Débora
CAPÍTULO 10
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
FADE
IN:
CENA 1:
EXT. HAROSETE – RUAS – DIA
Orgulhoso de si, Sísera caminha
confiante e olhando bem para cada mulher que lhe chama a atenção.
Então toma uma rua mais estreita,
onde várias meretrizes assediam os homens que passam por ali. Ao vê-las, Sísera
sorri minimamente e continua. As carícias, as provocações, os elogios, as
ofertas... ele gosta do que lhe faz a fila de mulheres.
Tendo passado pelas mais
disponíveis na rua, Sísera para ao notar que uma (um pouco afastada das demais,
de pé sobre uma espécie de palco de madeira e com vestes mais bonitas e adornos
mais chamativos) não lhe olhou, não lhe jogou nenhum olhar provocativo... É
como se ele não existisse. Indignado, Sísera vai até a meretriz. Para na frente
da mulher, que o olha de cima a baixo.
SÍSERA
Eu percebi
que você não olhou para mim. A única aqui que não fez isso.
MERETRIZ
Porque eu
sei que você não tem ouro o suficiente para pagar por um instante sequer de
prazer comigo. É apenas um mero soldado.
Sísera a observa, seus músculos
faciais tensionados.
MERETRIZ
Eu sou de
homens mais poderosos. Nobres, oficiais... Seu Capitão mesmo é o meu cliente
mais assíduo.
Apesar da raiva, Sísera força um
sorrisinho de canto de boca.
SÍSERA
Você deve
ser Hanna... A famosa meretriz Hanna.
MERETRIZ
(sorrindo
provocativamente) Sou eu.
SÍSERA
Para o seu
conhecimento, as águas estão mudando. (se aproximando) As estrelas estão
mostrando, até mesmo os pássaros estão sentindo e já procuram por outro lugar
para fazerem seus ninhos.
A mulher o observa com a testa
levemente franzida. Olhando um pouco para cima por causa do palco, ele para bem
perto dela.
HANNA
Não faço
ideia do que você está falando.
SÍSERA
Vou ser
mais claro. Não, vou ser bem claro. Em breve, e não vai demorar muito,
eu vou voltar aqui com tanto dinheiro, mas tanto dinheiro, que vou enfiar
as moedas de ouro em você, e não vai ser só na boca.
A meretriz o encara num misto de
estranheza e ironia.
SÍSERA
Uma noite
para mim será pouco quando eu voltar. Se não acredita nisso, pode escrever. Enfio
uma espada no meu estômago se eu não cumprir tudo o que falei aqui.
De forma discreta, ela ri em tom de
deboche.
SÍSERA
Até breve.
Sísera
vira e sai rápido pela rua.
CENA 2:
INT. CASA DE TAMAR – SALA – DIA
Estranhando, Éder e Débora observam
Isabel parada na entrada.
DÉBORA
O que foi,
Isabel? Entre, prima...
ISABEL
(olhares
vão e vem para Éder) Não, eu... Ahn, eu... vou para casa.
Ela vira para voltar, mas Débora
fala.
DÉBORA
Espere, não
vá... Temos biscoitos para todos.
Isabel vira de novo para eles.
ISABEL
(atrapalhada) Tudo
bem....
Isabel fecha a porta, se aproxima
da mesa e senta ao lado da prima.
DÉBORA
(oferecendo) Pegue.
Pigarreando, Isabel pega dois
biscoitos, mas deixa um cair na vasilha. Constrangida, pega de novo.
DÉBORA
Está tudo
bem?
ISABEL
(imediatamente) Sim!
DÉBORA
Hum...
Éder nota o comportamento estranho
da garota, mas não diz nada.
DÉBORA
Quer vinho?
ISABEL
Ahn, claro,
pode ser...
Débora estica o braço para a
garrafa de vinho.
ISABEL
Não,
não!... Vou recusar... (pigarreia)
DÉBORA
Tudo bem...
Éder resolve agir.
ÉDER
Hum, eu vou
dar uma saída. Vou resolver uma coisa do trabalho e mais tarde eu volto.
DÉBORA
Certo.
Éder se levanta e Isabel mantém o
olhar baixo, para a mesa.
ÉDER
Shalom.
DÉBORA
Shalom.
ISABEL
Sha-Shalom...
Éder atravessa a sala, abre a porta
e sai. Isabel perde o constrangimento quase que instantaneamente.
DÉBORA
Você parece
melhor...
ISABEL
Ah, é,
eu... Os biscoitos estão ótimos...
DÉBORA
Por que
você fica assim às vezes?
ISABEL
Assim
como?!
DÉBORA
Assim,
toda... cuidadosa, tímida... Parece ficar constrangida.
ISABEL
Isso é
coisa sua, Débora. Está vendo demais...
DÉBORA
Sei que a
gente se fala há pouco tempo, mas já percebi que você fica assim às vezes, sim.
ISABEL
Não se
importe com isso, prima. Eu sou toda estranha mesmo. Mas diga-me, e as
novidades, ahn?! Vamos falar de coisas boas...
Débora
entra no assunto da prima e a conversa continua...
DÉBORA
(NAR.)
Quem sabe
eu sofresse menos nessa época se não demorasse tanto para perceber certas coisas...
CENA 3:
EXT. CASA DE JAZIEL – FRENTE – NOITE
O resto do dia passa e a noite cai.
Olhando a grande e bonita casa,
Sama se aproxima um tanto apreensiva, mas também empolgada.
SAMA
(para si) Não fique
nervosa, Sama. Você foi convidada. A própria mãe dele te convidou!
Sama respira fundo, dá mais alguns
passos e para diante da porta; bate.
Não demora muito e ela se abre: os
olhares apaixonados de Jaziel e Sama se encontram.
SAMA
Oi...
JAZIEL
Oi, meu
amor. Vamos, entre.
Sama
entra e o namorado fecha a porta.
CENA 4:
INT. CASA DE JAZIEL – SALA – NOITE
Ela nota que é uma sala grande,
espaçosa e com belos adornos. Na cozinha ao lado, GAJA (59 anos) e seu marido
BELTÃO (62 anos), os pais de Jaziel, preparam a comida. Eles olham para a
recém-chegada sem nenhuma expressão de simpatia...
SAMA
(sorridente) Shalom!
Confuso, Beltão encara Sama e Gaja
franze a testa.
GAJA,
BELTÃO
Shalom...
Sama nota que não foi exatamente
como esperava, mas tenta manter a simpatia.
GAJA
(sem
realmente se importar) Sente-se enquanto termino o jantar.
Sama, acompanhada de Jaziel,
senta-se à mesa. Parecem iniciar uma conversa, mas ela olha para Gaja.
SAMA
Desculpe-me,
mas a senhora aceita ajuda?
GAJA
Ajuda? Não,
e nem preciso.
Sama fica ainda mais
desconfortável.
BELTÃO
(indiferente) Que
surpresa vê-la aqui.
Sama então olha para Jaziel, que
fica constrangido.
SAMA
(murmurando)
“Surpresa”...
JAZIEL
(desconversando) Mas e
então, meu amor, como foi seu resto de dia? Me conte...
Sama o encara por uns instantes...
Então
começa a falar normalmente.
CENA 5:
INT. HOSPEDARIA – QUARTO – NOITE
Sentado
e escorado na cabeceira da cama, Baraque lê o pergaminho sobre o tesouro... E
pensa...
CENA 6:
INT. CASA DE TAMAR – QUARTO DE DÉBORA – NOITE
Débora, ajoelhada aos pés de sua
cama e com os olhos fechados, termina sua oração a Deus.
DÉBORA
Amém.
Ela se levanta e, ao invés de se deitar,
vai até um baú ali perto e o abre.
DÉBORA
Cadê?...
Débora revira o conteúdo do baú até
encontrar a semente de tamareira com o cordão e as iniciais de Lapidote e dela
própria gravadas nos dois lados da semente.
Então aperta firme a semente em sua
mão... Com os pensamentos distantes, respira fundo.
Finalmente
ela coloca a semente no lugar novamente, fecha o baú e se deita.
CENA 7:
INT. PALÁCIO – SALA DE SÍSERA – DIA
Iluminado
fracamente por uma vela em sua mesa e com o auxílio de uma pena, Sísera escreve
energicamente em um pergaminho: trata-se de seu plano de estratégia.
CENA 8:
EXT. BETEL – RUA – DIA
A noite passa e o dia seguinte amanhece.
Jaziel e Sama caminham, ele
tentando apressá-la, mas ela não avança muito porque quer que ele lhe responda.
SAMA
Jaziel,
pare de me enrolar. Eu não sou boba.
JAZIEL
Mas o que
você quer saber, meu amor?
SAMA
Diga de uma
vez a verdade!
JAZIEL
Eu já
disse, Sama!
SAMA
Seus pais
não me convidaram para jantar, Jaziel! Eu percebi, estava muito nítido! Eles
não estavam esperando, foi uma surpresa!
Jaziel então para. Olha para ela...
JAZIEL
Tudo bem...
É, você está certa.
SAMA
Está vendo?
Olha só pelo que você me fez passar, Jaziel! Que vergonha!
JAZIEL
(segurando
o ombro dela) Meu amor, você não precisa ter vergonha!
SAMA
Ah, não
preciso!...
JAZIEL
E por que
precisaria?!
SAMA
Está claro
que eles não gostaram da minha presença, Jaziel.
JAZIEL
(se
afastando) Ah, Sama, você está imaginando coisas. Eles podem não terem te
convidado mesmo, mas não gostarem da sua presença?!
SAMA
É, não
gostaram mesmo.
JAZIEL
Você...
acha que meus pais não gostam de você?
SAMA
Não é isso
que estou dizendo, mas... ontem não estavam preparados para me receberem. E não
reagiram bem.
Olhando para o nada, Jaziel fica em
silêncio.
SAMA
Escute, por
acaso eles falaram algo sobre mim? Ouviu alguma coisa?
Ele olha para ela.
JAZIEL
É claro que
não. E fique em paz, meus pais gostam sim da sua presença, independentemente da
ocasião.
A garota volta às lembranças...
SAMA
Ontem,
quando me deitei, fiquei pensando em coisas... Imaginando...
JAZIEL
Que coisas?
O que ficou imaginando, meu amor?
SAMA
Coisas,
Jaziel... sobre... você sabe, a nossa diferença... O fato da minha família não
ter as mesmas condições que a sua, eu ser muito mais pobre...
Jaziel respira fundo e a olha
fixamente nos olhos.
JAZIEL
Sama, meu
amor, mulher da minha vida... Não fique mais pensando nessas coisas. É
besteira, besteira sem tamanho. Nenhuma diferença entre nós poderá nos separar.
Apesar de ainda sentir o peso de
tudo, Sama dá um sorriso e eles trocam um delicado beijo.
Por fim...
JAZIEL
Bom...
Preciso ir. Vou cavalgar com a Débora.
SAMA
Estou de
olho em você, hein...
Jaziel sorri.
JAZIEL
Shalom, meu
amor.
SAMA
Shalom!
Enquanto
observa-o se afastar, Sama sorri. Quando ele some em outra rua, seu semblante
feliz dá lugar novamente a um semblante pensativo e um tanto preocupado.
CENA 9:
INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Em posição diante do trono, Sísera
aguarda o rei Jabim ler seu plano de estratégia. Por fim, o rei enrola o
pergaminho e olha para ele.
JABIM
Sísera,
esse plano está incrível! Meus parabéns!
SÍSERA
(aliviado) Obrigado,
meu senhor.
JABIM
Pois muito
bem, vou autorizar agora mesmo o envio das tropas.
Jabim pega outro pergaminho ali do
lado e um servo se aproxima segurando uma bandeja onde há uma massa vermelha.
Jabim passa um de seus anéis na massa e o pressiona na superfície do segundo
documento. Com o selo real, estende o pergaminho para Sísera, que o pega.
JABIM
Com esse
documento você tem plena autoridade para enviar e liderar as tropas nas regiões
suspeitas mencionadas em seu plano. Esse pergaminho também te dá todos os
poderes de Capitão do exército de Hazor, temporariamente.
SÍSERA
Obrigado
pela confiança, meu soberano. É uma honra sem tamanho para esse humilde servo.
Obrigado.
JABIM
Agora vá e
cumpra sua missão. E procure seguir o plano que você fez, ele é muito bom.
SÍSERA
Claro.
Muito obrigado, grande rei. Com sua licença.
Jabim
faz que sim e Sísera sai.
CENA 10:
INT. PALÁCIO – ÁREA DE TREINO – DIA
Trata-se de um grande pátio a céu
aberto e, em suas laterais, repleto de objetos próprios para treinos de
soldados. O meio, o pátio propriamente dito, é livre para os duelos. Agora, ali
estão dezenas e dezenas de soldados em posição e de frente para Sísera.
SÍSERA
E, por fim,
o pelotão 8, que vai contornar a cadeia de montanhas ao sul do rio Quisom e
aguardar na planície. Esse detalhe é essencial! Vocês serão a nossa base de
apoio reserva caso tudo de ruim resolva acontecer. Todos entenderam?!
SOLDADOS
Sim,
senhor!
SÍSERA
Ótimo!
Agora vão! Cada pelotão cumpra com o seu dever e lembrem-se: pelo nosso
Capitão!
Os
homens gritam em apoio e logo se dispersam.
Observando-os, Sísera sorri, orgulhoso do que conseguiu.
CENA 11:
EXT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Débora e Jaziel caminham para fora
da cidade quando ouvem alguém chamar.
BARAQUE
Débora!
Eles param e olham para trás:
Baraque se aproxima correndo.
DÉBORA
Baraque?!
BARAQUE
Shalom!
JAZIEL
Shalom...
Você está bem, amigo?
BARAQUE
Sim, sim, é
que eu os vi e... gostaria de pedir um favor...
JAZIEL
Favor?
DÉBORA
(para
Jaziel) Esse é o Baraque de quem lhe falei... (para Baraque) Claro,
diga...
JAZIEL
Tem a ver
com o tal tesouro? Débora me contou...
BARAQUE
É, tudo o
que estou fazendo aqui é em função desse bendito... Bom, consultei o juiz
Sangar ontem. Ele interpretou o pergaminho e me recomendou um monte fora da
cidade onde hebreus ricos foram sepultados no passado.
JAZIEL
(apontando) Aquele
monte?
Baraque olha para um monte cuja
frente é um paredão alto.
BARAQUE
Eu estava
torcendo para não ser esse... (olha para eles) Eu só tenho vocês aqui...
Tanto Débora quanto Baraque não
sabem bem o que responder...
JAZIEL
Deixa eu
falar com minha amiga...
Jaziel puxa Débora para trás.
JAZIEL
Ele não é confiável,
ainda. E pode ser perigoso, aparentemente sabe lutar bem.
DÉBORA
Mas nós
também sabemos. Seria dois contra um.
JAZIEL
É, você tem
razão...
DÉBORA
Vamos
ajuda-lo?
Jaziel olha para Baraque, que
aguarda. Então eles voltam para perto dele.
JAZIEL
Você
repartirá o tesouro com nós.
Débora olha para Jaziel, ela não
esperava por isso. Um leve desânimo parece passar por Baraque, mas logo ele
responde.
BARAQUE
Tudo bem...
É justo.
JAZIEL
Em partes
iguais.
Baraque parece engolir algo grande
demais.
BARAQUE
Partes
iguais?...
Jaziel e Débora o encaram.
BARAQUE
(baixinho,
para si) É justo, Baraque, é justo... Eles conhecem o caminho, podem te
livrar dos perigos... Eles vão te ajudar...
Jaziel franze a testa.
JAZIEL
E então,
amigo?
Baraque respira fundo.
BARAQUE
Tudo bem.
Está certo, vamos fazer assim.
Jaziel sorri.
JAZIEL
Pois vamos!
Jaziel,
Débora e Baraque atravessam o portão da cidade e tomam o campo.
CENA 12:
INT. CASA DE TAMAR – SALA – DIA
Elian está consertando uma das cadeiras
da mesa quando batem à porta.
ELIAN
Entre!
A porta se abre e Éder entra.
ÉDER
Shalom...
ELIAN
Meu futuro
genro! Entre, rapaz! Shalom...
Éder fecha a porta e se aproxima.
ELIAN
Que prazer
receber uma boa visita inesperada... A que devo a honra?
Enquanto Elian continua a
trabalhar, Éder fica de pé.
ÉDER
Bom, senhor
Elian, eu vim conversar com o senhor porque estou preocupado com a sua filha.
ELIAN
(preocupado) Hum, por
quê?...
ÉDER
Débora não
parece corresponder ao meu afeto, aos meus gestos de carinho...
Elian para de mexer na cadeira e
respira fundo.
ELIAN
Por favor,
Éder, me desculpe. Eu sei que minha filha é complicada, mas que mulher não é?
Há anos tento endireitar essa menina, mas, caso não saiba, ela já foi muito
pior!
ÉDER
Senhor,
eu... eu também desconfio que Débora, além de cavalgar, treine espada com o
Jaziel.
ELIAN
Mas isso é
um completo absurdo!
ÉDER
Eu não
tenho certeza, senhor. É apenas uma desconfiança...
ELIAN
Se eu
flagrar alguma coisa do tipo, darei uma dura daquelas nessa garota! Onde já se
viu um negócio desse?! Não criei filha pra manusear espada!
Éder faz que sim.
ELIAN
Mas fique
tranquilo, Éder, fique tranquilo porque eu vou conversar com a sua noiva. Pode
deixar.
ÉDER
Obrigado,
senhor.
Elian
faz que sim.
CENA 13:
INT. CASA DE NAJARA – SALA – DIA
Enquanto Najara varre o chão da
sala, Jeboão pega suas coisas para sair.
JEBOÃO
Bom, mulher,
estou de saída...
NAJARA
Saída? Mas
já?!
JEBOÃO
Como “já”? Terminei
todos os meus afazeres e agora é hora dos compromissos fora de casa! Até mais
tarde!
Jeboão caminha rápido para a saída.
NAJARA
Você
alimentou as cabras, Jeboão?
Jeboão para e olha para a esposa.
JEBOÃO
Sim! Todos
os dias bem cedo!
NAJARA
Esvaziou os
cestos lá de cima que te pedi?
JEBOÃO
Foi a
primeira coisa que fiz hoje.
NAJARA
Preparou os
queijos?
JEBOÃO
Sabe bem
que a essa hora já mexi com os queijos!
NAJARA
Consertou o
defeito na porta do quarto do Sísera?
Um peso de desânimo parece cair
sobre ele.
JEBOÃO
Aaah!!!
NAJARA
Não fez,
não é? Mas está aí, desesperado para sair.
JEBOÃO
Najara,
francamente! Olha a idade do Sísera! Um soldado! Capitão temporário! Ele
mesmo pode consertar suas coisas!...
NAJARA
Negativo.
Sísera é um homem muito ocupado que precisa da nossa ajuda, da ajuda do pai!
Porque usufruir do que ele trará de benefício pra casa você vai querer, não é,
Jeboão?
Com raiva, Jeboão deixa suas coisas
no chão e vai para outro cômodo.
JEBOÃO
Acabando
essa porta eu vou sair!
NAJARA
(desconfiada
e observando-o se afastar) Rum...
CENA 14:
INT. CASA DE NIRA – DIA
NIRA
Espere!...
Nira abre a porta e olha lá fora...
Nada, então fecha e olha para Debir.
DEBIR
O que foi?
NIRA
Eu pensei
que pudesse ser Jeboão...
DEBIR
Hum...
NIRA
Aquele
homem é um nojo! Chega aqui afoito, parece um animal!
DEBIR
Eu sinto
muito, Nira, mas você precisa suportar.
NIRA
Eu sei, eu
sei!...
DEBIR
Temos que
conseguir arrancar dinheiro desse velho. Lembre-se do nosso sonho...
NIRA
(sorrindo) Nunca me
esqueço...
DEBIR
Pois bem. Nossa
casinha... à beira da praia... só nós dois...
Nira fecha os olhos e imagina.
NIRA
Hummm...
Então ela abre os olhos e respira
fundo.
NIRA
Mas é
difícil aguentar. (aproximando mais dele) Não conseguiria isso sem você
para me lembrar como é bom se deitar com um homem de verdade.
Debir sorri e a agarra. Suas mãos
percorrem o corpo dela e seus lábios começam a beijar seu pescoço. Mas então Nira
se afasta.
DEBIR
O quê,
Nira?...
NIRA
Não. (empolgada)
Eu é que vou te dar uma coisa. Um presente muito merecido.
DEBIR
Hum,
interessante... O que é?
Nira
vai até a porta, tranca-a e volta para Debir. Chega já beijando e lambendo o
seu pescoço, o seu peito, sua barriga, e vai abaixando...
CENA 15:
EXT. CAMPO – DIA
Débora, Jaziel e Baraque caminham
um bom trecho em direção ao monte. Apesar da leve subida e do sol ardente, eles
não desanimam.
Finalmente chegam aos pés do monte
e olham para a altura do grande paredão.
DÉBORA
Como vamos
subir isso?!
BARAQUE
Era
justamente com isso que eu esperava que pudessem me ajudar...
Débora e Jaziel olham um para o outro.
No mui bem aparente desânimo de ambos, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Jeboão vai
atrás de Nira, que está com Debir. Najara visita Sísera no palácio. E Débora,
Jaziel e Baraque começam a escalar o monte.
Obrigado pelo seu comentário!