Alto Mar - Capítulo 3

 

 

 

ALTO MAR

GÊNERO WEB SÉRIE

ESCRITA POR GABRIEL PRETTO

REALIZAÇÃO RANABLE WEBS

CAPÍTULO 3 

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Cena 1: Cafeteria/Atena/Noite/

Todos estão em desordem por conta da queda de energia.

Fernando: O que será que aconteceu?

Alberto: Nós vamos ficar á deriva?

Ávila: Nós vamos afundar!
Diego: Calma gente! Sem escândalo! Todo mundo fica calmo! Só deve ser algum tipo de falha nas luzes. Vamos aguardar ordens do capitão para ver o que devemos fazer.

Ávila: Nós deveríamos ir até os botes?

Diego: O quê? Claro que não.

Ávila: Devemos sim. A gente vai afundar! Eu não quero morrer! Eu não posso morrer! Eu sou muito jovem para Morrer!

Diego: Pare com essa drama mexicano marinheiro. Controle-se! Ninguém vai até os botes sem saber de fato o que está acontecendo!

Paola adentra na cafeteria.

Paola (preocupada): Eu vi as luzes se apagando. O que aconteceu?

Ludim (apreensivo): Não sei. Mas tenho uma suspeita.

Paola: Qual?

Ludim: Um blackout. Talvez alguma falha no sistema elétrico? 

Paola: Pode ser.

Ludim: Mas eu acho que é muito cedo para presumir isso.

Paola: Ta mais, se for isso, então os motores também estão parados.

Ávila: Ai meu deus!
Ludim: Calma gente. Calma. A melhor coisa que a gente pode fazer agora é ficar calmo. Paola, fica aqui. Eu vou lá na ponte de comando e eu já volto. Preciso falar com o capitão.

Paola: Tá. 

Ludim: Com licença. 

Ludim sai da cafeteria apressado.

Cena 2: Ponte de comando/Atena/Noite

Marijo está de pé andando de um lado para o outro preocupado com a queda de luz. Ludim adentra.

Ludim: Comandante?

Marijo (surpreendido): Sim?
Ludim: Qual a situação por aqui? Eu vi as luzes se apagando lá em baixo. Tudo bem aqui em cima?

Marijo (nervoso): Eu percebi isso, mas sim, está tudo bem. Tem algum palpite?
Ludim: Eu acho que não sou a pessoa mais adequada para dar palpite em relação a isso, mas acho que tenho um.

Marijo: Qual?

Ludim: Um apagão total do sistema elétrico.

Marijo suspira e leva as mãos á cabeça.

Ludim: Algum problema senhor?

Marijo: Não, mas eu acho que você está certo.

Ludim: Por quê?

Marijo: Porque os motores também pararam.

Ludin (tenso): Ah...mais que merda. Só faltava essa!

Marijo: Alguma outra informação?
Ludim: Eu fui pegar um café na cafeteria, e um monte de gente da tripulação. Eu não posso garantir que eram todos. Eu ainda não conheço muito esse navio. Eles queriam fazer uma surpresa pra mim. Mas eu disse que não podia ficar muito tempo. Foi quando as luzes se apagaram. Tá uma algazarra lá em baixo.

Marijo: Tá....olha, eu preciso que você reúna todo muito que conseguir na cafeteria o mais rápido possível. Procure pelos corredores e salas de máquinas. Preciso dar às minhas ordens para todos. Avise a Paola e também o Marcel para lhe ajudar. Alguma pergunta?

Ludim: Não senhor.

Marcel adentra no ambiente.

Marcel: Algum problema por aqui? Eu vi as luzes se apagando. Tem algo em que eu possa ajudar?

Marijo: Sim, tem sim. Eu preciso que você reúna todo mundo que conseguir na cafeteria imediatamente.

Marcel: Sim senhor, com licença. 

Marijo: Esperem! Quando vocês estiverem fazendo isso, eu quero que vocês fiquem bem atentos ao seus arredores. Não percam nenhum detalhe.

Ludim: O senhor suspeita de alguma outra coisa mais grave?

Marijo: Não, mas em uma situação como essa tudo tem que ser levado em consideração.

Ludim: Ok. Então vamos lá. 

Marcel e Ludim se retiram.

Cena 3: Casa de Lorenzo/Gijón/Noite/

Lorenzo está sentado na poltrona lendo um livro. O telefone toca e ele atende.

Lorenzo: Alô?

Laerte (no telefone): Oi Lorenzo.

Lorenzo: Oi. Tudo bem?

Laerte: Tudo. Olha eu queria te fazer um convite.

Lorenzo: Qual?

Laerte: Olha, amanhã a noite vai ter um jantar aqui na cidade. É um jantar de empresários. Além de alguns dos meus sócios, existem concorrentes meus que irão a esse encontro. Eu não queria ir sozinho. Você poderia ir comigo?

Lorenzo: Claro.

Laerte: Sério? Se você não quiser ir, não se obrigue.

Lorenzo: Não se incomode. Eu vou sem incômodo algum.

Laerte: Que bom. Então, nos encontramos amanhã a noite às oito. Preciso desligar. Até logo, sócio.

Lorenzo: Até.

Lorenzo desliga

Lorenzo: Ai ai. Reunião de empresários com duas semanas de serviço pra ele. Onde é que eu fui me meter? Calma, pensa no dinheiro Lorenzo. Pensa no dinheiro.

Cena 4: Cafeteria/Atena/Noite/

Marcel, Ludim e Paola estão no centro da sala após ter reunido todos os funcionários, que estão sentados nas cadeiras e no chão. Marijo adentra no local.

Marijo (para Ludim): Estão todos aqui?

Ludim: Sim. Pode dar a sua palavra.

Marijo (para todos e batendo palmas): Atenção todos. Atenção!

Todos ficam quietos e olham para o capitão.

Marijo: Como vocês provavelmente já sabem, tivemos um problema com a rede elétrica do navio, que afetou não só as luzes, mas sim todo o navio. Motores, rádios e sistemas de seguranças, nada está funcionando e no momento, estamos á deriva.

Todos ficam chocados

Marijo: Eu ainda não terminei! Ninguém vai até os botes sem termos certeza do que realmente está acontecendo. Primeiramente, equipe técnica, por favor fique de pé.

Seis homens de pé. Incluindo Fernando, Ávila, Alberto e Diego.

Marijo: Eu preciso que vocês se dirijam até as salas de máquinas para tentar identificar o problema. Assim que o identificar, me informem. Equipe médica, por favor se levante.

Duas mulheres se levantam.

Marijo: Eu preciso que vocês organizem todos os suplementos médicos em caso de alguma emergência. Preparem soros, bandagens, gazes, tudo que talvez venha a ser necessário. Equipe da cozinha?

Quatro homens se levantam.

Marijo: Vocês ficam encarregados de estabelecer um número exato dos nossos estoques de alimentos. Equipe de faxina?

Gallego fica de pé e encara Paola, que se sente desconfortável com a presença dele.

Marijo: Você fica encarregado de distribuir lanternas para todos. Alguém tem alguma pergunta?

Ninguém fala nada.

Marijo: Ok. Qualquer coisa consultem a mim ou a minha comissão de bordo. Agora vão para o trabalho. 

Todos se levantam e saem da cafeteria. Ao sair, Gallego dá um sorriso malicioso em direção a Paola, que fica amedrontada por dentro, mas não fala nada. Após todos saírem, Marijo, Paola, Marcel e Ludim se dirigem até a ponte de comando.

Cena 5: Sala de Máquinas/Atena/Noite/

A equipe de Diego estão discutindo como vão agir para investigar a causa do apagão. 

Ávila: Temos algum plano?

Rodrigues: Não.

Fernando: Será que nós devemos focar em uma área em específico?

Diego: Bem, se nós não temos um plano, agora vamos passar a ter. E não, não  vamos focar em uma única área. Vamos fazer três grupos de dois para cada área. Ávila, você vai com o Rodrigues. Vocês ficam responsáveis pelas baterias. Fernando, você vai com o Alberto. Fiquem com a fiação. Rael, você vem comigo. A gente fica com a parte de fusíveis.

Rael: Tá mas, e se você tiver deixado de lado alguma área que realmente tenha problema?

Alberto: Acho que não tem muito problema não. Porque uma área vai levar a outra. Se nós não acharmos nenhum problema em uma, iremos passar para outras. 

Diego: É, isso mesmo. Agora vamos por a mão na massa rapazes. Vamos! Não vamos perder tempo. Equipem suas lanternas e vamos ao trabalho.

Cena 6: Ponte de Comando/Atena/Noite/

Marijo, Ludim, Marcel e Paola estão discutindo sobre como vão proceder com a situação.

Marijo: Então nós vamos evacuar o navio a não ser que seja necessário. Está decidido! 

Marcel: Mas acho que nós já deveríamos deixar os botes preparados em caso de emergência. 

Ludim: Também acho.

Paola: Me desculpem me intrometer na conversa, mas eu acho que é importante saber a nossa posição.

Ludim: Isso seria comigo. Não tem como saber exatamente onde estamos sem energia, mas a última posição que tenho registro era de 650 quilômetros longe da costa às 7:43. As luzes caíram às...7:45 eu acho. Então não devemos estar muito longe disso. Uma pergunta. Existe algum tipo de gerador de emergência a bordo?

Paola: Não.

Ludim: Como assim? Deveria ter.

Marijo: É...eu sei. Mas agora o melhor que podemos fazer é aguardar os resultados do pessoal das máquinas para termos uma noção melhor do que estamos lidando.

Cena 7: Casa de Constância/Puerto Limon/Noite

Constância está ouvindo a missa pelo rádio enquanto passa roupa. Carlos bate em sua porta.

Carlos: Mãe! Mãe! Abra aqui pra mim, por favor?

Constância: Calma!

Constância abre a porta.

Constância: O que você quer aqui?

Carlos: Eu preciso de um conselho seu.

Constância: Pelo amor de deus, Carlos. 60 anos na cara e você ainda pede conselho meu?

Carlos (exaltado): Você vai me ouvir ou não vai!?

Constância: Claro que eu vou ouvir seu imbecil. O que mais eu posso fazer com você? E você trate de não responder. 

Carlos entra na casa e Constância fecha a porta

Constância: Vamo! Desembucha. O que que foi?

Carlos: Hoje de manhã eu contei pro Ludim que a Elena morreu. Ele ficou enfurecido. Perdeu completamente a linha. Disse que a culpa foi minha, que eu era mentiroso. Eu acabei me descontrolando, dei dois tapas nele e tentei dar uma lição de moral nele. Ele acabou me dando um soco na cara. Ele me humilhou...e disse...que eu sou um fracasso. Depois disso eu deixei ele no porto e ...ele embarcou hoje de manhã. Eu acho que isso que ele falou é verdade. O que você acha disso?

Constância: E ele por acaso está errado?

Carlos: O quê?

Constância: É isso mesmo! Você acha que eu vou me dar o trabalho de te defender. Olha pra você. Já é um homem de 60 anos que ainda precisa da mãe. Você criou esse menino numa bolha, aliás, nem criou direito. Não se incomodou em ajudar a Elena. Você nunca foi nada! Você nunca foi nada nem pra mim. Você é um fracasso sim!

Carlos (alterado): Ordinária!

Carlos dá um tapa em Constância. 

Constância (enfurecida): Quem você pensa que é pra bater na sua mãe?

Constância dá um tapa em Carlos.

Carlos: Já perdi a minha paciência. Sabe o que eu acho? Que você é uma mulher fraca e cafajeste. Trabalhou em um bordel dando o cú pra qualquer macho que aparecesse e depois quer falar de mim? Se enxerga, velha ridícula.

Constância: Fora da minha casa! Fora Carlos! Saia daqui antes que eu chame a polícia!

Carlos: QUER EU FORA DA SUA CASA? ENTÃO ME COLOCA PRA RUA, VÉIA RIDÍCULA!

Constância pega Carlos pelo braço, joga ele na calçada para fora de sua casa e bate a porta na cara dele.

Carlos (se levantando): Cafajeste! Ordinária! Isso não vai ficar assim sua puta de merda!

Carlos vai embora.

Cena 8: Ponte de comando/Atena/Madrugada/

Ludim, Marcel e Marijo estão esperando por notícias da comissão técnica á horas.

Marijo: Será que eles estão bem lá em baixo?

Marcel (sonolento): Hm...não sei...tá demorando demais.

Ludim: Será que a gente deveria checar a situação lá em baixo?

Marcel: Não sei. Acho melhor a gente continuar esperando.

Ludim: Mas já estamos esperando a muito tempo.

Diego entra no ambiente.

Diego: Com licença. Desculpem interromper, mas trago notícias da causa desse apagão.

Marcel: Até que enfim! Já não aguentava mais esperar. Achei que ia ficar esperando a noite intei-

Marijo: Marcel, deixe ele falar.

Diego: Bem, o problema é com a bateria principal do navio. Parece que ela ficou superaquecida.

Ludim: Como assim superaquecida? Essas coisas são projetadas para aguentar picos extremos de luz durante longos períodos de tempo. Como pode ter pifado desse jeito?

Marcel: Tem como concertar?

Diego: Só em terra.

Ludim, Marijo e Marcel ficam pasmos.

Ludim: Então agora nós estamos realmente a deriva no mar sem comunicação com o exterior, sem motores, sem nada?

Diego: No momento sim.

Cena 9: Prédio da Coimbra/Escritório de Laerte/Dia/

Laerte entra em seu escritório para começar o dia.

Alina: Bom dia senhor Aviles.

Laerte (sentando): Bom dia Alina.

Alina: Aqui está o relatório de progresso do mês de Julho.

Laerte (pegando os papéis): Obrigado. Vou dar uma olhada depois.

Telefone toca. 

Laerte: Que droga! Mais já? Acabei de chegar!

Laerte atende.

Laerte: Alô?

Secretária (na linha): Senhor, o executivo de monitoramento naútico da empresa quer falar você.

Laerte: Então o coloque na linha.

Secretária: É pra já.

A Secretária coloca o executivo na linha.

Marquisio: Senhor Aviles?

Laerte: Tudo bem Marquisio?

Marquisio: Nada bem. Tenha notícias preocupantes para lhe dar.

Laerte: Aí...o que foi agora? 

Marquisio: Uma de nossas embarcações, o Atena, desapareceu no mar essa noite.

Laerte (pasmo): O quê? Como assim desapareceu? Tipo afundou?

Marquisio: Nós perdemos contato com a embarcação por volta das 7:45 da noite passada. Não temos informações sobre o parade-

Laerte (irritado): E por que caralho eu não fui avisado com antecedência? Quer me meter em um escândalo?

Marquisio: Nós não tínhamos confirma-

Laerte desliga.

Alina: Algum problema senhor?

Laerte (nervoso): Alina, eu preciso que você marque uma reunião de urgência com todos os meus empresários e sócios. Todos! Sem exceção. Para hoje! De preferência para essa manhã.

Alina: Sim senhor.

Alina sai do escritório e Laerte fica sentado na cadeira nervoso.

Cena 10: Corredores/Atena/Madrugada/

Paola está vagando pelos corredores com uma lanterna para ver se alguém precisa de ajuda. Gallego acende uma lanterna em seu próprio rosto por trás de Paola.

Gallego: Boa noite, senhorita Fuentes.

Paola se vira.

Paola (assustada): O que é que você quer comigo?

Gallego (se aproximando): Eu esperei por esse encontro a muito tempo

Paola: Não chegue mais perto de mim, se não eu vou berr-

Gallego agarra Paola pelos ombros e a escora contra a parede.

Paola: Me solt-

Gallego (tapando a boca de Paola e sussurando): Shh! Eu espero que você esteja tendo uma noite maravilhosa. Mas se não, relaxa, porque você vai passar a noite comigo agora. E pode ter certeza que daqui pra frente, essa madrugada comigo vai ser inesquecível.

A câmera foca sobre o rosto de Paola, que tem a boca tampada por Gallego. A imagem congela. O fundo fica desfocado e a imagem inteiro fica azulada.

FIM DO CAPÍTULO

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------