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Julia - Capitulo 07


Júlia
Capítulo 07
Novela criada e escrita por Ramon Fernandes








CENA 01. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
DAVI SE APROXIMA RAPIDAMENTE DE JÚLIA, QUE FICA ESTÁTICA, APENAS O ENCARANDO.
JÚLIA    — Davi, eu... Eu preciso ir agora/
JÚLIA VAI SE VIRAR, MAS DAVI A SEGURA PELO BRAÇO. OS DOIS SE ENCARAM FORTEMENTE.
JÚLIA    — Davi/
DAVI    — Júlia, pelo amor de Deus, foram seis anos sem a gente se ver. Não faz isso comigo.
JÚLIA    — Davi, eu só vim ver o meu pai, que passou mal. Eu realmente tenho que ir.
DAVI    — Você chegou quando?
JÚLIA PASSA A MÃO PELOS CABELOS, NERVOSA.
JÚLIA    — Faz pouco tempo. Eu preciso/
DAVI    — (Por cima) Sabe quanto tempo eu te esperei?
JÚLIA    — Davi, isso é passado/
DAVI    — (Corta) Vai dizer que você não sente o que eu sinto ainda? Hein? Vai dizer que isso tudo morreu aí dentro?
JÚLIA TENTA NÃO ENCARAR DAVI, QUE ESTÁ COM OS OLHOS MAREJADOS, MUITO ABALADO.
JÚLIA    — Acabou, Davi! Foram mais de cinco anos.
DAVI    — Seis, Júlia! Seis anos, pra ser bem exato. Seis anos que você sumiu e que eu espero uma resposta pra essa fuga.
JÚLIA    — (Ri) Uma resposta pra essa fuga? (Séria) Davi, você ficou noivo de outra mulher. Você ficou noivo da sua namorada. Ou será que você não lembra?
DAVI    — Nós dois sabemos que ficar noivo da Vitória nunca foi algo que eu quis.
JÚLIA    — Ah, não? E foi o que? Você vai me dizer agora que foi ameaçado, que tinha uma arma apontada na sua cabeça?
DAVI RESPIRA FUNDO. SEGURA O ROSTO DE JÚLIA.
MÚSICA: “Here Without You” Boyce Avenue
DAVI    — Eu te amo. Eu ainda te amo muito.
JÚLIA MUITO MEXIDA, DEIXA ALGUMAS LÁGRIMAS ESCORREREM PELO ROSTO. ELA FOGE DELE, TIRA AS MÃOS DELE DO SEU ROSTO.
JÚLIA    — O nosso tempo acabou, Davi. Esquece isso tudo, tá bom?
JÚLIA SAI CORRENDO DALI. DAVI FAZ MENÇÃO DE IR ATRÁS, MAS NÃO VAI. FICA OLHANDO PARA A DIREÇÃO QUE ELA SAIU.
DAVI    — Eu te amo, Júlia. Sempre te amei.
JÚLIA SAI PELO PORTÃO DA MANSÃO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 02. MANSÃO ASSUNÇÃO. FRENTE. EXTERIOR. DIA
JÚLIA EM FRENTE A MANSÃO. ELA NÃO SEGURA O CHORO E DESABA, SOFRENDO PELO REENCONTRO COM DAVI. UM TÁXI VAI PASSANDO, ELA ACENA E ENTRA NO VEÍCULO. ENCOSTA A CABEÇA NO VIDRO DO CARRO E CHORA COPIOSAMENTE.
CORTA PARA

CENA 03. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
TAKES DA CIDADE, PESSOAS PELO CALÇADÃO E EM PONTOS TURÍSTICOS BEM CONHECIDOS DA CAPITAL CARIOCA. ÚLTIMO TAKE NA FACADA DO PRÉDIO ONDE MORA HELENA.
CORTA PARA

CENA 04. APARTAMENTO DE HELENA. SALA. INTERIOR. DIA
A MÚSICA VINDA DA CENA ANTERIOR É INTERROMPIDA PELO SOM DA CAMPAINHA, QUE TOCA INCESSANTEMENTE. HELENA SURGE EM CENA, ENROLADA EM UMA TOALHA DE BANHO.    
HELENA    — (Tom) Calma, pô! Vai arrancar a campainha agora?
HELENA OLHA PELO OLHO MÁGICO NA PORTA E RI.
HELENA    — (Animada) Ah, não! Não acredito!
HELENA ABRE A PORTA. CÂM REVELA NICOLAS, PARADO. ELE SORRI PARA ELA.
HELENA    — Nick!
NICOLAS    — Oi, minha irmãzinha!
ELA PULA NELE, OS DOIS SE ABRAÇAM FELIZES.
CORTA RAPIDAMENTE PARA HELENA, DE BANHO TOMADO, CABELOS MOLHADOS E NICOLAS NO SOFÁ.
HELENA    — Você chegar assim, de uma hora pra outra. Nem me avisou, poxa!
NICOLAS    — Ué, uma surpresa. Não gostou?
HELENA    — Claro que gostei. Só queria ter dado uma faxina no apartamento pra te receber, ter feito uma comida gostosa.
NICOLAS    — Leninha, desde quando você tem que ter alguma cerimônia comigo, minha irmã? Relaxa! E fora que comida não é o problema. Podemos ir em algum restaurante.
HELENA    — Perfeito. Eu conheço um ótimo. Fui com a galera da facul dia desses. Aliás, você chegou no momento certo. Minha formatura tá chegando!
NICOLAS    — Ah, verdade. Me conta, como foi esse restinho aí da faculdade?
HELENA    — Menino, um sufoco. Vou te contar tudo!
E HELENA VAI FALANDO FORA DE ÁUDIO. OS DOIS RINDO ENQUANTO CONVERSAM ANIMADOS.
CORTA PARA

CENA 05. IGREJA. SACRISTIA. INTERIOR. DIA
SACRISTIA DE PORTE MÉDIO. ESTÃO ALI O PADRE, INGRID, MARIA EDUARDA, VITÓRIA E DAVI, SEM A MÍNIMA VONTADE DE ESTAR ALI.
M. EDUARDA    — Acho que pra Setembro tá ótimo. Começo da Primavera, época linda para a cerimônia.
INGRID    — Pra mim, perfeito.
VITÓRIA    — Mas não tem uma data pra antes?
PADRE    — Infelizmente aqui na Candelária, não, meu bem. A não ser que vocês queiram outra igreja/
M. EDUARDA    — Não, não, não. Faço questão de ser nessa igreja. E Setembro é uma data excelente. O que você acha, Davi?
DAVI DÁ DE OMBROS. É NOTÓRIA A SUA FALTA DE VONTADE. MARIA EDUARDA SORRI SEM GRAÇA PARA O PADRE.
M. EDUARDA    — Ele concorda, padre.
VITÓRIA ABRAÇA DAVI, QUE FOGE DE SEU CARINHO.
CORTA PARA

CENA 06. IGREJA. FRENTE. EXTERIOR. DIA
INGRID E MARIA EDUARDA SAEM DA IGREJA CONVERSANDO. VITÓRIA E DAVI SAEM EM SEGUNDO PLANO.
VITÓRIA    — Davi, você acha que realmente Setembro é uma boa data para o nosso casamento?
DAVI DISTANTE, PENSATIVO. VITÓRIA O CUTUCA.
VITÓRIA    — Davi!
DAVI    — O que, Vitória?
VITÓRIA    — Davi, isso é reação pra um homem que acabou de marcar a data do próprio casamento? Parece que assinou sua sentença pra cadeira elétrica.
DAVI    — Eu tô estourando de dor de cabeça, Vitória. Depois nós conversamos, ok?
VITÓRIA FECHA A CARA. MARIA EDUARDA E INGRID SE APROXIMAM DO CARRO DE INGRID, ESTACIONADO ALI EM FRENTE.
INGRID    — Nós vamos fazer desse casamento, o evento do ano, querida. Do ano!
M. EDUARDA    — Eu mesmo, já vou sair daqui direto pro buffet. Vamos começar as provas de comidas, doces, tudo.
INGRID SATISFEITA. MARIA EDUARDA AVISTA SEU VEÍCULO, COM FELIPE NA DIREÇÃO.
M. EDUARDA    — Meu motorista está me esperando, querida. Tenho que ir. Beijos.
INGRID E MARIA EDUARDA SE DESPEDEM. VITÓRIA DÁ UM BEIJO EM DAVI, QUE REAGE FRIO. ELE VAI COM A MÃE. OS DOIS SE APROXIMAM DO VEÍCULO. EDUARDA ESTANCA EM MEIO CAMINHO.
M. EDUARDA    — Meu Deus, onde tô com a cabeça? Eu esqueci meu celular na sacristia. Davi, vá embarcando, já volto.
DAVI CONCORDA. EDUARDA VAI ATÉ A IGREJA. DAVI ENTRA NO CARRO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 07. CARRO DE MARIA EDUARDA. INTERIOR. DIA
FELIPE NA DIREÇÃO, COM CARA DE POUCOS AMIGOS. DAVI INCOMODADO NO BANCO DE TRÁS.
DAVI    — Felipe.
FELIPE    — Senhor?
DAVI    — Felipe, eu reencontrei a Júlia hoje, lá em casa.
FELIPE ENGOLE SECO. O OLHA PELO VIDRO RETROVISOR. DAVI O ENCARANDO PELO ESPELHO.
DAVI    — Felipe, eu preciso conversar com a sua filha. Eu preciso falar com a Júlia sobre nós/
FELIPE SE VIRA E O ENCARA.
FELIPE    — Davi, escuta uma coisa, eu posso ser motorista da sua família, um empregado de muitos anos dos seus pais, e eu honro muito o meu cargo dentro daquela casa e da sua família, mas eu vou ser muito franco e espero que seja somente uma vez. (Sério) Eu não só não vou dar nenhuma informação sobre onde a minha filha está, como eu te peço... Te peço não, eu te exijo, se afasta da minha filha. Eu não quero que você se aproxime da Júlia.
DAVI ENGOLE SECO. APENAS ENCARANDO FELIPE.
FELIPE    — Estamos entendidos?
DAVI VAI FALAR, MAS MARIA EDUARDA ENTRA NO CARRO.
M. EDUARDA    — Pronto. Já busquei o celular. Vamos?
FELIPE CONCORDA E SE VIRA PARA FRENTE. MARIA EDUARDA OLHA PARA DAVI, QUE VIRA O ROSTO PARA O VIDRO. VISIVELMENTE INCOMODADO COM A SITUAÇÃO. NELE.
CORTA PARA

CENA 08. GRAND BISTRÔ. INTERIOR. DIA
CIRCULAÇÃO DE PESSOAS PELO BISTRÔ. GARÇONS SERVINDO AS MESAS. HORA DO ALMOÇO, RESTAURANTE CHEIO. JULIANO ANDA POR ALGUMAS MESAS, COORDENANDO O TRABALHO.  EM UMA DAS MESAS, ESTÃO HELENA E NICOLAS. OS DOIS ALMOÇAM, ENQUANTO CONVERSAM ANIMADOS. 
HELENA    — Eu não sabia que você já conhecia o restaurante.
NICOLAS    — Minha irmã, como eu não conheceria? O dono do Bistrô é um amigo meu.
HELENA    — (Surpresa) Quem? O Juliano?
NICOLAS    — Ué, você também conhece ele? De onde você conhece ele?
JULIANO SE APROXIMA DA MESA.
JULIANO    — Nicolas?! Quanto tempo!
NICOLAS SORRI E ABRAÇA JULIANO. HELENA TAMBÉM SORRI, OLHANDO PARA ELE.
NICOLAS    — Muito tempo. Mas então, de onde você conhece a minha irmã?
JULIANO E HELENA SE ENTREOLHAM. EM NICOLAS, COBRANDO EXPLICAÇÕES.
CORTA PARA

CENA 09. SHOPPING. CINEMA. INTERIOR. DIA
MÚSICA: “Deja Vu” – Shakira e Prince Royce 
 TELÃO UM FILME DE TERROR ESTÁ ROLANDO. SESSÃO BEM CHEIA. EM UMA DAS POLTRONAS ESTÁ BRUNO, AO SEU LADO ESTÁ GABY. ELA MAIS RECEOSA DURANTE A SESSÃO. UMA CENA MAIS ATERRORIZANTE PASSA NA TELA, ELA GRITA E PEGA NA MÃO DELE, SOB A POLTRONA. OS DOIS SE OLHAM E RIEM. OS DOIS EM UM CLIMA HARMÔNICO, QUASE ROMÂNTICO. SE ENTREOLHAM.
CORTA PARA

CENA 10. SHOPPING. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INTERIOR. DIA
BRUNO E GABY ESTÃO EM UMA DAS MESAS DA PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. COMEM UM LANCHE, CONVERSA A MEIO. MÚSICA OFF.
GABY    — Juro que eu não sabia que tinha até estatística no seu curso. Tô passada, chocada.
BRUNO    — (Ri) Ah, tem tanta coisa que engloba o Direito, mas enfim... É engraçado nós estudarmos na mesma universidade e nunca nem termos nos cruzado antes né? 
GABY    — O mundo não é tão pequeno quanto parece.
BRUNO    — Verdade. Mas ainda bem que estamos aqui hoje encurtando distâncias né?
GABY SORRI, MEIO TÍMIDA. BRUNO PEGA EM SUA MÃO.
BRUNO    — Foi muito bom ter conhecido você.
GABY    — Foi não! Está sendo!
OS DOIS RIEM. GABY CORRESPONDE AO CARINHO FEITO POR BRUNO. OS DOIS SE ENTREOLHAM.
CORTA PARA

CENA 11. GRAND BISTRÔ. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 08 .
JULIANO OLHA PARA HELENA E SORRI. ELA CONSTRANGIDA POR NICOLAS.
JULIANO    — Olha, conhecer não seria bem a palavra. Nós    fomos apresentados na noite do jantar da turma de formandos da sua irmã. Como vai você, aliás?
HELENA    — Muito bem. Nervosa com a proximidade da formatura só.
JULIANO    — Ah, eu imagino.
NICOLAS ENTREOLHA OS DOIS. SORRI PARA NICOLAS.
NICOLAS    — Aparece lá em casa dia desses. Tomar um chopp, ver um futebol, como nos velhos tempos.
JULIANO    — Fechou. Tá marcado!
JULIANO E NICOLAS SE CUMPRIMENTAM. JULIANO AINDA DÁ UMA OLHADA PARA HELENA, ELA CORRESPONDE, SORRI DISCRETA. EM NICOLAS PERCEBENDO O INTERESSE.
NICOLAS    — (OFF) Não gostei, Helena!
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 12. CARRO DE NICOLAS. INTERIOR. DIA
NICOLAS DIRIGINDO. HELENA NO BANCO DO CARONA.
HELENA    — (Ri) Essa é ótima! Não gostou de quê, Nicolas?
NICOLAS    — Do clima entre você e o Juliano. Coisa sem propósito!
HELENA    — Que clima, Nicolas? Pelo amor de Deus! Onde você viu algum clima, criatura?
NICOLAS    — Ô Helena, você acha que eu sou algum cego é? Eu sei como um homem e uma mulher se olham quando rola um interesse. Acha que eu sou idiota?
HELENA RI. PASSA A MÃO PELO CABELO, NERVOSA.
HELENA    — Tá, e se rolasse? Qual o problema?
NICOLAS    — Como assim, "qual o problema?". O cara é meu brother, é meu irmão, Helena.
HELENA    — Ah, essa é boa. Sua irmã sou eu, querido. Ele é só um amigo, um brother, como você mesmo disse. Não tem lógica essa ceninha de ciúme ridícula.
NICOLAS    — Que ciúme, mané ciúme! Eu só tô protegendo a minha irmã!
HELENA    — (Berra) O quê?!
NICOLAS     — Isso mesmo que você escutou. Tô protegendo a minha irmã, porque eu conheço os homens. Eu conheço o Juliano. Sei como funciona a cabeça masculina.
HELENA    — Ah, é, senhor sabe tudo? E como funciona a cabeça de um "cara"?
NICOLAS    — É fácil. Mulheres são distrações pra esse tipo de homem, que quer só pegar umas gatinhas por aí.
HELENA COMEÇA A RIR DESCONTROLADAMENTE. NICOLAS INCOMODADO.
NICOLAS    — Ainda debocha.
HELENA    — Eu não tô debochando, eu acho que vocês homens são uma espécie muito engraçada. Se defendem até a morte, mas na hora de se queimarem, vocês são bem piores que mulheres. E eu não acho que o Juliano seja tudo isso não.
NICOLAS    — Ah, não?!
HELENA    — Não! Ele me pareceu um cara muito sério e não acho que ele brincaria com alguém.
NICOLAS    — Você não conhece o Juliano que eu conheço, Helena!
HELENA    — Mas quem sabe eu não passe a conhecer melhor?
NICOLAS    — Como é que é?
HELENA RI DA SITUAÇÃO, SE DIVERTINDO PROVOCANDO A RAIVA DO IRMÃO. NICOLAS MUITO IRRITADO COM HELENA. FECHA A CARA.
CORTA PARA

CENA 13. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: “Never Be Alone” – Shawn Mendes
EXTERNAS DO RIO. QUASE FIM DO DIA. ÚLTIMO TAKE DE METRÔS INDO E VINDO NAS ESTAÇÕES.
CORTA PARA

CENA 14. METRÔ. VAGÃO. INTERIOR. DIA
VAGÃO COM BASTANTE MOVIMENTAÇÃO. PESSOAS EMBARCANDO E DESEMBARCANDO NAS PLATAFORMAS. EM UM PONTO ESTÃO BRUNO E GABY. OS DOIS CONVERSAM ANIMADOS. ELE A TOCA NO BRAÇO. CLIMA ENTRE ELES.
GABY    — Eu já vou descer daqui a duas estações.
BRUNO    — Ah, mas já?
GABY BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE. ELA O ENCARA E SE APROXIMA.
GABY    — Mas antes eu quero uma lembrança do dia de hoje. De tudo o que nós vivemos hoje.
BRUNO    — O que?
GABY    — Isso.
GABY O BEIJA DE SURPRESA. BRUNO VAI SE ENTREGANDO E RETRIBUI. OS DOIS FICAM ALI UM INSTANTE. A PRÓXIMA PARADA CHEGA E GABY SE AFASTA SORRINDO DELE.
BRUNO    — Nós nos vimos quando?
GABY    — Quando você quiser. Agora que a gente se encontrou, sempre vai rolar oportunidade pra um novo encontro.
BRUNO SORRI. ELA SORRINDO, DESEMBARCA NA PLATAFORMA. OS DOIS FICAM SE OLHANDO. A PORTA SE FECHA. O METRÔ PARTE. ELE SORRINDO, BOBO.
CORTA PARA

CENA 15. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
SONOPLASTIA ANTERIOR VINDO NESSA CENA. SEQUÊNCIAS DO RIO DE JANEIRO ANOITECENDO. BARES COMEÇANDO A ENCHER. GALERA ANIMADA. TRÂNSITO NA ORLA DA PRAIA DE COPACABANA. ÚLTIMO TAKE NO PRÉDIO ONDE ESTÁ O FLAT DE JÚLIA.
CORTA PARA

CENA 16. FLAT DE JÚLIA. SALA. INTERIOR. NOITE
JÚLIA E FELIPE ESTÃO SENTADOS NO SOFÁ. CONVERSA JÁ INICIADA. TOMAM UM SUCO.
FELIPE    — Então quer dizer que você já fechou a locação da sala?
JÚLIA    — Sala só não, pai. Um galpão! Já mandei reformar pra funcionar a agência. Logo a Caleidoscópio vai abrir as suas portas no Rio de Janeiro!
FELIPE SORRI. JÚLIA FICA O OLHANDO.
JÚLIA    — E o senhor? Quando vai pedir demissão daquela casa, hein, paizinho?
FELIPE    — Júlia, a gente já conversou sobre isso. Eu gosto do meu emprego.
JÚLIA    — Eu sei, pai. Mas/
FELIPE    — (Por cima) Mas então não tem "mas". Eu fico e tá decidido.
JÚLIA    — Você sabe que não precisa.
FELIPE    — E desde quando você acha que eu vou ser bancado por filho? Nunca, Julinha.
JÚLIA    — Não é bancar, pai. Eu estou ganhando bem com o meu trabalho e quero retribuir tudo o que o senhor já fez por mim. Não posso mimar o meu pai um pouquinho não, seu Felipe?
FELIPE    — Você me mima ficando do meu lado. Me retribui dessa forma que pra mim já tá perfeito.
JÚLIA CONCORDA COM A CABEÇA. OS DOIS SORRIEM UM PARA O OUTRO. EM FELIPE.
CORTA PARA

CENA 17. MANSÃO ASSUNÇÃO. ESCRITÓRIO. INTERIOR. NOITE
ROBERTO, AO CELULAR, ANDA DE UM LADO AO OUTRO DO ESCRITÓRIO, APARENTEMENTE NERVOSO.
ROBERTO    — (Cel.) Arthur? Roberto! Boa noite, como vai? (Pausa) Então, eu ia ligar pra você amanhã, mas enfim, resolvi tratar logo desse assunto. Bom, eu vou direto ao ponto, como os nossos filhos marcaram a data do casamento, e sobre a última conversa que nós tivemos, bom, eu achei que a dívida, ela poderia ser esquecida agora que já tá tudo certo. E/
ROBERTO É INTERROMPIDO. SEU SORRISO VAI DESMANCHANDO AOS POUCOS E TOMANDO FEIÇÕES DE RAIVA. ELE FECHA OS OLHOS, RESPIRA FUNDO. SORRI AMARELO.
ROBERTO    — (Cel.) Somente depois do casamento. Entendi. Claro. Só pensei que/ (Pausa) Pensei errado. Tá bem então, Arthur. Desculpa tomar o seu tempo. Tenha uma boa noite. Passe muito bem! Até!
ROBERTO DESLIGA O CELULAR. JOGA O APARELHO CONTRA A PAREDE. IRADO.
ROBERTO    — (Raiva) Desgraçado! Infeliz!
NELE FURIOSO.
CORTA PARA

CENA 18. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: “Rocket Man” – John Kip
DAVI ESTÁ NO JARDIM, PRÓXIMO DA PISCINA, PENSATIVO, OLHANDO PARA A ÁGUA. VÊ SEU REFLEXO. LEANDRO ESTACIONA O CARRO NA GARAGEM E VEM VINDO PELO JARDIM. VÊ O IRMÃO E ACABA SE APROXIMANDO DELE. 
LEANDRO    — Davi?!
DAVI    — Oi. Nem te vi chegar.
LEANDRO    — Eu cheguei agora. E você? O que faz aqui essa hora? (Ri) Vai dar um mergulho?
DAVI    — Tava aqui pensando... Lembrando.
LEANDRO    — Lembrando? 
DAVI    — (Concorda) Lembrando. (Encara Leandro) Você sabia que a Júlia tinha voltado ao Brasil?
LEANDRO O ENCARA, SE FAZ DE DESENTENDIDO. BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
LEANDRO    — Júlia? A filha do motorista?
DAVI    — Para, Lê. Você sabe quem é a Júlia.
LEANDRO    — Eu não sabia, mas o que tem ela?
DAVI    — (Suspira) Tem que nós nos encontramos hoje, Leandro. Nos encontramos aqui em casa.
LEANDRO BAQUEADO, APENAS ENCARA DAVI. 
DAVI    — E eu cheguei a conclusão do que eu já desconfiava. (Encara) Eu nunca esqueci a Júlia. Eu ainda sou apaixonado por aquela mulher.
LEANDRO ENGOLE SECO. CLOSES ALTERNADOS. EM DAVI, REFLEXIVO.
CORTA PARA

FIM DO CAPÍTULO 07


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