Capitulo 34
- No capítulo anterior:
PSIQUIATRA: Boa tarde, a senhora é?
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu me chamo Maria Eduarda Germai!
PSIQUIATRA: Sente-se. Em que posso ser útil?
MARIA EDUARDA (INGRID): É sobre a minha mãe, doutor. Ela está passando por momentos bem difíceis. Meu padrasto sofreu um acidente e está em estado vegetativo, sem possibilidades de acordar e a minha irmã gêmea desapareceu após lhe aplicar um golpe, diante disso, ela está estranha...
PSIQUIATRA: Estranha? Defina estranha!
MARIA EDUARDA (INGRID): Ela está muito nervosa, vive oscilando. Fora que ela está fora de si, nem parece ela... (Embarga a voz como se quisesse chorar). Parece está ficando louca!
PSIQUIATRA: Bem, não posso dar um diagnóstico sem vê-la. Preciso que você a traga aqui o quanto antes.
MARIA EDUARDA (INGRID): Está bem doutor, trarei ela aqui o quanto antes, como pediu.
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MARIA EDUARDA: (Tem flashes da noite em que sofreu o acidente como num sonho e acorda aos gritos).
CAÍQUE: (Levanta-se da poltrona e vai até a cama onde Maria Eduarda está) Calma, fique calma... Você está segura!
MARIA EDUARDA: Quem é você? Onde eu estou? Que lugar é esse?
CAÍQUE: Eu me chamo Carlos Henrique, mas você pode me chamar de Caíque. Estamos um hospital, eu te encontrei na estrada machucada e inconsciente e trouxe você para cá. Que bom que você está bem... Como se chama?
MARIA EDUARDA: Como eu me chamo? (Pensa durante alguns segundos... Até responder). Eu me chamo Isabela!
- Fique agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Hospital de Atibaia [Interna/Noite]
CAÍQUE: Isabela, que nome bonito!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu preciso sair daqui agora mesmo! (Maria Eduarda tenta tirar a agulha com soro de sua mão).
CAÍQUE: Não, você não pode fazer isso, ainda é cedo. Precisa de uma opinião médica se está bem de saúde o suficiente para ter alta.
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu... Você não entende, eu preciso fugir daqui, eles estão me procurando.
CAÍQUE: Eles? Sua família?
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não sei, não sei de nada... Está tudo confuso na minha cabeça. Eu não tenho dinheiro para pagar esse hospital, não posso ficar aqui.
CAÍQUE: Eu não quero que se preocupe com isso, você precisa descansar... Eu vou chamar um médico e já volto.
(Caíque levanta e sai correndo para procurar um médico).
Cena 02 – Hospital Paulo Toledo [Interna/Noite]
(Pérola acaricia o rosto do pai que permanece em estado de coma profundo enquanto Antônio os observa).
PÉROLA: Será que ele nos ouve?
ANTÔNIO: Alguns dizem que sim, outros que não. Prefiro acreditar que ele ouve tudo a nossa volta!
PÉROLA: Nunca pensei que diria isso, mas eu sinto saudade de ver os olhos dele, de ouvir a voz dele, dói tanto ver o nosso pai assim... (Lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Pérola).
ANTÔNIO: (Se aproxima e abraça a irmã).
PÉROLA: Papai sempre foi tão cuidadoso... Como foi cair do mezanino?
ANTÔNIO: Provavelmente o aneurisma se rompeu enquanto ele se preparava para descer e foi aí que tudo isso aconteceu.
PÉROLA: E se não tiver sido assim?
ANTÔNIO: Só pode ter sido assim, porque você duvida?
PÉROLA: Nada, deve ser coisa da minha cabeça. Esquece!
Cena 03 – Jardim Saúde [Externa/Noite]
(Ingrid caminha pelo cortiço enquanto fala consigo mesma).
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu preciso colocar em prática a segunda parte do meu plano agora... (Ingrid mexe na bolsa e tira o seu celular e digita uma mensagem para a mãe). “Mamãe, a essa altura você já deve está sabendo do erro que cometi. Saiba que eu me arrependo muito e que se fugi, foi por vergonha, não sabia como te encarar. Eu preciso te ver, explicar como tudo verdadeiramente aconteceu... Me encontre junto da Maria Eduarda amanhã, no endereço que irei te passar, é importante que faça segredo e venha somente com ela, caso contrário, sumirei da vida de todos vocês para sempre. (Ingrid caminha até entrar no apartamento de Maria Eduarda).
(Enquanto caminha para o hospital, Malu recebe a sua mensagem).
MALU: Ingrid, eu preciso encontra-la! (Fala após ler a mensagem).
Cena 04 – Hospital de Atibaia [Interna/Manhã]
PAULA: (Avalia o prontuário) Realmente, sua melhora é surpreendente. Acredito que você já pode ter alta!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Alta?
CAÍQUE: Sim, você não está feliz com isso? Não tem para onde ir?
MARIA EDUARDA (ISABELA): (Lembra de Ingrid e Garibaldi lhe perseguindo na mata) Não, eu não tenho.
CAÍQUE: Tive uma ideia, porque você não fica lá em casa? Passa uns dias conosco, a casa é grande, tem muitos quartos.
PAULA: Não sei se é uma boa ideia, lembre-se da recepção que irá acontecer na sua casa...
CAÍQUE: Melhor ainda, clima de festa!
MARIA EDUARDA (ISABELA): Eu não quero incomodar, eu vou dar um jeito e...
CAÍQUE: E mais nada, você vai e está decidido!
PAULA: (Fica enciumada, mas disfarça).
Cena 05 – Apartamento de Maria Eduarda [Interna/Manhã]
(Marcela recebeu Malu).
MARCELA: (As duas se cumprimentam com um abraço) Que prazer recebe-la aqui, a Eduarda já está vindo. Sente-se!
MALU: (Senta) Obrigada! Será que ela demora?
MARCELA: Não... Aí está ela!
(Ingrid entra na sala do apartamento).
MARIA EDUARDA (INGRID): Mamãe, que surpresa... Achei que só te encontraria no hospital...
MALU: Eu preciso falar com você, é muito importante... (Malu olha para Marcela).
MARIA EDUARDA (INGRID): Marcela, você poderia nos deixar a sós?
MARCELA: (Se levanta) Eu vou me arrumar para ir trabalhar, com licença! (Vai para o quarto).
MARIA EDUARDA (INGRID): Então, já pode falar. Aconteceu alguma coisa? (Ingrid finge não saber de nada).
MALU: Precisamos falar sobre a Ingrid...
Cena 06 – Delegacia [Interna/Tarde]
(Miguel e Peter examinam algumas fotografias de um caso em que estão trabalhando).
PETER: Como o seu tio está? Teve notícias?
MIGUEL: Nenhuma evolução, continua na mesma. Não sabemos se ele vai sair do coma!
PETER: Que barra, espero que ele reaja, sua família deve está muito abalada.
MIGUEL: Eu também, espero que ele melhore.
PETER: E o casamento? Como andam os preparativos?
MIGUEL: Com o desastre no desfile e o que aconteceu com o meu tio, nem tenho cabeça de tentar organizar isso, vou esperar os próximos exames do meu tio para saber o que vai acontecer.
Cena 07 – Hospital Paulo Toledo [Interna/Tarde]
(Antônio caminha com Pérola rumo a recepção quando encontram com uma visita inesperada).
PÉROLA: Vivian? Eu não sabia que você estava no Brasil.
VIVIAN: Eu cheguei faz apenas algumas semanas, pensei em visita-la, mas não quis incomodar. Soube o que aconteceu com o seu pai e vim saber como ele está.
ANTÔNIO: Obrigado por vir, não precisava se incomodar. Nosso pai está na mesma, permanece em coma profundo.
VIVIAN: Como não precisava? Você sabe que eu me importo muito com você e sua família. (Vivian se aproxima e acaricia o rosto de Antônio).
ANTÔNIO: (Retira as mãos de Vivian do seu rosto) Obrigado pela consideração, mas se você não se importa, eu prefiro que volte outra hora ou sei lá... Aqui é o meu trabalho e a Pérola já estava de saída.
VIVIAN: Claro, eu vou até a sua casa depois! (Vivian se despede de Antônio com um beijo no rosto quase na boca e vai embora).
PÉROLA: Nossa, ela voltou preparada para te reconquistar!
ANTÔNIO: Só que eu não quero mais nada com ela, já estou em outra...
PÉROLA: E essa outra por um acaso se chama Marcela?
ANTÔNIO: (Sorri) Talvez... Talvez!
Cena 08 – Hospital de Atibaia [Interna/Tarde]
Música da cena: Estranho - Biollo
(Paula procura por Caíque e quando entra no quarto de Maria Eduarda, encontra com os dois dormindo. Ela na cama e ele na poltrona ao seu lado).
PAULA: (Sofre em ver a cena e fala consigo em pensamento) Você nunca vai me notar de outra forma que não seja como sua melhor amiga, pra você é como se o meu lado mulher não existisse, você não sabe o quanto eu te amo e o quanto daria para ter só um pouco do seu carinho.
Cena 09 – Casarão Emília Bertolini – Sanatório [Interna/Tarde]
(Ingrid e Malu chegam até o sanatório)
MALU: O que será que a sua irmã veio fazer aqui?
MARIA EDUARDA (INGRID): Eu não sei, eu vou falar com o responsável pelo local e já trago mais notícias, espera aí. Tá?
MALU: Tudo bem, eu espero.
(Ingrid entra na sala do diretor, enquanto Malu espera na recepção do lugar. Uma mulher de idade se aproxima dela e senta ao seu lado).
IDOSA: A senhora sabe escrever?
MALU: Perdão, o que disse? Eu estava distraída.
IDOSA: Eu perguntei se a senhora sabe escrever... É que quero mandar uma mensagem para os meus filhos, só que não sei escrever. Eu tenho papel e caneta, a senhora poderia escrever? Eu vou dizendo e a senhora escreve...
MALU: Claro, eu posso escrever... (Pega o papel e a caneta). O que quer escrever para eles?
IDOSA: (Dita) “Filhos queridos, precisei viajar urgente por conta do trabalho. Não se preocupem comigo, o lugar onde estou não funciona bem o sinal de celular, mas eu estarei bem. Em breve mando mais notícias. Um beijo, mamãe!”. Pronto, é isso, conseguiu escrever tudo?
MALU: Tudo. Aqui está! (Entrega o caderno e a caneta para a senhora).
IDOSA: Obrigada minha filha, que Deus te abençoe!
(Ingrid sai da sala do diretor e chama pela mãe. Malu se levanta e caminha em direção a sala que é grande e de paredes escuras).
MARIA EDUARDA (INGRID): Essa daqui é a minha mãe, doutor.
MALU: Onde está a Ingrid? Não estou entendendo. Cadê minha filha?
PSIQUIATRA: Sua filha é de quem está falando?
MALU: Claro, continuo sem entender porque ela marcou esse encontro aqui.
MARIA EDUARDA (INGRID): Está vendo doutor, como eu falei?
MALU: Como falou? Como falou o que?
MARIA EDUARDA (INGRID): A senhora não está bem, precisa se cuidar...
MALU: Como eu não estou bem? Eu estou ótima! Cadê a sua irmã? Eu quero vê-la agora!
PSIQUIATRA: A senhora está se exaltando?
MALU: Eu não quero mais enrolações, quero saber onde está minha filha agora...
PSIQUIATRA: Realmente, as mudanças de humor condizem com o que me explicou.
MALU: Mudanças de humor? Quem falou?
PSIQUIATRA: Só um instante, sim! (Psiquiatra fala pelo telefone). Sim, já podem vir!
MARIA EDUARDA (INGRID): Isso me dói muito, doutor!
(Dois enfermeiros entram na sala do diretor do sanatório).
MALU: Quem são esses dois?
PSIQUIATRA: Ela é a nova paciente, podem leva-la.
MALU: Como assim nova paciente? Está havendo algum engano aqui...
(Os enfermeiros seguram Malu).
MALU: Mas o que é isso? Me soltem, eu não sou louca, eu não vou com vocês!
PSIQUIATRA: A senhora demonstrar mudanças de humor bastante significativas, se comporta de forma violenta, age com mania de perseguição. Precisamos tratar isso, vamos cuidar da senhora com métodos assertivos!
MALU: Não! (Grita). Eu não sou louca, me soltem! Eu não sou louca, diga para ele Eduarda, diga! (Continua gritando).
MARIA EDUARDA (INGRID): (Finge chorar e não responde).
PSIQUIATRA: (Entrega uma receita para um dos enfermeiros) Podem leva-la agora, sigam essa receita prescrita a risca, entendido?
MALU: Não, eu não sou louca... Eu não sou louca! (Malu continua gritando enquanto tenta se soltar).
(Os enfermeiros carregam Malu pelo corredor, enquanto ela grita. As cenas se misturam entre o passado e o presente, relembrando de quando Malu foi deixada no convento no passado a força por sua mãe. Os enfermeiros entram com Malu numa sala, colocam-a numa camisa de forças e lhe prendem em uma cama).
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