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Antropófago - Diário de um Canibal - Episódio 11 (Últimos Episódios)


 ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
DÉCIMO PRIMEIRO EPISÓDIO

CENA 01/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

Max saiu do rio tonto e debilitado, triste por não alcançar o seu objetivo e ainda completamente faminto. Max vai andando pela a floresta enquanto ouvimos a sua narração em off.

MAX: (off) Um sentimento amargo invadiu o meu ser, me sentia um inútil, esquecido por todos, largado na solidão, um miserável diante do mundo. A noite fria parecia infiltrar em meu peito um sentimento estranho, que iria acariciando a minha alma ferida e revelando as infinitas mágoas da rejeição. “O que estou fazendo comigo? Onde está aquela fortaleza que havia em mim?” Tudo se desmoronou, fiquei completamente perdido sem saber o que fazer, nem para onde ir. Completamente definhado em meu casulo relembrando uma paixão ressentida, de um amor que existiu só em mim. Queria poder fechar os olhos e não mais abrir, e assim perceber que Érica não me pertencia mais, se é que algum dia ela me pertenceu. Queria poder chorar e não perceber que é por ela que chorava. Mas não conseguia, minhas lágrimas simplesmente representavam o desespero de perdê-la. A minha vida era cruel, me foi negado à oportunidade de ser feliz. E então passava os meus dias com esse fardo pesado, com essa ânsia de querer encontrar o meu grande amor.

A CAM corta mostrando um veado preso pelo o chifre em um arbusto espinhoso. O Veado se esperneia tentando se soltar, mas não consegue. Max olha fixamente o desespero do animal.

MAX: (off) Nunca concordei com a ideia do homem se alimentar de carne de animais. Antes do acidente, acredite, eu era completamente vegetariano, tinha náusea até do cheiro da carne. Mas depois de ficar anos preso em uma caverna, eu não tive muita escolha, ou comia carne de animais ou morria de fome. Seu Baltasar não gostava muito de colher frutas, ele preferia a caça, dizia que era mais desafiador. “Está bem, como se eu não soubesse agora que a maioria era comprada em supermercado”.

Max retira o punhal da bainha e o ajeita em sua mão. A CAM foca no olhar fixo de Max. Ele parte para cima do veado e enfia o punhal em seu pescoço. Ele estraçalha o gorgomilo do animal o derrubando no chão. Em seguida, depois de já o ter matado ele faz um corte sagital em seu abdome, tirando os seus órgãos para fora. Depois de arrancar o couro sacia sua fome com a carne daquele animal.

[ABERTURA]

EPISÓDIO XI
“Fim de linha”


CENA 02/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

Max vai saindo de perto do animal e se embrenhando pela a mata, procurando um lugar para se abrigar. A CAM corta mostrando o céu, as nuvens vão se fechando formando para chover. 

MAX: (off)  No céu as nuvens escuras se juntaram e cobriram o brilho do luar, e o piscar tímido das estrelas. O ribombo do trovão e o vívido resplendor dos relâmpagos turificava o silêncio da noite. Depois de já ter andado um tempo, os primeiros pingos grossos da chuva desciam rasgando por entre os galhos das árvores. 

Max apressava os passos afim de procurar um abrigo para se esconder da chuva. Já todo molhado ele vai aproximando de uma montanha isolada entre a mata. Ele corre em direção a montanha, no intuito de encontrar alguma caverna onde ele pudesse se abrigar. 

CENA 03/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

Mostra um lago cristalino que vai cortando para entrada uma caverna. CORTA mostrando Max se aproximando do lago.

MAX: (reconhecendo) Eu conheço esse lugar. Foi aqui que eu passei os anos mais agonizantes da minha vida. 

Max vai entrando para o interior da caverna. 

CENA 04/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ NOITE

Max está sentado escorado em uma pedra, enquanto olhava a chuva que caía do lado de fora. 

MAX: (chorando e falando sozinho) Essa é a minha sina! Retornei ao meu ponto de partida. Mas agora sou um criminoso, aquelas pessoas não mereciam morrer. Exceto o Ricardo, maldito. Ele é o culpado por tudo isso que estou vivendo. Eu não vou desisti, a polícia não conseguirá me prender. Eu preciso encontrar a minha Érica. E se o Ricardo estiver falado a verdade? E se ela e o Davi estiverem juntos? Eu não vou suportar ver isso. (com ódio) Eu mato os dois, eu juro que mato! 

CENA 05/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

Mostra cenas noturna da florestas. O cantar dos grilos, da coruja e o coaxar dos sapos. A chuva vai cessando e o céu vai clareando mostrando as estrelas. TIME-LAPSE transição noite/dia. CORTA para cena seguinte.

CENA 06/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ DIA

Max está dormindo deitado sobre as pedras. Ele levanta olha para um lado e para o outro.

MAX: (falando sozinho) Estou com fome! Espere um pouco, eu deixei o seu Baltasar vivo. 
Max vai descendo da pedra, para por um instante e fica pensativo. 

MAX: (falando sozinho) Sinto a minha boca salivar, se eu encontrar o seu Baltasar poderei novamente me saciar com a carne humana.
Max vai andando pela a caverna até o outro lado onde ele havia deixado o seu Baltasar. 

MAX: (off) Com a apetência mentecapta que estava, até a carne velha do seu Baltasar me saciava. Ainda mais se tivesse a chance de encontrá-lo ainda vivo, a adrenalina do medo me excitava.

CENA 07/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ DIA

Ao chegar ao local Max se assusta. A CAM se abre revelando o local. O corpo da jovem se encontrava coberto por um saco preto, e nem sombra do seu Baltasar. A área apresentava circulada por uma fita zebrada.

MAX: (escondido no alto da caverna) A polícia esteve aqui. A companhia experiente do Dr. Moraes não seria tão ágil. Max vai descendo cautelosamente por detrás das pedras, e ouve-se vozes do lado externo. 

SARA: (off) Uma monstruosidade sem tamanho. Nunca havia lidado com um caso como esse. 

Sara e Hugo vão entrando na caverna e se aproximam do corpo. Max se mantinha escondido atrás de uma rocha.

MAX: (off) Por trás das pedras era possível observar uma mulher de postura firme e roupas coladas no corpo, demonstrando sensualidade e ao mesmo tempo um jeito bruto, durona e cômica, deixando claro que não precisava de nenhuma couraça masculina. Ao seu lado um homem jovem, tendo a faixa de uns 37 anos, pele negra, olhos escuros e cabelos crespos. Ambos carregavam no peito o dispositivo da policia civil. Os dois questionavam sobre o corpo da jovem que eu havia deixado sobre as pedras.

HUGO: A moça está sem o coração. E pelo o que a perícia indica, se trata de um caso de canibalismo. Quem fez isso gosta de coração bem mal passado.
SARA: Maldito, uma moça tão jovem e bonita. Escreva uma coisa inspetor, eu vou descobrir quem fez isso. Ele vai apodrecer atrás das grades. 
HUGO: As coisas não são tão simples assim Sara. Está claro que estamos em meio a um serial killer. O mesmo autor dessa façanha com certeza é também o responsável pelas as mortes em Braço Forte. E pelo o estado que encontramos os corpos, ele é incapaz de ter qualquer tipo de empatia com suas vitimas, ele sente prazer com o sofrimento alheio.
SARA: Se ele não tem piedade, não é digno de misericórdia. Eu quero descobrir quem é esse psicopata o quanto antes, Hugo. Esse cara é uma ameaça pra sociedade. Ainda mais uma cidade tão desprotegida como Braço Forte.

MAX: (off) Psicopata, uma palavra tão forte para me definir. Aquilo doía ao ouvir, pois eu não me sentia assim. Meio peito apertava ao lembrar de cada vítima que eu feri. Como dizer que eu não tenho empatia? Eu não sei o que eu era, os meus desejos e os meus medos me dominavam de tal forma que eu não conseguia mais dominar as minhas ações. Ao decorrer da conversa dos dois, descubro que se tratava de Sara Campestrini, a melhor psicóloga forense do estado, e Hugo Castanho inspetor da policia civil. Os piores bandidos já foram pegos graças as suas investigações. Drª. Campestrini não tinha medo de encarar de frente os malfeitores, parecia que sentia exatamente o que se passava na cabeça do criminoso e usava de sua psicologia para tentar desvendar o que ocorreu na cena do crime.

Max fica oaralisado só ouvindo a conversa dos dois, logo Álvaro também entra na caverna e se junta aos dois. 

ÁLVARO: Eu já ordenei aos meus homens para vasculhar toda a floresta.
SARA: Espere! É provável que o culpado disso tudo esteja em Braço Forte, analisando esse corpo e comparando com os encontrado lá, é possível notar que essa vitima veio primeiro. É importante que faça uma investigação rigorosa lá na cidade.
ÁLVARO: O Dr. Moraes ficou lá, deixamos com ele alguns dos policiais civis, e a ordem dada foi para que averiguasse tudo.
HUGO: Se ele se sentir encurralado, ele fará mais refém, não podemos permitir que mais gente morram. Talvez o Dr. Moraes não dê conta do recado.
A CAM corta mostrando Max ainda escondido. 

MAX: (falando sozinho) E agora para onde eu vou? A polícia cercou toda a floresta e a cidade de Braço Forte também. Eu não posso ser preso, não antes de encontrar o meu amor.

Max dá uns discretos passos para trás agachado ao chão. Aproveitando que eles estavam envolvidos tentando descobrir o que havia acontecido com a jovem.

CENA 08/ FLORESTA MOSSAÍH/ CAVERNA/ DIA

 Max sobe por entre as cortinas de pedras escorregadias tomando direção ao topo da caverna. Ele já sabia que ali havia uma saída. Não se podia ter acesso a ela senão mediante a uma escalada quase impossível, pedra por pedra, ao longo da parede interna vertical.

MAX: (off) O cilindro de pedra estéril e sem degraus era terrível e ruinoso, mais sinistra por conta de alguns morcegos que se escondiam por lá, de suas asas eram possível ouvir ruídos medonhos. Eu apalpava os húmus de minhocas deixados nas reentrâncias em meio às rochas. Súbito após uma escalada infinita, através daquele precipício, finalmente alcancei a saída da caverna.

CENA 09/ FLORESTA MOSSAÍH/ MONTANHA/ DIA

Max coloca a cabeça para fora lentamente. Olhando pra ver se via algum policial a espreita. Não vendo ninguém, ele vai saindo lentamente de corpo rente ao chão. De lá de cima era possível ter uma visão longínqua da área, e assim observar os passos dos policiais. Ele vai descendo a montanha se escondendo por trás de algumas árvores que cresciam em seu paredão, escalando cautelosamente as pedras e ao mesmo tempo atento para não ser descoberto pela a polícia. Ao alcançar uma altura próxima ao chão ele observa um dos policiais distraído urinando atrás de um zimbro, pouco metros abaixo de onde ele estava. Max desce silenciosamente e o ataca com um só golpe, acertando com uma pedra em sua nuca. Ele dá um gemido sufocado e desliza para o lado. Sem esperar muito, Max passa o punhal em seu pescoço um pouco abaixo de sua mandíbula. Dá-lhe repentinas apunhaladas em todo o corpo para que não tivesse nenhuma chance de sobreviver. Max pega a arma do policial e vai saindo beirando os paredões da montanha, procurando se distanciar o máximo da tropa da polícia. 

CENA 10/ FLORESTA MOSSAÍH/ DIA

A CAM CORTA mostrando um carro do IML se aproximando. Max agacha atrás de uma árvore e fica observando. A equipe do IML entra na caverna e logo sai com o corpo da jovem. A floresta era fechada e assim dificultava a entrada de veiculo, tiveram que carregar o corpo em uma maca até descer toda a montanha de onde se localizava a caverna. Pois não foi possível aproximar o carro do IML.

Minutos depois um policial chega afoito e conversa com Sara, Hugo e Álvaro que se mantinham na entrada da caverna. Logo os três o acompanham. Mas do que depressa Max levanta e foge dali, pois já deduziu que o policial o qual ele matou foi descoberto. 

CENA 11/ FLORESTA MOSSAÍH/ DIA

Max foge pela a mata. Procurando ficar o mais distante possível. 

MAX: (off) Corri durante um bom tempo em linha reta, já cansado diminuo os passos, parecia que eu já estava longe o bastante. Fui andando vagarosamente tentando achar um destino, eis que não muito distante vejo alguma coisa ou alguém, mexer nos arbustos próximos, lembrei-me do revólver que carregava comigo. Mas não poderia atirar, o barulho produzido pelo o disparo poderia entregar o local exato em que eu estava, fui afastando e me escondendo deixando que se revelasse quem estava oculto. Não, não era a policia! 

A CAM vai mostrando uma onça pintada que vai surgindo por detrás da mata de olhar fixo em direção a Max.  Ele fica inerte só observando-a de olhos arregalados. A onça logo abre um forte rugido deixando Max amedrontado. Ele vai dando leves passos para trás.  A onça vai se aproximando, Max na mão direita segurava o revólver e na outra o punhal. A onça dá lhe uma patada derrubando-o no chão. Ele não tendo escolha dá um tiro certeiro na testa, exatamente na altura da glabela. A onça desliza e lentamente cai n chão, morta. 

A CAM mostra alguns pássaros levantando voo por cima das árvores. 

MAX: (falando sozinho) Eu não devia ter atirado, a polícia agora poderá me encontrar. Estou cansado não aguento mais fugir. 

Max olha para o braço que sangrava, pois ele havia machucado com o ataque da onça. Vai andando até próximo a uma lagoa.

CENA 12/ FLORESTA MOSSAÍH/ DIA

 Próximo a lagoa Max agacha e começa a lavar o braço machucado. Ele corta um pedaço de sua roupa e amarra no braço para poder conter o sangue. A CAM foca em Max enquanto ouve-se uma voz em off.

POLICIAL: (off) Paradinho aí, põe a mão sobre a cabeça!
Max dá uma olhada para trás a CAM revela um policial com a arma apontada para Max.

POLICIAL: (assustado ao ver o estado de Max) Ah meu Deus! Fique de pé e com a mão sobre a cabeça. 
Max continuava agachado o encarando. 

POLICIAL: Levante-se rapaz, eu posso atirar!

Max segura firme o seu punhal e leva a mão para alcançar o revólver que estava ao seu lado. O policial atira no barro bem próximo aos dedos de Max.

POLICIAL: Não tente nenhuma gracinha!

O tiro fez com o que os pássaros mais uma vez levantasse voo, e ao mesmo tempo um gambá se move atrás de uma moita de taioba. Foi o suficiente para o policial se distrair rodando o rosto para o lado. Max aproveita a oportunidade e lhe ataca com toda a sua fúria. O policial tenta reagir, mas já era tarde. Max enfia a faca em seu abdome, e contorce com toda a sua força. Mesmo ferido o policial ainda tenta um jeito de atirar em Max. Mas ele  segura o seu braço , e dá-lhe uma cotovelada no rosto derrubando-o no chão. Com uma mão Max aperta o pescoço do policial, enquanto com a outra ele contorce a faca, rasgando todos os seus órgãos. O policial se estrebucha e falece ali no chão. Max levanta de cima do cadáver e vai se afastando aos poucos. A cena segue conforme a narração de Max.

MAX: (off)  O seu sangue descendo quente pigmentando o barro da lagoa era um convite para saciar a minha fome. Desejava fortemente degustar a carne daquele homem. Ali naquele lugar estava somente eu e ele, talvez aquela fosse a minha única chance de provar mais uma vez a carne humana. Agachei-me novamente do lado do corpo, e fui cortando pedaços do seu peitoral com os meus dentes. Rasgava os seus músculos com a minha própria boca. Aquilo me dava um prazer incomparável. Seu sangue escorria pelo o canto da minha boca e descia lavando até o meu queixo, onde formava gotas que respingavam no chão.

A CAM mostra a tropa da polícia se aproximando. Distraído Max não percebe. Sara fica em choque ao ver aquela cena. 

ÁLVARO: (apontando a arma para Max) Põe os braços sobre a cabeça! Isso é uma ordem rapaz, levanta com os braços sobre a cabeça.

Max continua na mesma posição de olhar fixo em direção a Sara. Ele olha para os lados, mas estava cercado todos os polícias estavam de arma apontadas em sua direção. 

SARA: Você não ouviu? 
HUGO: Talvez ele seja um selvagem, e não entenda a nossa língua.
SARA: (pegando uma arma e se aproximando mais de Max) Vamos ver se ele continuará sem entender quando a bala atravessar o couro dele. Eu mandei você levantar os braços!
HUGO: (recriminando) Sara! Se afaste, deixa que a tropa do capitão Álvaro cuida disso. 

Max vai levantando com as mãos sobre a cabeça, e encarando fixamente Sara Campestrini. Álvaro apalpa o corpo de Max no intuito de encontrar alguma arma. Não encontrando nada, abaixa os seus braços e o algema. 

SARA: Vamos levá-lo para a delegacia de Braço Forte, lá eu o interrogarei 

Max e levado algemado por Álvaro.
FIM DO DÉCIMO PRIMEIRO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close em Max algemado em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
SARA CAMPESTINI = Giovanna Antonelly
HUGO CASTANHO = Rafael Zulu
ÁLVARO AZEVEDO = Sidney Sampaio



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