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Débora - Capítulo 41 (Últimos Capítulos)


Débora
CAPÍTULO 41
Últimos Capítulos

uma novela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

baseada nos capítulos 3 a 5 do livro de Juízes

CENA 1: EXT. BETEL – ARREDORES – DIA
Em um dos pedaços de terra nos arredores de Betel está Éder com Isabel e Mireu. Algumas pequenas carroças sem cavalo estão espalhadas por ali com sacos, ferramentas e frutas dos pés ali plantados. Os 3 estão organizando esses objetos todos.
É quando um homem chega ali. Éder olha e imediatamente traços de raiva aparecem em seu rosto. Josafe é o recém-chegado. Isabel fica apreensiva e Mireu um tanto preocupado.
JOSAFE
O que está fazendo em propriedade alheia, Éder?
Bravo, Éder joga no chão uma fruta que segurava e encara Josafe.
ÉDER
Você não desiste mesmo.
JOSAFE
Não desistirei do que é direito meu. Mas vou fazer o seguinte: acabo de te dar 1 dia pra você desistir de vez dessa terra e tirar todas as suas coisas daqui.
Éder se aproxima.
ÉDER
E eu acabo de te dar 1 segundo para sumir da minha frente.
Josafe sorri com ironia. Então Éder agarra os braços de Josafe e esse o seu pescoço. Ambos se atracam em uma luta dura...
ISABEL
(aflita) Mireu!
Mireu corre até os dois e tenta separá-los. Tem dificuldade, mas por fim consegue empurrar cada um para um lado.
ÉDER
Vem aqui, seu maldito, que eu te mostro de quem é esse terreno!
JOSAFE
Minha mão está coçando pra afundar sua cabeça nessa terra que tanto inveja!
ISABEL
Não é assim! As coisas não são com cada um fazendo o que lhe aprece melhor aos olhos! Há leis, mandamentos! E uma pessoa encarregada de tomar as decisões e julgar as causas: minha prima!
Éder força uma risada.
ÉDER
Jamais recorrerei à Débora! Não preciso dela! Tenho as rédeas de meu destino em minhas mãos! Vou acabar com Josafe!
JOSAFE
(apontando o dedo) Você foi avisado! E o prazo já está correndo!
Josafe vira e sai apressado.
ÉDER
Vá! Suma daqui, seu restolho!
Isabel se aproxima do marido.
ISABEL
Éder, por favor, considere consultar Débora... Ela poderá ajudá-lo. Ela tem o dom de Deus!
ÉDER
Cale a boca!
MIREU
Não fale assim!... com a minha mãe...
Éder, surpreso e raivoso, se aproxima de Mireu devagarzinho.
ÉDER
Repita.
ISABEL
Éder, por favor...
MIREU
O senhor tem que nos respeitar. A todos nós.
ÉDER
Só não vou pegar você na coça da goiabeira porque tenho que me concentrar no maldito do Josafe.
Então Éder também vira e sai. Mireu abraça Isabel, e eles ficam ali, atribulados.



CENA 2: EXT. CAMPO – PALMEIRA – DIA
Na tenda sob a palmeira, sentado quieto em seu banco, Elian observa Débora atendendo as mais diversas pessoas e resolvendo, por meio do dom de Deus, os mais variados casos. Ele se maravilha em não poucos momentos e o povo, satisfeito, sorri alegre e agradecido para a juíza.
Em certo instante ela atende um casal cujo filho adolescente, também presente, deixou o cabelo crescer e pretende fazer tranças.
MULHER
...e foi quando ele decidiu fazer as tranças, senhora, o que é abominável aos olhos do Senhor...
HOMEM
Não conseguimos convencê-lo a desistir da ideia. Mas por falta de aviso não foi, senhora. E isso nos deixa ainda mais preocupados uma vez que somos exemplos, pois somos chefes de nosso vilarejo.
Débora olha para o garoto.
DÉBORA
O que você acha que pode acontecer ao fazer tranças no cabelo?
Ele responde, mas baixo.
DÉBORA
Perdão, não ouvi... Repita, por favor.
GAROTO
Os outros rapazes vão querer fazer...
Débora faz que sim.
DÉBORA
Você não fez as tranças até agora porque tem o temor de Deus, e sabe o que lhe custa. As leis são claras: não é para os homens usarem tranças entre o povo.
O garoto apenas a olha. Ela se inclina um pouco na direção dele.
DÉBORA
Faça a trança em oculto, mate a vontade de ter esse visual e, por fim, desfaça-o. Tudo bem? (pequena pausa) Sabe, é assim que funciona um povo, uma nação: com leis. Servir a Deus tem suas dificuldades terrenas, mas somente com sacrifício se alcança o tesouro que é a glória de Deus.
O garoto faz que sim...
GAROTO
Farei assim... da forma como a senhora me orientou.
DÉBORA
Então está combinado. Que Deus os abençoe.
Logo os 3 se levantam, despedem e vão embora.
ELIAN
(admirado) Meus parabéns...
DÉBORA
A glória é de Deus, meu pai.
Elian faz que sim como se dissesse “Claro!”.

CENA 3: EXT. QUEDES – RUA – DIA
A porta da casa está aberta. Lá de dentro vem correndo a pequena Melissa que, saindo para fora, pula nos braços da mãe, Sama.
SAMA
(abraçando) Meu amor!!! Hummmm! Que saudade que a mamãe estava!...
MELISSA
Eu estava com saudade, mamãe!
SAMA
Mas agora nós estamos juntas, minha filha! Estamos juntas para sempre! Tá bom?!
Melissa ri para ela.
Sama tem uma última conversa com a mulher, sua vizinha, agradece-a e sai pela rua com a filha.
Pouco depois, caminhando com Melissa no colo, Sama encontra Iru, que para e a encara surpreso.
IRU
Sama?...
SAMA
Iru... Shalom.
IRU
Shalom... Então voltou.
SAMA
É. Claro.
IRU
Eu soube que as mulheres saíram mesmo da Fortaleza.
SAMA
Sim...
IRU
Hum.
SAMA
Escute... Você está com seu dia livre. Por que não ficou com a Melissa?
IRU
Eu só pareço estar livre... Tenho muitas coisas pra fazer.
SAMA
Que coisas?
IRU
Coisas, Sama. São muitas, mas agora eu tenho que ir. (saindo) Acabou tudo, afinal...
SAMA
Isso!... (Iru para) Sobre isso...
Ele olha para ela. Perto dali, Jaziel, que vinha de outra rua, para ao encontra-los e presta atenção na conversa.
SAMA
Não pode acabar assim... Não pode me deixar repudiada dessa forma, Iru.
IRU
Você nem vai me querer, Sama...
Desconfiando, ela franze a testa.
SAMA
Você... pecou?
IRU
Eu sou carne. E a carne é fraca. Um homem sente falta, Sama.
SAMA
Isso... é abominável! Você pode até ser apedrejado, Iru!
IRU
Apedrejada será você quando descobrirem que foi repudiada! E é bom que fuja, fuja com Melissa!
Iru vira para ir embora, mas para ao ouvir.
JAZIEL
Você não é homem o suficiente para assumir responsabilidades?
Parado, Iru absorve aquilo... então vira de volta: vê Jaziel e Sama, ao lado, olhando-o surpresa.
SAMA
O que está fazendo aqui?!
Ele não a responde, apenas encara Iru.
IRU
Quem é esse, Sama?
SAMA
Jaziel... Um velho... amigo... de Betel.
IRU
Betel.
Jaziel faz que sim e Iru se aproxima.
IRU
E o que esse seu velho amigo pensa ter com a minha vida? Com a nossa vida.
JAZIEL
Tenho tudo a ver. Diferente de você, eu sou leal.
IRU
Bem... Faça o que quiser com sua velha amiga, com a Melissa e com a sua própria vida. Já as usei para meus fins, me cansei, e é isso.
JAZIEL
Você é um frouxo. Uma vergonha. E um pecador.
Iru sorri.
IRU
É mesmo?
JAZIEL
É mesmo.
IRU
E o que pretende fazer sobre isso?
Jaziel dá de ombros.
JAZIEL
Esperar.
IRU
Pelo quê?
Jaziel não responde.
IRU
(empurrando o ombro de Jaziel) Hein, ô efraimita?!
JAZIEL
Exatamente por isso.
Jaziel então agarra a mão de Iru, torce-a de uma vez e o empurra.
SAMA
Ei!!!
Iru vem, mas, de forma habilidosa, Jaziel desvia e mete-lhe um soco.
SAMA
Parem com isso!!!
As pessoas param e olham assustadas para aquela confusão.
Iru ataca Jaziel e os dois se agarram em arranhões e tentativas de socos. Então um empurra ao outro e, com mais espaço, eles trocam socos e empurrões, mas Jaziel é superior.
SAMA
(protegendo Melissa) Parem!!!
De repente Jaziel agarra Iru pela veste e o bate na parede. Desfere vários socos no estômago... Então joga-o no chão e o chuta!
SAMA
Chega!!!
Iru tenta se levantar, mas Jaziel cerra o punho e lhe mete um soco, fazendo-o ficar caído no chão.
É quando vários homens se aproximam correndo e seguram Jaziel.
JAZIEL
Soltem-me! Soltem-me!!! Podem me soltar! Calma! Estou bem... Estou bem, podem me soltar...
Receosos, os homens soltam Jaziel, mas não se afastam muito.
Sama, arrasada com aquilo, olha para Jaziel com os olhos marejados de raiva e desespero. Segura firme a filha no colo, que também está um tanto assustada.
HEBREU
Vamos manda-los a Betel para que Débora os julgue.
SAMA
Não... Eu resolvo. A juíza é minha prima.
O povo fica mais tranquilo... Iru, humilhado, se levanta, olha com ódio para Jaziel, e sai apressado pela rua.
Sama olha para Jaziel.
SAMA
Veja só o que você fez.
JAZIEL
Eu?!
SAMA
Sim!
Jaziel, ressentido, limpa o suor e faz que sim.
JAZIEL
A gratidão passou longe, hein...
SAMA
Eu não te pedi nada! Não preciso de você!
Extremamente ofendido, Jaziel a encara.

CENA 4: EXT. TENDA DE JAEL – DIA
Sísera cavalga calmamente pelo vasto deserto do norte de Israel. Seu olhar é atento a qualquer movimento diferente no horizonte ou a qualquer sinal novo no solo.
Depois de algum tempo ele nota algo lá na frente... Toma aquela direção. Pouco a pouco percebe que é um abrigo, uma tenda...
Finalmente chega à tenda no momento em que Jael sai de dentro e para ao vê-lo no cavalo. Sísera também para. Curioso com a mulher que acabou de encontrar, desce do cavalo e se aproxima devagar. Jael fica receosa e apenas o encara. Sísera a olha de cima a baixo e para não muito perto, mas suficientemente invasivo para os limites da tenda. Sorri para ela.
SÍSERA
Olá...
Jael receosa...

CENA 5: INT. CASA DE ADÉLIA – LOJA – DIA
Adélia e Laila estão limpando e organizando os objetos do outro lado do balcão quando um moço chega na porta e entra: é SETUR (24 anos, moreno). Ao vê-lo, Adélia leva um susto e derruba o que segura.
LAILA
Que é isso, Adélia?!
Adélia aponta com o dedinho e Laila vê Setur.
LAILA
Ah...
Adélia engole em seco e respira.
ADÉLIA
Eu vou servir o doce a ele.
LAILA
Mas você tem certeza? Provou antes?!
ADÉLIA
Não pronto, só a massa crua. E estava deliciosa. Acho que consegui o ponto certo graças a um ingrediente novo que consegui, e que não contarei qual é por enquanto.
LAILA
Ora, e por que não?! Me fala o que você usou.
ADÉLIA
Depois você experimentará e me dará sua opinião. Não com esse bolo, claro, com outros. Esse ingrediente é tão bom que pude usá-lo em várias outras receitas. As massas ficaram todas perfeitas, e o povo já está comprando esses novos. Olhe lá naquela mesa, já estão comendo...
LAILA
Ai, Adélia, nem imagino o que pode ser esse ingrediente misterioso.
ADÉLIA
Também estou curiosa pelo sabor do bolo do amor... Mas não posso comer e correr o risco de me apaixonar por um alguém qualquer e deixar o meu docinho de tâmaras livre pra alguma atirada dessa cidade.
Adélia então sai de trás do balcão e vai até a mesa em que está Setur.
ADÉLIA
(toda sorridente) Shalom...
Setur olha para ela.
SETUR
Shalom.
ADÉLIA
Seja bem-vindo à minha loja, moço. O senhor deseja algum dos nossos produtos em específico?
SETUR
Ahn, bem... Eu estava pensando talvez em--
ADÉLIA
(interrompendo) A casa tem algo ótimo para você. Um bolo novo da nossa cozinha e que está com altos índices de aprovação. O que acha de uma prova de graça, hum? Por nossa conta, hein...
SETUR
Ahn... Certo, tudo bem. Pode ser.
Adélia sorri de orelha a orelha.
ADÉLIA
Eu já trago! Você vai amar!
Ele faz que sim e ela corre para o balcão, onde pega um pedaço do bolo, troca olhares animados com a irmã e corre de volta para a mesa. Tropeça...
ADÉLIA
Ai... Desculpa.
SETUR
Machucou?
ADÉLIA
Não, não... Está tudo bem.
Ela então coloca o prato com o pedaço do bolo diante dele.
SETUR
Obrigado.
Adélia se afasta um pouquinho, mas ainda dentro de seu campo de visão, para que possa ser vista quando o bolo fizer efeito. Observa-o  com ansiedade. Ele corta o bolo e come. Mastiga... e parece gostar. Mas esse não é o objetivo final dela, o qual continua a aguardar com expectativa.

CENA 6: INT. PALÁCIO – CASA – SALA – DIA
Darda está pintando um pote quando uma serva vem de outro cômodo.
SERVA
Darda... A senhora Najara quer vê-la agora.
Darda, receosa, franze a testa. Faz que sim, se levanta, se ajeita e vai.

CENA 7: INT. PALÁCIO – CASA – QUARTO DE NAJARA – DIA
Darda passa pela porta aberta.
DARDA
Com licença...
Najara, meio sentada, meio deitada na cama, olha para ela. Darda se aproxima pela lateral e coloca a mão na testa de sua senhora.
DARDA
A senhora está bem?
Najara olha fixamente para Darda, que então se constrange.
NAJARA
Eu vi o seu comportamento. Lembro-me bem.
Darda, receosa, tira a mão da testa de Najara.
DARDA
Perdão, mas... do que a senhora está falando?
NAJARA
O seu olhar... Fixo. Praticamente calmo.
DARDA
Senhora... Me desculpe. Sobre isso... eu fiquei muito mal depois, mas... é a forma natural que o meu corpo reage... É o instinto... Cada pessoa reage de uma forma, e agora descobri que eu reajo assim, congelo!... Fiquei congelada... Foi horrível... Eu não sabia o que fazer...
NAJARA
Então talvez não seja melhor eu manda-la embora? Já que, se não fosse por Eloá e Danilo, eu poderia até morrer!
Darda está claramente com medo.
DARDA
Perdão, minha senhora, por favor, perdão!...
Najara desvia o olhar.
NAJARA
Eu só não a demitirei porque é uma das mais competentes da casa, senão a mais.
Darda se ajoelha aos pés da cama.
DARDA
Obrigada, minha senhora! Muito obrigada!
NAJARA
Rum...
Darda se levanta e a olha.
DARDA
Senhora... Os curandeiros sabem o que aconteceu?
NAJARA
Eles têm suspeitas, mas nenhuma certeza.
DARDA
E... que suspeitas seriam essas?
Najara dá de ombros.
NAJARA
Coração... Garganta... Alguma peste... Envenenamento...
DARDA
Envenenamento?
NAJARA
É possível, afinal, sou a mãe do Capitão. No poder há muita conspiração por trás de sorrisos e apertos de mão.
DARDA
Avisarei Eloá e Danilo para que cuidem bem da comida que preparam.
Najara faz que sim.
DARDA
Com licença, senhora. Desejo-lhe uma ótima recuperação.
NAJARA
Obrigada.
Darda vira e sai. Najara observa-a sumir, e depois encara o nada...

CENA 8: EXT. QUEDES – RUA – DIA
Ressentido e ofendido, Jaziel encara Sama, que permanece com raiva e segurando firme a filha no colo.
JAZIEL
Então é assim.
SAMA
É assim mesmo. É assim que tem que ser.
Jaziel dá uma olhada em Melissa... e de volta para Sama.
JAZIEL
Pois muito bem. Vá lá... Vá atrás do seu maridinho... Do homem cuja família tanto deve tê-la recebido bem, de braços abertos.
SAMA
Do que você está falando?!
JAZIEL
Você já deve ter se esquecido porque pra você nada vale, mas eu me lembro muito bem do porquê de nós dois terminarmos.
SAMA
Eu não quero falar disso.
JAZIEL
Vá atrás de Iru, Sama. O homem que a fez se sentir bem recebida, mas que a trata como um pedaço de carne, que cumprida sua função, é jogada no olho da rua!
Sama leva a mão para bater no rosto de Jaziel, mas para no ar.
Então abaixa a mão e ajeita Melissa em seu colo.
SAMA
Fique bem longe de mim.
E sai. Jaziel, tremendo de raiva, observa-a se afastar.

CENA 9: EXT. TENDA DE JAEL – DIA
Sísera continua sorrindo para Jael.
JAEL
Quem é o senhor?
Sísera franze a testa.
SÍSERA
Como não me conhece, mulher?
Mas ele parece perceber algo...
SÍSERA
Ah... Você não é hebreia. Sua roupa... A tenda... Hum, só pode ser dos queneus.
Jael permanece quieta.
SÍSERA
Seu marido está?
JAEL
Héber!
SÍSERA
Por que não estão junto do seu povo?
Antes que Jael possa responder, Héber vem de dentro e nota Sísera.
HÉBER
Senhor... Seja bem-vindo à minha humilde tenda!
SÍSERA
Obrigado...
HÉBER
Vejo que o senhor é o Capitão de Hazor... Fico maravilhado de ter a honra de receber a visita de um homem tão importante!
Sísera sorri.
HÉBER
Eu ouvi a pergunta do senhor... Bem, nós tivemos alguns desentendimentos com os líderes de nosso povo e, por isso, resolvemos sair e morarmos separados. É melhor sozinhos e em paz do que naquele caos.
SÍSERA
Vejo que o destino está conspirando ao meu favor. Ou os deuses.
HÉBER
Não entendo, senhor...
SÍSERA
Ahn, será que podem me receber?
HÉBER
Mas é claro, meu senhor! Que honra! Vamos, vamos entrar! Jael, por favor, vá preparar o leite e o pão para o nosso convidado.
Jael faz que sim. Héber entra, depois Jael, seguida de Sísera, que não tira seus olhares de malícia para o corpo dela.

CENA 10: INT. CASA DE ADÉLIA – LOJA – DIA
Adélia, de pé próximo à mesa de Setur, aguarda ansiosa pelo resultado, mas ele não parece reagir como ela quer e esperava.
Terminado o segundo pedaço, Setur se levanta para pagar. Ela corre para trás do balcão a fim de receber dele e ser vista.
ADÉLIA
E então?!
Ela pega as moedas.
SETUR
Perfeito! Você sabe, Adélia, que eu já sou seu freguês!
Encantada pelas palavras dele, Adélia se derrete.
SETUR
Você... está bem?
ADÉLIA
Sim, sim! Claro... É só que... você sabe o meu nome...
SETUR
Bom, todos sabem... Adélia, a doceira.
Eles riem.
Ela dá o troco dele.
SETUR
Muito obrigado. Shalom!
ADÉLIA
(desanimando) Shalom...
Setur vai embora quando Mireu entra.
MIREU
Que cara é essa, Adélia?
LAILA
Setur experimentou o bolo do amor... Ela esperava que, sendo vista por ele, ganharia seu coração.
ADÉLIA
E mais uma vez não deu certo...
MIREU
Quero experimentar esse bolo.
ADÉLIA
Mas ainda não descarto totalmente os riscos de se apaixonar pela primeira que ver, Mireu...
MIREU
Eu não acredito nessas coisas. E agora que não deu certo com o Setur que não vejo risco. Quem sabe pelo menos o sabor não seja bom?
ADÉLIA
Está bem.
Laila pega um pedaço e dá ao amigo, que come.
MIREU
Hummm... Delícia!
Adélia senta frustrada e Laila acaricia o cabelo dela.
LAILA
É... Parece que o nosso casamento ficou um pouquinho mais distante...

CENA 11: EXT. CAMPO – PALMEIRA – DIA
Terminando o atendimento de dois vizinhos, Elian se levanta e se aproxima da filha.
ELIAN
Débora, estou muito contente com tudo o que estou vendo aqui... Mas, durante essas causas todas... eu senti de ir... falar com o Lapidote. Há tempos não nos falamos e agora eu quero... bem, eu quero pedir perdão a ele... Quero me reconciliar com o meu genro.
Débora sorri felicíssima.
DÉBORA
Isso foi música aos meus ouvidos, pai. Boa coisa faz o senhor. Estou tão feliz!... Que Deus o abençoe por isso!
Elian sorri contidamente.

CENA 12: INT. SAPATARIA DE LAPIDOTE – DIA
Enquanto Lapidote trabalha na sola de um sapato, Elian, apreensivo, chega ali e entra devagar. Lapidote nota-o, mas não virou a cabeça para ver quem é.
LAPIDOTE
Senhor, aguarde só um instante. Já o atenderei.
Elian, porém, nada diz, e continua parado, um tanto constrangido. Por causa desse silêncio, Lapidote olha e, ao ver que é Elian, para seu serviço, põe-se de pé e o encara bastante surpreso.
LAPIDOTE
Senhor Elian?!...
Elian engole em seco. Em seu semblante apreensivo, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: Sísera faz um acordo com Héber. Sama e Jaziel voltam a se encontrar, e a situação se agrava. Os doces de Adélia têm efeito colateral no povo. Coisas estranhas acontecem à noite na casa de Gadi e Laís. Lapidote e Elian conversam. E Sísera ataca Elisa.



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