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Alto Mar - Capítulo 5







ALTO MAR
GÊNERO WEBSÉRIE
ESCRITA POR GABRIEL PRETTO
REALIZAÇÃO RANABLE WEBS
CAPÍTULO 5
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Cena 1: Corredores/Atena/Tarde

Diego está escutando a conversa entre Paola e Gallego

Paola: Será que você não entendeu? Eu não quero mais conversar com você! Fica longe de mim 
antes que eu conte pra alguém o que você fez comigo!
Gallego: Hum, me ameaçando. Isso é tão sexy. 
Paola: Eu não tô brincando!
Gallego (se aproximando): Hum, será que não tá?
Paola: Sai! Sai de perto de mim! 

Diego fica incomodado com a conversa e aparece no corredor.

Diego (irritado): Eu posso saber o que que tá acontecendo aqui?

Os dois olham para Diego.

Paola: Diego...eu posso explicar…
Gallego: Não tenta explicar, Paola. Eu acho que ele já percebeu. A gente tá tendo uma relação 
amorosa. Ele não te dá carinho, não dá atenção, não dá segurança. Mas eu te dou e te faço muito 
mais feliz.
Paola: Do que que você tá falando? Tá doido é?
Gallego: É isso mesmo. Aceita cara. Aceita que dói menos. Agora você tem um belo par de chifres.
Diego: Tá...eu nunca achei que você fosse fazer isso...após 22 anos de casamento...mas...eu tô 
vendo que eu não tenho mais o que fazer...não sou mais seu marido mesmo. E você, garoto...faça 
bom proveito.

Diego se vira e segue o corredor.

Paola: Espera Diego! Espera!
Gallego: Deixa Paola. Deixa. Problema não é seu.

Paola se vira e dá um tapa em Gallego.

Gallego: Ai! Você tá louca?
Paola: Qual é o teu problema? Qual é? Já não basta de você me fazer de escrava e ainda quer 
destruir o meu relacionamento com o Diego? Qual é a tua, em?
Gallego: Como assim? Eu não tô entendendo a sua postura de ficar contra mim. Poxa! Eu tô 
te dando algum prazer que aquele ‘’marido’’ não te dá nesse casamento. Você é muito mais feliz 
comigo do que com ele!
Paola: Vai pra puta que te pariu, vai.

Paola segue o corredor.

Cena 2: Ponte de comando/Atena/Tarde/

Marijo e Ludim estão conversando.

Marijo: Talvez eles não tenham analisado direito a bateria. Tenho certeza de que logo nós
 vamos sair do meio do mar. Não se estresse.
Ludim: Deus queira.

Os dois ficam quietos por um instante.

Marijo: Você se incomoda em conversar sobre por que veio para a Coimbra?
Ludim: Não.
Marijo: Então fale.
Ludim: Eu fiquei quatro anos na Carribean. A empresa está em crise e eu não estava ganhando
 muito. Então por isso decidi sair. Vim para Coimbra, que me oferecia um pagamento modesto.
Marijo: Por que não procurou um pagamento maior?
Ludim: Eu não tinha tempo. Eu precisava de dinheiro urgente. A minha mãe...ela tinha câncer de 
mama. Ela morreu.
Marijo: Sério? Quando?
Ludim: Na madrugada de domingo pra segunda.
Marijo: Sinto muito em ouvir isso. Mas...eu acho que era melhor ela ir. Ela estava fazendo quimio?
Ludim: Não. Por falta de dinheiro.
Marijo: Então era melhor ela ir pra não sofrer mais com dores. Eu sei como é complicada essa 
situação. A minha mãe infartou enquanto eu estava de viagem. Ela estava muito doente. Doi muito 
no início, não é? Mas fique sabendo que o tempo vai curar essa mágoa. É muito doloroso nos 
primeiros momentos, eu sei. Mas se você tiver fé, eu tenho certeza que vai ser mais fácil lidar 
com isso, ou pelo menos, não tão doloroso. Se você tiver algum outro problema. Sinta-se livre
 para se abrir comigo.
Ludim: Você não tem medo de morrer aqui?
Marijo: Por que ter medo da morte? É a única coisa certa na nossa vida. Um dia, eu, você, 
seus parentes, todos nós vamos morrer.

Cena 3: Bordel de Constância/Puerto Limon/Madrugada/

Carlos está sentado em frente ao balcão bebendo cerveja.

Carlos (para o balconista): Me vê mais uma aí.
Balconista: Um momento.

Uma cortesã se aproxima de Carlos e senta aqui no seu lado.

Cortesã: Você vem sempre aqui?
Carlos: Quem pergunta?
Cortesã: Responde a minha pergunta primeiro.
Carlos: Às vezes venho.
Cortesã: Hm. Por que você tá com essa cara cabisbaixa? Levou um fora? Se levou, 
se envolveu com a mulher errada.
Carlos: Isso não é do seu interesse.
Cortesã: Ih! Rebelde você, em? Gosto disso. Eu acho que eu sei o que pode te alegrar. Quem sabe 
a gente não vai lá pra trás pra se...acalmar.
Carlos (pegando o copo de cerveja do balconista): Olha, eu não estou disposto. Eu acabei de 
perder a minha mulher e a confiança do meu filho. Eu não estou afim de dar pra primeira piranha 
que aparecer na minha frente.
Cortesã (alterada): Piranha? Piranha!? Olha aqui seu botequeiro, eu não sei quem você pensa
 que é pra me chamar de piranha. Só porque o meu trabalho é agradar cafetões que nem você, 
ninguém tem o direito de me chamar de piranha! E para de ficar fazendo drama por causa da 
sua mulher e do seu filho. Acha que isso é desculpa pra falar o que quiser na cara dos outros? 
Tome jeito! Seja homem!
Carlos: Quer que eu seja homem? Então eu vou te mostrar o que é um homem de verdade.

Carlos fica de pé e joga cerveja na cara da cortesã.

Cortesã: Você ficou louco?
Carlos dá um soco na mulher que cai no chão desacordada. Todos reparam e ficam chocados. 
Constância, que estava por perto, vê a situação e vai pra perto de Carlos.

Constância: Mas o que está acontecendo aqui?

Constância nota a presença de Carlos.

Constância: Carlos?  
Carlos: Mãe…
Constância: Que que você fez com ela? Alguém ajuda ela aqui, por favor.

Pessoas se reúnem em volta da mulher para tentar ajuda-lá, incluindo seguranças.

Constância: O que você tá fazendo aqui Carlos? Sua esposa morreu e você vai num bordel? 
Tá louco menino?
Carlos: Ela mereceu. Ela não é nada mais do que um puta que nem todas as outras que trabalham 
aqui. É, eu to falando com todas vocês mesmo! Vocês que vem aqui no bordel dessa rapariga dessa
 mulher são todos uns sem vergonhas.

Todos vaiam Carlos.
 
Constância: Eu não vou admitir que você se refira as minhas funcionárias e  os meus clientes dessa 
forma! Não vou!
Carlos: Ué, tá incomodada por que motivo Constância? Tá incomodada por quê? Ficou ofendida? 
Claro que ficou, não é? Porque você não é nada mais do que uma cafetina, uma prostituta, uma puta, 
uma piranha! 

Constância dá um tapa em Carlos. 

Constância: Segurança, tira ele daqui!
Homem: Isso aí dona Constância!

Todos ovacionam Constância. Dois seguranças pegam Carlos pelos braços.

Carlos: Você vai ver só, sua cafetina! Ah, mais vai.
Constância: Vê se não volta aqui. Esse lugar não é pra gente medíocre que nem você. 
Agora, por gentileza, tirem ele daqui. Ele tá expulso daqui.

Os seguranças tiram Carlos do bar.

Constância: E vocês? A festa acabou! Voltem pro que vocês tavam fazendo. Ô balconista!
Balconista: Sim?
Constância: Me vê um whisky bem forte e com gelo. Que pra aguentar uma coisa dessa só 
bebendo mesmo.
Balconista: É pra já.

Cena 4: Atena/Madrugada

A câmera mostra o Atena de fora. O tempo está chuvoso, os ventos estão fortes e as 
ondas são altas. O navio está sendo balançando pelas ondas. A imagem corta para uma 
das salas de máquinas dos andares inferiores, onde Diego, Fernando, Alberto, Ávila, 
Rodrigues e Rael estão trabalhando.

Alberto: Bem, eu acredito que não há nenhum problema aqui. Então acho que podemos 
pensar em começar a analisar novamente a fiação essa madrugada.
Ávila: Sério? Hoje?   
Fernando: Sim. Nós precisamos resolver esse problema o mais rápido possível.
Ávila: Chega! Eu tô cansado. Não tem mais nada que podemos fazer. Eu só quero dormir.
Diego (revoltado): Então vai dormir! Quem não ajuda não atrapalha. A gente não precisa de 
gente frouxa na nossa equipe!
Ávila (descontentado): Então vou me deitar. Boa noite pra quem fica!
Antes que ele possa sair dali, a equipe escuta um barulho, como algo raspando no casco do 
navio. De repente, a água começa a entrar na sala pelo O casco.

Rael: Ai meu deus! O que que é isso?
Alberto: Calma! Todo mundo fica calmo! Vem vamos sair da-

A água começa a entrar de forma mais bruta e com mais intensidade, de forma que ela 
conseguisse arrastar Alberto, fazendo com que ele bata a cabeça e desmaie. 

Rodriguez: Jesus amado!
Diego: Vem! Vamos sair daqui!
Ávila: Mas e quanto a ele?
Diego: A gente não tem tempo pra isso. Vem! Vamos

Os cinco saem da sala, deixando Alberto desacordado.  

Cena 5: Ponte de Comando/Atena/Manhã/

Marijo está sentado em sua cadeira tomando um café para tentar ficar acordado. 
Quando ele ouve escuta passos acelerados no corredor e em seguida, Diego entra 
correndo no ambiente.

Diego (nervoso): Capitão!
Marijo (sonolento): Hmm...o que foi?
Diego: Você precisa me escutar! É uma emergência?
Marijo: Tá...pode falar.
Diego: O navio está sendo inundado! Nós vamos afundar!   
Marijo: Como assim inundando?
Diego: Eu estava trabalhando com a minha equipe em uma das salas de maquinas para ver 
se encontrávamos algum outro tipo de problema com a energia do navio. A gente escutou um 
barulho, como se alguma coisa tivesse raspado no casco. Do nada a água começou a entrar uma 
forma muito bruta. 
Marijo: Meu deus…
Diego: É...e o que nós devemos fazer?
Marijo: Estão todos dormindo? 
Diego: Bem...a maioria está.
Marijo: Eu preciso que você e sua equipe vão de cabine em cabine. Acorde todo mundo e peça 
para colocarem seus coletes. Se não tiver tempo, acorde quem puder. Levem todos eles para a 
cafeteria. Entendido?
Diego: Sim senhor.
Marijo: Agora vá! Não temos tempo a perder!

Cena 6: Cabine de Ludim/Atena/Madrugada/

Ludim está tentando dormir. Não está conseguido. Ele senta na cama um pouco e percebe 
que o navio está dando uma inclinada para o lado esquerdo.

Ludim: Eu to alucinando ou esse navio está inclinando?

Ele olha para o lado e vê o seu caderno em cima do criado mundo com uma caneta em cima. 
Para confirmar a sua teoria, ele pega a caneta, coloca ela deitada para ver se ela desliza. Ela 
rola bruscamente até cair do criado mundo e ir parar embaixo da cama. Ele se levanta, para 
ao lado da cama, se abaixa e pega a caneta.

Ludim (preocupado): Esse navio...está afundando.

Alguém bate na porta de Ludim.

Ludim: Já vai!
Ludim vai até a porta e a abre. É Diego.

Ludim: O que deseja?
Diego: Ludim, eu preciso que você pegue o seu colete e vá até a cafeteria imediatamente. 
Ele fica na gaveta antes que você pergunte.

Ludin fica em choque por dentro.

Ludim: P...por quê?
Diego: Só faz isso! E rápido!
Ludim: Tá…

Diego sai correndo no corredor. Ludim abre a gaveta, pega o colete e caminha rápido até a 
cafeteria.

Cena 7: Cafeteria/Atena/Madrugada/

Todos estão escutando ao capitão.

Marijo: Nós recebemos a pouco tempo a informação que o casco se rompeu nos andares 
inferiores e que o navio está sendo inundado. Antes que vocês comecem a entrar em pânico 
eu preciso que vocês me ouçam. Para sobreviver no mar durante tanto tempo, nós precisamos 
de comida e água. Eu preciso que cinco pessoas se voluntariem para ir até os andares inferiores, 
na sala de armazenamento, pegar algumas quantidades de comidas e água. Alguma pergunta?

Ludim levanta a mão.

Ludim: Existe algum tipo de destilador de água salgada á bordo?
Marijo: Sim, no armazém. Também devemos pegar isso. Alguém mais?

Ninguém se pronuncia.

Marijo: Tá bom. Quem se voluntaria para ir lá em baixo?
Ludim (se levantando): Eu.
Diego: Eu também.
Marcel: Eu estou disponível.
Paola: Eu também.
Diego: Paola, não, por fav-
Paola: Deixa! Só porque eu sou uma mulher não quer dizer que eu não esteja pronta pra isso. 
Nem é tão grave assim. Garante que estamos lentamente inundando e que todos nós vamos 
conseguir escapar.
Marijo: Mas alguem?
Gallego: Eu estou disposto.

Paola encara Gallego com desespero e raiva, enquanto Diego o olha com ódio.

Marijo: Tá bom. O restante ajuda com os botes. Agora vão! Rápido! 

Paola, Gallego, Ludim, Marcel e Diego se dirigem até o armazém, enquanto o restante 
vai até o convés superior para preparar os botes salva-vidas.

Cena 8: Hotel/Puerto Limon/Madrugada/

Laerte e Lorenzo estão caminhando pelo corredor em direção aos seus respectivos quartos. 

Laerte: Aí, não acredito que finalmente chegamos. 
Lorenzo: Ainda bem. Nao aguentava mais ficar sentado. 
Laerte: Bom, o meu quarto é logo ali, então nós nos separamos aqui. Qualquer coisa, bata na 
minha porta. 
Lorenzo: Não sei nem se vou dormir. Não consigo parar de pensar no Atena. Não consigo imaginar o 
essas pessoas estão passando.
Laerte: Ah...eu também. Mas a tripulação é inteligente. Tenho certeza que eles vão aguentar firme e 
forte. E em caso de emergência, eles tem botes o suficiente, aliás muito mais que o necessário. Mas, 
tente dormir. Amanhã será um longo dia. 
Lorenzo: Tudo bem. Tenha um boa noite 
Laerte: Igualmente.

A câmera corta para o quarto de Laerte, que entra no lugar. Ele vai até o banheiro, 
enchi a banheira com água, faz espuma, fica nu e se deita na banheira.

Laerte: Aí, pelo menos esse lugar nojento tem um banheira com espuma pra me acalmar. Ele acha 
mesmo que eu me preocupo com essa gente. Tapado. Isso que ele é, tapado. Mas ele é até que 
esperto. Mais que milagre. Quero mais que essa gente vá pro inferno. 
Laerte (em pensamento): Controle-se. Controle-se. Não vá colocar tudo a perder agora.

Cena 9: Ponte de Comando/Atena/Madrugada/

Marijo está sentado na cadeira escrevendo um bilhete de despedida.

Marijo (narrando o que escreve): Vinte minutos, trinta no máximo. É esse o tempo que eu tenho. 
Vinte minutos. Nada além disso. Eu sei que a metade dessas pessoas vão morrer. 
Muito provavelmente a maioria e talvez todos. É ridículo eu tentar me salvar agora. Rídiculo. 
Tanta gente jovem, com tanta coisa pra viver, tantos planos, tantos sonhos. Essa gente que 
tinha que se salvar. Eu já estou tão velho, tão acabado, tão cansado. É triste ter a certeza que 
a última coisa que eles vão ver é a água os impedindo de respirar ou o sol torrando as suas peles. 
Otimismo? Eu deveria ter isso em relação a evacuação. E só na evacuação. Pra que apostar em 
‘’resgate’’?. Isso nunca vai acontecer. Pelo menos pra mim. Eu sei que eu vou terminar aqui nesse 
lugar escuro. Estou usando a luz de uma vela para ter uma iluminação. A cera já está quase 
acabando. Agora, apenas deus pode me ajudar. Talvez, se ele quiser. Ele poderá receber a mim 
e todas essas almas que serão levadas nessa noite turbulenta. A única coisa que eu consigo 
pensar em escrever mais agora é sobre a minha família. Que familia alias? Não sou casado e 
tudo o que restava dela já não está mais entre nós. Talvez eu possa encontrar a minha querida 
mãe no outro lado. Deus queira. Olha só! Os vinte minutos já estão passando. Acho que está 
na hora de parar.

Marijo Garay Mora

12 de agosto de 1987.

Cena 10: Casa de Ludim/Puerto Limon/Madrugada

Carlos está bebendo enquanto escuta notícias no rádio. Alguém bate em sua porta.

Carlos: Não tem ninguém em casa!
Constância: Carlos, para de brincadeira e abre essa porta!

Carlos abre a porta e Constância já vai entrando com tudo.

Carlos: Ou! Quem você acha que é pra já ir entrando na minha casa desse jeito?
Constância: Essa casa não é sua. É da Elena.
Carlos: Veio aqui pra quê? Pra me humilhar de novo com essa história, sua quenga!
Constância: Primeiro de tudo, não chama de quenga. Eu sou sua mãe e você tem o dever de me
 respeitar. E segundo, o que é que deu em você? Pode me explicar o que acontece lá no bar? 
Talvez eu consiga te defender.
Carlos: Bar? Será que você não quis dizer cabaré? Vai pra casa dormir, vai!
Constância: Para com esse show! Me fala o que aconteceu?
Carlos: Você vai me ouvir mesmo?
Constância: Sim. Eu vou te ouvir. Agora me conta o motivo da briga.
Carlos: Aquela quenga chegou toda fogosa em cima de mim tentando me alegrar. 
Constância: Esse é o trabalho del-
Carlos: Eu ainda não terminei! Eu disse que tinha acabado de perder a minha mulher e chamei ela 
de piranha! Pronto! Falei! Agora me faz a sua sentença!
Constância: Chamou ela de quê?
Carlos: Tá surda mulh-
Constância: E você quer que eu te defenda? Pelo amor de deus Carlos! Você tá louco é? Você é um 
desequilibrado! Onde é que eu errei em te educar?
Carlos: AH! ENTÃO VOCÊ VEIO AQUI PRA ME HUMILHAR NOVAMENTE! NÃO É? RAPARIGA DE 
MERDA.
Constância: Você me respeita!
Carlos: Fora da minha casa! Fora! Vê se não aparece mais aqui

 Constância sai da casa de Carlos, que senta na mesa e continua bebendo.

Cena 11: Corredores inferiores/Atena/Madrugada/

Ludim, Paola, Diego, Marcel e Paola estão pegando reservas de comida e água no armazém. 
Diego, Paola e Ludim pegam os suplementos formando uma pilha com eles, enquanto 
Marcel e Gallego carregam eles até lá em cima.

Ludim: Gente…
Diego: Sim?
Ludim: Eu acho que não vai dar pra levar muita coisa lá pra cima. Eu acho que tinha ter mais gente
levando comida lá pra cima. Eu acho que esse armazém tinha que ficar lá na cozinha, e não aqui. 
Diego: É, mas quanto a levarmos lá pra cima, quando estivermos prontos vamos todos carregar 
essas coisas. Nós temos...o quê? Sacos de arroz, leguminosas, sacos de carne.
Ludim: Eu acho que essa não é a melhor forma de armazenar comida. 
Diego: Tá, deixa isso de lado. Vem aqui dentro pra me ajudar com esses sacos. Já estamos quase 
acabando.
Ludim entra no armazém

Paola avista no corredor a água inundando o navio. Ela fica paralisada por uns segundos 
e avisa Ludim e Diego.

Paola: Gente…
Diego (no armazém): Calma aí!
Paola: Não! Gente!

Ludim e Diego saem do armazém e avistam a água no fim do corredor

Ludim: Caralho…
Diego: Subam as escadas! Vão! Vão!

Os três sobem as escadas e se deparam com Gallego e Marcel que estão descendo.

Gallego: Que que tá acontecendo?
Ludim: Peguem essas coisas! Todos! Levem o que puder! Não temos mais tempo!
Todos pegam os sacos que conseguirem e sobem as escadas.

Cena 12: Corredores superiores/Atena/Madrugada/

Marijo está andando para os lados preocupado quando a equipe chega.

Ludim: Capitão!
Marijo: Vocês voltaram.
Ludim: Conseguimos trazer mais isso. Não há mais tempo! Os corredores inferiores estão sendo 
inundados. Onde estão os suplementos que o Gallego e Marcel trouxeram?
Marcel: Estão sendo carregados para as baleeiras. Devemos evacuar agora?
Marijo: Na verdade, as baleeiras não serão usadas?
Ludim: Por quê?
Marijo: As correntes que baixam elas estão enferrujadas, então nós teremos que usar os botes 
de emergência. Além disso, por causa da inclinação à direita tornou a baleeira que está à 
bombordo inútil, deixando só o lado de estibordo livre para o lançamento do barco. 
Mas por causa do problema com as correntes, a nossa única opção são os botes.
Ludim: Como assim enferrujadas? Elas não eram bem cuidadas?
Paola: Gente...cade o Diego e o Gallego?

Todos os olham para os lados.

Marcel: Eles ficaram lá em baixo? Eu não vi eles subindo.
Paola: Ai meu deus. 
Ludim: Caralho. Vocês fiquem aqui e começam a evacuar esse navio. Eu vou lá em baixo procurá-los.
Marcel: O que?
Paola: Não! Você vai morrer!
Ludim: Eu não posso deixar que eles morram desse jeito! Agora evacuem esse navio. 
Encontro vocês depois!
Ludim corre até as escadas.

Marcel: Ludim, espera! 
Marijo: Deixa ele! Ele sabe se virar! Agora vão lá pra fora e embarque em um bote.

Os dois vão até o lado de fora e Marijo retorna até a sua cabine.

Cena 13: Corredores Inferiores/Atena/Madrugada/

Ludim está descendo as escadas apressado em busca de Diego e Gallego.

Ludim: Diego! Diego! Gallego! Onde vocês tão! Dieg-

Ele se depara com o Diego caído no chão com a cabeça sangrando e de olhos abertos 
agonizando. Ludim desce as escadas, olha para o lado e vê a água se aproximando de Diego.

Ludim: Diego! Caralho! Diego! O que aconteceu? Cadê o Gallego?
Diego: G….g...g...ga...g...
Ludim: O que...o que foi? 
Diego: Ga...g...gal...g…g...
Ludim: Calma. Diga devagar. Vamos. Fale. Eu estou ouvindo.
Diego (baixinho): Gal...l...lego.
Ludim: Gallego? É isso?

Diego balança a cabeça de forma positiva.

Ludim: Tá bom. Gallego. O que aconteceu com ele? Cadê o Gallego. Fica calmo. 
Eu vou te tirar daqui.
Diego: Não…
Ludim: Não? Não o quê?

Diego para de falar.

Ludim: Diego? Diego!? Diego! Não faz assim cara! Não! Tu é muito jovem pra morrer. 

Ele não tem nenhuma resposta.

Ludim: Ah não...QUE INFERNO! 

Ludim olha para o outro lado do corredor e vê Gallego.

Ludim: Gallego?

Gallego se vira. Ele está com as mãos cheias de sangue e segurando um destilador de 
água salgada. Ludim o olha chocado. A imagem foca em Gallego. 

A imagem congela em Gallego. O fundo fica desfocado e a tela inteira fica azul.

FIM DO CAPÍTULO
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