Capítulo 2
Cena 1: Chácara; Manhã; Porão
Shalon, Salira, Otávio, Jacinto e Bertilda chegam à chácara e vão em direção ao porão, bem devagar, Shalon abre a porta do porão, e a luz de fora ilumina o porão, justamente onde o Maurício está sentado e sem roupa.
Shalon: Oi otário como passou a noite aqui no porão, parece um hotel não acha?
Maurício(irônico): Nossa foi muito bom e falo pra todos vocês me senti no Hilton São Paulo Morumbi.
Shalon(gritando): QUER DIZER ENTÃO QUE NOSSA OTÁRIO VIROU UM PIADISTA AGORA?
Bertilda: Vamos fazer o que viemos fazer logo?
Maurício(apavorado): O que vocês vão fazer comigo?
Salira: Quer mesmo saber otário? Vemos te levar para dar um passeio.
Otávio: Jacinto pega aquela peixeira ali na encostada no baú.
Jacinto: Toma Otávio.
Otávio: Se cobre, veste essas roupas que trouxemos, pelo menos a bermuda. (grito) Vamos, depressa rapaz, não me faz perder a paciência, já viu o que tenho na mão otário? Quer que eu atravesse essa peixeira no seu abdômen?
Maurício(tremendo de medo): Não faz isso, calma, estou me vestindo.
Salira: Para aonde vamos levar ele?
Shalon: Vamos leva-lo para a beira do rio na mata, deve ficar uns dois quilômetros daqui só.
Então Maurício se veste e todos eles saem do porão e Otávio leva Maurício com a faca apontada em sua direção.
Cena 2: Cemitério, Capela mortuária, Manhã.
Ribaldo: Nossa veio o pessoal do nosso bairro todo, não ficou uma alma viva lá, dinda.
Sula: Estou preocupada Riobaldo, seu irmão ainda não apareceu, por onde será que o Maurício anda?
Riobaldo: Dinda, eu não quero nem saber, a mamãe morreu sem conseguir se despedir dele, eu nunca vou conseguir perdoá-lo.
Sula(pensa em voz alta): Não, não pode ser, algumas coisa tem que ter acontecido com Maurício.
Riobaldo: O que dinda que você disse?
Sula(grito): Eu disse Riobaldo, que deve ter alguma explicação plausível para o Maurício não está no velório da mãe de vocês.
Todos no velório olha para Sula, que fica sem graça. Enquanto isso Riobaldo recebe os pêsames pela perda de sua mãe.
Cena 3: Cachoeira; Parte Superior, Tarde.
Shalon: Pronto chegamos ao recinto.
Bertilda: Vamos fazer, o que viemos para fazer.
Salira: O que acha de no refrescarmos, nessa cachoeira, hein meninos?
Otávio: Não temos tempo, vamos logo acabar com esse otário.
Mauricio(apavorado): Não façam isso, vocês irão se arrependerem, não façam isso.
Enquanto isso Otávio está com a faca apontada para Maurício bem pertinho de sua barriga, a ponto de furá-lo a qualquer momento e Maurício está quase caindo da parte superior da cachoeira, mais um passo e Maurício despenca lá de cima nas águas muito rasas com pedras da parte inferior da cachoeira. De repente se ouvi um barulho na mata, todos olham e por um momento esquecem de Maurício que aproveita para fugir. Eles correm atrás de Maurício que se esconde no meio da mata.
Jacinto: Não adianta correr otário, nós vamos te pegar.
Shalon(gritos): Procurem-no, procurem-no não podemos perdê-lo te vista, temos que dar um fim nesse imbróglio de uma vez.
Bertilda: Meu Deus e agora se não conseguirmos.
Shalon: Vira essa boca pra lá. Vamos! Vamos gente procurem, procurem!
De repente Mauricio joga uma pedra em sentido contrário ao seu.
Otávio: Ali eu ouvi um barulho, deve ser ele.
Jacinto: Agora você não escapa otário, deixa ele pra mim eu estou com a peixeira na mão, eu mesmo quero acabar com ele.
Mas quando foram olhar o local de onde veio o barulho, não tinha nada.
Otávio: Porra, não tem nada aqui!!!!
Então Maurício consegue fugir, sai correndo pela mata até encontrar a estrada e por ela corre como um desesperado até chegar na cidade e ir direto para casa.
Os meninos ouvem outro barulho e vão olha o que é.
Shalon: Tamires, o que faz aqui?
Tamires: Eu vim tomar banho de cachoeira
Otávio: Eu sei que ela é sua irmã, mas será que ela não ouviu nada?
Tamires: Ouviu o que? O que vocês estão me escondendo? Você que é da minha sala e minha amiga Bertilda me conta.
Bertilda: Amiga eu não sei do que eles estão falando, se eu soubesse lógico que eu te contava.
Tamires: Sei! (ironia)Conheço bem vocês !!
Shalon: Vamos embora daqui, já estou com fome e outra não vamos encontrar “o que viemos procurar” galera. E você Tamires vem com a gente!
Tamires: Ai tá maninho eu vou.
Cena 4: Casa dos Ferreira; Tarde.
Mauricio bate na porta e ninguém atende, então ele lembra que a chave sempre fica em um vasinho de planta ao lado da entrada de sua casa mesmo, ele pega a chave e abre a porta. Mais seu vizinho de idade, meio senil o ver chegar
Maurício: Alguém em casa? MÃE? RIOBALDO? Cadê esse pessoal dessa casa será que tá onde, foram em algum almoço e ainda não voltaram?
Vizinho: Oi menininho(se referindo a Maurício) o pessoal está todo na capela mortuária, a senhora dona dessa casa faleceu e quase todos do bairro estão lá, se você se apressar ainda pode ser que pegue o enterro.
Maurício: Não, não pode ser meu senhor a senhora que mora aqui é minha mãe.
Vizinho: Mas é verdade menininho.
Maurício ficou meio desconfiado por não acreditar muito em seu Clementino, já que era um senhor de idade bastante avançada, então deixa a casa aberta com seu Clementino lá dentro e sai correndo em direção ao Cemitério.
Cena 5: Mansão dos Rachid Chicralla; Tarde; Cozinha.
Tamires: O que vocês estavam fazendo lá, Shalon?
Shalon: Nada demais, Tamires. É um domingo fomos tomar banho de cachoeira.
Tamires: Secos! Vocês estavam completamente secos. Conta a verdade Shalon, pelo menos uma vez.
Shalon: Fica na sua, quem fala demais dá bom dia a cavalo.
Tamires: Eu sei o que vocês estavam fazendo lá. Iam fazer mal para aquele menino da rua de baixo. Mas pode deixar Shalon, quando papai e a mamãe chegar vou contar tudo pra eles.
Shalon pega no pescoço de Tamires no meio da cozinha, apanha uma faca e diz.
Shalon: Você não vai contar nada está me escutando? Repete o que eu disse.
Tamires: O que foi agora Shalon, vai matar sua irmã? (grito) Então me mata! Vai faz mais uma de suas maldades.
Shalon tira a faca do pescoço de sua irmã e respira bem fundo.
Shalon(mais calmo): Eu te peço não conta nada por favor!
Tamires: Eu vou contar sim, é para o seu bem, se você não for corrigido agora que tem 17 anos, imagina o adulto que vai se tornar.
Tamires sai da cozinha deixando Shalon lá, enquanto isso chega a cozinheira e Shalon a pergunta.
Shalon: Tem Merche, Homus Tahine, qualquer comida sua idiota eu estou morrendo de fome!
Cozinheira: Sim Shalon, tem Coalhada temperada na geladeira e mais umas comidas. E mais respeito comigo, meu nome é Gracinda, sou mais velha que você e ajudei a te criar.
Shalon(em tom de ironia): Criadagem agora merece respeito? Kkkkkk Onde já se viu eu agora reverenciando a Vassalagem. Por mim, pela cor de pele que você tem, tu continuavas na senzala. Kkkkk
Gracinda: Você é perverso. Como pode ter uma irmã tão boa e parecer filho do encardido. Gloria ao pai!
Cena 6: Sala; Mansão dos Rachid Chicralla, Tarde.
Shalon liga para casa de Salira.
Shalon: Poderia falar com a Salira?
Salira: Ela mesma e pela voz já sei que é você Shalon, o que desejas?
Shalon: Aquele seu amigo de São Paulo está aqui na cidade?
Salira: Está, inclusive está aqui em casa. (risos)
Shalon: Eu preciso de uma parada daquelas que ele vende.
Salira pergunta a seu amigo.
Salira: Você trouxe alguma coisa?
Amigo de Salira: Trouxe, mais o que o seu amigo quer especificamente. Tem maconha, cocaína, ácido(doce), e afins. Kkkkkkk
Salira: Shalon é pra você?
Shalon: Não. Eu quero a mais forte que tiver.
Salira: Tá bom. Vamos aí levar um papelote de cocaína.
Shalon: Não demora, preciso para hoje.
Cena 7: Cemitério; Tarde.
Maurício: O que está acontecendo aqui? Me dê licença, licença, licença!
O caixão está prestes a fechar quando Maurício avista seu irmão e Sula e então o caixão se fecha. Maurício se aproxima e pergunta.
Maurício(apavorado)(gritando): Quem está aí Sula? É ela? É ela? Diz que não é verdade!
Sula: É sim, a comadre Colatina se foi.
Maurício(gritando): Não !!! Abram esse caixão, quero me despedir da minha mãe.
Riobaldo: Não vai abrir nada, ela já se despediu da gente e você não estava lá seu irresponsável.
Sula: Pode abrir o caixão sim. Riobaldo ele tem esse direito.
Maurício então chorando, pega na mão de sua mãe, totalmente descontrolado e grita.
Maurício: Não mãe! Não me deixe por favor! Eu te amo mãe, não faz isso comigo!
Sula: Ela descansou Maurício, estava sofrendo demais.
Riobaldo(com ódio): Você não tem esse direito, é tudo culpa sua Maurício, quando ela precisou de você, onde você estava? Logo você o queridinho da mamãe.
Maurício: Eu não acredito Riobaldo, que você está disputando afeto até no enterro da mamãe, agora é hora de estarmos juntos e não de brigarmos.
Riobldo: É tudo culpa sua, você matou a nossa mãe, ela só perguntava de você, indiretamente você é o assassino da morte dela.
Sula: Para Riobaldo! seu irmão não teve culpa.
Todos olham para Maurício com olhar de condenação, até constrangê-lo e Maurício acaba saindo do cemitério antes mesmo do enterro, vai para o seu cantinho nas pedras do morro do Patrimônio do Ouro e desaba em choro.
Começa então o enterro de Dona Colatina.
Cena 8: Mansão Rachid Chicralla; anoitecendo.
Campainha de Shalon toca. Ele diz a Gracinda, pode deixar que eu atendo.
Shalon: E aí Salira, trouxeram o que eu te pedi?
Salira: Eu não sei que droga você quer.
Shalon: Eu quero cocaína.
Salira: Então essa aqui vai te ajudar.
Shalon: Ótimo! Era tudo que eu precisava eu quero quatro papelotes.
Salira: Mais se você usar quatro você vai morrer.
Shalon: Não é pra mim retardada, passa logo vai!
Salira fala com seu amigo: Passa pra ele, deixa ele se acabar.
Shalon: Agora tchau Salira. Meus pais estão chegando de viagem e disse que jantam em casa.
Shalon então fecha a porta, corre para o quarto de Tamires e coloca os quatros papelotes de cocaína nas coisas de Tamires, dois no fichário da escola e dos dentro de sua gaveta, onde ela guarda coisas íntimas e presentes que ela coleciona de recordação.
Os pais de Shalon, Samir e Fátima chegam de viagem.
Samir: Oi filho, tudo bem com você? E sua irmã onde está?
Shalon: Está na casa da Bertilda e acho que vai chegar na hora do jantar.
Fátima: Meu amorzinho da mamãe, meu meninão, como você está?
Shalon: Eu estou bem mãe. E preciso muito conversar com vocês antes do jantar. É chato o assunto e muito sério.
Samir: Tudo bem meu filho, sua mãe e eu subimos para nos trocarmos e voltamos para conversarmos.
Shalon: Então está bom! Espero vocês aqui mesmo na sala.
Cena 9; Casa dos Ferreira; noite; Sala.
Riobaldo: O que eu vou fazer agora madrinha?
Sula: Você e seu irmão ficaram lá em casa.
Riobaldo: Eu não tenho mais irmão, mas como não posso ficar sozinho, aceitarei sua hospedagem.
Sula: Irei pedir sua guarda provisória e a de seu irmão que completa 18 anos mês que vem. Vamos Riobaldo, junte sua coisas e vamos lá pra casa!
Riobaldo: Sim Dinda, vou fazer isso só me dá um tempo pra eu me despedir das coisas da minha mãe.
Sula: Eu te espero aqui na sala, mas não demore, a Laelly ficou em casa me esperando, e você conhece o gênio que ela tem.
Riobaldo: Só um minuto dinda e eu já volto.
Cena 10: Cemitério; noite; Lápide Dona Clementina.
Mauricio muito nervoso e chorando depois de caminhar um pouco pelo cemitério chega a lápide de sua mãe.
Maurício: Mãe, me perdoa por eu não poder estar contigo em sua partida. Eu juro que não foi culpa minha. Eu não era pra ter ido na ideia da Salira e seus amigos, por favor me perdoa.
Maurício então deita perto da lápide de sua mãe e diz.
Maurício: Eu juro mãe, no seu leito de morte, diante de sua lápide, todos eles, Bertilda, Otávio, Jacinto, Salira e Shalon, todos eles vão me pagar caro, em sua memória. Eu prometo eu não sossego enquanto eu não acabar com todos eles!
Close no rosto de Maurício, a imagem congela e fica sépia.
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