer?

Almeida bate o copo na mesa.

ALMEIDA (IRRITADO) – Não vai vencer! Enquanto eu estiver vivo, essa cidade continuará sob meu controle.

O locutor volta com mais atualizações. Todos ficam atentos.

LOCUTOR – Voltaremos em breve com mais resultados. Por enquanto, a disputa segue indefinida.

                                                         CORTA PARA:

CENA 3. INT. DELEGACIA – NOITE

Delegado Vicente está sentado diante de Diego, que está algemado e com uma expressão de cansaço. Vicente olha diretamente nos olhos de Diego, tentando intimidá-lo.

VICENTE (CALMO) – Vamos tentar mais uma vez, rapaz. Onde está o corpo de Fontes?

DIEGO (DESVIA O OLHAR) – Já disse que não sei do que você está falando.

VICENTE (IRRITADO) – Você estava dirigindo o carro dele! O carro que estava desaparecido há meses desde a noite do crime. Você sabe exatamente do que estou falando.

DIEGO – Eu achei aquele carro abandonado. Não sei nada sobre o Fontes.

Vicente bate a mão na mesa e aponta o dedo na cara de Diego.

VICENTE – Pare de mentir! Quer eu acredite que você encontrou um carro como aquele abandonado e resolveu dar uma voltinha?

DIEGO – Eu não sei de nada.

Vicente respira fundo, tentando manter a calma. Ele se levanta e começa a caminhar pela sala.

VICENTE – Escute bem. Eu já lidei com gente como você antes que acham que podem manter o silêncio para proteger alguém ou para salvar a própria pele.

Diego permanece em silêncio, mas parece inquieto.

VICENTE – Mas eu vou te dizer uma cosia: a verdade sempre aparece. Sempre. Então, vou perguntar de novo. Quem mandou matar o Fontes?

DIEGO (HESITANDO) – Eu não sei de nada.

VICENTE – Muito bem. Amanhã de manhã você vai acordar nessa cela fria, depois de ter passado a noite toda refletindo. E quando eu te chamar aqui novamente, espero ouvir algo diferente. Porque, se não, eu irei garantir que você pague a pena máxima.

Diego engole seco, mas não diz nada. Vicente faz sinal para o policial que está na porta.

VICENTE – Leve-o para cela. Que ele vai ter uma longa noite para pensar.

O policial leva Diego para cela. Vicente fica sozinho, esfregando as têmporas, visivelmente frustrado.

                                                         CORTA PARA:

CENA 5. INT – JORNAL O AMIGO DO POVO – REDAÇÃO

Todos continuam reunidos em todo do rádio.

LOCUTOR – Atenção, Atenção, já temos o resultado final da cidade de Esperança.

Há um momento de silêncio na redação, todos olham ansiosos um para os outros, enquanto aguardam o resultado.

LOCUTOR – E com 53% dos votos, Matteo Bellini é o novo prefeito de Esperança!

Uma explosão de alegria toma conta do ambiente. Todos começam a gritar e se abraçar.

RODOLFO (ABRAÇANDO MATTEO) – Conseguimos, irmão! Você venceu!

ISABELLA – Eu sabia! Eu sabia que você iria ganhar, Matteo! A prefeitura é sua!

ANGISLANCLÉCIA – Isso é a vitória do povo, Matteo! A vitória contra a tirania do Coronel Almeida!

MATTEO (EMOCIONADO) – Obrigado, pessoal. Obrigado de coração. Se não fosse a ajuda de cada um de vocês aqui, esse sonho nunca teria se tornado realidade.

ERIBERTO – Agora é a sua vez, prefeito! Mostre a essa cidade que Esperança pode brilhar de novo.

AUGUSTO (RINDO) – Mas antes de brilhar, vamos comemorar, né?

ERIBERTO (GRITANDO) – Vamos para as ruas! Essa é a festa da democracia, a festa de uma nova Esperança! Vamos comemorar com o povo.

Todos saem da redação, animados, carregando faixas e bandeiras com o rosto de Matteo estampado. O clima é de pura celebração.

                                                         CORTA PARA:

CENA 6. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – NOITE

                               SONOPLASTIA: SPERANZA – LAURA PAUSINI

As ruas estão tomadas por uma multidão em festa. Fogos de artifício iluminam o céu, bandeiras tremulam no ar, e as pessoas cantam e dançam. A energia é contagiante. Matteo, cercado de seus aliados é o grande centro das atenções.

MULTIDÃO (GRITANDO EM CORO) – Matteo! Prefeito! Matteo! Prefeito!

De cima de um palanque improvisado, com um sorriso largo, Matteo agradece ao povo.

MATTEO – Obrigado, Esperança! Essa vitória é de vocês! Hoje será o dia que será lembrado como o dia que começamos a escrever uma nova história para essa cidade. Juntos vamos construir uma cidade justa e próspera para todos. Acabou os anos de opressão, nesta cidade não há mais coronéis!

A multidão vibra, gritando ainda mais alto.

HISMERIA – Eu nunca vi uma festa assim. Essa cidade está viva de novo!

PADRE OLAVO – Que Deus abençoe essa nova jornada!

O clima de festa continua, com músicas e gritos de alegria. Matteo desce do palanque e vai ao encontro do povo, cumprimentando cada um.

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – NOITE

Um silêncio mortal toma conta da sala após a rádio anunciar a vitória de Matteo. Almeida ainda permanece imóvel por alguns segundos, até que ele desliga o rádio e se levanta lentamente. O silêncio é interrompido por sua explosão de fúria.

ALMEIDA (GRITANDO) – Traidores! Um bando de imprestáveis!

HOMERO – Almeida, não se descontrole. Isso é política. Ganhamos algumas, perdemos outras...

ALMEIDA – Cale essa maldita boca! Você fez pouco para me ajudar a vencer. Não usou o seu banco para me emprestar dinheiro quando precisei, tive que usar meus bens pessoais para custear a campanha sozinho.

DOROTÉIA (NERVOSA) – Por favor, Almeida, não fale assim com seus aliados. Isso só vai piorar...

ALMEIDA (INTERROMPENDO) – Aliados? Onde esses aliados estavam quando o povo foi iludido por esse Bellini? Todos vocês são um bando de inúteis.

Ele pega um copo de uísque e atira contra a parede, espalhando cacos e líquido pelo chão.

AFRÂNIO – Eu fiz tudo que estava ao meu alcance, Coronel. Intimidei, prendi, mas não podia fabricar votos.

ALMEIDA (GRITANDO) – Você deveria ter feito mais! De que serve um delegado que não tem poder nenhum?

CÂNDIDA – Coronel, o povo queria mudança, e o Matteo representava isso.

ALMEIDA – Matteo é um moleque! Ele não fará nada, apenas prometeu mentiras!

Ele começa a apontar para cada um presente na sala.

ALMEIDA – Todos vocês são culpados por isso. Saiam! Agora! Antes que eu perca o controle!

HOMERO – Coronel...

ALMEIDA (GRITA) – Saiam!

Um a um, todos deixam a sala, com olhares apreensivos e humilhados. Assim que a porta bate pela última vez, Almeida cai em uma poltrona, com a cabeça entre as mãos.

                                                         CORTA PARA:

CENA 8. INT. MANSÃO DE INÁCIO – SALA – NOITE

Camila e Inácio estão escutando a apuração, após o resultado da vitória de Matteo, Camila sorri discretamente enquanto Inácio se levanta furioso, derrubando uma cadeira.

CAMILA (ANIMADA) – Matteo venceu...Finalmente alguém capaz de mudar essa cidade.

INÁCIO (GRITANDO) – Cale a boca! Você acha que isso é motivo de comemoração.

CAMILA - Eu acho. Porque agora ele vai me tirar de você. Acabou, Inácio. Você não poderá mais me manter presa aqui.

INÁCIO (FURIOSO) - Você acha mesmo que ele vai ter essa chance? Nós vamos embora antes que ele tome posse. Você e essa criança virão comigo para bem longe daqui!

CAMILA (DESAFIADORA) - Eu não vou a lugar nenhum com você.

Furioso, Inácio avança em direção a Camila. Ele a agarra pelos cabelos, puxando-a com força.

CAMILA (GRITANDO) - Me solte! Você é um monstro!

INÁCIO - Você vai fazer o que eu mandar! E se tentar algo contra mim, verá do que sou capaz.

Ele a arrasta até o sótão, abre a porta e joga para dentro. Camila, agora visivelmente em dor e com a barriga de grávida destacada, tenta se levantar enquanto chora.

CAMILA (DESESPERADA) Inácio, por favor! Pense no bebê!

INÁCIO (IRÔNICO) - Eu estou pensando no bebê. E é por isso que você vai ficar quieta aqui, sem mais gracinhas, até decidirmos o que fazer.

Ele bate à porta e tranca por fora. Camila desaba no chão, soluçando.

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. EXT. RUAS DE ESPERANÇA – NOITE

A festa continua animada, o povo segue na rua comemorando a vitória de Matteo. Augusto e Marcos conversam em meio ao barulho da multidão. Ambos parecem cansados, mas satisfeitos pela vitória de Matteo.

AUGUSTO - Acho que vou indo, hoje foi um dia longo e amanhã começa outro desafio.

MARCOS - Hoje foi um dia bastante cheio, mas valeu a pena porque conseguimos vencer. Quer uma carona? Estou indo pra casa também.

AUGUSTO - Seria ótimo. Obrigado.

                                                         CORTA PARA:

CENA 10. EXT. RUA DESERTA – CARRO DE MARCOS - NOITE

Dentro do carro, Marcos dirige pelas ruas tranquilas. Augusto olha pela janela, com um leve sorriso nos lábios. Há um silêncio confortável entre os dois.

MARCOS - E aí, o que achou da vitória? Confesso que fiquei surpreso com o tamanho dela e da vontade do povo pela mudança. Foi uma explosão!

AUGUSTO - Foi lindo, é algo que vai ficar na história de Esperança. E você? Como você está sentindo com tudo isso? Seu pai que não deve ter ficado muito feliz.

MARCOS – Meu pai precisava ser derrotado e o Matteo merece chegar onde chegou. Ele fará a diferença ór essa cidade. Não será só mais um que meu pai comandará.

Eles ficam em silêncio por alguns segundos. Augusto parece pensativo.

AUGUSTO - Sabe, Marcos, tem algo que sempre admirei em você...sua coragem em se opor a sua família para defender o certo. É raro encontrar pessoas assim. Qualquer pessoa no seu lugar, ficaria ao lado do seu pai, é o caminho mais cômodo.

MARCOS - Eu só tento fazer o que é certo, e tenho conseguido. Mas obrigado por dizer isso.

AUGUSTO - Eu não sei se é uma bebida ou uma euforia do dia, mas acho que estou criando coragem para dizer algo que guardei por muito tempo, desde que começamos a trabalhar juntos na campanha.

MARCOS (CURIOSO) - O quê?

Marcos para com o carro e Augusto vira-se para Marcos.

AUGUSTO - Eu sempre te achei incrível, Marcos. Não só como amigo, mas... mais do que isso.

Augusto impulsivo, se inclina e beija Marcos. Há um instante de hesitação, mas então Marcos retribui o beijo. Após alguns segundos, eles se afastaram, ofegantes.

MARCOS - Eu não sabia que você curtia homens.

AUGUSTO - Sempre curti. Só nunca tive coragem de admitir, principalmente pra você. Acho que uma bebida dessas de tantas que bebi me deu esse empurrão.

MARCOS (SORRI) - Bom, ainda bem que deu, porque seu beijo é muito bom.

Eles trocam outro beijo, mais intenso.

                                                         CORTA PARA:

CENA 11. INT. DELEGACIA – DIA

Delegado Vicente e Delegado Afrânio ambos estão presentes interrogando Diego, que está sentado, com as mãos algemadas e o rosto cansado. Ele olha para os dois, sabendo que a pressão aumentará.

VICENTE - Vamos começar de novo, Diego. Você sabe que a situação está feia para você. Se cooperarmos, podemos melhorar as coisas para você.

DIEGO (HESITANDO) - Eu já disse que não sei de nada.

AFRÂNIO - Diego, não subestime nossa inteligência. Você foi pego dirigindo o carro de Fontes, que está desaparecido. Isso não é coincidência!

VICENTE - Diego, pense que não está em jogo. Você vai carregar isso sozinho? Vai proteger alguém que te usou?

Diego fica em silêncio, mantendo o olhar fixo na mesa, mas começa a demonstrar sinais de nervosismo.

VICENTE - Diego, nenhum crime é perfeito. Nós sabemos que você esteve envolvido. O que queremos saber é: quem mandou? Onde está Fontes?

Diego mantém o silêncio por alguns instantes, mas sua expressão mostra que está cedendo.

DIEGO - Eu fui chamado... por Ezequiel. Ele disse que precisava de ajuda... para lidar com o Fontes.

AFRÂNIO - Lidar como?

DIEGO – Eu, com a ajuda de um colega, interceptei o carro de Fontes na estrada. Levamos ele para um terreno. Estavam lá... Ezequiel e o Coronel Almeida.

Os delegados trocam olhares chocados, mas mantêm a calma para que ele continue.

VICENTE - E depois?

DIEGO - Fontes estava vivo... jogamos ele numa cova que abrimos... e enterramos ele, tudo isso sob as ordens do coronel.

Vicente respira fundo, controlando a raiva, mas dando-se por satisfeito

VICENTE – E você sabe chegar até esse lugar?

DIEGO – Sim, senhor.

VICENTE - Isso é o suficiente! Vou preparar os mandados de prisão para o Coronel Almeida, Ezequiel e os outros envolvidos. Levem ele de volta para cela!

Os policias pegam Vicente e o levam algemado de volta para cela, ele sai da sala com a cabeça baixa.

                                                         CORTA PARA:

CENA 12. EXT. FAZENDA DOS ALMEIDA – DIA

Delegado Afrânio chega em seu automóvel à casa dos Almeida. Do lado de fora, Ezequiel o recebe.

EZEQUIEL – Delegado Afrânio, o que o traz aqui a essa hora? Se veio falar com o coronel, ele saiu.

AFRÂNIO - Temos um problema. Um grande problema. Um dos jagunços de vocês foi preso, o Diego.

Ezequiel imediatamente fica alerta, franzindo a testa.

EZEQUIEL (PREOCUPADO) - O que ele disse?

AFRÂNIO - Ele confessou, Ezequiel. Confessou que matou o prefeito Fontes. E mais, disse que você e o coronel Almeida estavam envolvidos e que tudo foi feito sob as ordens do coronel.

Ezequiel leva a mão à cabeça, nervoso, andando de um lado para o outro.

EZEQUIEL (IRRITADO) - Aquele idiota não conseguiu segurar a língua! Tinha que ter cortado a língua daquele maldito!

AFRÂNIO - Isso não é tudo. O delegado Vicente pediu ordens de prisão contra você e o coronel, a qualquer momento ele vai chegar aqui e prender os dois.

Ezequiel para, e encara Afrânio.

EZEQUIEL - O coronel... ele acabou de sair. Preciso encontrá-lo, avisá-lo e eu também preciso me esconder.

AFRÂNIO - É melhor você se apressar. Se o Delegado Vicente chegar aqui e não te encontrar, talvez você ganhe um tempo. Só tome cuidado, Ezequiel.

EZEQUIEL - Obrigado por me avisar, Afrânio.

AFRÂNIO - Não me agradeça. Apenas seja rápido.

Ezequiel sobe apressado em cima do Cavalo e sai cavalgando atrás de Almeida, enquanto Afrânio volta para o carro, olhando ao redor para se certificar de que não está sendo seguido.

                                                         CORTA PARA:

CENA 13. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASEBRE DE ALMEIDA – DIA

Almeida está deitada na cama, com o olhar perdido no teto. Ao seu lado, Nina acaricia seus cabelos, tentando confortá-lo. A expressão de Almeida é de derrota e cansaço.

ALMEIDA - Gastei tudo! Tudo! Todo o dinheiro que seria usado para uma safra de café. E para quê? Para perder essa eleição.

NINA - Você ainda tem suas terras, Almeida. Você vai reerguer, sempre foi um homem forte.

ALMEIDA - Forte? Fui humilhado por aquele moleque. Derrotado por um garoto. E agora estou à beira da falência. Terei que me endividar até o pescoço para plantar na próxima safra e se eu não conseguir, acabou.

Nina senta-se na cama, puxando Almeida para perto, segurando seu rosto com ternura.

NINA - Você não vai perder, Almeida. Não enquanto eu estiver aqui. Não esqueça quem você é, você é o Coronel Almeida, o homem mais poderoso dessa cidade. Confie em você!

Almeida olha para Nina, a raiva e a frustração dando lugar a um brilho de determinação.

ALMEIDA - Você fala como se acreditasse em mim mais do que eu mesmo.

NINA - Porque eu acredito. E sempre vou acreditar.

Almeida sorri de canto. Ele puxa Nina para um beijo, que rapidamente se torna mais intenso. Ambos se entregam à paixão, em busca de consolo em meio ao caos.

                                                         CORTA PARA:

CENA 14. EXT. CACHOEIRA – DIA

Mariana e Henrique estão dentro da água cristalina da cachoeira. O sol bate em seus rostos enquanto eles nadam e se beijam apaixonadamente.

HENRIQUE - Eu nunca pensei que fosse sentir algo tão forte por alguém como sinto por você, Mariana.

Mariana sorri, mas abaixa o olhar, tímida. Henrique pega em suas mãos.

HENRIQUE - Mariana, eu quero que você seja minha namorada. Quero estar ao seu lado, te proteger, te fazer feliz.

Mariana hesita, olhando para a água.

MARIANA - Henrique... eu adoraria, mas minha mãe nunca aceitaria. Ela quer que eu entre para o convento, que eu dedique minha vida à igreja.

HENRIQUE (INDIGNADO) - Mas e o que você quer, Mariana? Você vai viver sua vida só para agradar sua mãe? Isso não é justo!

MARIANA - Eu dependo dela para tudo, Henrique. Não posso simplesmente desobedecê-la.

HENRIQUE - Então vem comigo. Vamos sair daqui. Mariana, eu só vim para essa cidade para abrir uma rádio, mas não deu certo. Estou pensando em voltar para São Paulo. Vem comigo, a gente pode começar uma nova vida juntos, lá ninguém vai nos impedir de sermos felizes.

Mariana fica visivelmente emocionada, mas também em conflito.

MARIANA - Fugir? Henrique, é um passo tão grande... deixar minha mãe, minha vida aqui...

HENRIQUE - Eu sei que é difícil, mas acho que não podemos construir juntos. Podemos nos casar, forma uma família.

Mariana olha para ele, hesitante. Após um momento de silêncio, ela sorri com lágrimas nos olhos.

MARIANA - Eu vou com você, Henrique. Não quero que você vá embora, eu já não sei mais viver sem você. Quero viver essa vida ao seu lado.

Henrique, tomado pela felicidade, gritando, levanta os braços para o céu.

HENRIQUE (EUFÓRICO) - Eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, Mariana!

Eles se beijam apaixonadamente, com a água da cachoeira caindo ao fundo.

                                                         CORTA PARA:


CENA 15. INT. DElEGACIA – DIA

Delegado Vicente está sentado à sua mesa, segurando um papel com a ordem de prisão contra Almeida e Ezequiel. Ele sorri com um ar satisfeito. Um policial entra.

POLICIAL - Delegado, a ordem chegou?

VICENTE - Sim, agora é oficial. O coronel Almeida e Ezequiel não escaparão dessa. Quero acabar com esse domínio de medo que eles impuseram sobre essa cidade!

POLICIAL – Vamos iniciar a operação para prendê-los?

VICENTE - Preciso de quatro de vocês comigo. Vamos até a fazenda Almeida primeiro, acredito que o coronel e o Ezequiel estejam lá. Quero que tudo seja feito com cautela, mas sem hesitação.

Os policiais acenam com a cabeça. Vicente ajusta seu terno, preparando-se.

VICENTE - Lembrem-se: não se trata apenas de prender dois criminosos. É sobre dar a essa cidade a chance de respirar sem o peso desse coronel nas costas. Vamos fazer isso da forma certa!

Os policiais murmuram palavras de concordância enquanto ajustam seus equipamentos. Vicente sai à frente, determinado, seguido por sua equipe. As viaturas arrancam em direção à fazenda Almeida, a poeira levantando na estrada.

                                                         CORTA PARA:

CENA 16. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASEBRE – DIA

Almeida e Nina estão na cama, entrelaçados, em um momento de paixão. A porta do casebre é arrombada violentamente.

EZEQUIEL (GRITANDO) - Almeida! Acabou pra você, seu maldito!

ALMEIDA (EM PÂNICO) - Ezequiel! O que é isso? Abaixe essa

NINA (DESESPERADAO) - Por favor, não faça nada! Pelo amor de Deus, Ezequiel!

Ezequiel tira a arma da cintura e diretamente para os dois. Seu rosto está carregado de fúria.

EZEQUIEL - Conversar? Depois de tudo o que estou vendo?

ALMEIDA - Ezequiel, eu posso te pagar! Apenas abaixe essa arma e... vamos resolver isso.

EZEQUIEL - Você acha que o dinheiro compra tudo? Vou te mostrar que sua vida não está valendo nada.

Nina começa a chorar compulsivamente.

NINA (SUPLICANDO) Ezequiel, me deixa ir, por favor!

Ezequiel puxa o gatilho e atira em Nina. Ela grita antes de cair na cama, sem vida. Almeida se desespera.

ALMEIDA (GRITANDO) - Seu desgraçado! Você perdeu a cabeça!

EZEQUIEL (SARCÁSTICO) - E eu vou garantir que você perca a sua.

Ezequiel dispara contra Almeida, um tiro após o outro. Almeida cai no chão, ainda tentando se arrastar, mas Ezequiel continua atirando até esvaziar o revólver. O caso fica em um silêncio mortal.

                                                         CORTA PARA:

CENA 17. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – DIA

A porta da mansão é aberta violentamente pelo delegado Vicente, acompanhado por dois policiais armados. Dorotéia sentada na sala, se levanta assustada.

DOROTÉIA - O que está acontecendo? Por que você está invadindo a minha casa desse jeito?

VICENTE - Estamos aqui com um mandado de prisão contra o Coronel Almeida. Ele é acusado de ser o mandante de homicídio do prefeito Fontes.

DOROTÉA (SURPRESA) – Meu Deus! Ele não está em casa.

VICENTE (DESCONFIADO) - E onde ele está, dona Dorotéia? É melhor colaborar, porque vamos encontrá-lo, com ou sem a sua ajuda.

DOROTÉIA (EM PÂNCICO) - Eu... não sei! Ele saiu cedo e não disse pra onde ia!

VICENTE - Policial, vasculhe cada canto desta casa. Eu vou procurar pela fazenda.

Um dos policiais começa a revistar a mansão, enquanto Vicente se dirige ao lado de fora com outro policial. Vicente sai determinado, deixando Dorotéia em lágrimas na sala.

                                                         CORTA PARA:

CENA 18. EXT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASEBRE – DIA

Ezequiel sai do casebre apressado, ajustando as rédeas do cavalo. Ele está nervoso, limpando as mãos sujas de pólvora na calça. Ao longe, uma viatura de Vicente e outro policial aparece na estrada de terra.

EZEQUIEL - Droga! Esses tristes... Como chegou tão rápido?

Ele sobe no cavalo, chicoteando-o para disparar pela mata. A viatura acelerada, cercando-o pela lateral. Vicente sai do carro com arma em punho.

VICENTE (GRITANDO) - Pare aí, Ezequiel! Está cercado! Desça do cavalo e levante as mãos!

EZEQUIEL - Vocês não vão me pegar tão fácil!

O policial secundário disparou para o alto, assustando o cavalo, que empina e derrubou Ezequiel no chão. Vicente corre para algemá-lo.

VICENTE - Acabou pra você, Ezequiel. Está preso pelo assassinato do prefeito Fontes.

EZEQUIEL – Maldito!

VICENTE - Onde está Almeida?

EZEQUIEL (APONTANDO PRO CASEBRE) - Lá dentro. Mas não vai encontrar muito o que prender.

VICENTE – Coloca ele na viatura. Eu vou entrar lá.

O policial leva Ezequiel algemado para a viatura. Vicente e o outro policial sacam as armas e ambos no casebre.

                                                         CORTA PARA:

CENA 20. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASEBRE – DIA

O interior é sombrio, o cheiro de pólvora ainda está no ar. Vicente entra devagar, arma no punho. Ele se depara com a cena: Almeida morta na cama, ao lado de Nina, ambos cobertos de sangue.

POLICIAL (CHOCADO) - Meu Deus...

VICENTE – Foi um massacre. Parece que Ezequiel decidiu acabar com todo o mundo.

POLICIAL - O que fazemos agora?

VICENTE – Solicitar reforços para tirar esses corpos daqui.

                                                         CORTA PARA:

CENA 21. INT. CASA DE MARCOS E HELENA – SALA – DIA

Marcos e Helena estão sentados na sala, cada um com uma xícara de café. Há uma tensão no ar.

MARCOS - Helena, precisamos conversar. Algo muito importante.

HELENA - Eu imagino do que se trata. Você tem estado diferente nos últimos dias. O que aconteceu?

MARCOS - Desde o começo, você sabia que eu não te amava. Nosso casamento foi uma imposição do meu pai, que nunca aceitou quem eu realmente sou.

HELENA - Eu sempre soube, Marcos, já me casei sabendo disso, mas eu queria acreditar que com o tempo... talvez pudéssemos encontrar alguma felicidade juntos.

MARCOS - Você merece mais, Helena. Merece alguém que te ame de verdade. E eu... eu preciso ser quem eu sou. Não quero mais viver preso a essas mentiras. Quero me desquitar.

HELENA (SORRINDO) - Marcos, você está certo. Nosso casamento foi um erro. Nenhum de nós é feliz assim. E eu... aceito o desquite.

Marcos toca a mão de Helena.

MARCOS - Obrigado por entender. Eu desejo que você encontre alguém que te ame como você merece. E prometo... nunca mais deixar ninguém ditar como eu devo viver.

Os dois se abraçam, emocionados.

                                                         CORTA PARA:

CENA 22. INT. CASA DE HOMERO – QUARTO DE FERNANDO – NOITE

A luz fraca do abajur ilumina o quarto. Fernando está sentado na cama, ansioso, quando Cândida entra usando uma robe. Eles trocam olhares intensos e se beijam com paixão.

FERNANDO (BEIJANDO CÂNDIDA) - Eu estava com saudades do seu cheiro, Cândida.

CÂNDIDA (SORRINDO) - E eu, de você. O dia todo longe de você é um tormento.

Eles se deitam na cama, mas Fernando interrompe o momento.

FERNANDO (SÉRIO) - Eu não aguento mais isso. Não aguento mais te ver às escondidas, como se o que fosse um pecado.

CÂNDIDA - O que você quer fazer?

FERNANDO - Contar ao meu pai sobre nós. E depois... vamos embora daqui juntos. Começar uma nova vida, longe de tudo isso.

CÂNDIDA (EMOCIONADA) - Você tem certeza? Você está disposto a enfrentar tudo?

FERNANDO - Por você, por nós, eu enfrento qualquer coisa.

Eles se beijam novamente, com intensidade, deixando os dois em um momento de entrega e paixão.

                                                         CORTA PARA:

CENA 23. INT. FAZENDA DOS ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – SALA – DIA

A sala está cheia de pessoas vestidas de preto. O caixão de Almeida está posicionado no centro, cercado de coroas de flores. Um clima pesado par no ar. Dorotéia está próxima de Marcos e Helena.

DOROTÉIA (PREOCUPADA) - Marcos, está me incomodando muito a ausência de Camila. O corpo já será enterrado, e ela nem apareceu.

MARCOS – A Camila não está aqui porque Inácio não permitiu. Ele não a deixa sair daquela casa.

DOROTÉIA - Isso é um absurdo! Ela tem o direito de se despedir do pai! Como ele pode fazer isso?

MARCOS - Mãe, Inácio está mantendo Camila presa. Ela não tem como sair.

Matteo, que estava próximo, ouvindo a conversa, se aproxima, franzindo a testa.

MATTEO (SURPRESO) - Presa? O que você está dizendo, Marcos? Como assim, presa?

MARCOS - Eu não queria te envolver nisso, mas é verdade. Inácio trancou Camila no sótão e não permite que ela saia. Ela está lá contra a vontade dela. Já tentei ir lá com a polícia, mas quando fui com a polícia, ela negou tudo.

MATTEO (REVOLTADO) - Isso é um absurdo. Esse homem é um monstro! Eu vou tira-la de lá, nem que tenha que quebrar aquela porta com as minhas mãos!

DOROTÉIA - Matteo, por favor, tenha cuidado! Inácio é perigoso.

MATTEO - Eu não vou permitir que ele continue com isso. Marcos, Augusto, venham comigo. Nós vamos libertar Camila agora.

MARCOS - Estou com você, Matteo. Vamos acabar com isso.

Os três trocam olhares de determinação antes de sair de casa, enquanto Dorotéia observa, aflita.

                                                         CORTA PARA:

CENA 24. INT. MANSÃO DE INÁCIO – SALA – DIA

Inácio está sentado no sofá, lendo o jornal, relaxado. A porta é aberta com força, e Matteo, Marcos e Augusto ambos com expressões de raiva entram na casa. Inácio se levanta imediatamente, pegando uma arma que estava sobre a mesa.

INÁCIO (ASSUSTADO) - O que vocês estão fazendo na minha casa? Saiam daqui agora mesmo!

MATTEO (GRITANDO) - Onde está Camila? Eu sei que ela está aqui, presa contra a vontade dela!

INÁCIO - Você está louco, Matteo? Saia da minha casa antes que isso acabe mal.

MARCOS - Solte a minha irmã, seu covarde! Todo mundo sabe que você a mantém trancada no sótão!

INÁCIO - Camila está nesta casa porque quer. Ninguém a mantém presa. Agora, sumam daqui antes que eu chame a polícia.

MATTEO - Chame quem você quiser. Se você não abrir aquele sótão e soltá-la, eu voltarei com a polícia. E, desta vez, você não conseguirá se esconder atrás de suas mentiras.

Inácio aponta a arma para Matteo.

INÁCIO (SARCÁSTICO) - Pode voltar com quem quiser. Essa casa é minha, e ninguém vai tirar Camila daqui.

AUGUSTO (IRRITADO) - Você é um louco, Inácio. E vai pagar caro por isso.

MATTEO - Isso não vai acabar aqui. Você não vai conseguir me impedir, nós vamos tirar a Camila daqui.

Os três começam a sair, enquanto Inácio permanece com a arma em mãos, olhando-os com ódio.

INÁCIO (GRITANDO) - Voltem com quem quiser, mas não terá o que quiser!

Os três saem pela porta, enquanto Inácio respira fundo, tentando conter a raiva.

                                                         CORTA PARA:

CENA 25. INT. DELEGACIA – DIA

Matteo entra na delegacia acompanhado de Marcos e Augusto, com expressões de preocupação e tensão. O Delegado Vicente está em sua mesa, revisando papéis.

MATTEO - Delegado Vicente, precisamos de sua ajuda. É uma questão de vida ou morte.

VICENTE - O que se trata, Matteo?

MATTEO – A Camila, está sendo mantida presa pelo marido, Inácio. Ele a trancou no sótão da casa, contra a vontade dela. Ela está grávida e correndo sério risco de vida.

VICENTE - Isso é uma acusação muito séria. Você tem certeza disso?

MARCOS - Tenho, delegado. Inácio não deixa ninguém vê-la. Impediu até que ela fosse ao enterro do nosso próprio pai.

AUGUSTO - É verdade. Ele nega todas as visitas, inclusive da mãe dela. Camila precisa ser resgatada antes que algo pior aconteça.

VICENTE - Não podemos ignorar isso. Vou organizar uma equipe agora mesmo. Vamos tirá-la de lá.

Vicente pega seu chapéu e arma, acenando para os outros policiais.

                                                         CORTA PARA:

CENA 26. EXT. MANSÃO DE INÁCIO – DIA

Inácio sai pela porta principal, segurando uma mala em uma mão e arrastando Camila pelo braço com a outra. Camila, com expressão de pânico, tenta resistir.

CAMILA (DESESPERADA) - Eu não vou, Inácio! Me solte, por favor!

INÁCIO (IRRITADO) - Você vai sim! Não tem escolha. Agora entra no carro e cala a boca.

Inácio a força a entrar no carro, enquanto ela continua gritando. Ele joga a mala no banco traseiro e entra no carro.

CAMILA (SUPLICANDO) - Inácio, por favor, não faça isso.

INÁCIO - Já passou da hora de você parar de resistir. Agora é tarde para lamentações.

O carro parte em alta velocidade.

                                                         CORTA PARA:

CENA 27. EXT. ESTRADA – DIA

Matteo e a polícia estão no caminho da casa de Inácio. Matteo está no carro com Vicente e um policial. Eles veem o carro de Inácio passando na direção oposta, com Camila dentro.

MATTEO (GRITANDO) - Ali está ele! É o carro de Inácio! Ele está com Camila!

VICENTE - Dê uma volta, rápido! Vamos atrás dele.

O carro da polícia faz um retorno brusco e começa a perseguir o carro de Inácio. As sirenes ecoam pela estrada. Camila está visivelmente em pânico, chorando e gritando.

CAMILA (GRITANDO) - Para, Inácio! Você não tem saída, se entrega, é melhor.

INÁCIO (IRRITADO) - Eu não vou parar! Não vou ser preso. Prefiro morrer a passar o resto da vida atrás das grades.

O carro da polícia se aproxima rapidamente do carro de Inácio. Após algumas manobras, a via consegue bloquear o caminho. Vicente e o policial desce do carro apontando a arma para Inácio.

VICENTE (GRITA) - Inácio, saia do veículo com as mãos para cima!

Inácio sai do carro, mas agarra Camila, apontando uma arma para a cabeça dela.

INÁCIO (GRITANDO) - Ninguém se aproxima ou eu atiro!

VICENTE - Calma, Inácio. Não precisa acabar assim. Solte Camila, e conversamos.

INÁCIO (FURIOSO) - Vocês acham que eu vou me entregar? Nunca!

VICENTE - Solte a Camila e eu deixo você fugir. Mas ela não precisa se machucar por causa disso, ela está grávida.

Inácio hesita por um momento. Olha para Camila e depois para os policiais. Finalmente, solta Camila. Camila corre para Matteo, que a abraça, emocionada.

CAMILA (CHORANDO) - Matteo... eu achei que nunca mais fosse te ver.

MATTEO - Acabou, meu amor. Você está salva agora.

Inácio entra no carro e acelera em alta velocidade. A polícia começa uma nova perseguição pela estrada, mas o carro de Inácio acaba perdendo o controle em uma curva, capotando várias vezes. A viatura para, e Vicente sai para verificar o carro completamente destruído e vê o corpo de Inácio.

VICENTE – É o fim da linha pra ele, está morto.

                                                         CORTA PARA:

CENA 28. INT. CASA DE HOMERO – SALA DE JANTAR – DIA

Homero está sentado à mesa, almoçando. Dirce, a empregada, coloca mais uma travessa de comida na mesa. Homero mastiga devagar, olhando para o relógio.

HOMERO - Onde estão Fernando e A Cândida?

Dirce abre a boca para responder, mas é interrompida por Cândida e Fernando entrando na sala de mãos dadas. Homero levanta a cabeça, surpreso, depois abismado, e se levanta da mesa.

HOMERO - Finalmente decidiram aparecer! Mas... o que é isso? Vocês estão de mãos dadas?

FERNANDO - Pai, é melhor você se sentar. Temos algo para te dizer.

HOMERO (NERVOSO) - Sentar? Eu quero explicações agora!

FERNANDO - Eu e Cândida nos amamos.

Homero fica paralisado por um instante, depois bate com a mão na mesa.

HOMERO (IRRITADO) - Isso só pode ser uma piada! Meu próprio filho... com a minha esposa?!

FERNANDO - Nós nos conhecemos antes de você se casar com ela. Tínhamos um relacionamento, um grande amor, mas ela sumiu, e quando reapareceu, estava casada com você.

HOMERO (INTERROMPENDO) - E isso te dá o direito de me trair? De me humilhar dentro da minha própria casa?

CÂNDIDA - Eu tentei, Homero. Juro que tentei esquecer o Fernando, viver meu casamento com você, mas não consegui. Eu não te amo.

HOMERO - Você é uma vadia, Cândida. E você, Fernando...

Homero leva a mão ao peito, respirando com dificuldade. Fernando tenta ajudá-lo.

FERNANDO (PREOCUPADO) - Pai, você está bem?

Homero se recupera e empurra Fernando.

HOMERO (NERVOSO) - Não toque em mim! Tenho vontade de matar os dois!

Ele encara os dois por um longo momento, depois solta uma risada amarga.

HOMERO - Mas não farei isso. Quero que sejam muito infelizes juntos. Saíam da minha casa. Agora!

FERNANDO = Nós vamos, pai. Mas quero que saiba que nunca quis que isso acabasse assim.

HOMERO – Vocês nunca verão um centavo do meu dinheiro.

Cândida abaixa a cabeça, segurando o choro. Fernando pega a mão dela e os dois saem, deixando Homero sozinho.

                                                         CORTA PARA:

CENA 29. INT. JORNAL O AMIGO DO POVO – REDAÇÃO – DIA

Henrique está com uma mala ao lado, terminando de organizar alguns papéis em sua mesa. Eriberto e Angislanclécia estão próximos, visivelmente emocionados.

ANGISLANCLÉCIA (SORRINDO) - Vai ser difícil sem você por aqui, Henrique.

HENRIQUE (SORRINDO) - Vocês vão se virar muito bem. Esse jornal está em boas mãos.

ERIBERTO - Você foi mais do que um funcionário. Foi um amigo, um irmão.

HENRIQUE - E vocês sempre terão um amigo em São Paulo. Prometo escrever e manter vocês informados.

ANGISLANCLÉCIA (BRINCANDO) - Se não escrever, vamos pessoalmente te buscar!

HENRIQUE – Então eu não vou escrever, para que vocês venham me visitar.

Eles se abraçaram longamente, e Henrique pega sua mala.

HENRIQUE - Cuidem bem do jornal. E cuidem-se também.

Eriberto e Angislanclécia acenam enquanto Henrique sai.

                                                         CORTA PARA:

CENA 30. INT. PLATAFORMA DA ESTAÇÃO – DIA

Mariana está na plataforma com uma mala ao lado. Ela olha para os lados, ansiosamente. Henrique aparece com sua mala e corre em direção a ela.

HENRIQUE - Mariana!

MARIANA - Henrique!

Eles se abraçam e se beijam.

HENRIQUE - Estamos prestes a começar uma nova vida juntos. E eu prometo que será a mais linda que você poderia imaginar.

MARIANA (SORRINDO) - Eu acredito em você.

O apito do trem soa ao fundo. Henrique pega a mala de Mariana, e os dois correm para embarcar. Henrique ajuda Mariana a subir no trem.

HENRIQUE - Vamos lá, meu amor. Nosso futuro nos espera.

O trem começa a se mover enquanto os dois se sentam lado a lado, olhando para a nova jornada que têm pela frente.

                                                         CORTA PARA:

CENA 31. INT. CASA DE LEDA – NOITE

Leda caminha apressada pela casa, chamando por Mariana.

LEDA - Mariana? Onde você está, menina? Já é hora do rosário!

Sem resposta, ela sobe as escadas e entra no quarto de Mariana. O quarto está vazio, mas a cama está perfeitamente arrumada, e sobre o travesseiro há uma carta dobrada. Leda a pega com as mãos trêmulas.

LEDA - O que é isso?

Ela abre a carta e começa a ler em voz alta.

"Mãe,
sei que esta será a decisão mais difícil de você aceitar, mas precisa ser feita. Estou indo embora para longe daqui com o homem que amo. Por muito tempo, tentei seguir o caminho que você traçou para mim, mas percebi que nunca seria feliz dessa forma. Espero que um dia você entenda e, mais que isso, que você encontre a mesma felicidade que estou encontrando agora
Com amor,
Mariana.”

Leda deixa uma carta cair no chão. Ela coloca a mão no peito, desnorteada.

LEDA (CHORANDO) Mariana... Como você conseguiu fazer isso comigo?

Ela se sentou na cama, abraçando o travesseiro de Mariana, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

                                                         CORTA PARA:

CENA 32. INT. CASA DE SHOWS MADAME YVETTE – SALÃO – NOITE

O ambiente é repleto de luzes coloridas e mesas elegantemente decoradas. O público lota o espaço, aguardando ansiosamente o início do espetáculo. Matteo e Camila estão sentados em uma mesa à frente, acompanhados de Rodolfo, Carolina e Angislanclécia.

CAMILA - Isabella parece tão animada com essa nova fase.

MATTEO - Ela merece isso. É o começo de algo novo para todos nós.

As luzes diminuem, e a cortina se abre. Isabella aparece no centro do palco, elegante e confiante. Ela segura um microfone e sorri para a placa.

ISABELLA (SORRINDO) - Boa noite, Esperança!

A plateia aplaude e grita em resposta.

ISABELLA - Quero agradecer a todos por estarem aqui nesta noite tão especial. E quero fazer um agradecimento em especial ao meu irmão, ao prefeito eleito Matteo Bellini, e à sua futura esposa, Camila, que traz em seu ventre o meu sobrinho querido!

Aplausos calorosos enchem a sala, e Matteo e Camila acenam para Isabella.

ISABELLA - Por muitos anos, esta casa foi um bordel, um lugar de muita dor e sofrimento para alguns. Mas hoje, graças ao esforço de muitas meninas e ao apoio de vocês, transformamos este espaço em algo novo. Hoje, somos uma casa de shows, um palco para talentos, cultura e celebração da vida.

A plateia explode em aplausos e gritos de apoio. Isabella faz uma pausa, absorvendo o momento.

ISABELLA (ENTUSIASMADA) - Sem mais longas, vamos começar essa nova fase com um espetáculo inesquecível!

A cortina se fecha e, em seguida, abre-se novamente. Florzinha, Mara e Zuleika aparecem no palco, com roupas elegantes e elegantes, iniciando uma performance vibrante de "Aquarela do Brasil". A apresentação combina dança e música, envolvendo a plateia, que canta junto e aplausos de pé.

MATTEO (SUSSURRANDO) - Ela conseguiu. Transformou tudo isso em algo maravilhoso.

CAMILA (SORRINDO) - Ela é uma inspiração para todos nós.

A música termina com uma grande aclamação do público, que grita e bate palmas enquanto os artistas fazem uma reverência.

                                                         CORTA PARA:

CENA 33. INT. IGREJA – DIA

A igreja é lindamente decorada com flores. Flávio, Martina e Dorotéia estão no altar, sorrindo alegremente. Tia Candoca está sentada ao lado de Hismeria e Chandra Dafni, que conversam em tom baixo.

CANDOCA - A Camila vai entrar linda na igreja, o vestido dela, eu que costurei, e está impecável.

HISMERIA – Estou muito feliz pelo Matteo e pela Camila, finalmente o amor venceu.

De repente, um belo rapaz chamado Júnior entra e se aproxima delas.

JÚNIOR - Com licença, senhoras. Posso sentar aqui?

HISMERIA (SORRINDO) - Claro, fique à vontade.

Eles trocam olhares e um sorriso discreto. Enquanto isso, Rodolfo, sentado ao lado de Carolina, observa tudo com um brilho nos olhos.

RODOLFO - Então, amor... Sabe que você será a próxima a subir nesse altar, não é?

CAROLINA - Você está falando sério, Rodolfo?

RODOLFO (SORRINDO) - Sim. Estou te pedindo em casamento.

Carolina fica emocionada, e os dois se beijam. Nesse momento, a marcha nupcial começa a tocar. Todos se levantam e se voltam para a entrada da igreja. Camila entra radiante, vestida com um lindo vestido branco. Ela está acompanhada por Marcos, que a conduz pelo corredor.

                             SONOPLASTIA: CLOSE TO YOU – CIDIA E DAN

MARCOS – Seja feliz, minha irmã.

Camila sorri emocionada. Quando chega ao altar, Marcos entrega Camila para Matteo.

MARCOS - Cuide bem dela, Matteo.

MATEUS (SORRINDO) - Sempre.

Marcos desce e se senta ao lado de Augusto na primeira fileira. Eles trocam um olhar, e Marcos segura a mão de Augusto, ficando os dois de mãos dadas. Ao lado deles, Helena está de mãos dadas com um jovem belo, seu novo amor. Padre Olavo inicia a cerimônia.

PADRE OLAVO - Estamos reunidos hoje para celebrar o amor e a união de Camila e Matteo, dois amores que enfrentaram muitos percalços para chegarem até aqui, mas finalmente conseguiram. Estou feliz de estar aqui celebrando este casamento.

A cerimônia segue com emoção e votos. Quando chega ao final, o padre sorri calorosamente.

PADRE OLAVO - Eu os declaro marido e mulher. Matteo, pode beijar a noiva.

Matteo e Camila se beijam com paixão. A igreja explode em aplausos e sorrisos.

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 34.EXT. PRAÇA DA CIDADE – DIA

A praça está lotada de moradores, bandeiras tremulam ao vento, e a energia é de festas. Um palco foi montado com Matteo ao centro, acompanhado por Camila e pelo bebê Vittorio. O presidente da Câmara está ao lado, segurando um pergaminho.

PRESIDENTE DA CÂMARA - Nesta data, temos a honra de presenciar um marco histórico para a nossa cidade. Matteo Bellini, por vontade do povo, é o novo prefeito de Esperança!

O público aplaude com entusiasmo. Matteo levanta a mão para agradecer os aplausos e começa seu juramento.

MATTEO - Eu, Matteo Bellini, juro exercer com honestidade, justiça e dedicação o cargo de prefeito de Esperança, sempre buscando o bem-estar do povo e o progresso de nossa cidade.

O público grita, vibra e aplaude. O presidente da Câmara estende a mão.

PRESIDENTE DA CÂMARA - Está oficialmente empossado, prefeito Matteo Bellini!

O público explode em celebrações, e fogos de artifício iluminam o céu. Camila, segurando o pequeno Vittorio, beija o bebê e acena para o povo ao lado de Matteo.

CAMILA (EMOCIONADA) - Estamos vivendo o sonho. Parabéns, meu prefeito.

MATEUS (SORRINDO) - E vamos construir um futuro ainda melhor para todos.

O público comemora e gritam o nome de Matteo. A celebração toma conta da cidade, em um clima de alegria e de esperança pelo futuro que virá.

FIM

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