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Fortalezas Amorosas - Capítulo 02 (Reprise)


 FORTALEZAS AMOROSAS – CAPÍTULO 02 (REPRISE)

EDIÇÃO: CAPÍTULO 02 ORIGINAL + METADE DO CAPÍTULO 03 ORIGINAL

Cena 1: /Casa da Família Mattos – Centro de Cuiabá – Interior – Dia
André sai do quarto e dá de cara com sua mãe, ela está visivelmente irritada batendo o pé no chão.
- André: O que foi, Dona Helena? Tá assim por quê?
- Helena: Eu exijo respeito seu, sou sua mãe, André. Sou mais experiente que você.
- André: Que foi agora? O que tem de experiente, tem de chata, eu não quero mais saber! Não interfira na minha vida.
- Helena: Parece que você não teve uma boa educação, nem nunca levou uma surra minha pra agir dessa maneira e falar assim comigo. Eu só quero o melhor, você falou daquele jeito comigo.
- André: E pior que nunca deu mesmo, cê nunca ligou pra mim, só de sair com suas amigas pra gastar dinheiro nos shoppings.
- Helena: Eu o quê? Fala de novo, André.
- André: Acha que eu não lembro de quando saiu com suas amigas e eu fiquei sozinho nessa casa com apenas 7 anos? Foi inclusive nesse mesmo dia que eu vi o papai ser assassinado assim que chegou do trabalho e me encontrou no sofá, chorando.
- Helena: Agora a culpa é minha? Me poupe, André, eu só que de você respeito, falar direito comigo.
- André: Eu não quero e nem vou discutir com você por causa disso e além do mais, cê me trata como se fosse um cachorro. Quer mandar na minha vida, controlar o que faço e arranjar moças pra mim, pra eu namorar e casar.
- Helena: Ótimo, mais uma coisa pra minha listinha de culpas que você fez pra mim. Eu só quero o seu bem, fica o dia inteiro trancado naquele escritório de advocacia resolvendo casos e documentos, não sai, não se diverte. Nada.
- André: Eu fico ali porquê eu amo, porquê eu quero. (T) E isso não dá direito de ficar me arrumando moças.
- Helena: Cê passa o dia todo ali e nunca arranja uma namorada, eu vou ficar velha, cheia de rugas e não vou te ver casado, com filhos e uma casa.
- André: Que se dane isso, eu pouco me importo. Agora deixa eu ir que já estou atrasado.
- Helena: André, eu ainda não terminei de falar, ainda tem muito pra ouvir e conversarmos.
- André: Mas eu sim, por hoje basta disso.
- Helena: André, me escuta e para agora.
- André: Não, mãe, chega... Você está avisada, para de se interferir na minha vida e de querer me controlar.
André pega sua maleta em cima do sofá, sai andando e vai direto pra saída de casa. Helena imediatamente vai atrás dele, bufando.
- Helena: ANDRÉ! EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ!
André para, bufa, revira os olhos e se vira.
- André: O que é agora? Eu tenho 20 anos, já sei o que quero da vida, só quero que não interfira. E outra, manda fazer uma limpeza daquelas espirituais dentro da nossa casa porquê o ar aí dentro é tão pesado que por si só já forma uma camada de ozônio. Agora, tchau, preciso ir.
André caminha até o carro, abre a porta, entra no carro e dá partida.
- Helena: INSOLENTE! MEU FILHO É UM INSOLENTE! DESPREZO SÓ GANHO DELE. O QUE CUSTA ESCUTAR A PRÓPRIA MÃE?
Helena se irrita, olha pra o carro saindo da garagem, se vira e sai andando.
- Helena: Ai que ódio, eu quero respeito desse garoto. 20 anos não é nada diante do que eu tenho.
Ela fica bufando, a empregada, Wanda, sai do lado de fora da casa correndo e grita.
- Empregada: DONA HELENA, DONA HELENA.
- Helena: O QUE É, WANDA!
Helena bate o pé, estrebucha igual um cavalo e vai indo em direção à ela. Até que escorrega na beira e cai na piscina da casa.
- Helena, gritando: Ah.
A empregada fica rindo diante da cena.

Cena 2: /Hospital da Cidade – Corredores – Interior – Dia
Açucena e sua mãe esperam notícias de seu pai e de Júlio, sentadas e impacientes.
- Açucena: Ai que demora... Isso me dá agonia, ave.
- Ilza: Filha, calma, demora assim mesmo... É uma coisa até séria, eu diria. (T) Mas, como foi aquela discussão com seus irmãos? Por quê teve aquilo tudo ali?
- Açucena: Os idiotas estavam jogando no jogo do bicho e com um dinheiro bom, uma quantia até alta. Mas esse dinheiro vai pra onde? Pro lixo, gastam em tudo o que não presta, coisas de pouca utilidade e que num instante se acabam.
- Ilza: Calma, filha. Prefiro suar pra garantir dinheiro limpo, do que ter dinheiro sujo garantido de forma fácil e ainda mais nos jogos, onde se rouba até dinheiro dos outros.
O médico vem vindo pelo corredor em direção à elas, parando em seguida diante delas.
- Ilza: O médico, ainda bem...
Elas ficam de pé, apreensivas.
- Açucena: Prazer, me chamo Açucena e essa é minha mãe, Ilza. Doutor, como está meu pai e o Júlio?
- Doutor: Bom, primeiramente seu pai está bem, só está com algumas escoriações no braço e está tomando soro mas deve sair logo. Até às 14h, ele terá alta... Já o Júlio também está bem, só teve uma lesão no pé mas está em observação caso algo mais aconteça.
- Açucena: Obrigada, doutor, podemos vê-los?
- Doutor: Ainda não, mas já já venho chamá-las para vê-los.
O doutor acena com a cabeça e sai.
- Ilza: Filha, acho melhor você tomar uma água e comer algo, ainda vamos esperar muito aqui...
- Açucena: Melhor não, eu não estou com cabeça e nem tão pouco fome. Só quero vê-los.

Cena 3: /Fazenda Bona Alleanza – Casa – Interior – Dia
A porta é aberta e Viviane e Henrico entram, ainda irritados.
- Viviane: Ai que fome, tô morrendo de fome... Nem sei se tem comida, naquela carreira que elas estavam.
- Henrico: Vamos ter que esperar a mamãe chegar pra poder comer ou encher a barriga com algo da geladeira, já que você não sabe cozinhar... Que vergonha.
- Viviane: Ah, não enche, Henrico. Me irrito só de pensar nelas, nunca fui mimada a aprender isso.
- Henrico: Bom, já que é isso... Tive uma ideia, vamos no campo.
- Viviane: Pra quê? Você vai pegar algo de lá pra comer.
- Henrico: Não, sua tonta, quero ver se realmente ocorreu tudo o que a Açucena falou.
Viviane revira os olhos, Henrico olha pra ela que assente com a cabeça e eles saem.
- Viviane: Deve ser mentira dela, Henrico, ela só sabe mentir...
- Henrico: Viviane, você não estava presente pra saber de nada, estávamos fora.
- Viviane: Mas é preciso saber pra afirmar, conhecendo a irmã que se tem?
No caminho, eles se deparam com uma poça enorme de sangue.
- Henrico: Bom, se ela mente, você deve ser uma diabrete, porquê você é a mãe da mentira.
- Viviane: Não achei graça, Henrico, idiota.
Eles continuam andando e se deparam com marcas na terra e mais sangue.
- Henrico: É, realmente ouve isso mesmo que a Açucena falou, olha isso aqui... Sangue.
Eles andam um pouco mais e encontram o trabalhador que agrediu Açucena.
- Viviane: Olha, um bruto todo surrupiado. Deve ter levado uma surra daquelas. Açucena deve ter força, com certeza...
Henrico se ajoelha e começa a verificar se ele tem pulso.
- Viviane: Ih, gente, esse daí já deve tá no inferno. Caído aí esse tempo todo? Não lembraram dele?
- Henrico: Você vai já já se não calar essa sua boca. Fecha essa matraca, cacatua do mato. Devem nem ter visto, saíram pelo outro lado vai ver.
Ele continua verificando.
- Henrico: Ele tá vivo... Só precisa de um socorro, precisa ir pro hospital.
- Viviane: Melhor chamar alguém da fazenda vizinha.
- Henrico: É, vai lá, se você quiser morrer. Eles odeiam a gente. Anda, me ajuda, vamos levar ele até a fazenda vizinha mesmo. É o jeito!
Eles pegam o trabalhador pelos braços e saem arrastando ele.

Cena 4: /Hospital da Cidade – Corredor – Interior – Dia
Açucena e Ilza esperam notícias em pé, conversando, um enfermeiro vem e se aproxima.
- Enfermeiro: Senhorita Açucena Gomes Villar e senhora Ilza Gomes Hernandez Villar?
- Açucena: Sim, isso mesmo, somos nós.
- Enfermeiro: Venham comigo, podem ver os dois.
Elas vão sorrindo enquanto caminham pelo corredor até chegar em uma sala. Lá estão Eurico e Júlio se recuperando.
- Ilza: Meu véio, você está bem.
Ela sai andando até o leito de Eurico. Açucena caminha até o leito de Júlio.
- Júlio: Finalmente veio me ver... Já não estava mais aguentando.
- Açucena, rindo: É, obrigada por ter me salvado. Sem você, eu não sei onde estaria agora.
- Júlio: De nada. Só fiz meu dever... Mas já que você está aqui, quero lhe fazer uma pergunta.
- Açucena: Faça...
- Júlio: Você quer namorar comigo?
Açucena fica sem jeito e impressionada com a pergunta.

Cena 5: /Hospital da Cidade – Quarto 25 – Interior – Dia
Açucena olha para Júlio ainda sem reação, ele espera uma resposta dela com um tom de espera no rosto.
- Júlio: Você não precisa responder agora, pode pensar. Tá certo?
- Açucena: Certo.
Ilza se aproxima.
- Ilza: Açucena, vou até a lanchonete, estou morrendo de fome. Qualquer coisa me chama.
- Açucena: Tudo bem, pode ir.
Ilza sai e Açucena continua falando com Júlio enquanto Eurico repousa.
- Júlio: Então, quando você já tiver uma resposta, pode me dizer. Mas quero que pense com muito carinho. Não precisa ter pressa.
- Açucena: É... Júlio, não é desprezando você, nem nada. Mas agora eu não tô pra namoro, eu tô passando por um momento difícil, estamos tendo que trabalhar no campo pra ter comida. Então, melhor continuarmos sendo bons amigos.
- Júlio: Tá bom... Eu te entendo, me precipitei.
- Açucena, rindo: Bom, até mais tarde. Eu estou lá fora com a minha mãe pra vocês poderem descansar.
Açucena vai até seu pai, o beija na testa e depois sai da sala.
- Júlio, pensando: Ah, droga. Esse amor nunca, nunca é correspondido... Se ela soubesse o quanto eu gosto dela.

Cena 6: /Escritório de Advocacia Huang Chen – Cidade – Sala de André – Interior – Dia
André trabalha lendo papéis de defesa de um assassinato, com uma expressão de indecisão no rosto.
- André: Não dá, não dá, não tem como definir uma solução. Esse caso tá muito complicado, ave.
André bufa de preocupação, procurando uma solução. Um amigo de André bate na porta.
- André: Pode entrar.
Ele abre, entra e fecha a porta, caminhando até a mesa de André.
- André: Ah, oi, Tertuliano. Se achegue mais, se senta.
- Tertuliano: Claro. Mas e então, como vai o caso?
- André: Ruim, está péssimo. Esse não tem solução, meu amigo.
- Tertuliano: Como assim? Você sempre consegue os casos, esse não pode ser o único.
- André: Não é isso, Tertuliano, é que o homem mata um monte de gente num bairro só e ainda tem que ter defesa? Desculpa mas essa não dá.
- Tertuliano: Melhor ir falarmos com o chefe, dizer algo, se não consegue, repassa.
- André: Eu não vou jogar conversa fora com o Roberto, ele é muito pilantra!
- Tertuliano: Mas calma, nem se quer falamos com ele. Vai que consigamos algo diferente.
- André: Eu não preciso falar com ele pra saber o pilantra que ele é. Já me fez passar uma vergonha quando fizeram um protesto a favor da libertação daquele inocente lá, disseram até que eu era advogado de bandido! E disseram até que eu defendia esses ricos que ficam matando e saem como inocentes sem ser punidos!
- Tertuliano: Calma, André! Vamos lá, vamos. Custa nada tentar.
- André: Eu só digo que se ele vier com conversa mau caráter, ele vai levar uma boa de uma bofetada, hoje meu humor tá pra poucos.
- Tertuliano: Calma, calma, André.
- André: Isso mesmo, já cansei de passar por apuros. Já cansei. Apuros não é comigo, vôte! (Vôte quer dizer: Deus me livre!)
- Tertuliano: Vamos lá vai.
André se levanta e eles saem da sala.

Cena 7: /Casa da Família Mattos – Centro de Cuiabá – Interior – Dia
Helena tenta sair da piscina, ela está toda molhada, irritada, bufando e batendo na água em exclamação de raiva.
- Helena: WANDA! PARE DE RIR E ME AJUDE.
- Wanda: Sim, senhora, diga.
- Helena: Vá pegar uma toalha para mim e traga também meu celular, mas antes me ajude a sair daqui.
Wanda se aproxima, agacha, estende a mão e puxa Helena.
- Helena: Agora ande, vá pegar logo meus trens (meus trens significa: minhas coisas).
Wanda sai correndo em direção à casa.
- Helena: Ai que raiva... Cadê essa empregada insolente, quanta demora pra pegar meus trens. (gritando) Ô WANDA, CADÊ VOCÊ?
Wanda chega correndo com as coisas na mão.
- Wanda: Desculpe, senhora. É que eu tive um proble...
Helena corta a conversa de Wanda.
- Helena: Tá, tá, tá, me dá logo aqui essa toalha... E cadê, meu celular?
- Wanda: Tá aqui senhora...
Ela entrega as coisas e Helena pega.
- Helena: Vá, pode ir. Qualquer coisa te chamo.
Wanda sai.
- Helena: Cadê a conversa com minhas amigas... Cadê... Achei!

Helena manda uma mensagem pra suas amigas no Whatsapp.

/Início da Conversa/
- Helena: Amigas, cadê vocês, quero uma ajuda.
...
- Emília: Oi, Helena, o que foi?
- Norma: Cheguei, amigas. E aí, qual a da vez?
- Helena: É que... Eu tô com uns problemas.
- Emília: Aconteceu algo?
- Helena: O André é a causa deles.
- Norma: Ih, filho é problema mesmo, o que ele fez?
- Helena: Me disse umas verdades... Eu acho, foi algo demais.
- Emília: Melhor dizer verdades na sua cara, do que ficar escondendo e depois vir tudo à tona.
- Norma: Falou tudo, Emi.
- Helena: Tô caindo fora, vejo que aqui não consigo nada.

/Fim da Conversa/
- Helena: Pelo jeito, vou ter que me virar sozinha... WANDA, PREPARA UMA ROUPA PRA MIM, VOU SAIR.

Cena 8: /Escritório de Advocacia Huang Chen - Sala do Chefe: Roberto – Interior – Dia
André e Tertuliano chegam pelo elevador e vão até a secretária de Roberto.
- André: Queremos falar com o Roberto, depressa se possível.
- Tertuliano: É um caso complicado.
- Secretária: Certo, senhores, vou interfonar.
Ela disca o número da sala de Roberto.
- Secretária: Senhor Roberto, os senhores: André e Tertuliano, querem falar com o senhor... (T) Certo... Podem entrar.
André e Tertuliano vão até a porta, abrem e entram.
- Tertuliano: Calma, André,d eixa que eu falo.
- Roberto: Bom dia, rapazes... Como vão?
- Tertuliano: Bom dia, queremos falar com o senhor...
- Roberto: Digam, o que querem falar?
- André: É que esse caso que o senhor pôs em minha mãos, está muito complicado.
- Roberto: Qual
André entrega a papelada na mesa, Roberto pega e vê o título.
- Roberto: Meu querido André, não há caso difícil, está fácil.
- André: Ah, não? Então o que é isso aqui? Olha bem.
Roberto olha os papéis.
- Roberto: Faça o seu melhor, André, não é obrigado a defender... Se ele for preso, ele que se resolva.
- André: Você...
- Tertuliano: Calma... Agora eu falo.
- André: Não, agora eu falo... Você esqueceu que o nome dessa joça aqui é escritório de advocacia? Advogado, eu sou, não posso abandonar o caso dele. Se não, eu posso até morrer! Ele tem costas quentes, é bandido!
- Roberto, rindo: André, André, tão inocente. A gente promete e deixa eles quebrarem a cara, bandido é isso, não tem salvação.
- André: Eu vou quebrar é sua cara já já, seu idiota!
André joga os papéis que estavam em suas mãos na cara de Roberto.
- Roberto: Seu desgraçado! Como ousa?
- André: É sempre a mesma coisa e suas respostas idiotas, chega!
Roberto se levanta e pega André pela camisa, eles se encaram.

Os dois se encaram com raiva e um tom instrumental longo sobe. Fim do capítulo nos dois e um fundo verde surge. A cena escurece.


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